Resistir à tentação teria sido mais útil
Sinopse
Data estelar: 61284.3
Gwyn, com a memória restaurada, e o resto da tripulação da Protostar estão no holodeck revendo a conversa entre Gwyn e o pai, quando ele conta sobre a arma instalada na nave para dizimar a Federação. Em face às novas informações, todos saem à procura da arma, embora não tenham nem ideia de como ela possa ser. Quando todos se reencontram na ponte, desanimados por não terem descoberto nada, eles percebem que o único lugar que ainda não procuraram foi ali na ponte. Finalmente, Jankom descobre uma escrita no piso que Gwyn identifica como sendo um símbolo de Solum. Com a arma de Gwyn se transformando em o que parece ser uma chave, eles acabam descobrindo um subdeque inteiro. Lá dentro, se encontra a arma de que o Adivinho tinha falado.
Apesar de todas as tentativas, eles não conseguem destruir a arma. Nisso, soa o alarme de proximidade. Um cubo borg aparece bem na frente deles. Janeway, ciente do perigo que isso representa, os aconselha a saírem dali o mais rápido possível. Mas os prodígios ficam curiosos para saberem quem são os borgs. Janeway explica que eles são uma coletividade, que assimila todos que encontram pela frente, com as mentes funcionando como uma, com a intenção de erradicar tudo que eles percebem que possa ser uma ameaça. Zero fica fascinado com o fato de eles serem uma mente única, dentro de uma coletividade. Mas o fato de eles aprenderem e se adaptarem a toda e qualquer arma usada contra eles é o que mais chama a atenção. Eles acabam vendo isso como uma oportunidade de tentar se livrar da arma do Adivinho e, mesmo contra o conselho de Janeway de saírem dali o mais rápido possível, eles resolvem entrar no cubo borg. Essa talvez seja a única oportunidade de eles conseguirem se livrar na arma. O futuro da Federação depende disso.
Enquanto isso, na Dauntless, a almirante Janeway está bebendo chá ao invés de café por ordens médicas, o que a faz pensar se ela não precisa de uma segunda opinião. Asencia chega e informa a almirante que o paciente, no caso o Adivinho, está acordando. Na enfermaria, o Adivinho balbucia palavras e frases sem nexo, sobre alguém ter pegado a sua filha e sobre uma missão. Asencia sugere que eles usem o biossoro que estava dentro do traje que o sustentava em Tars Lamora. Talvez, se eles conseguissem replicá-lo, poderiam usá-lo para reviver o paciente. Em poucas horas, a Dauntless chegará ao último local onde identificaram o sinal da protodobra. A estação de comunicação 721.
A tripulação da Protostar segue com os planos e entra no cubo borg. Todos os drones estão inativos por conta de um patógeno neurolítico que desabilitou as nanossondas. Jankom está maravilhado com a quantidade de tecnologias diferentes, inclusive antigas que ele consegue identificar no caminho para o vinculum. Ali, todos os borgs estão conectados, e é onde eles acreditam que possam se conectar de alguma forma para tentar obter a informação de como se livrar da arma a bordo da Protostar. Rapidamente, eles percebem que não existe uma interface onde eles possam fazer uma consulta. Dessa forma, Zero se voluntaria a se conectar com a coletividade, dado que ele é o que tem mais experiência com esse tipo de ligação e acredita que, se alguém teria a capacidade de resistir aos borgs, seria ele.
Já ligado à coletividade borg, Zero acaba rapidamente assimilado. Os borgs escaneiam a nave e começam a acordar. Rapidamente, todos saem correndo para tentar se salvar, preocupados com deixar Zero para trás. Eles começam a compreender os alertas de Janeway, mas parece um pouco tarde demais. Os borgs se adaptaram aos tiros de feiser, e somente Gwyn consegue lutar um pouco mais. Ela escapa, enquanto os outros são capturados e levados para serem assimilados. Dentro da coletividade, Zero indaga os borgs sobre a arma que pode destruir a Federação, mas, ao invés de receber uma resposta, a situação só parece piorar. Os borgs querem assimilar a Protostar para utilizar a arma.
Gwyn tenta ir atrás de Zero e do resto da tripulação e relutantemente ouve os conselhos da Janeway para abaixar as armas e não se mostrar como uma ameaça. Dessa forma, ela será ignorada pelos borgs. Finalmente, Gwyn encontra seus amigos que estão presos e à espera de serem assimilados. Nisso, aparece Zero. Gwyn tenta conversar com ele, incentivando-o a lutar contra a coletividade. Felizmente, ela parece conseguir chegar até ele, e Zero não só se liberta, mas coloca todos os borgs em um estado de inatividade. Dessa forma, eles seguem o sinal enviado por Janeway e conseguem fugir do cubo borg.
Infelizmente, Zero informa a todos que os borgs não sabiam como desligar ou destruir a arma, mas, por outro lado, todos estão felizes por terem sobrevivido aos borgs. Indagado sobre como ele conseguiu escapar da coletividade borg, Zero diz que, apesar de no passado ter machucado as pessoas, agora ele escolhe salvá-las. Nisso, eles recebem um pedido de socorro, que prontamente resolvem atender.
Nesse meio tempo, a Dauntless chega à estação de comunicação e a encontra totalmente destruída. Janeway sabe que Chacotay nunca faria isso, o que a leva a crer que ele tenha perdido o comando da nave.
Comentários
Desde que os borgs surgiram na TNG, em especial após “The Best of Both Words”, esses seres simpáticos meio que viraram uma espécie de “bola de segurança” da franquia. Na dúvida, coloca uns borgs na história que dá certo, e somente DS9 resistiu a essa tentação. Então, não é de se espantar que Prodigy tenha sua cota desses vilões em suas fileiras.
Mas, se nem sempre seu uso pode ser considerado uma dádiva, pelo menos aqui podemos defender sua presença como parte da missão de Prodigy de apresentar o universo de Star Trek a um público não iniciado. A questão é: funcionou?
Antes disso, um passo atrás. Conforme vimos no episódio passado, Gwyn se recordou do que disse seu pai. Junto com a revelação da arma, detalhes de como o primeiro contato da Federação com os vau n’akat teria sido o estopim da Guerra Civil que devastou o seu planeta e de que o Adivinho veio do futuro, ao mesmo tempo que dão algumas respostas, acrescentam combustível à trama.
Mas “resistir é inútil” e, sendo assim, eis que os borgs entram em cena e já se conclui que o impacto dessa aparição parece amortecido, quase como se fosse algo trivial, ou apenas “mais uma nave maior que a nossa”. Esse comentário se faz necessário, pois, em geral, a aparição desses personagens sempre vem cercada de bastante apreensão. Talvez porque essa aparição venha logo após a descoberta da arma viva a bordo, o efeito do cubo não tenha sido tão poderoso, ou então as inúmeras aparições no universo de Star Trek tenham diluído essa capacidade de causar o mesmo terror de outros tempos. Além disso, a longa e didática explicação da holograma Janeway não ajuda em nada a recuperar esse clima, infelizmente. Mesmo quando parte de tripulação é capturada no confronto, o roteiro não consegue recriar o temor que se espera em um confronto com a coletividade.
Além disso, ainda que se entenda a urgência em resolver o problema da arma, que eles mal acabaram de encontrar, a conclusão de que a solução para resolver esse problema poderia ser encontrada no cubo borg parece aleatória e conveniente demais, partindo de uma argumentação muito frágil. Fosse essa uma ação após tentativas infrutíferas de desativar a arma, passaria melhor, mas da forma como foi apresentado aqui é difícil endossar essa inciativa. Nem vamos entrar no mérito da compatibilidade do sistema que se imagina que possa permitir a conexão de Zero com a coletividade sem que ele tenha sido assimilado.
Muito menos a ideia de que alguém possa se conectar à coletividade em busca de alguma informação. Se levarmos em conta a inexperiência dos prodígios principalmente com os borgs e juntarmos com a necessidade que Zero sente de resolver o problema por se sentir responsável pelo que aconteceu com Gwyn, podemos até entender que esse plano faça sentido na mente deles, ainda que suspeitem do perigo. A questão é que, se havia a intenção do roteiro em estabelecer um clima de tensão com esses eventos, ela falhou, pois nunca sentimos um real perigo durante o desenvolvimento da trama.
Apesar de caminhar por linhas tortas, este segmento entrega seu melhor quando foca em Zero. Aqui, percebemos o quanto estar afastado da mente coletiva dos medusianos o afeta e também o tamanho da sua solidão, além, é claro, de mais uma vez o roteiro reforçar o quanto Zero se sente responsável pelos eventos anteriores, algo que podemos considerar desnecessário, pois já é um elemento da trama bem sedimentado. Mas, ainda assim, o momento em que ele se liberta do domínio da coletividade é comovente.
Por outro lado, o discurso de Gwyn para fazer Zero recobrar o controle lembra demais os bons e velhos discursos de lógica circular usados algumas vezes pelo capitão Kirk para vencer seus oponentes. Oh boy!
Embora não seja o foco deste segmento, podemos pinçar alguns momentos interessantes de Dal. Primeiro, quando ele precisa tomar a decisão de deixar Zero para trás para evitar que todos fossem capturados, depois quando ele entende que é necessário um sacrifício para permitir que Gwyn escape e quando ele, ao aceitar que precisa ter paciência para descobrir os mistérios de seu passado, dá aos seus amigos o conforto da esperança e resiliência. Esses momentos sutis apontam para uma construção de um forte caráter desse personagem, que começou a série apenas com um fanfarrão egoísta.
E não é desta vez que algo relevante acontece a bordo da USS Dauntless. Encontramos Janeway e o Adivinho novamente, mas ainda sem grandes desenvolvimentos nessa parte da história, a não ser a descoberta dos destroços da estação da Federação destruída, que, sabe-se lá por quê, Janeway automaticamente atribui à Protostar.
Longe de ser um episódio ruim, “Let Sleeping Borg Lie” é o que teve pior desempenho até aqui. Ele não consegue atingir o nível de tensão que se espera. Com exceção de Zero, evolui pouco os personagens e a trama fica bem abaixo do que a série conseguiu nos entregar até o momento. Mas nossos meninos têm crédito, por isso, que venha o próximo episódio.
Avaliação
Citações
“You aren’t actually considering boarding that ship? I’m an advisor. I advise you to run away as fast as you can.”
(Vocês não estão realmente considerando entrar nessa nave? Eu sou uma conselheira. E eu aconselho que vocês corram o mais rápido que puderem.)
Holograma Janeway
“We may not be ready for Starfleet, but we’re ready to take your orders, Captain.”
“Then let’s do some good. Plot a course.”
(Nós podemos não estar prontos para ser da Frota, mas estamos prontos para seguir suas ordens, capitão.)
(Então, vamos fazer algum bem. Trace um curso.)
Zero e Dal
“Resistance is NOT futile!”
(Resistir NÃO é inútil!)
Zero
“You’re growing and adapting.”
“Eh, what can I say? Resistance is futile.”
(Você está crescendo e se adaptando.)
(Eh, o que eu posso dizer? Resistir é inútil.)
Holograma Janeway e Dal
Trivia
- Neste episódio, a Protostar encontra um cubo borg dormente, desabilitado por um patógeno neurolítico. No episódio final de Voyager, “Endgame”, a capitão Janeway introduziu esse mesmo patógeno na coletividade borg.
- Os borgs designam os medusianos como sendo “espécie 802”.
- A holograma Janeway aconselha a tripulação da Protostar a localizar o vinculum, visto pela primeira vez no episódio de Voyager, “Survival Instinct”.
Ficha Técnica
Escrito por Diandra Pendleton-Thompson
Dirigido por Olga Ulanova & Sung Shin
Exibido em 3 de novembro de 2022
Título em português: “Deixe o Borg Adormecido em Paz”
Elenco
Brett Gray como Dal
Ella Purnell como Gwyn
Jason Mantzoukas como Jankom Pog
Angus Imrie como Zero
Rylee Alazraqui como Rok-Tahk
Dee Bradley Baker como Murf
Jimmi Simpson como Drednok
John Noble como Solum (The Diviner)
Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Elenco convidado
Jason Alexander como doutor Noum
Bonnie Gordon como computador da nave
Jameela Jamil como Asencia
Ben Thomas como os borgs, borg Rhino e drones borgs
TB ao Vivo
Enquete
Edição de Mariana Gamberger
Revisão de Nívea Doria