PIC 2×10: Farewell

Despedida seria excelente se não tivesse de lidar com os problemas da temporada

Sinopse

A equipe de Picard deixa o château e vai ao apartamento de Tallinn. De lá, ela e Jean-Luc vão ao centro de lançamento da Missão Europa, no sul da Califórnia, enquanto Rios, Raffi e Sete vão à casa de Soong, onde acreditam que encontrarão o cientista.

No centro de lançamento, Tallinn está convencida de que precisa cumprir a profecia da Rainha Borg/Jurati e se disfarçar como Renée, para que haja uma que morre e uma que vive. Jean-Luc tenta convencê-la de que isso pode não ser necessário, mas ela enfatiza que a escolha é dela, e que Jean-Luc não responde pelas escolhas fatais dos outros, reforçando a expiação de sua culpa pela morte da mãe. Ela usa seu dispositivo de disfarce para, primeiro, se apresentar como uma colega de missão, e depois se disfarça como a própria Renée, prestes a ter um encontro com Soong, que nunca esteve em sua base, mas deixou drones lá prestes a serem lançados, como um plano de reserva, para destruir o foguete da missão.

Soong encontra a suposta Renée e a infecta com uma neurotoxina fatal. O cientista supõe que teve sucesso em impedir a astronauta de cumprir sua missão e volta para casa. Enquanto isso, Raffi consegue recuperar o controle manual sobre os drones, e Rios os pilota para que se destruam. A Missão Europa decola de maneira bem-sucedida, sob os olhares de Tallinn, moribunda, nos braços de Picard.

Em seu laboratório, Soong está revoltado pelo fracasso ao ver Renée se comunicando com o controle da missão, rumo ao espaço. Não bastasse isso, ele nota que todos os dados de pesquisa estão sendo remotamente apagados do seu computador. É Kore, agindo em defesa de suas “irmãs” mortas. O cientista, então, abre a gaveta e tira uma pasta confidencial de financiamento de um Projeto Khan, realizado entre 1992 e 1996.

Kore, por sua vez, recebe uma mensagem remota por computador, perguntando se ela quer saber o que vem a seguir e chamando-a para um encontro. Ela acha que é mais uma artimanha de Q, mas, ao chegar lá, acaba se encontrando com Wesley Crusher, agora um viajante. Ele a convida para se juntar a seu grupo, e ela aceita.

O grupo de Picard volta a se reunir no château, contabilizando o recolhimento de todo seu equipamento do futuro, para evitar contaminar a linha do tempo. E eis que Jean-Luc decide pegar a chave que usara para libertar sua mãe quando criança e colocá-la no esconderijo onde, séculos depois, ele mesmo a encontraria, cumprindo o seu destino. Q, então, aparece e explica seu intento. A entidade está, de fato, morrendo — e sozinha. Q não quer que Picard termine do mesmo modo e promoveu todo esse mergulho no passado, psicológico e real, para libertar Jean-Luc de sua culpa e permitir que ele forme laços duradouros.

Q pretende usar o que resta de seus poderes para mandá-los de volta ao futuro, morrendo no processo. Mas Rios decide ficar com Teresa e Ricardo. Com isso, resta energia para o que o ser superpoderoso chama de “uma surpresa”. Picard se despede de Q com um abraço, antes que ele, Raffi e Sete sejam levados de volta à ponte da Stargazer, segundos antes de sua detonação.

O almirante ordena o cancelamento da autodestruição e a interrupção do ataque contra a Rainha Borg, que se revela na verdade Jurati — depois de 400 anos cultivando uma coletividade benigna em algum lugar da galáxia. Ela está ali para harmonizar os escudos de toda a flotilha da Frota Estelar, a fim de deter o disparo fatal de energia que uma nova anomalia, surgido no centro do quadrante, está prestes a causar.

Picard deixa que ela prossiga e dá uma comissão de campo a Sete, para assumir o comando da Stargazer como capitão. Os escudos da Excelsior estão descalibrados e, ao abrir um canal, Raffi descobre que Elnor ainda está vivo — a surpresa de Q. A ação tem sucesso e a rajada de energia é bloqueada. Resta, então, um misterioso corredor transdobra produzido por alguma entidade desconhecida. Indicando que ele pode representar uma ameaça, a Rainha Borg/Jurati solicita admissão provisória à Federação e se compromete a permanecer ali com sua nave, como guardiã da passagem.

De volta à Terra, Picard se reencontra com Guinan, que admite já saber de tudo que iria transcorrer — ela até mesmo tinha uma foto de Rios e Teresa no 10 Forward. A el-auriana conta o que sabe sobre a vida que eles levaram no século 21, e Picard faz um brinde à “sua família”, Raffi, Sete e Elnor, saindo em seguida. Ele retorna ao château, onde encontra Laris de partida. Mudado, Jean-Luc pede uma segunda chance, e ela decide ficar com ele.

Comentários

Há várias formas de despedida. Nós nos despedimos das pessoas, dos lugares, das coisas, de momentos, de personagens ficcionais que aprendemos a amar etc. Pode ter sabor de até logo, de tristeza profunda, de alívio, de alegria agridoce e tantos outros. “Farewell” tem esse sabor agridoce: ele poderia ser um episódio excelente, pois fecha bem as duas principais tramas da temporada (o trauma de Picard e a ascensão da Rainha Jurati) — o que se evidencia em todos os pontos em que se relaciona com “The Star Gazer”“Penance”, “Assimilation” “Monsters” –, porém precisa lidar com os pontos problemáticos vistos ao longo da temporada para dar desfecho às demais tramas apresentadas.

Por pontos problemáticos da temporada, apontamos sempre que parecem advir principalmente de uma quantidade de personagens maior do que a necessária para contar os dois enredos principais, o que nos leva a questionar se eles sabiam lidar com os personagens originalmente criados para esta série. Mesmo a legada Sete de Nove, que no nono episódio se mostrou importante na questão borg discutida e que tinha grande potencial de desenvolvimento desde “Penance” — viu-se relegada a um segundo (ou terceiro) plano, e muitas vezes vimos as mudanças pelas quais passou mais pelos olhos admirados de Raffi do que pelos dela mesma. Ainda assim, como já dito, vimos o papel dela ser mais bem definido no episódio anterior, contudo não podemos dizer o mesmo a respeito de Rios e Raffi. A justificativa para a presença deles parece se dever mais a um fator externo da narrativa — por exemplo, ao contrato que os atores assinaram para participarem da série — do que efetivamente por seus papéis na história escolhida para ser abordada.

Não se trata de dizer que os temas abordados pelas trajetórias dos personagens ao longo da temporada não sejam importantes. Vamos pegar primeiro o caso de Rios. Falar sobre questões sociais, como a temática da imigração, é sempre atual e deve ser discutido, algo que é inerente ao que Jornada nas Estrelas vem fazendo ao longo de quase 60 anos. Embora o tema ressoe com a guinada proposta pela Rainha Jurati à Coletividade Borg no penúltimo episódio, foi uma subtrama concluída no quinto episódio e mal foi tocada novamente ao longo dos segmentos que a seguiram.

Outro ponto do personagem foi seu dilema entre ficar num passado em que ele começa a se sentir à vontade (parecendo até mesmo se esquecer dos horrores passados na Imigração dos EUA do século 21) e em que se apaixonou, e o seu próprio tempo, em que havia retomado uma carreira e tinha deveres a cumprir. Sua decisão final perde a força pela justificativa dada pelo personagem: afinal, o Rios que não se encaixava ao final do século 24, sozinho em sua Sirena, desenvolveu-se para se tornar o capitão Rios da Stargazer do início do século 25, respeitado pela sua tripulação, reintegrado à Frota Estelar e com amigos próximos adquiridos nas aventuras da temporada anterior. Sua justificativa seria mais plausível se fosse centrada apenas no amor por Teresa (e Ricardo) e, possivelmente, em plantar parte das sementes para o futuro federado ainda num tempo tão complicado como o século 21.

Já a parte de Raffi — de ter de encarar um luto pelo qual se sente responsável, além de ter de lidar com os aspectos negativos de sua própria personalidade, aceitá-los e se autoperdoar — acaba por perder-se na demora em expor os reais motivos de sua raiva decorrente da morte de Elnor. Apenas sabíamos de seu passado com o filho e que o romulano tornara-se um filho substituto para ela, mas seu comportamento ao longo da temporada mais a fez beirar o insuportável do que nos fez sentir empatia por ela. Apenas quando entendemos a extensão da sua dor, todas as razões por trás dela, é que podemos nos colocar em seu lugar. No entanto, já havíamos passado vários episódios apenas vendo-a ter ataques de raiva e tristeza e observando contemplativamente a adaptação de Sete ao corpo de Annika e ao século 21, isso sem falar nas intermináveis DRs com ela.

Embora seja inteligível que duas personagens que forma(va)m um casal sejam mostradas uma em função da outra, como não acompanhamos tão bem a história de amor das duas, nem sempre é atraente sermos expostos apenas às DRs. Conhecemos ambas muito bem, nos importamos com elas, mas não vimos sua história se desenvolver, o que é um tanto frustrante. Essa crítica, contudo, não invalida a bela cena do beijo das duas ou diminui a importância histórica da cena em Jornada nas Estrelas. Teria sido bonito ver Sete suavizar a raiva de Raffi a ponto de tornar-se a confidente dos motivos do estado de ânimo da companheira, assim como ver Raffi se encantando com as descobertas de Sete em corpo e tempos novos, porém foram momento extremamente sutis e breves demais ao longo de dez episódios. Lamentamos, portanto, que o relacionamento delas não tenha sido mais substancialmente abordado e desenvolvido em tela.

Entre os personagens introduzidos nesta temporada, Adam Soong e Kore talvez se encaixem também nessa categoria “estamos presentes por força do contrato assinado por nossos intérpretes”. O patriarca da família Soong consolida-se como o vilão maniqueísta da temporada, com seus planos altamente mirabolantes e sua megalomania exacerbada, fadado ao fracasso ou a ser o padrinho de um futuro opressor. No entanto, sua cena final com a pasta do “Projeto Khan” é uma promessa (ou ameaça) de novos rumos dentro da franquia e despertou reflexões no fandom: vão alterar a história de Khan tal qual conhecemos? Vai haver algum drible espetacular no cânon para não desmentir a Série Clássica? Ao menos nos faz querer revisar “Space Seed”, a trilogia dos aumentados de EnterpriseJornada nas Estrelas II: A Ira de Khan… (Pessoalmente, o personagem me deixou uma pergunta: os demais Soong que conhecemos são seus descendentes ou seus clones? Mas não é ruim não ter uma resposta concreta.)

Falando da presença da atriz Isa Briones na temporada, não se justificaria a presença de Soji nestes dez episódios, pois pareceu cumprir bem seu arco na temporada anterior e o seu papel no século 25 não se relacionava com a trama de viagem no tempo, ascensão da Rainha Jurati ou mergulho na psique de Picard. No entanto, havia a necessidade de contar com a atriz, que passa a não ser apenas o principal rosto dos androides femininos, mas também o principal rosto humano da família Soong.

Em “Farewell”, a presença de Kore também nos proporciona um belo momento nostálgico: o retorno de Wesley Crusher como viajante. Não apenas matamos a saudade do ex-menino prodígio da USS Enterprise, como vimos ser estabelecido mais um detalhe a respeito dos viajantes: são eles que recrutam os supervisores. Assim, A Nova Geração conecta-se com “Assignment: Earth”, da Série Clássica, enriquecendo alguns velhos verbetes das enciclopédias trekkers. Acrescentemos a isso também a bela homenagem a Wil Wheaton, um ator muitas vezes tratado com injustiça por parte dos fãs, mas que continuou se dedicando ao longo dos anos à franquia. As perguntas que ficam: veremos Kore atuando como supervisora mais à frente em alguma outra série da franquia? Será que Wesley aparecerá novamente?

Em sua missão de atar pontas soltas deixadas ao longo da temporada, o episódio precisa lidar com a Missão Europa, esquecida desde “Two of One”. Além de nos apresentar como Renée Picard cumpre a sua missão de encontrar os tais micro-organismos alienígenas sencientes em Io — apesar do empenho de Soong em impedi-la –, também descobrimos o destino de Tallinn, cumprindo a profecia da Rainha Jurati no episódio anterior. A supervisora, sob os protestos de Jean-Luc, toma o lugar de sua protegida, mas não sem antes um belo encontro no qual rememora cada momento em que olhou por ela, não sendo tão discreta quanto o dever pedia — ao longo dos anos, Renée sempre teve vislumbres de Tallinn nos momentos mais importantes de sua vida. Disfaçarda da astronauta, Tallinn encontra-se com Soong, que a envenena. Embora muito dolorosa, a morte da romulana é bela, podendo observar o voo de Renée rumo a cumprir a sua missão e nos braços de Jean-Luc Picard.

Ela ainda ajuda Picard a entender que ele não pode se sentir responsável ou culpado pela morte das pessoas que decidem sua hora para morrer — seja por meio de sacrifícios extremos ou por meio do suicídio. É isso que ajuda o velho almirante a curar-se por completo do trauma e a decidir-se, enfim, por colocar novamente a chave que encontrará no século 24 sob o mesmo tijolo do château da família.

Esse gesto é feito sob os aplausos de Q, que se encontra no solário do château. Lá, ele revela que o objetivo da penitência vivida por Jean-Luc ao longo da temporada era aquele: de que pudesse finalmente se autoperdoar e aceitar a inevitabilidade do que ocorrera com Yvette. Os motivos do ser superpoderoso em fazer isso (e tudo o que fez ao longo das últimas três décadas da existência de Picard) é muito mais simples do que se poderia acreditar: Q considera Picard um de seus favoritos, ele se importa pessoalmente com o almirante e tinha como grande desejo fazê-lo curar-se e, assim, vê-lo sentir-se merecedor do amor de outras pessoas.

Q não desejava a Picard o seu próprio destino, o de morrer solitariamente. É interessante essa colocação dele: isso significa que o Q Continuum não existe mais? Será que todos os seus semelhantes já encontraram aquele mesmo destino? Não há respostas quanto a isso. E, da mesma forma que o que importava naquela penitência não era o grande papel de Picard para vencer alguma ameaça galáctica ou mudar a História do universo, não é importante o destino do Continuum, mas sim daquele Q especificamente. O que é relevante é conhecê-lo mais profundamente e poder ressignificar cada encontro entre ele e Picard ao longo dos últimos 35 anos. Talvez todo esse enredo se encaixasse melhor na última temporada e com a tripulação da Nova Geração, fechando um ciclo tão longo, pois a participação do personagem nesta temporada é extremamente poderosa e se traduz belissimamente nas interações entre os gigantes Patrick Stewart e John de Lancie, coroado pelo emocionante abraço entre os personagens antes do último estalar de dedos de Q.

É Q o responsável por levar Picard e sua tripulação (à exceção de Rios) de volta ao século 25, a bordo da Stargazer, em um “falso reset button” (a única decisão questionável de Q/equipe criativa foi trazer de volta à vida Elnor, que havia feito sua melhor cena no episódio anterior, quando sua versão holográfica conta que a verdadeira nunca culpou Raffi por sua morte). Dizemos aqui que que o reseti é falso, pois, apesar de voltar exatamente ao momento do qual os personagens partiram do século 25 federado no final de “The Star Gazer”, eles não apenas carregam as memórias do que viveram no século 21, mas as consequências dessas vivências. A Jurati totalmente humana não está mais presente na ponte da nave e a ausência do antigo capitão desta, Christopher Rios, é notada por uma das tripulantes.

É revelado que, assim como supúnhamos, a rainha borg de capacete é a Rainha Jurati com 400 anos de experiência oferecendo uma Coletividade Borg baseada na cooperação em vez da assimilação forçada. Por ainda  ter um pouco de Jurati dentro de si, ela conhecia a música da infância de Jean-Luc e um pôde confiar no outro. Coroando todo seu esforço em criar um futuro mais auspicioso para os borgs, é aceita a sua solicitação de admissão provisória à Frota e sua presença como guardiã do corredor transdobra e da tal grande ameaça futura. Sete também é presenteada com uma promoção de campo, o que lhe garante finalmente entrar na Frota Estelar, apesar da recusa da instituição a seu alistamento logo que voltou do Quadrante Delta com a Voyager. Nesse ponto da narrativa, restou espaço a especulações de fãs, uma das quais se trata de pensar que talvez esse evento anômalo e consequente corredor transdobra sejam consequências da morte de Q — mas é importante salientar que na própria narrativa não há nada que corrobore isso.

Uma vez resolvidas as grandes tramas da temporada, temos mais duas paradas obrigatórias: uma última visita à Guinan de Whoopi Goldber no 10 Forward e outra a Laris no Château Picard. É sempre um deleite ver Goldberg em cena ao lado de Stewart, a química que possuem e a amizade entre os personagens. No entanto, a forma apressada que conhecemos o destino de Rios – Guinan dizendo que ele morreu com um charuto na mão, em uma briga por conta de um carregamento de material médico da empresa Las Mariposas, fundada por ele e Teresa — não faz jus à participação do personagem de Santiago Cabrera. Outra informação dada por ela é que Ricardo usou os tais micro-organismos sencientes descobertos pela “tia” Renée para limpar os oceanos da Terra – criando o mundo federado tal como conhecemos. Acaba ficando um certo sabor de final apressado, pouco amenizado pela fotografia de Rios e Teresa emoldurada no bar.

Como a predestinação é uma temática geral da temporada, isso fica evidente com a confissão de Guinan de que não poderia contar tudo a Picard, apenas guiá-lo para encontrar o caminho certo, assim como ele fizera com ela anteriormente, algo bem-aceito pelo curado Picard, que parte para o château para poder seguir em frente ao lado de Laris. Nesse ponto é bonito pensar que no século 21 a antepassada de Laris teve de se sacrificar para que Renée Picard pudesse cumprir sua missão e garantir todo um futuro para humanidade. No século 25, depois de tanto salvar a galáxia, Jean-Luc descobre que uma única vida, a sua, também é importante e que ele merece ser amado justamente pela mulher imagem e semelhança daquela que lhe deu grandes lições. Q pode descansar em paz, afinal.

Embora possa parecer uma enorme obviedade chamar o último episódio de uma temporada de “Farewell” (despedida, em inglês), é um título que faz muito sentido: nos despedimos do século 21 trekker, de personagens aos quais nos afeiçoamos e, como soubemos logo após o episódio ir ao ar, da maior parte do elenco principal da série. A partida desses atores é algo um tanto amargo quando pensamos que, à exceção de Agnes Jurati e Jean-Luc Picard, não tiveram uma grande participação nas principais tramas da temporada, o que não depõe muito a favor da equipe criativa. Uma avaliação resumida deste segmento, como dissemos no início deste texto, é de que ele teria tudo para ser um episódio tão excelente quanto “The Star Gazer” — afinal, é um dos melhores episódios envolvendo Picard e Q, além de introduzir bem os efeitos da reformulação da Coletividade Borg –, não tivesse de lidar com o que havia de mais problemático na temporada. Ainda assim, consegue atar pontas soltas e oferecer belas cenas, mesmo nas tramas que foram mais negligenciadas ao longo de toda a temporada.

Avaliação

Citações

“I don’t rely on prophecy. And even if I did, there are many different ways to interpret what she said. And because you think you know what she meant, I won’t let you sacrifice yourself… “
“You won’t let me? It’s not up to you. This is my life. You don’t get to stop me from fulfilling my purpose because you’re scared I’m gonna die. My fate is not yours to decide”
(Eu não dependo de profecias. E mesmo se eu dependesse, existem muitas maneiras de interpretar o que ela disse. E só porque você acha que sabe o que ela quis dizer, não vou deixar que você se sacrifique…)
(Você não vai deixar? Isso não cabe a você. Essa é a minha vida. Você não pode me impedir de realizar o meu propósito porque você está com medo de que eu morra. O meu destino não é você quem decide.)
 Picard e Tallinn

“But… why does all this matter? Is something going to happen for which I will be required?”
“Must it always have galactic import? Universal stakes? Celestial upheaval? Isn’t one life enough? You ask me why it matters. It matters to me. You matter to me. Even gods have favorites, Jean-Luc. And you’ve always been one of mine.”
(Mas… por que tudo isso importa? Alguma coisa vai acontecer que necessite a minha presença?)
(Precisa sempre ter importância galáctica? Interesses universais? Reviravoltas celestiais? Uma vida não é suficiente? Você me pergunta por que importa. Isso importa para mim. Você importa para mim. Até os deuses têm os seus favoritos, Jean-Luc, e você sempre foi um dos meus.)
Picard e Q

“Farewell, mon capitaine. It’s time for me to go.”
“But not alone. Isn’t that the point of all this?”
“See you out there.”

(Adeus, mon capitaine. Já é hora de eu partir.)
(Mas não sozinho. Não é esse o sentido de tudo isso?)
Q e Picard

“You just saved billions of lives.”
“That was the idea, mister.”
(Você acabou de salvar bilhões de vidas.)
(Essa era a ideia, senhor.)
Picard e Rainha Borg Agnes Jurati

“I’m sorry I couldn’t tell you sooner. I just knew that if I guided you right, set you straight, you’d circle around eventually. And I also want to thank you for setting me straight first.”
(Desculpe eu não podido te contar antes. Só sei que, se eu te guiasse e te colocasse no caminho certo, você acabaria chegando aqui. E eu também quero agradecer por ter me colocado no caminho certo primeiro.)
Guinan

“I thought maybe a little looking back might do you some good.”
“I think I’ve had just about enough of that. Better to look forward.”
(Achei que talvez olhar para trás dizesse bem a você.)
(Acho que já fiz isso o suficiente. É melhor olhar para a frente.)
Laris e Picard

Trivia

  • Este é o terceiro episódio de escrita em Picard para Christopher Monfette, que se juntou ao seriado na segunda temporada, como produtor supervisor.
  • Este é o sexto crédito de escrita em Picard para o produtor executivo e co-showrunner Akiva Goldsman, que também dirigiu e escreveu o roteiro para a estreia da série Star Trek: Strange New Worlds, que estreou no mesmo dia.
  • O bloco de dois episódios, este e o anterior, foram os primeiros créditos em Star Trek para o diretor Michael Weaver, que tem trabalhado como diretor de televisão durante a última década, após transição de mais dez anos como cineasta.
  • Picard se inserindo no teletransporte de Tallinn faz lembrar a Dra. Gillian Taylor fazendo o mesmo com James T. Kirk em Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa.
  • Renée ainda estava lendo The Pallid Son, o romance de Dixon Hill que ela estava apreciando em sua primeira aparição, no quarto episódio (“Watcher”) desta temporada de Picard.
  • O uniforme de voo de Renée tem um adesivo Earthsine Aerospace, presumivelmente o fabricante da nave Shango X-1.
  • A pasta “Projeto Khan”, que Adam Soong retira de uma gaveta, tem as datas de 2 de janeiro de 1992 a 7 de junho de 1996, datas escritas em uma aba ao lado. Em “Space Seed”, da Série Clássica, Spock menciona que Khan governou partes da Terra de 1992 a 1996. A Série Clássica e o filme Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan estabeleceram 1996 como o fim das Guerras Eugênicas e ano em que Khan Noonien Singh foi enviado ao exílio. No entanto, PicardStrange New Worlds estão estabelecendo que as Guerras Eugênicas ocorreram depois de 2024.
  • O endereço que Wesley Crusher deu a Kore foi 460 Lowry Avenue, que não é um endereço real em Los Angeles. O encontro com Kore aconteceu no Echo Park.
  • O mapa ao redor do evento galáctico incluía Gideon, Vega, Maxia, Inferna Prime, Fellebia, Pytithia, 61 Cygni, Altair, Arcturus, Benzar, Teneebia, Draylax, Babel, Alpha Centauri, Sol, Veda, Yadalla, Starbase 1 e Wolf 359. Três desses sistemas (Maxia, Sol e Wolf 359) foram locais de grandes batalhas na história de Picard.
  • O evento galáctico podia ser visto simultaneamente em vários sistemas, a anos-luz de distância, aparentemente desafiando as leis da física.
  • No bar de Guinan, com bebidas na mão, a tripulação saúda os presentes e os que partiram sob os acordes de abertura do tema de Jornada nas Estrelas: Primeiro Contato, de Jeff Russo.
  • Esta é a primeira aparição real de Wesley Crusher (Wil Wheaton) desde sua partida, em 1994, no episódio “Journey’s End”, de A Nova Geração, além de sua presença silenciosa em Jornada nas Estrelas: Nêmesis.
  • Wil Wheaton, no entanto, permaneceu envolvido com a franquia de Star Trek, mais notadamente como o anfitrião do The Ready Room.
  • Wesley revela que os viajantes supervisionam e designam os supervisores para pontos críticos ao longo da História, conectando mais uma vez a história de “Assignment: Earth” (Série Clássica) com a era moderna de Jornada nas Estrelas.
  • Quando Wesley aparece, toca o tema musical de A Nova Geração.
  • Elnor volta à vida graças a uma mudança de planos de última hora: a “energia excedente” de Q, que sobrou da decisão de Rios de permanecer no passado, permite que o jovem romulano seja ressuscitado a bordo da Excelsior.
  • Rios e Teresa passam seus anos juntos ajudando os desamparados através de sua organização “Mariposas” (“borboletas”, em língua espanhola), revelando toda a temporada como um paradoxo de predestinação e explicando por que vimos os suprimentos médicos da Mariposas a bordo da nave La sirena na estreia da temporada.
  • O filho de Teresa, Ricardo, eventualmente usou o organismo encontrado por Renée Picard em Io para limpar os oceanos e o ar da Terra, portanto, não havia necessidade de que a tecnologia atmosférica de Adam Soong entrasse em uso generalizado.
  • Embora Agnes Jurati e seus borgs estejam guardando o portal galáctico que se formou no final do episódio, eles vão fazer isso fora das câmeras: a atriz Alison Pill confirmou que ela não faz parte da terceira temporada de Picard.
  • Os drones da Soong Dynamics Advanced Systems foram projetados por John Eaves e Tob Johnson e fabricados por Nathan Longest e o pessoal da HPR Custom, uma indústria que desenha e fabrica adereços para filmes e programas de televisão.
  • Durante as filmagens deste episódio e do anterior, “Hide and Seek”, a garganta de Patrick Stewart ficava frequentemente irritada, sempre que se usava fumaça no set. Ele explicou mais tarde: “Agora, se você assistiu aos episódios 9 e 10, vai ouvir que a minha voz soa diferente. Sempre que a fumaça é usada no episódio, tenho que fazer um protesto porque, eu sei que não é venenosa, não vai fazer mal, mas ela chega às cordas vocais. Eu particularmente sofro muito com isso. E isso me fez ficar um pouco rouco. Assim, no início, íamos gravar novamente muito do que eu disse, mas exortei o Akiva [Goldsman] e seus colegas produtores a não fazerem isso, porque a fraqueza na minha voz estava refletindo a fraqueza do personagem”.
  • Este episódio estabelece que as viagens no tempo vividas por Picard e sua tripulação no decorrer desta temporada sempre fizeram parte da história da linha do tempo principal, criando, assim, outro loop temporal significativo envolvendo a História da Terra. Vários loops semelhantes foram causados anteriormente por outras tripulações da Frota e até mesmo sob o próprio comando de Picard, como em: “Past Tense, Part II”, de Deep Space Nine; “Future’s End”, de Voyager; e Jornada nas Estrelas: Primeiro Contato.
  • Picard chega a essa constatação ao se lembrar de que seus ancestrais haviam encontrado os danos causados pelo tiroteio contra os borgs, que ocorreu em “Hide and Seek”, quando eles voltaram para o Château Picard durante o século 21. Além disso, Guinan também afirma que sempre se lembrou de seu encontro de 2024 com Picard, mas decidiu não o revelar prematuramente.
  • O descedente de Soong, Arik Soong, se envolveu com os aumentados do projeto que criou Khan, como visto nos episódios “Borderland”, “Cold Starion 12” e “The Augments”, de Enterprise.
  • As naves que são vistas formando o escudo junto com a nave borg pertencem às classes Sagan (1 nave), Excelsior (1), Kaplan (1), Sutherland (4), Sovereign (3), Gagarin (2), Ross (4), Luna (3), Inquiry (5), Reliant (5) e Akira (5). Esse esquadrão da Frota Estelar é composto por 33 naves, mais a nave La Sirena, totalizando 34 naves:
    • da classe Sagan, a USS Stargazer NCC-82893;
    • da classe Excelsior II, a USS Excelsior NCC-42037;
    • da classe Kaplan, a SS La Sirena NAR-93131;
    • da classe Sutherland, as naves USS Sutherland NCC-91800, USS Almagest NCC-91870, USS ibn Al-Haytham NCC-91965 e USS Huygens NCC-91814;
    • da classe Sovereign, as naves USS Okuda NCC 74107, USS Hutchinson NCC-74957 e USS Hrothgar NCC-76975;
    • da classe Gagarin, a USS Gagarin NCC-97930 e a USS Christopher NCC-97936;
    • da classe Ross, as naves USS Vanguard NCC-75148, USS Yi-Sun-Sin NCC-76545, USS Ross NCC 76710 e USS Archer NCC-76725;
    • da classe Luna, as naves USS Oberon NCC-80103, USS Europa NCC-80104 e USS Luna NCC 80101;
    • da classe Inquiry, as naves USS Rustazh NCC-86503 (nomeada em homenagem ao capitão klingon Krenn vestai-Rustazh), USS Zheng He NCC-86505, USS Nathan Hale NCC-86501, USS Shackleton NCC-86517 e USS Magellan NCC-86509;
    • da classe Reliant, as naves USS Reliant NCC-90200, USS Uhura NCC-90214 (nomeada em homenagem a Nyota Uhura, a oficial de comunicações da USS Enterprise e capitão da USS Leondegrance), USS Clark NCC-90206, USS Tiro NCC-90216 e USS Enkidu NCC-90205;
    • da classe Akira, as naves USS Helios NCC-63284, USS Rabin NCC-63293, USS Thunderchild NCC-63548, USS Firesword NCC-64280 e USS Akira NCC-63497.

Ficha Técnica

Escrito por Christopher Monfette & Akiva Goldsman
Dirigido por Michael Weaver

Exibido em 5 de maio de 2022

Título em português: “Despedida”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Alison Pill como Agnes Jurati/Rainha Borg
Jeri Ryan como Sete de Nove
Michelle Hurd como Raffi Musiker
Evan Evagora como Elnor
Orla Brady como Tallinn e Laris
Isa Briones como Kore Soong
Santiago Cabrera como Cristóbal “Chris” Rios
Brent Spiner como Adam Soong

Elenco convidado

Whoopi Goldberg como Guinan
John de Lancie
 como Q
Will Wheaton como Wesley Crusher
Penelope Mitchell como Renée Picard e Tallinn disfarçada de Renée
Sol Rodriguez como Tereza Ramirez
Steve Gutierrez como Ricardo
Ren Hanami como diretora Lee
Richard Jin como Moshe
Geri-Nicole Amor como Urtern
Adele Pomerenke como Kemi
Anushka Rani como Sing

TB ao Vivo

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Trívias de Maria Lucia Rácz
Edição de Nívea Doria

Revisão de Susana Alexandria

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