VOY 4×08: Year of Hell, Part I

Janeway em Year of Hell, Part I

Tripulação é forçada a abandonar a nave

Sinopse

Data estelar: 51268.4

A Voyager inaugura o seu novo laboratório de Astrométricas, que possui tecnologia de mapeamento muito mais precisa do que o sistema original. Traça-se um novo curso para casa que cortará anos de viagem, levando os tripulantes através do território dos Zahl. A região, no entanto, está em disputa com os Krenim, que a reivindicam como parte de seu próprio império. Frente ao problema diplomático, os Zahl tranqüilizam Janeway, dizendo que no passado os Krenin dominaram aquele espaço com o uso de tecnologia temporal, mas que seu poderio militar foi há muito desmantelado. Subitamente, os sensores da Voyager detectam uma explosão de energia temporal e a nave é atingida pela forte onda de choque. Os Zahl desaparecem, junto com as memórias da tripulação sobre eles. A Voyager se vê enfrentando os agora poderosos Krenim, que usam torpedos cronotônicos para atacá-la.

A alguns anos-luz de lá, Annorax, capitão da nave Krenim que dizimou os Zahl, avalia seus esforços e descobre que, ao apagar da História os inimigos, restaurou quase completamente o império. Mas Annorax não se satisfará até que cada colônia seja refeita. Enquanto isso, a tripulação consegue destruir uma nave inimiga, mas os danos são sérios: a Voyager não tem mais condições de continuar a sua jornada. Seven of Nine encontra uma ogiva não detonada e ainda ativa presa no casco. Tuvok estima que o torpedo explodirá em minutos, mas Seven quer determinar a sua variação temporal para modificar os escudos. Ela consegue obter o dado, mas a ogiva explode logo em seguida.

Oficial Zahl na Voyager

Os novos escudos temporais conseguem deter os torpedos Krenim. Alheio ao que acontece, Annorax dispara sua arma novamente e o continuum tempo-espaço é mais uma vez alterado. Só que agora a nova blindagem da Voyager a protege dos efeitos da onda. Os tripulantes ficam incrédulos ao ver que a nave de guerra contra a qual lutavam subitamente ficou pequena. Annorax percebe que os escudos temporais da Voyager atrapalharam seus cálculos, o que resultou no encolhimento do Império Krenim a apenas algumas colônias. Ele localiza a nave e transporta Chakotay e Tom para estudos. Depois, aciona um raio de energia cronotônica para apagar a Voyager da História. Janeway assume o leme e consegue tirá-los de lá em dobra alta, mas os danos estruturais são irreversíveis. A capitã é obrigada a ordenar a evacuação de seus oficiais, mantendo apenas os chefes de departamento consigo na Voyager. Espera resgatar os tripulantes abduzidos e, de alguma forma, reunir-se novamente com os módulos de escape.

Comentários

“Year of Hell” é tido por muitos fãs como o melhor episódio de Voyager. Se não é, ao menos está entre os melhores. Vem recheado de efeitos especiais espetaculares, entretém, sensibiliza e traz elementos sólidos. Mas uma coisa fica clara nos primeiros momentos: trata-se de um roteiro “e se?”. Aqueles que ficaram surpresos ao ver a nave seriamente avariada na primeira metade da história e animaram-se com o tão reclamado realismo, tomam logo consciência de que tudo será devidamente “resetado”. É um pacote de boa ficção-científica enriquecido com excelentes dramatizações, mas que, por fim, “nunca terá acontecido”.

Title Card Year of Hell, Part I

A novidade: o episódio introduz um novo formato ao trazer na tela a inscrição “Dia 1”, assim que a história começa. Nesse dia, a tripulação chega ao território dos Krenim, alienígenas que tiveram referência em “Before and After”, da temporada anterior. Naquele segmento, no qual Kes salta através de diferentes linhas temporais, o telespectador havia tido uma amostra prévia do que viria a ser toda essa premissa “e se?”.

Agora, tudo está acontecendo. A princípio, os Krenim não são uma ameaça. Parecem até uma espécie pateticamente decadente. Mas a região é atingida por uma misteriosa onda de choque temporal que altera toda a situação. As naves Krenim agora são poderosas aves de guerra equipadas com torpedos baseados em tecnologia cronotônica. Passam pelos escudos da Voyager como se ela estivesse com as defesas baixadas. Surge a pergunta que não cala: Kes não havia alertado a capitã sobre essa raça?! Por que a tripulação não saltou em dobra alta para evitar confrontos com eles? Parece que os eventos de “Before and After” foram totalmente esquecidos — “apagados da História”.

Dia 1: Year of Hell, Part I

Talvez — e é a única explicação compreensível — aquelas informações tenham deixado de existir com o desaparecimento dos Zahl. É uma pena a extinção dos Zahl. Raramente a Voyager encontra raças tão amistosas. E o representante desta é particularmente expressivo. Ao contrário dos Krenim, que aqui foram uma decepção. Eram muito mais sinistros e sombrios em “Before and After”. E o que explica a sua intolerância, a xenofobia? Não há razão. Apenas são agressivos e arrogantes.

Annorax é maravilhosamente interpretado por Kurtwood Smith. Assim como Chakotay, o telespectador é conquistado por seu carisma, entende os motivos que o levam a agir daquela maneira. É um homem atormentado. É, também, paciente e determinado. Fica claro que sua missão se trata mais de um tipo de vendeta pessoal do que algo racional. Ele deve ter cometido algum grave erro e busca redenção.

Essa trama paralela, a princípio, pouco tem a ver com o dilema da Voyager, que passa a maior parte do episódio tentando se proteger dos ataques Krenim. A nave é severamente avariada. Merece aplausos a equipe de produção da série, por seu trabalho sensacional no processo de “destruição”. É tudo muito convincente. Também os efeitos visuais em CGI são magníficos. O destaque vai para a seqüência em que metade do deck 5 explode.

Annorax

O ponto alto do roteiro, sem dúvida, é o impacto da situação sobre os tripulantes. “Year of Hell” é o que Voyager sempre deveria ter sido. É mais sobre sobrevivência do que protocolos ou exploração espacial. Trata-se de uma família unida por um objetivo coletivo. Todos trabalham em seu melhor, mesmo diante de anteparos caindo, rupturas no casco, vítimas e falta de perspectiva à frente. Janeway é capitã em todos os sentidos. Está determinada, corajosa. Quer proteger seus subordinados custe o que custar. Põe a mão na massa e não perde a graça.

São os pequenos detalhes que fazem a diferença no episódio. Tuvok perde a visão, Harry e B’Elanna ficam presos durante horas no turboelevador, a xícara da sorte de Janeway cai no chão e quebra-se, o Doutor é forçado a sacrificar dois colegas para salvar muitos outros. Realismo. Tudo em “Year of Hell” honra a premissa original da série como poucos segmentos o fizeram até então.

O que foge à razão é a insistência da tripulação em permanecer em território Krenim após os primeiros ataques. Janeway é irredutível quanto a isso. “Vamos pelo espaço deles, quer queiram, quer não”. É um questionamento válido, mas que até passa desapercebido entre tantas informações apresentadas na história. Pode ser que, entre tantas intervenções temporais, o território dos alienígenas expandiu-se a ponto de envolver completamente a nave.

B'Elanna e Harry presos no turboelevador

Mesmo assim, se não fosse essa “falha”, o roteiro não faria sentido. Após dois meses em território hostil, a tripulação encontra um modo de proteger a Voyager dos torpedos cronotônicos. Ao ativar os novos defletores, no entanto, não sabe que está atrapalhando os cálculos de Annorax. Uma nova onda de choque passa pela nave, desta vez sem afetá-la das alterações. A Voyager, que fora avaliada como um componente inerte, passou a ser elemento determinante na súbita redução do imponente Império Krenim a uma civilização incipiente, pré-dobra.

Annorax localiza e traça um curso para a nave da Federação, a fim de saber do que se trata. Coleta amostras do casco e transporta Tom e Chakotay para estudos. Excelente o trecho em que o capitão Krenim lamenta ter que destruir a Voyager, reconhecendo que está diante de pessoas inocentes. Mas o sucesso da missão é sempre prioritário. Tem que deter tudo e todos que se põe em seu caminho.

Paris e Chakotay sendo teletransportados para nave krenim

Janeway assume o leme e a Voyager consegue escapar em dobra alta. Mas os danos estruturais são extremos. A capitã ordena a evacuação dos tripulantes. A seqüência em que os módulos de escape são lançados ao espaço traçam um paralelo interessante com o filme oitavo filme da franquia, Primeiro Contato, lançado no ano anterior. Aliás, as referências aparecem também quando Seven resgata Harry e B’Elanna do turboelevador. Ela menciona a nave Phoenix e a presença dos Borgs na ocasião.

No constante vai-e-vem da história, o tema permanece sempre o mesmo: família. Quando Janeway dá a ordem final, seu discurso emociona. A própria voz falha de Mulgrew denota tribulação. Ela revela emoção, mas não perde a compostura. Abraça uma alferes com firmeza e assegura que todos se verão novamente. A cena foi de uma dramaticidade ímpar.

Janeway com a tripulação no final de Year of Hell, Part I

“Year of Hell” peca basicamente por dois motivos. Primeiro, porque, ao final, o telespectador sabe que os eventos convenientemente serão corrigidos e a Voyager voltará à sua glória original na conclusão. Depois, porque em momento algum foram fornecidos motivos para o esquecimento das informações apresentadas em “Before and After”. Entre mortos e feridos, no entanto, aqui salvaram-se todos. Nota alta para o segmento.

Avaliação

Citações

“Time is patient. So we must be patient with it.”
(O tempo é paciente. Então devemos ser pacientes com ele.)
Annorax

“Reverse course… or be destroyed.”
“With all due respect, unless you’ve got something a little bigger in your torpedo tubes I’m not turning around.”
(Revertam o curso… ou sejam destruídos.)
(Com todo respeito, a não ser que tenha algo um pouco maior nos seus tubos de torpedo eu não darei a meia-volta.)
Comandante Krenin e Janeway

“We’ve done nothing to provoke these attacks.”
“Your presence in our space is provocation enough.”
(Não fizemos nada para provocar estes ataques.)
(A sua presença em nosso espaço é provocação suficiente.)
Janeway e Comandante Krenin

“I’ll be in my Ready Room. You have the Bridge… what’s left of it.”
(Estarei em meu gabinete. A Ponte é sua… o que sobrou dela.)
Janeway

“We should consider leaving the ship behind, breaking the crew into smaller groups. Escape pods, shuttles, each with its own course. If all goes well, we’ll rendezvouz on the other side of Krenin space.”
“Then what?”
“We’ll cross that bridge when we come to it. But, at least, we’d be increasing our chances of survival.”
“Abandon ship? The answer is no. I’m not breaking up the family, Chakotay. We are stronger as a team. One crew. One ship. The moment we split apart, we lose the ability to pull our talents, we become vulnerable, we’ll get picked off one by one. Now I say we make our stand together.”
(Devemos considerar deixar a nave para trás, dividir a tripulação em grupos menores. Módulos de escape, naves auxiliares, cada um com o seu curso. Se der tudo certo, nos encontraremos no outro lado do espaço Krenin.)
(E depois?)
(Lidaremos com isso quando chegar a hora. Mas, pelo menos, estaríamos aumentando nossas chances de sobrevivência.)
(Abandonar a nave? A resposta é não. Eu não vou dividir a família, Chakotay. Somos mais fortes como um time. Uma tripulação. Uma nave. Na hora em que nos separamos, perdemos a habilidade de reunir nossos talentos, nos tornamos vulneráveis, seremos pegos um a um. Eu digo: resistimos juntos.)
Chakotay e Janeway

“We are going through their space whether they like it or not.”
(Atravessaremos o espaço deles, quer queiram, quer não.)
Janeway

“You are a long way from home. In a matter of speaking, so am I. Unfortunately one of us can go home again. Your sacrifice will restore the lives of countless millions. I’m sorry.”
(Você está a um longo caminho de casa. De certo modo, eu também. Infelizmente, apenas um de nós pode ir para casa de novo. O seu sacrifício restaurará a vida de incontáveis milhões. Sinto muito.)
Annorax

“Each of you has done your best. But determination alone isn’t going to hold this ship together. It’s time we face reality. We’ve lost nine decks. More than half of the ship has been destroyed. Life support is nearly gone. Voyager can no longer sustain its crew. I promised myself that I would never give this order, that I would never break up this family. But asking you to stay would be asking you to die. You will proceed to the escape pods and evacuate this vessel. Set your course for the Alpha Quadrant. Along the way, try to find allies. Secure faster ships if you can. Anything to get home. The senior staff and I will remain on board as long as possible. We will try, somehow, to rescue Tom and Chakotay. The escape pods are equiped with subspace beacons. That’s how we’ll keep track of you. When we find each other again… and we will… we will find each other again… I expect all of you to be in one piece, with some interesting stories to tell. Good luck.”
(Cada um de vocês fez o seu melhor. Mas apenas a determinação não manterá esta nave inteira. É hora de encarar a realidade. Perdemos nove decks. Mais da metade da nave foi destruída. O suporte de vida quase se foi. A Voyager não pode mais sustentar sua tripulação. Prometi a mim mesma que nunca daria esta ordem, que nunca dividiria esta família. Mas pedir para ficarem seria pedir para morrerem. Vocês seguirão para os módulos de escape e evacuarão esta nave. Tracem curso para o Quadrante Alfa. No caminho, tentem encontrar aliados. Consigam naves mais rápidas se puderem. Tudo para chegar em casa. Os oficiais superiores e eu ficaremos a bordo enquanto for possível. Tentaremos, de algum modo, resgatar Tom e Chakotay. Os módulos de escape estão equipados com sinais subespaciais. É assim que os manteremos à vista. Quando nos encontrarmos de novo.. e nós vamos… nós vamos nos encontrar de novo… eu espero que todos estejam inteiros, com histórias interessantes para contar. Boa sorte.)
Janeway

Trivia

  • O aniversário de Janeway é no dia 20 de maio.
  • Seven of Nine menciona que os Borgs estiveram presente no lançamento da primeira nave com velocidade de dobra da Terra, a Phoenix de Zefram Cochrane, mas o assunto não é mais detalhado no episódio.
  • Os Krenim são mencionados no episódio “Before and After”, mas aparentemente ninguém lembra disso em “Year of Hell”.
  • Kurtwood Smith, o Annorax, já apareceu em Jornada nas Estrelas VI como o presidente da Federação. Ele é bem conhecido por seu papel de vilão no primeiro Robocop e protagoniza a série That’s 70’s Show.

Ficha Técnica

Escrito por Brannon Braga & Joe Menosky
Dirigido por Allan Kroeker

Exibido em 5 de novembro de 1997

Título em português: “Um Ano no Inferno, Parte I”

Elenco

Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Jeri Ryan como Seven of Nine
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim

Elenco convidado

Kurtwood Smith como Annorax
John Loprieno como Obrist
Peter Slutsker como Comandante Krenim
Rick Fitts como Zahl
Deborah Levin como Alferes Lang
Sue Henley como Alferes Brooks

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Edição de Mariana Gamberger

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