O veterano ator William Shatner estreou no SXSW Conference & Festivals, no Texas, seu novo documentário biográfico “You Can Call Me Bill”, sobre o que ele espera deixar para a próxima geração.
Numa entrevista ao Variety, Shatner, prestes a completar 92 anos, justificou a escolha de fazer este documentário agora:
Recusei muitas ofertas para fazer documentários antes. Mas eu não tenho muito tempo de vida. Quer eu desmaie enquanto falo com vocês ou daqui a 10 anos, meu tempo é limitado, então isso é um fator muito importante. Eu tenho netos. Este documentário é um maneira de estender a mão depois que eu morrer.
Acrescenta ainda:
No filme, eu não queria apenas falar que fiz isso ou aquilo quando tinha 7 anos ou que essa é minha cor favorita. Estou tentando descobrir algo que nunca disse antes ou encontrar uma maneira de dizer algo que já disse de uma maneira diferente, para poder explorar mais essa verdade. Eu leio o tempo todo – jornais e livros. Estou alimentando minha mente. O triste é que quanto mais velha a pessoa fica, mais sábia fica e depois morre com todo esse conhecimento. E se foi. Não é como se eu fosse levar minhas ideias ou minhas roupas comigo. Hoje, tem uma pessoa mexendo em algumas roupas minhas para doar ou vender, porque o que eu vou fazer com todos esses ternos que eu tenho? O que vou fazer com todos esses pensamentos? O que vou fazer com 90 anos de observações? As mariposas da extinção vão comer meu cérebro assim como vão comer minhas roupas e tudo vai desaparecer.
Um legado a ser deixado
O velho capitão Kirk refletiu sobre o significado de legado, lembrando da morte de um velho amigo:
Quando Leonard Nimoy morreu, alguns anos atrás, seu funeral foi em um domingo. Sua morte foi muito repentina e eu me obriguei a ir a Mar-a-Lago, Flórida, para uma arrecadação de fundos da Cruz Vermelha. Eu era uma das celebridades arrecadando dinheiro. Esse evento foi na noite de sábado. Escolhi cumprir a minha promessa e ir a Mar-a-Lago em vez do funeral, e disse ao público: “As pessoas perguntam sobre um legado. Não há legado. Estátuas são derrubadas. Cemitérios são saqueados. Lápides são derrubadas. Ninguém se lembra de ninguém. Mas o que vive são as boas ações”. Se você faz uma boa ação, ela reverbera até o fim dos tempos. É a coisa do efeito borboleta. É por isso que fiz este filme.
Em Star Trek: Generations, temos a morte de Kirk. Nessa cena, Shatner comenta os últimos momentos do personagem, que morreu olhando com admiração:
Eu sou da opinião de que você morre do jeito que você vive. Achei que Kirk morreria com um “Uau, olha isso vindo na minha direção. Tem um cara com uma foice. Puta merda!” Ele já tinha visto todos esses estranhos alienígenas antes. Aí vem a morte e ele a enfrenta com admiração e uma sensação de descoberta.
Vôo na Blue Origin
Em 2021, Shatner foi ao espaço na nave Blue Origin de Jeff Bezos e disse que isso o fez chorar porque lhe deu uma noção melhor do que está acontecendo com o planeta. Ele compartilhou algumas palavras sobre sua experiência:
Considerei descer no último minuto antes (da decolagem), mas pensei: ‘Sou o capitão Kirk, não posso’.
Quando saí da nave espacial, estava chorando, apenas soluçando, e pensei: por que estou chorando? O que está acontecendo? Estou de luto. Por que estou sofrendo? Oh merda, estou de luto pelo mundo, porque agora sei muito sobre o que está acontecendo. Eu vi a Terra e sua beleza e sua destruição. Está em extinção. Bilhões de anos de evolução podem desaparecer. É sagrado, é santo, é vida e já era. Está além do trágico. Nós, animais estúpidos, estamos destruindo essa coisa linda chamada Terra. Isso não te deixa com raiva? Você não quer fazer algo sobre isso? “O que podemos fazer? Essa é a pergunta que deixo com todos vocês.
Willam Shatner ainda pode ser visto, como capitão Kirk, na série original pela Netflix e nos 6 filmes Star Trek pelo Amazon Prime.
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