VOY 4×21: The Omega Directive

Partículas ameaçam todo o quadrante

Sinopse

Data estelar: 51781.2

Quando um símbolo estranho aparece nas telas dos computadores da Voyager, Janeway passa a dar ordens incomuns sem fornecer explicações. Alega apenas executar uma missão altamente secreta chamada Diretriz Ômega. Seven é a única pessoa a bordo que sabe do que se trata, pois retém os conhecimentos de capitães da Frota assimilados pelos Borgs. O que acontece é que os sensores da nave detectaram a molécula Ômega, considerada perigosa pela Federação porque pode provocar um fenômeno altamente instável e catastrófico. As ordens de Janeway, como capitã, são destruir a ameaça, mas Seven acredita que o poder da substância deve ser estudado em detalhes. Já que os Borgs acreditam que a molécula representa a perfeição, Seven concorda em ajudar Janeway a implementar a diretriz, pois terá a chance de estudar o fenômeno de perto.

Quando Chakotay convence a capitã de que precisa dos recursos da tripulação para cumprir sua tarefa, ela reúne os oficiais superiores para explicar suas ordens. Janeway diz que a molécula de Ômega é a mais poderosa substância de que se tem notícia e pode criar uma ruptura subespacial que impossibilitaria viagens em velocidade de dobra. A Voyager parte para a localização das moléculas com seus tripulantes cientes de que, se falharem, ficarão presos para sempre no Quadrante Delta.

Chakotay convencendo Janeway a contar a tripulação o que é a diretriz ômega.

Seven começa a trabalhar em uma câmara de ressonância harmônica capaz de estabilizar Ômega, enquanto a capitã lidera um grupo avançado. Os oficiais encontram um planeta no qual pesquisadores trabalhavam para criar a molécula, quando uma explosão os expôs a radiação. Antes de ser transportado para a Enfermaria, o líder dos cientistas diz a Janeway que uma das moléculas sobreviveu na câmara de testes primários. Na Voyager, ele pede a Seven que não destrua Ômega, afirmando que a descoberta do fenômeno é vital para seu povo.

Quando entra na câmara de testes, Janeway descobre que há moléculas suficientes para atingir metade do Quadrante Delta. Para eliminá-las na tecnologia de ressonância, elas precisam ser transportadas a bordo da Voyager. Seven, agora convencida de que Ômega não deve ser destruída, pede que Chakotay converse com a capitã. Com o material na área de carga, a tripulação parte, perseguida por naves alienígenas.

Janeway e Seven estudando a partícula ômega

Em área de espaço aberto, Janeway se prepara para ejetar a câmara com as moléculas e depois destruí-las com um torpedo modificado. Seven consegue neutralizar quase metade da amostra e, pouco antes da ejeção, testemunha um fenômeno inexplicável: Ômega se estabilizou espontaneamente. Quando o torpedo é disparado, a Voyager parte em dobra máxima, eliminando qualquer traço da molécula. A capitã consegue cumprir com sua diretriz e Seven acredita ter vivenciado sua primeira experiência religiosa.

Comentários

“The Omega Directive” é um bom episódio, mas mediano para os índices da temporada. É daqueles que divertem para a hora, mas que surgem do vácuo e não acrescentam absolutamente nada à trama maior. Claro, bem escrito e executado, tem um diferencial: ele parece realmente inédito. A diretriz que dá nome à história é um protocolo secreto de emergência da Frota, do qual apenas capitães ou oficiais de patente superior têm conhecimento. Para se ter noção da periculosidade de omega, as ordens são claras: eliminar a molécula a qualquer custo. Além de altamente inflamável, a substância destrói o subespaço, impossibilitando viagens em velocidade de dobra. Para a Voyager, evidentemente o risco tem um significado todo especial. Uma explosão significaria a prisão da nave no Quadrante Delta para sempre.

Title card Voyager "The Omega Directive"

Há alguns elementos interessantes aqui. A começar por Seven of Nine. Janeway não está totalmente sozinha para carregar a missão, pois sua nova tripulante retém todos os conhecimentos dos capitães da Frota assimilados pelos Borgs. Além disso, tem uma vantagem: a objetividade que falta à Federação. O protoloco é fruto de medo e ignorância. Para os Borgs, omega deve ser criada e estabilizada. Exemplifica perfeição. Apesar dos riscos, soa estranho que uma entidade científica ceda aos receios e leve seus capitães a afirmar que “a fronteira final tem limites que não devem ser ultrapassados”.

Com todo o vai-e-vem, destacam-se no roteiro os pequenos momentos de personagem. E Seven brilha. Com certeza, seu potencial é (por ora) perene. Ela se torna a cada instante mais interessante, complexa e multifacetada. A atuação de Ryan, mais uma vez, merece aplausos. São dignos de menção alguns momentos da história. O primeiro é quando Seven conversa com Chakotay na área de carga. Como homem espiritualizado, é claro que ele entende a sua aflição. Fica evidente que omega é o mais próximo de uma “crença” que os Borgs já tiveram. Embora cumpra ordens, Seven encara a possível destruição das moléculas uma verdadeira perda pessoal. Quem não lutaria contra aquilo? “Eu perseguiria [minha fé] com todo o meu coração”, reconhece o comandante.

Seven estudando a partícula ômega

A segunda cena memorável acontece quando a personagem confronta Janeway, também na área da carga, afirmando que poderia “e ainda pode” estabilizar as partículas. A capitã tem de lembrá-la que não deseja entrar em seu caminho, mas seria irresponsável e arrogante correr um risco que afetaria metade do quadrante. O olhar de consentimento da ex-Borg, frio, é forte. Ela se vê forçada a recuar. Aqui, já demonstra compreensão da cadeia de comando da Voyager. Bem diferente da postura de “Prey”, por exemplo.

Em terceiro lugar, destaca-se o momento em que omega começa a se estabilizar espontaneamente e Seven observa as moléculas em completa estupefação. Até então, os Borgs tinham desconsiderado como triviais as experiências religiosas das culturas assimiladas. A ex-zangão começa a perceber que, talvez, seu julgamento estivesse equivocado. De repente, o caminho para a claridade não é a assimilação. Sem dúvida, uma constatação marcante em sua vida.

Partícula ômega

Outros personagens fornecem grandes momentos. Como a Voyager está sozinha (e a capitã mais ainda), Chakotay consegue convencer Janeway de que a tripulação pode e deve ajudá-la em sua missão. Depois de relutar, ela cede. Esse apelo reflete bem o “ar de família” da quarta temporada. Parece ser o tema recorrente. E isso é muito bom. Veio tarde demais até.

Mas vamos a outras apreciações de “The Omega Directive”. Os alienígenas não são hostis, como 95% dos vizinhos do Quadrante Delta. São um povo que atravessa uma crise energética e encontrou, na molécula, a sua salvação. Quem é Janeway para impedi-los “na marra”? Esquecendo-se – é óbvio – a questão da Primeira Diretriz, o fato é que a Voyager invadiu instalações alheias e roubou as descobertas. Não apenas isso, mas destruiu o achado. Pareceu previsível o ataque à nave. Mas, dadas as circunstâncias, não chegou a forçar a barra. O furo no roteiro é que não adianta acabar com as moléculas, se o laboratório (ou o que sobrou dele) e os cientistas permanecem.

Cientista alienígena em "The Omega Directive"

O que impede os alienígenas de prosseguir com os experimentos depois da passagem da Voyager? Parece difícil de acreditar que Janeway simplesmente daria a missão por completada apenas porque destruiu aquela amostra de omega. Provavelmente, a Frota também acabaria com as chances de a molécula voltar a ser produzida. Como a Voyager faria isso? Esbarramos numa questão moral, pois o único meio seria assassinar os pesquisadores. Claro que não aconteceu, mas se o poder de omega é tão grande, absolutamente nada impediria que uma explosão em qualquer ponto da galáxia afetasse a Federação. E, contra isso, nada se poderia fazer. Outra observação; por que Janeway apagou todos os relatórios depois de concluída a missão? E se a Voyager vier a encontrar outras moléculas de omega ao longo da viagem?

Por fim, pareceu que a inexplicável estabilização das moléculas foi uma “saída fácil” para a situação. Seria mais realista que: a) ou Seven desobedecesse ordens e agisse por conta própria; b) ela seguisse as ordens da capitã e vivesse com sua frustração. Em ambos os casos, haveria conflito entre as duas personagens. Poderia sair muita coisa boa dali. Mas, ainda assim, compreende-se por que os roteiristas recorreram ao “milagre”. A cena final de Seven fecha com chave de ouro o segmento. Esse mérito ninguém tira.

Avaliação

Citações

“Is there anything you don’t know?”
“I was Borg.”
“I was Borg. That’s what you always say but what does it mean? You’ve got the knowledge of ten thousand species in your head?”
“Not exactly. Each drone’s experiences are processed by the Collective. Only useful information is retained.”
“Still, that probably makes you the most intelligent human being alive.”
“Probably.”
(Há alguma coisa que você não saiba?)
(Eu fui Borg.)
(Eu fui Borg. Isso é o que sempre diz, mas o que quer dizer? Você tem os conhecimentos de dez mil espécies em sua cabeça?)
(Não exatamente. As experiências de cada zangão são processadas pela Coletividade. Apenas informações úteis são retidas.)
(Ainda assim, isso provavelmente a torna o ser humano mais inteligente vivo.)
(Provavelmente.)
Kim e Seven

“Omega is infinitely complex yet harmonious. To the Borg it represents perfection. I wish to understand that perfection.”
(Omega é infinitamente complexa, mas harmônica. Para os Borgs, ela representa perfeição. Eu quero entender essa perfeição.)
Seven

“You have your orders. I expect you to follow them.”
“That’s expecting a lot. You’re asking me to abandon my Captain and closest friend, without even telling me why.”
“If it were a simple matter of trust I wouldn’t hesitate to tell you, but we’ve encountered situations where information was taken from us by force.”
(Você tem as suas ordens. Espero que as siga.)
(Isso é esperar demais. Está me pedindo para abandonar minha capitã e minha melhor amiga sem ao menos dizer por quê.)
(Se se tratasse apenas de confiança, eu não hesitaria em lhe dizer, mas nos deparamos com situações em que a informações foram tiradas de nós a força)
Janeway e Chakotay

“Captain, I’d be negligent if I didn’t point out that we are about to violate the Prime Directive.”
“For the duration of this mission, the Prime Directive has been rescinded.”
(Capitã, eu estaria sendo negligente se não ressaltasse que estamos prestes a violar a Primeira Diretriz.)
(Pela duração desta missão, a Primeira Diretriz está rescindida.)
Tuvok e Janeway

“Six of Ten, this is not your assignment.”
“Please, stop calling me that.”
“You’re compromising our productivity. I’m reassigning you to chamber maintenance. Your new designation is Two of Ten.”
“Wait a minute, you’re demoting me? Since when do the Borg pull rank?”
“A Starfleet protocol I adapted. It’s most useful.”
“I’m glad you’re not the Captain.”
(Seis de Dez, essa não é a sua tarefa.)
(Por favor, pare de me chamar assim.)
(Está comprometendo a nossa produtividade. Estou lhe redesignando para a manutenção da câmara. Sua nova designação é Dois de Dez.)
(Espere um pouco. Está me rebaixando? Desde quando os Borgs impõem patentes?)
(Um protocolo da Frota que eu adaptei. É bastante útil.)
(Fico feliz que não seja a capitã.)
Seven e Kim

“It’s unfortunate we can’t study this phenomenon in more detail. We may not have the opportunity again.”
“Let’s hope we never do.”
“A curious statement from a woman of science.”
“I’m also a woman who occasionally knows when to quit. Take another look at your tricorder. Omega’s too dangerous. I won’t risk half the quadrant to satisfy our curiosity. It’s arrogant, and it’s irresponsible. The final frontier has some boundaries that shouldn’t be crossed. And we’re looking at one.”
(É lamentável que não possamos estudar esse fenômeno mais detalhadamente. Podemos nunca mais ter a oportunidade de novo.)
(Esperemos que não.)
(Um comentário curioso de uma mulher da ciência.)
(Também sou uma mulher que ocasionalmente sabe quando desistir. Veja de novo o seu tricorder. Omega é perigosa demais. Não arriscarei metade do quadrante para satisfazer nossa curiosidade. É arrogante e irresponsável. A fronteira final tem limites que não devem ser ultrapassados. E estamos olhando para um deles.)
Tuvok e Janeway

“For 3.2 seconds I saw perfection. When Omega stabilised, I felt a curious sensation. As I was watching it, it seemed to be watching me. The Borg have assimilated many species with mythologies to explain such moments of clarity. I’ve always dismissed them as trivial. Perhaps I was wrong.”
(Por 3,2 segundos eu vi a perfeição. Quando Omega estabilizou, senti uma sensação curiosa. Enquanto a observava, ela parecia me observar. Os Borgs assimilaram várias espécies com mitologias para explicar tais momentos de claridade. Sempre as dispensei como triviais. Talvez estivesse errada.)
Seven

Trivia

  • Jeff Austin fez um oficial de segurança Boliano em “The Adversary“, de Deep Space Nine.
  • Chakotay diz a Paris que eles precisam de dobra máxima para escapar da explosão de omega, ou então ficarão presos. Mas ao acionar os motores, o tenente diz que a Voyager está em dobra 1.
  • Seven of Nine afirmou em outras ocasiões que os Borgs apenas assimilam informações. Não as criam ou pesquisam. Mas neste episódio ela conta que a Coletividade sacrificou 29 cubos e 600 mil zangões enquanto estudava as moléculas de omega.

Ficha Técnica

História de Jimmy Diggs & Steve J. Kay
Roteiro de Lisa Klink
Dirigido por Victor Lobl

Exibido em 15 de abril de 1998

Título em português: “A Diretriz Ômega”

Elenco

Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Jeri Ryan como Seven of Nine
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim

Elenco convidado

Jeff Austin como Allos
Kevin McCorkle como capitão alienígena

Enquete

TS Poll - Loading poll ...

Edição de Mariana Gamberger

Episódio anterior | Próximo episódio