TNG 5×20: Cost of Living

Episódio catastrófico sobre deveres versus desejos traz de volta Lwaxana Troi

Sinopse

Data estelar: 45733.6

Após destruir um asteroide no campo Pelloris, a Enterprise ruma para o sistema Moselina sem saber que uma nuvem de estranhas partículas se prendeu ao casco da nave. Ao longo da viagem, a mãe de Deanna Troi, Lwaxana, se transporta a bordo com um anúncio incomum – ela planeja se casar na Enterprise com um homem que nem sequer conhece ainda. Deanna acha as notícias perturbadoras, mas Lwaxana ri de sua preocupação.

A conselheira, paralelamente, tem trabalhado com Worf e seu filho Alexander, que andaram discutindo recentemente por causa da desobediência do menino. Em uma das sessões de aconselhamento, Lwaxana conhece Alexander, a quem acaba se apegando. Ela o convence a não cumprir seu compromisso com Deanna e em vez disso acompanhá-la até o holodeck. Lá, ela o leva para uma visita a uma colônia de artistas, poetas e livres pensadores, onde eles tomam um banho de lama. Troi e Worf, enquanto isso, começam a procurar pelo menino, o que os leva ao holodeck.

Deanna, irritada, pede a sua mãe que pare de interferir com a educação de Alexander. O assunto muda para o casamento de Lwaxana, e Deanna fica chocada ao descobrir que sua mãe, tão apegada a seus costumes, não fará o casamento no estilo betazoide, em que a noiva deve se apresentar nua, para usar um vestido cedido por seu noivo. Enquanto isso, pequenos defeitos começam a ocorrer a bordo da nave, e Geordi e Data descobrem que seções metálicas da nave estão sendo transformadas em uma substância gelatinosa. Enquanto eles reportam suas descobertas a Picard, Riker e Worf, a Enterprise entra em alerta vermelho, quando outros sistemas cruciais da nave começam a falhar.

Mais tarde, o pretendente de Lwaxana, o ministro Campio, se transporta a bordo junto com seu pomposo mestre de protocolos. Ela se desanima um pouco pelo extremo afastamento imposto pelo noivo, uma vez que a ficha de compatibilidade dos dois sugeria um encaixe perfeito. Ela fica chateada com os planos complicados para o casamento e volta para o holodeck com Alexander, para a insatisfação de todos. De volta à engenharia, Geordi descobre as estranhas partículas que se prenderam à nave, indicando que são elas que têm causado os problemas nos sistemas.

Mais defeitos interrompem a visita de Lwaxana e Alexander ao holodeck, e ela calmamente leva o menino para fora de perigo. Enquanto isso, Geordi e Data dizem a Picard que as partículas são na verdade parasitas que foram à Enterprise depois que o asteroide do qual elas se alimentavam foi destruído. Elas precisam voltar ao campo Pelloris para se livrar das partículas, mas o tempo está acabando.

Os parasitas rapidamente atingem os sistemas de suporte de vida, e a tripulação inteira, à exceção de Data, perde a consciência. Correndo contra o relógio, o androide leva a nave ao campo Pelloris e emite as partículas para um novo asteroide. Com tudo de volta ao normal, o casamento de Lwaxana começa – mas é interrompido logo no começo, quando ela vai até o altar nua, de acordo com suas tradições, para o repúdio do noivo e de seu mestre de protocolos, que partem em seguida. Deanna fica feliz ao saber que sua mãe se prendeu a seus costumes, e mais tarde as duas, Worf e Alexander vão ao holodeck para um último banho de lama.

Comentários

É embaraçoso ter de comentar um episódio como “Cost of Living”. O grande desafio aqui é tentar achar uma brecha para tecer algum elogio. A história é boa? Definitivamente não, se é que há alguma história real sendo abordada aqui. Os personagens estão bem escritos? Definitivamente não. A ideia é criativa? Não. O episódio é emocionante? Não. Imprevisível? Não. Interessante? Não. Filosófico? Não. Poético? Não.

Para não deixar em branco, podemos dar algum crédito pela ousadia de alicerçar toda a trama com dois personagens recorrentes, Lwaxana Troi e Alexander, criando um contraponto entre os dois: um precisando aprender a respeitar as regras, e a outra fazendo a jornada contrária, tendo de se desapegar de regras que violentam toda e qualquer possibilidade de alegria de viver. Também podemos mencionar que as situações são ocasionalmente engraçadas, embora as piadas se tornem cansativas e repetitivas rapidamente. Menção honrosa para Michael Dorn, que tem um tempo de comédia invejável como Worf.

Há mistério para entender o que propeliu essa história até a fase de roteiro, diante da total ausência de substância. A temática explorada por meio de Lwaxana e Alexander, na dicotomia “vontade” versus “obrigação”, embora universal, não promove aqui grandes reflexões. Tanto Alexander quanto Lwaxana estão enfrentando o dilema vindo de extremos opostos, quando precisam escolher entre se apegar às tradições e deveres (com Alexander é a obediência a seu pai, com Lwaxana é o cumprimento dos protocolos de casamento) ou à sua vontade, baseada no bem-estar. No fim, chegam a uma espécie de meio-termo, o que parece ser a “lição” a ser aprendida.

Tirando as próprias limitações da premissa em si, sua execução deixa a desejar. Pendurada numa trama de ficção científica rala (na base do famoso “porque tem de ter”), a história carece das idas e vindas que algo assim exige. Normalmente, quando a Enterprise tenta um procedimento para resolver um problema, ele acaba não dando certo inicialmente, o que adiciona emoção ao episódio. Aqui, o plano para se livrar dos parasitas funciona exatamente como o previsto.

Detalhe: é muito cômodo pensar que só se livrando dos tais parasitas o problema está resolvido. Mas e quanto aos danos que eles já causaram? Sem uma tripulação para corrigi-lo, os sistemas de suporte de vida continuariam tão inoperantes quanto antes. Ou seja, fica muito claro que esta é apenas mais uma trama adicionada para dar um arco sci-fi ao episódio, sem que se gaste muito tempo com ela. Não é uma história que de fato quisessem contar. Pasme, é uma trama que meramente faz figuração.

Seguindo a fórmula à risca, seria o contrário: esta seria a história principal, envolvendo mais os personagens, e a coisa toda com Lwaxana e Alexander seria uma “trama B”. Às vezes, quebrar formato é a melhor coisa que os roteiristas podem fazer para dar nova vida a uma velha história (vide, por exemplo, “First Contact”, da quarta temporada). Aqui, contudo, não funcionou.

Em resumo, “Cost of Living” é um episódio muito limitado, apesar de suas boas intenções, e possivelmente o ponto mais baixo da quinta temporada.

Avaliação

Citações

“Nothing would please me more than to give away Mrs. Troi.”
(Nada me daria mais prazer que entregar a sra. Troi.)
Jean-Luc Picard

Trivia

  • Rick Berman lembrou que a premissa original era algo como “Tia Mame chega à nave e coloca o filho do Worf sob sua asa para que ele saísse de sua concha com o jeito extravagante dela.” O produtor executivo de início se mostrou cético quanto à ideia, mas ficou bem satisfeito com a primeira versão do roteiro de Peter Allan Fields.
  • Berman relembrou que houve problemas com as revisões. “Eu sentia que não estava ficando melhor, o processo de revisão o estava atrapalhando em termos de parte dos diálogos maravilhosos.”
  • Fields ficou irritado com a inserção da história B dos parasitas, que veio depois e ele considerou como “algo que alguém precisava ter lá em vez de algo que fosse parte intrínseca do episódio”. Entretanto, ficou satisfeito quando foi acordado que a história pessoal tivesse precedência. “Não queremos fazer todos eles desse jeito. Esta é uma série de ficção científica e a ciência é divertida, mas neste caso era a história pessoal que era mais importante.”
  • Uma cena que estava no roteiro, mas foi cortada do episódio final, mostrava Deanna Troi e Worf discutindo suas frustrações parentais, ela na posição de filha e ele na posição de pai. O material chegou a ser filmado e foi incluído como uma cena deletada no lançamento da série em Blu-ray.
  • O chefe da equipe de maquiagem Michael Westmore gostou de criar as criaturas da colônia Parallax. “Graças ao holodeck, nunca sabíamos que tipo de personagem seríamos chamados a criar. Havia um escultor de fogo que tinha um conjunto elaborado de aplicações na cabeça; a dançarina, com o corpo inteiro pintado; e o poeta, cuja peruca e barba fizemos de corda. Literalmente usamos cânhamo tingido para seu cabelo, aplicando à mão cada fio. E nos divertimos bastante fazendo o malabarista, que usava um peça no nariz e tinha orelhas que envolviam sua cabeça – uma ideia que eu tinha havia muito tempo. Para um visual mais fantasioso, adicionamos cabelo espetado e sobrancelhas que cresciam no centro da testa.”
  • “Cost of Living” foi filmado entre 4 e 13 de fevereiro de 1992, nos galpões 8, 9 e 16 da Paramount.
  • De acordo com Michael Piller, a preocupação mútua de Deanna Troi e Worf com Alexander foi inserida como pista para um potencial romance entre os dois, uma ideia que foi brevemente concretizada na sétima temporada.
  • A ideia de se concentrar em dois personagens recorrentes voltaria a ser usada em “It’s Only a Paper Moon”, de Deep Space Nine (com muito mais sucesso).
  • O diretor Winrich Kolbe gostou do episódio, classificando-o como divertido e elogiando a atuação de Majel Barrett. O desafio da comédia em particular o encantou.
  • Rick Berman também se disse extremamente satisfeito. “Tive alguns problemas, algumas coisas de figurino e maquiagem que me incomodavam, mas quando juntamos tudo e adicionamos alguns efeitos visuais maravilhosos ao episódio, achei-o super charmoso. Tinha coração e calor.” Berman também elogiou a atuação de Michael Dorn com os aspectos de comédia.

Ficha Técnica

Escrito por Peter Allan Fields
Dirigido por Winrich Kolbe

Exibido em 20 de abril de 1992

Título em português: “Custo de Vida”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Marina Sirtis como Deanna Troi
Gates McFadden como Beverly Crusher

Elenco convidado

Majel Barrett como Lwaxana Troi
Brian Bonsall como Alexander Rozhenko
Tony Jay como Campio
Carel Struycken como Homn
David Oliver como homem jovem
Albie Selznick como malabarista
Patrick Cronin como Erko
Tracey D’Arcy como mulher jovem
George Ede como poeta
Christopher Halsted como primeiro aprendiz
Majel Barrett como voz do computador

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

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