VOY 4×06: The Raven

Seven decide retornar à Coletividade

Sinopse

Data estelar: Desconhecida

Enquanto conversa com a capitã no holodeck, Seven começa a ter flashbacks envolvendo os Borgs e um grande pássaro negro. O Doutor deduz que seja um tipo de estresse pós-traumático. Ao analisar melhor seus exames, sugere que ela comece a ingerir alimentos sólidos, indispensáveis à fisionomia humana. No Refeitório, Seven tem novas visões. Subitamente, implantes Borgs saltam de sua pele e ela passa a demonstrar o comportamento de um zangão.

Nesse meio-tempo, Janeway conduz difíceis negociações com representantes dos B’omar para passagem através de seu território. Embora os tripulantes se alarmem com as ações de Seven e tentem detê-la, são incapazes de impedi-la de deixar a Voyager. Ao se transportar para uma nave auxiliar, ela mascara sua assinatura de dobra espacial e traça um curso para o espaço B’omar.

O Doutor conclui que as nanossondas Borgs dormentes no organismo de Seven foram por algum motivo reativadas. Os B’omar proíbem a Voyager de entrar em seu território para procurá-la, mas Tom e Tuvok conseguem evadir a grade de perímetro alienígena em uma nave auxiliar. Quando a dupla encontra Seven, Tuvok se transporta para sua nave, sendo, em seguida, contido por um campo de força. O Vulcano pergunta-lhe sobre as razões que a levaram a deixar a Voyager. Seven explica que está respondendo a um chamado da Coletividade, embora Tuvok ressalte que não há naves Borgs naquela região.

Seven traça o sinal a uma lua próxima e se preparar para transportar à superfície. Tuvok pede para acompanhá-la, agora convencido de que está enganada. Nas coordenadas, eles encontram uma antiga nave da Federação parcialmente assimilada há cerca de 20 anos. É a Raven, o veículo dos Hansen, pais de Seven. Um equipamento modificado pelos Borgs ainda está parcialmente ativo, incluindo o sinal que a fez retornar. Quando Seven confronta as memórias reprimidas de sua assimilação, a dupla é surpreendida por um ataque de naves B’omar. Ao fugir dos destroços, são transportados por Tom e conseguem voltar em segurança para a Voyager.

Comentários

Como era de se esperar, neste segmento o telespectador volta a conhecer um pouco mais de Seven. Depois do inofensivo “Revulsion”, “The Raven” vem para estabelecer o próximo passo na jornada da ex-Borg pela redescoberta de sua humanidade. E é absolutamente lindo ver Jeri Ryan em tela. A referência aqui não se restringe à sua aparência, mas à forma como vem conduzindo a personagem. Já no teaser ela rouba a cena, quando Janeway tenta encorajá-la a explorar a imaginação através da arte e literatura. Seven não consegue enxergar o propósito da atividade. Não há razões pragmáticas aparentes. Como Borg, eram-lhe designadas apenas tarefas práticas. Finda a instrução da Coletividade, vinham outras. Agora, a ex-zangão se vê “perdendo” tempo com momentos de relaxamento. “Não é eficiente”, nota.

Depois, mais humor. Neelix tenta ensinar-lhe o conceito de ingerir alimentos. Ela não sabe nem ao menos sentar-se à mesa, quanto mais usar o garfo, mastigar a comida e engolir. De algum modo, essa seqüência de aprendizados funciona para o fã. Não apenas por se tratar de uma nova personagem na série, mas porque faltam, em Voyager, essas situações humanas corriqueiras, que há décadas vêm sustentando a franquia.

Alguns outros elementos da trama também funcionam. Seven começa a ter alucinações perturbadoras. Vê imagens — um pássaro negro, Borgs a perseguindo –, as quais acusam que algo está errado. Mas de repente, por razões que fogem à lógica, os implantes cibernéticos da ex-zangão voltam a “brotar” e seu “módulo Borg” é ativado. Ela rouba uma nave auxiliar, foge da Voyager e ruma para o espaço B’omar.

O sarcasmo dos alienígenas vem bem a calhar. Também o telespectador questiona a competência da capitã. Por que os fugitivos sempre conseguem andar incólumes pelos corredores, pegar naves auxiliares e sair com facilidade? Há Seska, em “State of Flux”, Chakotay e os Kazons em “Maneuvers”, o robô em “Prototype”, Paris em “Threshold”, os Ferengi (!) em “False Profits”, um humano do século 20 (!) em “Future’s End”, Kes em “Warlord” e o Doutor em “Darkling”. O que explica a incapacidade das equipes de segurança em impedir tantas fugas?

Aqui, tentam explicar com a imbatível tecnologia Borg. Mas os roteiristas falham em determinar como os escudos de Seven já levantam adaptados aos disparos. E mais: se a ex-zangão pode instalar defletores tão poderosos na nave auxiliar, por que nunca o fez na Voyager? Seria uma explicação para o brilho do casco a toda semana. O fã, ao menos, seria poupado de imaginar que Janeway designa Harry e Neelix para limpar o exterior da nave ao final de cada batalha.

Voltando à narrativa, Seven pilota a nave auxiliar através da porta do hangar e escapa, visando seguir um misterioso sinal de localização Borg. Embora improvável, a trama agrada ao menos visualmente.

Os alienígenas aparecem como mero clichê, para forçar uma situação de confronto e solucionar artificialmente os problemas criados na história. O dilema suscitado ante às restrições impostas pelos B’omar deveria ter desaparecido quando a tripulação descobre que não conseguirá os três meses de “economia” na viagem. Fica logo claro que as negociações não são o mais importante. A raça existe apenas para se apresentar como ameaça a Seven, que viola seu território.

O roteiro parece melhorar quando Tuvok e Paris partem em outra nave auxiliar atrás da ex-zangão. O Vulcano se transporta e Seven o torna seu prisioneiro. Depois, ele usa de pura lógica para convencê-la do que está acontecendo. Quando a dupla desce na colônia B’omar, encontra são os destroços da nave estelar Raven, da Federação. E aqui começam os melhores momentos dramáticos do segmento.

Seven revive seus momentos finais como humana, antes da assimilação. Os flashbacks revelam imagens fortes, em particular a de dois zangões Borgs alcançando a criança assustada. A atuação de Ryan, novamente, chama a atenção, sobretudo no momento em que a personagem chama pelos pais e se esconte debaixo de um anteparo. Ali, há vinte anos, Annika Hansen deixava de existir; surgia Seven of Nine. Agora, em reviravolta simbólica, ela redescobre o passado, em meio à tentativa de voltar a ser humana.

A dramaticidade é interrompida pelos desnecessários — e totalmente dispensáveis — B’omar, que disparam contra a superfície, atingindo os destroços da Raven. Voyager volta às suas raízes: a ação.

Infelizmente, o episódio peca no trecho de maior relevância e qualidade: a descoberta da antiga nave dos Hansen. É a reafirmação da “teoria da coincidência” — aquele instrumento que os roteiristas usam para permitir que a Voyager convenientemente continue encontrando elementos do Quadrante Alfa na vastidão do Quadrante Delta, apesar das probabilidades ínfimas. Quais as chances de a tripulação encontrar os destroços da Raven? E mais: Quais as chances de eles estarem na rota direta da Voyager para casa? O mesmo vale para “The 37’s”, “Tattoo”, “Dreadnought”, “False Profits”, “Unity” e “Distant Origin”.

E, é claro: o que seria de um episódio de Voyager sem a perda de uma nave auxiliar? Tudo leva a crer que a nave de Seven fica para trás na corrida contra os B’omar. Lá se vai a quarta, em cinco episódios na temporada!

O jeito é atentar aos fatos positivos. Apesar das falhas, “The Raven” agrada visualmente e consegue entreter — principalmente no quesito da caracterização e do insight sobre o passado de Seven. Nota dez para Jeri Ryan. Dois para os B’omar, fazendo jus ao seu sarcasmo.

Avaliação

Citações

“This activity is truly unproductive. The end result has no use, no necessary task has been accomplished. Time has been expended. Nothing more.”
(Esta atividade é verdadeiramente improdutiva. O resultado final não tem utilidade, nenhuma tarefa necessária foi cumprida. Tempo foi perdido. Nada mais.)
Seven

“It helps my own effiency to forget about Voyager for a while.”
(Ajuda a minha própria eficiência esquecer a Voyager às vezes.)
Janeway

“Your digestive system is fully functional. Now is as good a time as any for you to begin taking solid and liquid nutrients.”
“Oral consumption is inefficient.”
“And unnecessary, if you are lucky enough to be a hologram… but your human fisiology requires it. I’ll draw up a list of nutritional requirements. Take it to Mr. Neelix in the Mess Hall. I hesitate to inflict his cooking on you, but it will have to do.”
(Seu sistema digestivo está inteiramente funcional. Agora é a melhor hora para você começar a ingerir nutrientes sólidos e líquidos.)
(Consumo oral é ineficiente.)
(E desnecessário, se você tiver a sorte de ser um holograma… mas a sua fisiologia humana precisa disso. Vou compilar uma lista de requerimentos nutricionais. Leve-a para o Sr. Neelix no Refeitório. Estou hesitante em infligir a culinária dele em você, mas vai ter que servir.)
Doutor e Seven

Trivia

  • A cena da nave auxiliar de Seven foi reciclada de outro episódio, tendo sido usada como imagem-espelho da seqüência original. O número de registro da Voyager, 74656, é visto ao contrário. O mesmo erro apareceu em “Maneuvers”, da segunda temporada.
  • Seven veste um novo figurino marrom, que restringe menos os movimentos da atriz Jeri Ryan. A mudança também trouxe “alívio” a Robert Picardo (Doutor), que revelou o desconforto da equipe nos sets por conta dos trajes justos usados anteriormente.
  • O roteiro descreve os B’omar como “desconfiados, fastidiosos e evasivos, e mais sarcásticos do que qualquer alienígena que já encontramos”. Muitas das falas sarcásticas foram cortadas na edição final.
  • Por enquanto, em 40 anos-luz de distância em torno da Voyager, nada de Borgs.
  • É estabelecido que Seven está a bordo de Voyager há dois meses.
  • No episódio da quarta temporada de Lower Decks, “Something Borrowed, Something Green”, Tendi, Mariner e T’lyn encontram a irmã de Tendi em uma antiga nave federada que acontece ser da mesma classe da Raven, em um cemitério de naves em Orion.
  • Para os Borgs, os Talaxianos, raça de Neelix, é apenas conhecida como a “Espécie 218”.
  • O registro da nave SS Raven é NAR-32450.

Ficha Técnica

História de Bryan Fuller e Harry Doc Kloor
Roteiro de Bryan Fuller
Dirigido por LeVar Burton

Exibido em 8 de outubro de 1997

Título em português: “Raven”

Elenco

Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Jeri Ryan como Seven of Nine
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim

Elenco convidado

Richard J. Zobel, Jr. como Gauman
Mickey Cottrell como Dumah
David Anthony Marshall como Pai
Nikki Tyler como Mãe
Erica Lynne Bryan como Menina

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Edição de Mariana Gamberger

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