TNG 5×10: New Ground

Enredo traz de volta filho de Worf para analisar sua atuação como pai

Sinopse

Data estelar: 45376.3

A Enterprise se encaminha para Bilana III, para participar nos testes de um novo método de propulsão mais rápida que a luz, a onda sóliton. Quando a nave chega ao planeta, Worf recebe uma inesperada visita de sua mãe adotiva, Helena Rozhenko, e de seu filho, Alexander. O klingon se surpreende, entretanto, quando Alexander informa que pretende viver na nave com o pai.

À noite, Worf discute a situação com Helena. Ela revela que Alexander tem se comportado mal e está precisando da presença e da instrução do pai. Relutante, Worf concorda em aceitar a guarda do menino. Mas quando ele descobre que o garoto está mentindo e se comportando mal na escola da nave, o oficial de segurança ameaça mandá-lo para uma rigorosa escola klingon.

Sentindo que há mais no comportamento de Alexander do que parece a princípio, Troi ajuda Worf a perceber que as ações do menino podem ser o resultado de seu sentimento de abandono por parte de sua mãe, morta, e de seu pai, que o deixou para ser criado pelos avós na Terra. Worf começa a questionar sua ideia de enviar Alexander à escola klingon.

Enquanto isso, sentindo-se mal amado pelo pai, Alexander busca abrigo no laboratório biológico, morada de seus animais favoritos. Neste momento, a tripulação descobre que o teste da onda sóliton se tornou perigosamente instável, de modo a ameaçar uma colônia próxima. A tripulação trabalha freneticamente para desenvolver um método de dissipar a onda e salvar o planeta, e em meio à crise descobre que Alexander ficou preso no biolaboratório, onde um incêndio está em curso.

Apenas segundos antes do tempo-limite (o laboratório iria ser inundado com radiação como consequência da tentativa de dissipar a onda), Worf e Riker conseguem resgatar Alexander, para em seguida a Enterprise neutralizar o perigo. Percebendo a perda que ele sentiria se Alexander deixasse a nave, Worf pede a seu filho que fique com ele em definitivo.

Comentários

Este episódio deixa bem claro que a filosofia de Michael Piller para A Nova Geração – um programa para a família, que todos “pudessem discutir no café da manhã” – já estava firmemente implantada. Talvez até demais, no caso de “New Ground”.

A ideia do roteiro é fornecer novos desenvolvimentos para Worf, o personagem que mais rendeu histórias continuadas ao longo de todo o seriado. O objetivo era simples: vamos trazer Alexander a bordo e ver como reage o papai.

Convenhamos, a ideia de ver um klingon pai de família tem um certo atrativo, e seguramente é algo que valia a pena ser explorado. O problema talvez seja fazer disso a essência do episódio, não uma subtrama. A missão da Enterprise, com a curiosa e interessante proposta da onda sóliton, é apenas o mecanismo que colocará a vida do menino em perigo para produzir o ápice dramático. Não existe qualquer objetivo real de tornar esse elemento da história particularmente importante, por mais que Geordi fique exaltando a “ocasião histórica” vivida pela Enterprise.

Essa opção, de fazer o episódio 99,9% Worf & Alexander, acabou deixando o episódio leve demais. Faltou drama para o enredo, que lembrou quase um capítulo de novela – vemos bastante interação entre os personagens, mas pouco de realmente importante acontece ao longo do segmento, o que o torna um pouco cansativo.

Uma escolha inteligente foi concluir a história com Alexander ficando a bordo. É mais um passo rumo ao acirramento da continuidade interna da série e potencializa outras histórias capazes de explorar o relacionamento entre pai e filho, sem exigir desculpas esfarrapadas como “Worf, meu filho, estava passando por aqui e resolvi deixar o seu filho esta semana com você”.

Talvez tenha faltado um pouco de ação e de substância na trama, para a média de Star Trek. Mas mudemos de tom, para julgar “New Ground” pelo que ele é, em vez de avaliar o que ele não é. Nessa mudança de perspectiva, conseguimos perceber que se trata de um segmento que, se não é brilhante, ao menos é bem-sucedido. Se a proposta era mostrar papai Worf e seu filhinho, o roteiro consegue resolver bem a questão.

É especialmente divertido ver Worf, ingenuamente, achar que uma conversa com seu filho teria resolvido o mau comportamento do menino. É engraçado ver o klingon participando de reuniões de pais, conversando com a professora de seu filho e reagindo aos comportamentos de Alexander. Sentimos claramente o desconforto dele e a visão pouco realista do que seria preciso para educar o menino.

O personagem de Alexander, em compensação, não diz muito ao telespectador. Na verdade, sua função é apenas servir como algo a que Worf deva reagir. E, enquanto tal, ele serve. Ainda veremos o pequeno klingon mais tarde ao longo da série, mas nada que seja capaz de elevar o status do personagem a algo mais do que “o filhinho do Worf”. (Em Deep Space Nine, isso se aprofundaria.)

Os outros personagens regulares passaram totalmente despercebidos pelo episódio, com exceção talvez de Troi, que inicia um processo de aproximação do klingon para ajudá-lo com seu filho. Neste episódio não é lá grande coisa, mas isso se tornará um fator mais forte nas próximas temporadas, culminando em um quase-romance entre os dois na sétima temporada.

Avaliação

Citações

“Klingon schools are designed to be difficult. The physical and mental hardships faced by the students are meant to built character and strength. However… if you wish to face a greater challenge, you may stay here with me. It will not be easy, for either of us, but perhaps we can face the challenge together.”
(“Escolas klingons são projetadas para serem difíceis. Os desafios mentais e físicos enfrentados pelos estudantes têm como objetivo construir caráter e força. Entretanto… se você quiser enfrentar um desafio ainda maior, você pode ficar aqui comigo. Não será fácil, para nenhum de nós, mas talvez possamos enfrentar esse desafio juntos.”)
Worf

Trivia

  • A ideia de ter Alexander com Worf na Enterprise já havia sido discutida em “Reunion”, mas na ocasião os roteiristas preferiram não ter de lidar com as ramificações disso. A proposta acabou sendo ressuscitada aqui. O showrunner Michael Piller comentou: “Pensamos que seria divertido ter um jovem klingon e ver como Worf seria como pai, e usar Alexander para ver partes diferentes da nave.”
  • Grant Rosenberg recebeu de seu amigo Rick Berman a oportunidade de escrever o roteiro, a partir da história de Sara e Stuart Charno. O material ainda seria reescrito por Ronald D. Moore.
  • A respeito do conflito central deste episódio, Moore comentou: “Worf é mais klingon do que os klingons. Ele não parece ter um real senso de humor, ele não ri muito. Os klingons são esses espalhafatosos vikings no espaço, e sua relação toda com o filho é voltada para torná-lo o guerreirinho perfeito. O fato de que a mãe de Alexander não partilhava de nenhuma dessas ideias imediatamente coloca os dois em conflito, o que era bom porque essa é a essência do drama e está configurada em histórisas dos dois batendo cabeça.”
  • Antes do título final, “New Ground” chegou a se chamar “Trial Run” e “Barriers”.
  • A fotografia principal do segmento se deu entre 8 e 16 de outubro de 1991, nos galpões 8, 9 e 16 da Paramount.
  • Este episódio introduziu o gilvo de Corvan II, criado por Michael Westmore e manuseado por Alison Elbl. Ele voltaria a aparecer em “The Nagus”, de Deep Space Nine, e veríamos o planetoide Corvan II em “The Butcher’s Knife Cares Not for the Lamb’s Cry”, de Discovery.
  • Georgia Brown faz sua segunda aparição como a mãe adotiva de Worf, Helena Rozhenko, após “Family”. Também foi a última, pois a atriz faleceu em 1992.
  • Este foi o primeiro episódio que trouxe Brian Bonsall como o filho de Worf, Alexander. Jon Steuer havia feito o papel em “Reunion”. Bonsall foi escolhido por sua experiência (na série Family Ties), já que a produção buscava um ator mirim para um papel recorrente. Bonsall voltaria a viver Alexander em mais seis episódios.
  • A empresa de efeitos visuais Stokes/Kohne Assoc., Inc., que já havia trabalhado na sequência de cenas da “entidade” em “The Child”, produziu a onda sóliton para este episódio.
  • La Forge aqui fala de como seria testemunhar o primeiro voo de dobra de Zefram Cochrane – algo que ele acabaria fazendo, em Jornada nas Estrelas: Primeiro Contato.
  • O diretor Robert Scheerer gostou de explorar o ângulo pai/filho neste episódio. “Michael [Dorn] normalmente está na posição de dar falas para outros na ponte, e ele acaba não fazendo muitas coisas, então é sempre um prazer quando ele ganha algo com substância. É tudo emoção; não importa como eles se parecem. Um diretor faz seu melhor trabalho quando um ator está disposto a ouvir, tentar coisas e ser corajoso. O menino foi maravilhoso. Ele era a criança de Family Ties. Rapaz, ele adorava seu personagem! Ele se divertiu muito neste episódio com a maquiagem. No primeiro dia, Brian estava um pouco nervoso e apareceu no trabalho. Mas do segundo dia em diante, ele foi profissional. Michael é grande e imponente, mas também é um cara muito sensível. Fale com ele na base do amor de um pai e ele pega – todas as frustrações com que um pai tem de lidar. Ele foi excelente.”
  • Piller também gostou da atuação de Brian Bonsall, classificando-o como uma “interessante adição”.
  • Brannon Braga revelou que a produção recebeu comentários negativos sobre o episódio. “Acho que é um episódio em que se poderia reclamar que é como ter uma novela na nave. Talvez porque a trama B fosse só isso, uma trama B, com a onda sóliton.”
  • Rick Berman avaliou: “Acho que foi bem feito, mas não se destaca para mim. (…) Os episódios que acho mais decepcionantes são os que temos uma maravilhosa peça de personagem e uma história de ficção científica fraca.”

Ficha Técnica

História de Sara Charno & Stuart Charno
Roteiro de Grant Rosenberg
Dirigido por Robert Scheerer

Exibido em 6 de janeiro de 1992

 Título em português: “Terreno Inexplorado”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Marina Sirtis como Deanna Troi
Gates McFadden como Beverly Crusher

Elenco convidado

Georgia Brown como Helena Rozhenko
Brian Bonsall como Alexander Rozhenko
Richard McGonagle como Ja’Dar
Jennifer Edwards como Kyle
Sheila Franklin como alferes
Majel Barrett como voz do computador

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana

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