VOY 4×16: Prey

Hirogen e espécie 8472 lutando

Espécie 8472 vira caça dos Hirogen

Sinopse

Data estelar: 51652.3

Quando a Voyager encontra uma nave Hirogen à deriva, Janeway envia um grupo avançado para investigar o que houve e pesquisar mais sobre a espécie. Os oficiais acham um sobrevivente, que é transportado para a Enfermaria. Restos de esqueletos e órgãos descobertos na nave revelam que os Hirogen são uma raça que baseia sua existência inteira na busca por presas a serem caçadas. Na entanto, em irônica reviravolta, agora são eles o alvo.

O sobrevivente insiste em ser devolvido à sua nave, explicando que tinha acabado de capturar um alienígena, quando este se libertou e o atacou. Aparentemente ávido por continuar a caçada, o Hirogen é impedido pela capitã, que, visando selar a paz com sua raça, oferece-lhe tratamento médico. Em seguida, Tuvok reporta que houve um dano estrutural inexplicável no casco da Voyager. Quando vai investigar com Harry, encontra uma amostra de sangue alienígena nas proximidades da ruptura. Ao analisá-lo, constata que um ser da Espécie 8472 está a bordo.

Todos ficam alarmados. Janeway lança o alerta de intruso, mas, antes mesmo que seja encontrado, ele passa pela Engenharia e ataca B’Elanna. Em paralelo, os sensores detectam uma frota de naves Hirogen se aproximando. Provavelmente, o sobrevivente enviara um pedido de socorro antes da chegada da tripulação. O Hirogen na Enfermaria ameaça Janeway, dizendo que se não lhe for permitido continuar a caçada, ele avisará àquelas naves para chegar atirando na Voyager.

Hirogen sendo resgatado pela Voyager

Janeway deixa o visitante participar das equipes de segurança. Com base nos encontros anteriores com a Espécie 8472, os oficiais sabem que a raça é suscetível a nanossondas Borgs modificadas. Tuvok e Seven of Nine carregam rifles de phaser com a tecnologia e partem em busca do intruso. Eles logo o encurralam. Quando o Hirogen abre fogo, Tuvok o pára e manda de volta aos confinamentos da Enfermaria.

Paris e Seven descobrem que o membro da Espécie 8472 invadiu a Voyager numa tentativa de criar uma singularidade e voltar para casa. Através de contato telepático com Tuvok, o alienígena explica que sua nave foi danificada durante os conflitos com os Borgs e deixada para trás quando os outros seres da espécie retornaram para o espaço fluídico. Ficou preso no Quadrante Delta, sozinho, perseguido por meses pelos caçadores Hirogen. Tudo o que deseja é encerrar o conflito e se reunir com os seus.

Indivíduo da espécie 8472 se comunicando com Tuvok telepaticamente

Apesar de o visitante Hirogen ameaçar a tripulação se o alienígena não lhe for entregue, Janeway pede que Seven abra a singularidade. A ex-Borg se recusa a ajudar por causa de suas más experiências com os 8472. A capitã a confina na área de carga até que a missão seja completada e delega a B’Elanna a tarefa de duplicar os protocolos do defletor.

As naves inimigas chegam e, à medida que atacam a Voyager, os campos de contenção internos são desativados. O Hirogen escapa da Enfermaria e segue na caçada. Janeway chama Seven, ordenando que compareça à localização do 8472 com um suprimento de nanossondas. A criatura fica agitada e ataca o Hirogen. Enquanto os dois se enfrentam, Seven manipula o sistema de transporte e os envia para uma das naves. Os Hirogen imediatamente partem em dobra alta, mas, por causa dos danos, a Voyager não pode segui-los. Como conseqüência de suas ações contra os comandos da capitã, Seven tem alguns privilégios revogados e as atividades restritas.

Comentários

Neste terceiro segmento da trilogia Hirogen, fica claro que os arcos criados em Voyager não se equiparam aos de A Nova Geração e (muito menos) Deep Space Nine. Não é uma crítica, mas fria constatação. É louvável a abertura dos produtores nesta quarta temporada. Sentiram que não “dava mais para enganar o telespectador”. Em parte, porque Seven of Nine veio a bordo com tamanha complexidade que seria impossível não acompanhar momento a momento seu desenvolvimento. Não mais cabiam episódios isolados em si. Só que a esta altura já se sabe que falta aos roteiristas de Voyager o mesmo comprometimento que os das séries co-irmãs tinham. Na verdade, “Prey” só “continua” a saga Hirogen pelo título do episódio e por focar aqueles alienígenas.

Há quem argumente que a presença da Espécie 8472 e a citação do conflito com os Borgs contribuam à continuidade. Ledo engano. Esse aparente “ponto forte” do roteiro cai em descrédito quando se tem em conta a probabilidade remotíssima de a Voyager encontrar a criatura do espaço fluídico. Os roteiristas esqueceram (leia-se: optaram por esquecer) que a tripulação já saltou mais de 10.000 anos-luz do território Borg. Não apenas isso já reduziria as chances de um novo encontro, mas percebe-se que convenientemente o alienígena traçou o mesmo curso que a Voyager, em direção ao Quadrante Alfa.

Title Card Voyager "Prey"

Feita a constatação, vamos às apreciações do real valor deste que, sem sombra de dúvida, é um dos melhores segmentos do quarto ano. A história é muito bem costurada em si, forte e densa. As atuações são brilhantes. O ator convidado foi escolhido a dedo: Tony Todd, que em Deep Space Nine brilhou nos papéis de Jake Sisko, em “The Visitor”, e de Kurn, em “Sons of Mogh”.

Aqui, os roteiristas não reservam a chave do mistério para o final. Já abrem o episódio mostrando os Hirogen na caça ao sobrevivente da Espécie 8472. Essa seqüência de abertura funciona, muito embora seja difícil imaginar que suas armas – mais avançadas que as dos Borgs – não possam com as dos caçadores. Na Voyager, Seven está mais insolente do que nunca. Questiona as ordens de Janeway abertamente. Dá gosto de ver. E aí é que está a trama central do segmento. Todo o resto está lá em função disso.

Hirogens caçando espécie 8472

Quando o 8472 caminha pelo casco e invade a nave – em peça particularmente interessante de CGI -, o caos se instala a bordo. As cenas de suspense só se equiparam às de “Scorpion”. É curioso, pois o suspense tem tudo a ver com a ficção-científica, ainda mais em se tratando do “desconhecido e distante” Quadrante Delta. Mas Voyager poucas vezes o explora. Aqui, felizmente, faz com êxito. O telespectador fica na ponta da cadeira, preparando-se para um susto em potencial, com a criatura escondida no deck escuro e sem gravidade. A direção de Allan Eastman, apoiada pela trilha sonora, merece nota máxima. Os pequenos elementos de cena também ajudam: os trajes espaciais, o padd flutuando no corredor, a apreensão de Seven. Quiséramos que a série sempre nos deixasse assim.

Para Janeway, o dilema moral é complicado. Sem dúvida, a tripulação não precisa dos Hirogen como inimigos, mas a capitã não está disposta a sacrificar a vida do 8472 – ainda mais depois de a criatura explicar a Tuvok seus motivos. Janeway se identifica com a causa do intruso, que deseja apenas voltar para casa. Pode ser que muitos tripulantes discordassem da decisão de protegê-lo, que soa pouco tática. Mas são oficiais e, em respeito à estrutura hierárquica, seguiriam (quase) toda ordem emanada da Ponte. Todos, menos Seven. Neste momento, “Prey” mostra seu ponto alto: é excelente a cena em que a capitã pede à ex-Borg para auxiliar na tarefa de abrir uma singularidade. Seven – com suas razões e uma lógica impecável – recusa.

Tripulação Voyager traçando plano para capturar espécie 8472

As duas atrizes oferecem aos fãs suas melhores performances. Mulgrew é simplesmente brilhante e Ryan, bom, esperemos que não existam mais aqueles que a brindem apenas pelo visual privilegiado. É uma delícia ver o conflito aumentando gradualmente entre Janeway e Seven. Voyager arrisca um pouco mais e distancia-se dos “finais felizes” e do senso comum. Provavelmente, a última vez que a série provocou essa sensação no público foi em “Scorpion“, na cena em que a capitã se desentende com Chakotay.

O capitão não é mais “herói”. Janeway está muito mais humana e falhando em sua tentativa de trazer Seven para a família, em seu papel de “mãe”, e a frustração decorrente desse fracasso fica aparente em tela. Desde que a liberou dos Borgs, a capitã procura relevar as insolências e desrespeito aos protocolos. Só que chegou um momento em que o limite deve ser estabelecido. O diálogo final, na área de carga, completou com chave de ouro a história.

Janeway repreendendo Seven

Havia o receio geral de que, por fim, Seven refletisse, reconhecesse que errou e seguisse nos passos de Janeway. Felizmente, isso não aconteceu. A capitã a repreende por ter desobedecido ordens diretas e, em conseqüência, sentenciado um ser consciente à morte. A chamada lição e disciplina. Mas as tiradas se Seven são desconcertantes até mesmo para Janeway. Seven a acusa de a estar punindo, na verdade, porque não se modelou à sua figura, contrariando expectativas. E Janeway não nega. Nem poderia, visto que impôs essa individualidade à ex-Borg. Como se vê, há muito terreno a ser explorado no relacionamento das duas. Por ora, ficamos com um excelente episódio da quarta temporada – até agora, a mais rica da série.

Avaliação

Citações

“The Hirogen vessel is a potential threat. We should destroy it.”
“Seven, what you call a threat I call an opportunity to gain knowledge about this species, and in this case, maybe even show some compassion.”
(A nave Hirogen é uma ameaça em potencial. Devemos destruí-la.)
(Seven, o que chama de ameaça eu chamo de uma oportunidade de ganhar conhecimento sobre a espécie e, neste caso, talvez até mostrar um pouco de compaixão.)
Seven e Janweway

“So there’s one question remaining. Who’s hunting the hunters?”
(Então resta uma pergunta. Quem está caçando os caçadores?)
Janweway

“Is your body armour designed to handle rapid pressure fluctuations?”
“It can defeat most hostile environments. I once tracked a silicon-based lifeform through the neutronium mantle of a collapsed star.”
“I once tracked a mouse through Jefferies tube 32.”
(Sua armadura foi projetada para lidar com flutuações rápidas de pressão?)
(Ela pode derrotar os ambientes mais hostis. Uma vez segui uma forma de vida baseada em silício pelo manto de neutrônio de uma estrela em colapso.)
(Uma vez eu segui um rato pelo tubo Jefferies 32.)
Chakotay, Hirogen e Paris

“Surrender the creature to me and you will not be harmed.”
“This isn’t a hunt. It’s a slaughter, and I’m calling it off right now.”
“We will not be denied our prey. Give us the creature or your crew will take its place.”
(Entregue a criatura a mim e sua tripulação não sofrerá nada.)
(Isso não é uma caçada. É um massacre e estou pondo um fim nele agora mesmo.)
(Não nos negarão a nossa presa. Entregue a criatura, ou sua tripulação tomará o seu lugar.)
Hirogen e Janeway

“I have agreed to remain on Voyager. I have agreed to function as a member of your crew. But I will not be a willing participant in my own destruction or the destruction of this ship.”
“Objection noted. We’ll do this without you.”
“You will fail.”
“And you have just crossed the line.”
(Eu concordei em permanecer na Voyager. Concordei em funcionar como membro da sua tripulação. Mas não serei um participante voluntário na minha destruição, ou na destruição desta nave.)
(Objeção anotada. Faremos isso sem você.)
(Vocês vão falhar.)
(E você acaba de ultrapassar os limites.)
Seven e Janeway

“You made me into an individual. You encouraged me to stop thinking like a member of the Collective, to cultivate my independence and my humanity. But when I try to assert that independence I am punished.”
“Individuality has its limits. Especially on a starship where there’s a command structure.”
(Você me tornou um indivíduo. Encorajou que eu cultivasse a minha independência e minha humanidade. Mas quando tento afirmar essa independência, sou punida.)
(Individualidade tem limites. Especialmente numa nave estelar onde há uma estrutura de comando.)
Seven e Janeway

Trivia

  • Quando foge da Enfermaria e quando encontra o membro da Espécie 8472, o Hirogen está segurando um rifle de phaser. Mas quando o alienígena o ataca, ele está com sua arma original.
  • Tony Todd interpretou Kurn em “Redemption, Parts II & II” (A Nova Geração) e “Sons of Mogh” (Deep Space Nine). Também fez o Jake adulto em “The Visitor”, de Deep Space Nine. Em Jornada, participou ainda do jogo “Star Trek – Elite Force II”.
  • Clint Carmichael fez um Nausicaan em “Tapestry”, de A Nova Geração. Participou do jogo “Star Trek – Elite Force II”, também como um Nausicaan.

Ficha Técnica

Escrito por Brannon Braga
Dirigido por Allan Eastman

Exibido em 18 de fevereiro de 1998

Título em português: “Presa”

Elenco

Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Jeri Ryan como Seven of Nine
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim

Elenco convidado

Tony Todd como Hirogen Alfa
Clint Carmichael como caçador Hirogen

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Edição de Mariana Gamberger

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