PIC 3×04: No Win Scenario

Evocando o piloto de A Nova Geração, excelente episódio fecha o primeiro arco da temporada

Sinopse

Data estelar: 78183.10

Picard contempla sem esperanças por uma janela da Titan, que está caindo fora de controle no poço gravitacional da nebulosa. Na ponte, Riker está no comando, mas não há muitas opções. A nave está com energia mínima. O capitão interino ordena que se desvie tudo para o suporte de vida, enquanto a nave é atingida por ondas bioelétricas misteriosas.

Riker vai até Picard e, entre desculpas, informa o almirante de que a Titan está prestes a perder o suporte de vida. O capitão lembra a perda de seu filho e aconselha o amigo a usar as horas que restam para conhecer Jack e colocar a vida em ordem.

Sete de Nove, com feiser em punho, adentra os aposentos do alferes Costa e encontra o corpo do oficial do transporte que fora substituído pelo metamorfo. Riker, então, a instrui a continuar fazendo sua investigação dos infiltrados de forma não oficial, para manter a discrição.

Ela vai até os aposentos de Shaw, que está com a perna imobilizada e afastado do dever, para pedir a ajuda dele com a crise. O capitão sugere que Sete procure o balde que o metamorfo usava para descansar e encontre resíduos que permitam que se usem os sensores para rastreá-lo pela nave. Ela o encontra e, quando anda pelo correndor com o utensílo, é atacada pelo metamorfo. Ela o atinge com o feiser, mas ele se converte ao estado líquido e consegue fugir entrando na parede.

Na enfermaria, enquanto a equipe médica lida com os feridos, Beverly Crusher nota que as ondas bioelétricas da nebulosa que estão varrendo a Titan parecem ter certa periodicidade. Picard chega e pede para falar com Jack. Os dois vão ao holododeck, que tem uma fonte de energia independente e segue ligado, replicando o ambiente do bar de Guinan em Los Angeles. Jack não é totalmente antipático a Jean-Luc, mas evita contar muito sobre sua vida. Picard, por sua vez, narra uma aventura que teve com o primeiro Jack Crusher, seu finado amigo e ex-marido de Beverly. O jovem Jack parece já conhecer a história.

Outros tripulantes acabam se juntando à dupla e, por fim, chega o capitão Shaw. Ele conta sua história pregressa com Picard, ou melhor, com Locutus — era engenheiro da USS Constance, uma das naves destruídas na batalha de Wolf 359, 34 anos antes. Ele foi um dos dez sobreviventes a partir no último módulo de fuga — outros quarenta ficaram para trás e morreram, junto com outros 11 mil envolvidos na terrível escaramuça. Picard fica muito abalado ao ouvir a história na frente do filho e deixa o holodeck, fechado em si mesmo.

Na sala de reuniões, Riker tenta diversas vezes gravar uma mensagem para Deanna Troi, mas não encontra as palavras certas para dizer. No corredor, Beverly encontra Jean-Luc e Jack e sugere que as ondas bioelétricas são fruto de contrações, sendo a nebulosa como um útero prestes a dar à luz alguma coisa. O trio vai até Riker tentar convencê-lo de que é possível “pegar carona” nas ondas, usando-as para energizar a nave, em particular os motores de dobra, e escapar. Riker hesita, mas Beverly e Jean-Luc o convencem de que podem trabalhar juntos, como nos velhos tempos, fazendo o que sabem fazer melhor, para sair daquela encrenca.

A bordo da Shrike, Vadic corta a própria mão, que se transforma em um rosto semilíquido, no que parece uma forma de comunicação remota. O rosto parece ser do chefe de Vadic e ordena que a Shrike persiga a Titan para capturar Jack Crusher, mesmo que seja em uma missão suicida — tudo o mais é dispensável, ele diz. A nave adentra a nebulosa, descartando a arma de portal roubada.

Na Titan, Riker conclui que será preciso abrir as naceles de dobra para que o plano funcione, e o grupo recruta Shaw, familiarizado com os sistemas, para ajudar Sete no trabalho. Os dois suspeitam que um metamorfo que queira impedir a fuga da nave aproveitará o momento para atacá-los. Com efeito, a alferes La Forge aparece para ajudá-los, e Sete repara que ela a chamou de “Hansen”, sendo, portanto, o metamorfo. Sete tonteia o invasor, que não reverte ao estado líquido, como seria esperado.

Toda a energia, inclusive o suporte de vida, é desviada para os propulsores, de modo que a Titan possa “pegar a onda”. Jean-Luc, que tem experiência em guiar a nave apenas com propulsores (como fez na aventura com o velho Jack Crusher em uma nave auxiliar), assume o comando para navegá-la pelo campo de asteroides. O esforço dá resultado e, em meio ao drama, Jean-Luc se lembra de ter contado a história sobre o velho Jack cinco anos antes a um grupo de oficiais, no verdadeiro bar de Guinan em Los Angeles. Lá, um jovem perguntou-lhe sobre ter uma família, ao que Jean-Luc respondeu que a Frota Estelar foi a única família de que sempre precisou. Agora, o almirante sabe a verdade: aquele rapaz era o seu filho, que desistiu de se revelar após aquela resposta.

No caminho de saída da nebulosa, a Titan encontra a Shrike. Riker usa um raio trator para atirar um asteroide nela, o que permite a fuga bem-sucedida. A tripulação testemunha a nebulosa dar à luz várias criaturas espaciais, num cenário espetacular e inspirador, que renova as esperanças de todos. Riker finalmente consegue contatar Deanna, e os dois fazem as pazes.

Enquanto Picard faz um registro em seu diário, Jack Crusher tem uma alucinação, envolvendo tentáculos, tempestade e um portal vermelho, que parece chamá-lo para um encontro…

Comentários

O quarto episódio desta terceira temporada tem uma estrutura narrativa instigante, com uma cena de um passado não tão distante que insiste em se repetir ao longo dos seus minutos de exibição: cinco anos antes, Picard está no Ten Forward da Terra, cercado por jovens oficiais da Frota, contando uma grande aventura vivida ao lado do Jack Crusher original, falecido marido Beverly e seu melhor amigo. A cena é apresentada primeiramente no teaser de abertura — o que pode nos fazer imaginar que o Picard atual está prestes a ter algum insight heroico para resolver a situação atual de virtual derrota da Titan-A ou, ao menos, que ele já considera aquele de fato um caso perdido.

Embora simpática, num primeiro momento, a cena pode parecer uma pequena distração para tudo o que vinha sendo construído ao longo dos três episódios anteriores. Afinal, o que nos importa agora saber mais sobre a amizade dele com o marido de Beverly? Queremos saber como os nossos antigos heróis, com auxílio daquela novíssima geração de oficiais da Titan, vai conseguir se livrar do problema, encontrar Worf e combater a tal conspiração contra a Frota Estelar… contudo, ao se revelar um elemento de reiteração narrativa com significado maior, acaba por se tornar um belo momento dentro do universo trekker.

Não nos precipitemos, porém. “No Win Scenario”, além dessa escolha narrativa também se destaca por outra: a aventura de Worf e Raffi a bordo da Sirena é deixada de lado, fazendo o segmento mergulhar na trama A da temporada. Dessa forma, nos entrega mais algumas respostas a respeito da situação perigosa em que Picard, os Crusher e Riker meteram a tripulação da Titan, além de conhecermos melhor o passado de Shaw e os estranhos meios de comunicação de Vadic com seu misterioso chefe.

Após o teaser, temos a reconciliação de Riker e Picard, aquecendo os corações dos fãs saudosistas de A Nova Geração. Embora até então a temporada tenha vindo se aproximando das demais em aspectos mais superficiais, o desenvolvimento de Riker nos lembra o trabalho que foi feito com Picard nas duas primeiras. Em Picard, Riker é um homem atormentado pela morte do filho e que enxerga no filho dos velhos amigos o seu. Ele daria tudo para ter a oportunidade que Picard tem — nem que seja para que possa se despedir melhor. Ao mesmo tempo, ele não deixa de ser o antigo Riker que conhecemos, que admira Picard e reconhece a competência do almirante à frente de uma nave e de situações tão desesperançosas quanto aquela. É coerente que parta de Riker procurar Picard para se entenderem e também para aconselhá-lo a conhecer melhor o filho recém-descoberto. Isso rende uma cena bem bonita, com excelente desempenho de Frakes e Stewart. Ainda não é uma cura emocional completa, mas é já o seu início.

Esses dois episódios mais recentes também saciam a curiosidade do fandom de ver mais de Riker como capitão da Titan — ainda que esta não seja a sua. Por sete temporadas, o vimos com o imediato que poderia já ter o próprio comando, mas que optou por permanecer naquele posto, sob o comando de Picard. Agora (assim como por poucos minutos na primeira temporada desta mesma série como também em Lower Decks), no entanto, podemos vê-lo à frente de uma nave, cometendo os erros e acertos inerentes ao posto.

Nessa perspectiva, temos também a boa cena entre Riker e Sete de Nove, em que ele a encarrega de proceder com as investigações acerca do metamorfo infiltrado. Sua instrução de que ela o faça de modo extraoficial e discreto demonstra lucidez de comando. Isso porque permite a Sete se mover pela nave e procurar suas respostas sem que fique evidente o que está fazendo. Jeri Ryan mais uma vez faz um trabalho bem competente nessa porção investigativa do episódio, inclusive quando pede a ajuda de Shaw para compreender melhor sobre os metamorfos, o que a leva ao balde de regeneração do inimigo infiltrado. Embora não seja um egresso de Deep Space Nine, Shaw já está na Frota há tempo suficiente para ter enfrentado a guerra contra o Dominion, enquanto Sete não, pois à época estava no Quadrante Delta, portanto faz sentido que ele possa dar-lhe as informações necessárias, como sobre a regeneração dos metamorfos e o uso de receptáculos para regeneração.

O formato do receptáculo encontrado por Sete, um balde exatamente igual ao de Odo, apesar de representar uma homenagem ao personagem do saudoso René Auberjonois em DS9, parece um tanto forçada, pois a escolha do comissário da estação pelo objeto se devia a suas próprias circunstâncias de vida. As tentativas de racionalização que nos restam (por exemplo, quando Odo uniu-se ao Grande Elo teria influenciado os outros metamorfos que saíssem do Elo a se regenerarem daquela forma; ou aquele formato de balde seria mais anatômico para natureza líquida dos metamorfos etc) não são muito convincentes para que outro metamorfo siga exatamente o mesmo método de regeneração de Odo. Enfim, nada que comprometa o episódio, mas um tanto incômodo para quem conhece mais a fundo Deep Space Nine.

Beverly Crusher tem uma pequena, porém fundamental participação no episódio para desvendar a natureza das tais ondas bioelétricas da anomalia. É o momento em que o episódio mais nos remete à Nova Geração, com a médica percebendo que aquelas ondas lembram contrações típicas de um trabalho de parto. E, claro, que isso se revela como a chave, após toda uma explicação cheia de technobable, para a saída da nave daquele lugar. É uma clara homenagem ao piloto da série dos anos 1980 — embora sem a participação ilustre de John de Lancie no papel de Q — o que se comprova pela aparência dos seres que nascem da “anomalia”, que se assemelha com a dos seres de “Encounter at Farpoint”.

A reunião entre o trio de TNG, acompanhado de Jack, para falar sobre as descobertas da doutora e como aproveitá-las para tirarem-nos daquela situação sem esperanças não apenas acentua essa conexão entre as séries, mas também enfatiza o processo que vai se desenrolando de reconexão entre os personagens, o que para Riker é primordial. Ao reconectar-se com os antigos companheiros de Enterprise, Riker vai se reconectando consigo mesmo, com seus sentimentos, o que o leva a se curar e a poder, ao final, também reconectar-se com a família que formou com Deanna Troi.

Voltemos à cena que se reitera ao longo do episódio. Seguindo o conselho anteriormente dado por Riker, Jean-Luc leva Jack para conversar no holodeck, que executa um programa cujo cenário é o Ten Forward atual de Guinan em Los Angeles. Embora não revele muito de si, o rapaz parece com mais boa-vontade com o pai, que conta a mesma história sobre o antigo Jack Crusher que contara cinco anos antes para os jovens oficiais da Frota no bar real. A cena praticamente repete a do passado quando um grupo de jovens oficiais da nave também entra no holodeck (afinal, quem não vai querer relaxar — e atrapalhar a distração alheia — quando está caminhando para a morte certa?, aparentemente a Frota Estelar canonicamente concorda conosco nisso), mas a magia do paralelismo dessa cena com a do teaser é quebrada com a entrada de Shaw.

Em uma atuação brilhante de seu intérprete (Todd Stashwick), nossas desconfianças realacionadas a Shaw são confirmadas: suas péssimas impressões a respeito de Picard vêm do fato de ele ser um dos dez sobreviventes da nave USS Constance, abatida em Wolf 359. Apesar de podermos questionar mais uma utilização desse terrível evento, a abordagem difere ligeiramente daquela que tivemos em DS9 com Benjamin Sisko e, além disso, não há como negar que um fato como aquele traria consequências ao velho almirante por mais décadas que se passem. Esse é um fardo que carregará por toda a vida. É interessante a opção do roteiro, em visivelmente trazer um Picard abalado pelas consequências daquela batalha,  ao mesmo tempo em que Jack esboça uma reação em defesa do pai.

Há ainda uma provocação do capitão, que pode passar um tanto despercebida: ele diz que os verdadeiros borgs não são os da Rainha Jurati e que estão à espreita — estará ele certo ou é mera paranoia? Aparentemente, é uma mera ilustração de seu preconceito, mas anotemos mentalmente a informação no caso de ser importante. Ao final da cena, podemos ainda ver que as sequelas em Shaw vão além da raiva e desconfiança de borgs e de Picard, mas também há uma grande culpa de sobrevivente, que perdura por tantas e tantas décadas. Entendemos sua determinação em manter as 500 almas sob seu comando vivas a qualquer custo.

A bordo da Shrike, descobrimos que, para contactar o seu chefe, Vadic precisa cortar fora a própria mão para um estranho rosto (feito aparentemente do mesmo material que os metamorfos) surja e fale com ela. Esse elemento acrescenta a nossas percepções sobre a vilã que ela não somente passa constantemente um grande sofrimento físico quanto também que há uma relação de total submissão em relação ao dono daquele rosto. A forma como se dá a amputação temporária, com o uso de uma faca e uma bacia, nos remete diretamente a imagens de sacrifício, que é reforçado com a ordem de deixar sua nave muito mais enfraquecida, pois a captura de Jack é mais importante que a sua própria vida e a de seus subordinados.

Qualquer que seja o plano do chefe de Vadic (e aparentemente dos metamorfos dissidentes do Grande Elo), é algo que não é fácil para ela cumprir, mas ainda assim aparenta ser suficientemente importante para que ela siga aquelas ordens. Se antes apenas víamos aspectos caricaturais na personagem, aqui podemos vislumbrar mais alguma camada em sua personalidade, embora ainda não possamos ter certeza de que essa expectativa vá ser satisfeita.

Algumas palavras a respeito de Sidney La Forge. A conversa que ela teve com Sete no confinamento, reconhecendo e respeitando a identidade borg da imediato, é o que dá a senha para que Sete possa reconhecer o metamorfo quando este toma a forma da alferes. O alienígena até é capaz de reproduzir a fala recorrente (e para alguns irritante) da personagem de reafirmar seu parentesco com o engenheiro da Enterprise-D, porém ele não possui conhecimento daquela conversa mais reservada com Sete. Para o público, é mais fácil perceber que a suposta Sidney que vai ajudar Sete e Shaw com as naceles é uma impostora, pois não havia tempo para ela sair da ponte e ir até eles. Sete, contudo, sabia do respeito e admiração que despertava em Sidney e que ela a chamava pela forma como preferia ser chamada. A revelação do metamorfo ser feita em cena com a presença de Shaw é importante para Sete reafirmar sua identidade e cobrar de seu capitão o respeito que ele se recusava a lhe dispensar.

Voltando mais uma vez à cena recorrente do episódio, a última vez que é revisitada é quando Jean-Luc assume os controles da Titan e a pilota pelo campo de asteroides, assim como fizera no passado com o Jack Crusher original. É bonito ver a família unida e integrada à tripulação da nave e Riker, porém é um momento um tanto agridoce, pois Jean-Luc relembra que, no final da conversa do passado, entre os oficiais que o ouviam, havia um jovem civil que lhe pergunta a respeito de família. Por mais que nosso lado fã de Jornada nas Estrelas aprecie reconhecer naquele Picard o conhecido e querido personagem de TNG, não deixamos de sentir a dor de Jack ao ouvir que a Frota Estelar é a única família de que Jean-Luc precisou em toda a sua vida. Podemos compreender completamente a dor do jovem, pois ainda que nem todos nos tornemos pais um dia, somos filhos, que podemos ter tido uma experiência parecida com a de Jack ou imaginar uma figura tão central em nossas vidas não desconfiando de nossa existência e satisfeito com isso.

Patrick Stewart não precisa exagerar em nada para que tenhamos a percepção de que ele finalmente se deu conta de quem era aquele jovem. São evidentes os sentimentos de Jean-Luc quando compreende que os argumentos de Beverly em sua convera a respeito de Jack no segmento anterior eram, de fato, verdadeiros e que a atitude dela não era condenável como ele pensara à primeira vista. É uma pena, contudo, que não seja feita alguma ponte realmente clara com o que nos foi revelado na temporada anterior a respeito da relação de Jean-Luc com seu pai Maurice e como se deu a cura — tampouco nos passa a impressão de que será algo retomado a posteriori.

A atuação de Ed Speleers continua precisa, não devendo nada aos veteranos. Embora a sua aparência não convença para um jovem de 23 anos e a situação fique ainda mais “sem vitória” quando vemos o personagem com 18, a sua interpretação dramática consegue evocar tanto a jovialidade, quanto o sofrimento do personagem do passado. No presente da narrativa, também conseguimos navegar bem pela sua viagem emocional, que vai desde a revolta inicial até a aceitação da figura paterna e sua integração à enorme família de que Picard faz parte, a Frota Estelar.

No final, com a Titan livre da nebulosa e aparentemente da Shrike, o episódio nos deixa com um novo mistério: Jack tem um sonho (ou alucinação) em que vemos tentáculos ou videiras que se espalham e uma estranha porta vermelha que o chama. Do que se trata? Que voz é aquela? Remeterá ao trauma de Jean-Luc que também tinha uma porta que não queria/temia abrir? A considerar como vem sendo estruturada a temporada desde “The Next Generation”, esperamos que esse mistério não demore cinco episódios para começar a ser respondido.

“No Win Scenario” é um excelente final para o primeiro arco de história desta terceira temporada de Star Trek: Picard. O seu principal ponto forte são os personagens: Riker consegue resolver ao menos em parte o sofrimento causado pela morte do filho, entrar em contato e se reconciliar com Deanna Troi; podemos compreender ainda melhor tanto a decisão de Beverly quanto a de Jack em não revelar a identidade do rapaz a Picard no passado; ficamos sabendo que Vadic carrega uma grande carga de sofrimento e sacrifício em sua missão embora não saibamos detalhes; compreendemos melhor Liam Shaw e ainda podemos ver Sete verbalizar seu desconforto com a maneira como ele a chama, não respeitando a identidade que ela reconhece em si mesma: a de Sete de Nove, e não Annika Hansen. As atuações estão à altura das revelações do roteiro e ficamos no suspense de saber até que ponto os metamorfos conseguiram se infiltrar na Frota Estelar. As expectativas para o segundo arco de história estão elevadas.

Avaliação

Citações

“You were right before. When we buried our son… I watched the coffin being lowered into the ground. It was only six feet, but it was so dark. It was like infinite emptiness. And you and I have traveled to the far reaches of space, and yet there’s nothing, nothing that proved to me that there is anything… after. And I’ve tried to shake that. Deanna, as you know, feels everything. But she couldn’t live with me feeling nothing. And neither could I, which is why I left and I came here. I was running from this. Only to find it again. Well… this is the end, my friend. Andi f I were you I’d take the next few hours to get to know your son. And to get your affairs in order. I’m so sorry, Jean-Luc.”
(Você estava certo. Quando enterramos o nosso filho, eu vi o caixão sendo abaixado no chão. Eram só sete palmos, mas era tão escuro. Era como um vazio infinito. E você e eu já viajamos até os rincões do espaço e não há nada, nada que tenha me provado que exista alguma coisa… depois. E eu tentei esquecer isso. A Deanna, como você sabe, sente tudo, mas ela não conseguia viver comigo não sentindo nada. E eu também não, e é por isso que eu parti e vim aqui. Eu estava fugindo disso… e foi o que eu encontrei outra vez. Bem… esse é o fim, meu amigo. E se eu fosse você, aproveitaria as próximas horas para conhecer o seu filho e colocar a sua vida em ordem. Eu sinto muito, Jean-Luc.)
Riker

“I think we need to talk about the elephant in the room.”
“Yes, of course.”
“The hair. When did it go?”
“You’re, uh, what? 23? 24? Enjoy it while you can.”
(Acho que precisamos falar sobre o elefante na sala.)
(Sim, é claro.)
(O cabelo. Quando foi que perdeu?)
(Você tem, hum, quantos anos? 23? 24? Aproveite ele enquanto ainda pode.)
Jack Crusher e Picard

“Look, you and I got off on the wrong foot. I understimated you. You have great instincts. You’re a natural leader, make a great capitain one day. Which is something I totally would say…”
“If you were a Changeling and not just a dick.”
“Now you’re starting to chatch on.”

(Olha, você e eu começamos com o pé esquerdo. Eu subestimei você. Você tem ótimos instintos, é uma líder natural. Vai ser uma ótima capitão um dia… o que é uma coisa que eu diria totalmente se…)
(Se fosse um metamorfo, e não só um idiota.)
(Agora está começando a entender.)
Shaw e Sete de Nove

“Eleven thousand dead. And do you know where your old man was on that day? He was on that Borg cube, setting the world on fire! Forget about all that weird shit on the Stargazer. The real Borg are still out there, and they have a name for you: Locutus of Borg. The only Borg so deadly they gave him a goddamn name.”
“All right, that’s enough!”
“No, no. It’s alright. I understand. Computer, arch.” 

(Onze mil mortos.  Você sabe onde o seu pai estava naquele dia? Ele estava no cubo borg, tacando fogo no mundo! Esquece toda aquela coisa estranha na Stargazer. Os verdadeiros borgs ainda estão lá fora e eles têm um nome para você: Locutus dos borgs. O único borg tão mortal que eles lhe deram um maldito nome.)
(Primeiro todas as citações em Inglês e depois disto vem as traduções.)
(Não, não, está tudo bem. Eu entendo. Computador… arco. )
Shaw, Jack Crusher e Picard

“To seek out new life…”
“I think we should boldly get the hell out of here.”
(Pesquisar novas vidas…)
(Creio que deveríamos audaciosamente dar o fora daqui.)
Beverly Crusher e Riker

“Excuse me, admiral? You went on and on about your crew, your life in Starfleet. Did you have a life outside of that? What about a… a real family?”
“Young man, Starfleet has been the only family I have ever needed.”
(Com licença, almirante. Ficou falando sobre a sua tripulação, a sua vida na Frota Estelar, mas teve uma vida fora disso? Que tal uma… família de verdade?)
(Meu jovem, a Frota Estelar tem sido a única família de que eu já precisei.)
Jack Crusher e Picard

Trivia

  • É o sexto crédito de roteiro para o showrunner de Star Trek: Picard, Terry Matalas. Sean Tretta, que coescreveu o episódio com Matalas, agora tem dois créditos de roteiro na série, ambos desta temporada. Ele foi um escritor prolífico na série 12 Monkeys, dirigida por Matalas, com mais de uma dúzia de créditos de escrita no programa.
  • A música que abre o episódio é a música Can’t Break Away from That Girl, de Slam Alan, de 2015.
  • O título desse episódio faz referência ao cenário do Kobayashi Maru, um “cenário sem vitória”, introduzido pela primeira vez em A Ira de Khan. Curiosamente, este é o terceiro episódio de uma nova série de Star Trek a fazer referência a isso em um título de episódio nos últimos dois anos. A estreia da 4ª temporada de Discovery em 2021 foi chamada de “Kobayashi Maru”, enquanto o sexto episódio de Prodigy, no início de 2022, foi chamado de “Kobayashi”.
  • O flashback, com Jean-Luc jantando no Ten Forward de Los Angeles, ocorre cinco anos antes da 3ª temporada de Picard. Isso coloca o flashback em 2397, o que é apenas dois anos antes da 1ª temporada da série. Nesse ponto da linha do tempo, Jean-Luc estaria aposentado da Frota Estelar, significando que os jovens oficiais da Frota Estelar estariam bastante empolgados em vê-lo.
  • Os uniformes dos oficiais nessa cena correspondem ao estilo dos uniformes da Frota Estelar da 1ª temporada, que são ligeiramente diferentes dos que vimos na 2ª temporada em diante.
  • Introduzida na segunda temporada, essa versão do Ten Forward inclui:
    • Um modelo da Enterprise-C;
    • Uma foto de Picard e Guinan de Jornada nas Estrelas: Generations;
    • Uma foto de um andoriano em um uniforme da Série Clássica;
    • Uma foto publicitária de Whoopi Goldberg como Guinan em A Nova Geração;
    • Uma placa do “Frontier Day“.
  • As histórias de Picard para os cadetes faziam referência ao clássico episódio “Darmok”, de A Nova Geração. Ele também falou sobre enfrentar um hirogen alfa que chegou ao Quadrante Alfa.
  • Os hirogens só foram vistos anteriormente em Jornada nas Estrelas: Voyager, e os cadetes perguntaram se Picard pediu conselhos à almirante Janeway, portanto essa aventura deve ter acontecido depois que a USS Voyager voltou para casa e antes de o próprio Picard ser promovido a almirante e deixar a Enterprise-E.
  • Picard fala também que, quando jovem, ele e Jack Crusher, seu amigo, visitaram jovens encantadoras e entusiasmadas em Argelius IV, um sistema visitado pela primeira vez no episódio “Wolf in the Fold” da Série Clássica.
  • Picard disse que teve a ajuda do tenente-comandante Worf, indicando que esse encontro pode ter acontecido antes dos eventos de Jornada nas Estrelas: Nêmesis, após os quais Worf foi promovido a primeiro oficial.
  • A idade de Jack foi declarada como 23 ou 24 anos, mas como a terceira temporada se passa em 2401 (e Nêmesis foi em 2379), ele provavelmente deve estar mais próximo de 20 ou 21 anos.
  • Sete não estava atualizada sobre os metamorfos porque passou toda a Guerra do Dominion no Quadrante Delta, na USS Voyager. Portanto, na época em que ela entrou na nave, os borgs ainda não haviam dado aos Fundadores uma designação de espécie.
  • Quando Shaw estava informando Sete sobre os metamorfos, era possível ver uma imagem do balde original de Odo, um balde de estilo cardassiano, art déco, para se regenerar, e uma pequena foto do próprio Odo (Rene Auberjonois), personagem de Deep Space Nine, em seu PADD.
  • Sete sabia que “pot” era uma gíria em inglês para cannabis, tornando essa a primeira menção direta à maconha na história de Jornada nas Estrelas.
  • Shaw serviu na USS Constance durante a batalha de Wolf 359, citando a data estelar 44002.3, a mesma data estelar do registro do capitão Riker quando ele estava no comando da USS Enterprise-D, enquanto a nave se dirigia para Wolf 359, no episódio “Best of Both Worlds, Part 2”, de A Nova Geração.
  • Os aposentos de Foster, surpreendentemente espaçosos para um alferes, incluíam um Kal-toh, o jogo vulcano de estratégia.
  • Quando Shaw relata os eventos de “Best of Both Worlds, Part 2” de A Nova Geração, um áudio do episódio pode ser ouvido, incluindo a frase “I am Locutus of Borg“.
  • Quando Beverly fala sobre como eles já encontraram formas de vida que vivem no espaço antes, Picard responde com a abreviação “Farpoint” (Longínqua), referindo-se à estreia da série A Nova Geração, “Encounter at Farpoint”, que apresentou formas de vida do tamanho de naves espaciais.
  • As lulas espaciais nascidas na anomalia tinham uma semelhança passageira com a água-viva espacial de Farpoint, mas definitivamente são criaturas diferentes.
  • Este é o primeiro episódio em que Sidney La Forge não menciona seu famoso pai, Geordi La Forge. No entanto, o metamorfo que se faz passar por ela o faz.
  • Worf e Raffi (Michelle Hurd) não participam deste episódio, fazendo de “No Win Scenario” o primeiro episódio da série desde a introdução de sua personagem, em “Maps and Legends”, em que Hurd não aparece.
  • Para que não pensemos que a situação Jurati-Borg do final da segunda temporada de Picard está sendo completamente ignorada este ano, o capitão Shaw faz uma breve menção a toda essa bagunça: “Esqueça toda aquela merda estranha na Stargazer – os borgs de verdade ainda estão por aí”. Isso significa que a versão original da coletividade borg possivelmente está intacta na linha do tempo da 3ª temporada de Picard.
  • É um pouco desafiador conciliar a sessão pública de narração de histórias de Picard, realizada no bar 10 Forward “cinco anos atrás”, com o status do almirante como “o eremita de La Barre” quando retornamos a essa era na 1ª temporada.
  • Vale a pena observar agora que não está claro se os novos efeitos metamorfos de aparência carnuda são um efeito visual atualizado e modernizado ou se é algo a ver com esse grupo de dissidentes de metamorfos que se retiraram do Grande Elo.
  • De plantão na enfermaria, Beverly Crusher mais uma vez veste um jaleco azul.
  • Semelhante ao momento de “alerta vermelho duplo” do episódio “The Conscience of the King”, da Série Clássica, quando a silhueta de um fêiser é visto escondido atrás de um painel de luz nos aposentos de Kirk, Sete encontra o balde do metamorfo atrás de um painel de luz iluminado nos aposentos de Foster.
  • Quando a Shrike se livra do dispositivo do portal para se aprofundar na nebulosa, vemos rapidamente um cartaz do Instituto Daystrom passar pela câmera enquanto cai no espaço.
  • O episódio “Parallax”, de Voyager, estabeleceu que os sistemas de energia do holodeck da Frota Estelar não são compatíveis com o restante dos sistemas de uma nave estelar, e Picard expande essa ideia neste episódio, explicando que os simuladores dependem de células de energia independentes para fornecer à tripulação da nave um local seguro durante situações de crise.
  • Tanto Crusher quanto Riker dizem partes do famoso monólogo de abertura de Jornada nas Estrelas, quando Beverly diz “to seek out new life” (“pesquisar novas vidas”) em resposta ao fato de verem as águas-vivas espaciais por toda parte, ao que Riker responde dizendo: “I think we should boldly get the hell out of here” (“Acho que deveríamos audaciosamente sair daqui”). Nenhum dos personagens jamais disse partes ou modificações disso antes.
  • Jean-Luc encerra o episódio com uma voz em off: “Diário do Almirante”. Essa é a primeira vez que ele faz isso em toda a série Picard. É a primeira vez que ouvimos uma narração em estilo de diário de bordo de Patrick Stewart desde 2002 em Jornada nas Estrelas: Nemesis. O episódio termina com uma provocação sobre mistérios mais profundos a respeito de Jack Crusher, mas, por enquanto, os quatro primeiros episódios da temporada parecem muito com a conclusão de um episódio muito longo e cheio de ação de A Nova Geração.
  • Esse foi o primeiro episódio da série em que uma data estelar foi fornecida.

Ficha Técnica

Escrito por Terry Matalas & Sean Tretta
Dirigido por Jonathan Frakes

Exibido em 09 de março de 2023

Título em português: “Situação sem Vitória”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jeri Ryan como Sete de Nove
Michelle Hurd como Raffaela Musiker (só crédito)
Ed Speleers como Jack Crusher

Elenco convidado

Jonathan Frakes como William T. Riker
Gates McFadden como Beverly Crusher
Marina Sirtis como Deanna Troi
Todd Stashwick como Liam Shaw
Amanda Plummer como Vadic
Ashlei Sharpe Chestnut como Sidney La Forge / Sidney La Forge (metamorfo)
Stephanie Czajkowski como tenente T’Veen
Joseph Lee como tenente Mura
Chad Lindberg como alferes Foster
Jin Maley como alferes Esmar
Tiffany Shepis como dr. Ohk
Jasmine Akakpo como alferes da Titan
Amy Earhart como computador da Titan
Garth Kemp como a face (voz)
Dylan J. Locke como cadete 1
Yumarie Morales como jovem cadete

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