PIC 2×08: Mercy

Episódio traz várias referências, confirma destino de Q e reúne os vilões da temporada

Sinopse

A lembrança de um menino correndo por uma floresta, com uma lanterna, até se deparar com vulcanos…

Picard e Guinan são levados ao subsolo de uma edificação, um escritório de campo do FBI, onde são interrogados pelo agente Martin Wells. O oficial está desconfiado de que os dois são alienígenas e pretendem sabotar a Missão Europa. A dupla nega o quanto pode.

Raffi e Sete seguem a trilha de Jurati. Ela teria saído do bar onde quebrou a vidraça com um ruivo alto. As duas encontram o rapaz morto e, não muito longe dali, Jurati está comendo lítio de baterias de carros. Sete conclui que ela está sendo controlada pela Rainha Borg e consome metais para preparar a produção de nanossondas, com as quais poderá começar a assimilar a população local. Elas tentam deter Jurati, mas Raffi quase é morta por esganadura no processo.

Na perseguição, Raffi e Sete discutem. Sete diz que Raffi é manipuladora, e esta admite que é esse o caso e que manipulou Elnor para permanecer na Academia da Frota Estelar. Por isso, ela se sente especialmente culpada pela morte do romulano.

A bordo da Sirena, Rios segue com Teresa e o filho dela, Ricardo. Surge um clima romântico entre os dois, enquanto o menino enche a pança com bolo feito pelo replicador. Mas Teresa sabe que Rios terá de partir em breve.

No escritório de campo, Picard e Guinan são separados. Enquanto Wells segue interrogando o almirante, a el-auriana é surpreendida ao ter Q como seu suposto interrogador. Ele admite estar morrendo, mas no geral apenas fala em enigmas, sem deixar claras as suas intenções. Antes de partir e admitir que está sem poderes, ele insiste que a chave não é a prisão, mas a fuga. E reclama que os humanos estão sempre presos em seu passado.

Na casa do dr. Adam Soong, Kore ainda quer entender mais sobre o seu passado. Ela usa um sistema de realidade virtual para explorar o laboratório do pai e, surpreendentemente, encontra Q na simulação, que lhe oferece a cura para sua doença, com uma etiqueta em que se vê escrito “Liberdade”. Kore usa a droga e confronta o pai sobre sua real natureza. Soong admite que ela é fruto de um experimento de “transferência de célula somática cultivada em um meio de cultura proprietário” — clonagem. Diante do fato de que Soong está mais preocupado com seu trabalho do que com ela como indivíduo, Kore foge.

Guinan, de algum modo, consegue fazer contato remoto com Picard e comunica a mensagem “os humanos estão sempre presos em seu passado”. O almirante entende e confronta Wells sobre o que o levou ao exótico trabalho de buscar alienígenas pelo FBI. Wells revela que, quando menino, fora confrontado por monstros extraterrestres numa floresta. Eles quase teriam arrancado seus olhos, antes de desaparecerem — exatamente do mesmo modo que Picard aparecera no centro de Los Angeles.

Picard, então, revela que os alienígenas eram vulcanos e que não queriam arrancar os olhos de Wells, mas provavelmente apenas apagar sua lembrança do encontro, para que ele não sofresse com ela. Após essa conversa, o agente acaba demitido do emprego, mas decide deixar Picard e Guinan partirem. Os dois retornam ao 10 Forward, onde encontram Raffi e Sete, que explica os planos da Rainha Borg no corpo de Jurati: ela quer tomar a nave La Sirena e iniciar a assimilação da Terra no século 21.

Com efeito, Jurati foi se encontrar com Adam Soong, a fim de recrutá-lo. Ela o seduz com a promessa de um futuro em que ele se torna uma figura importante para a humanidade. O cientista, ainda frustrado pela partida de Kore, decide ajudá-la e consegue o apoio de um grupo de mercenários de elite, que, então, Jurati assimila, em preparação para o ataque à Sirena…

Comentários

Enquanto “Monsters” era nitidamente centrado no protagonista da série, “Mercy” distribui mais minutos de tela para os demais personagens do elenco principal. A narrativa divide-se entre o longo interrogatório de Picard e Guinan conduzido pelo agente do FBI que conhecemos brevemente na semana anterior; Raffi e Sete em suas investigações sobre o paradeiro e as intenções de Jurati; os sonhos românticos de Rios com Teresa; e as descobertas de Kore Soong sobre suas origens. Embora não continuando diretamente onde o episódio passado terminou, o presente segmento parece conectar-se intimamente com ele, ao mostrar um menino correndo na escuridão em um lugar inóspito — em vez de o cenário ser os túneis abaixo do Château Picard, temos uma floresta e claramente o menino não é a versão pré-adolescente de Jean-Luc Picard. No entanto, ele tem seus próprios monstros na escuridão: alienígenas que supostamente o atacam e depois somem no ar. Quando a cena corta para um escritório de campo do FBI, onde o agente Wells interroga um idoso Picard e uma jovem Guinan, não é difícil compreender que o menino da lembrança a que assistimos se trata do próprio agente.

Convicto de que aquele senhor e sua amiga são alienígenas que, por algum motivo nefasto, querem impedir a Missão Europa de ocorrer, ele traz evidências: imagens do baile de gala da missão, o depoimento aparentemente tresloucado de Rios à Imigração, a insígnia da Confederação que ficara para trás… Na falta do conhecimento da história de Wells, Guinan usa de seu conhecimento como batender para compreender que a caçada de Wells é algo de grande importância pessoal para o agente, evidenciado pelo comportamento dele e o ambiente não oficial em que se desenrola o interrogatório.

A chave, no entanto, para compreender como sair daquela baita encrenca vem na forma de Q, que, com um enorme delay, atende a convocação de Guinan num momento em que ela é separada de Picard. A cena envolvendo a el-auriana e Q evidencia o grande talento de Ito Aghayere, que contracena com o veterano John de Lancie sem dever muito à intérprete original de sua personagem, com toda a tensão e os pequenos toques inusitados contidos nos encontros dos dois personagens. E justamente o belo jogo de cena entre ambos permite que seja ainda mais dolorosa para os fãs do todo-poderoso a confirmação de que Q está morrendo e que está em busca de alguma forma de redenção no que quer que esteja aprontando com Jean-Luc. É muito bonita a imagem da escuridão ao redor de Q quando ele fala sobre sua morte próxima, em que vemos vulnerabilidade, medo, sofrimento, irritação e solidão na irrepreensível interpretação de de Lancie. Não sabemos se o fim de sua imortalidade é algo que se estende a todo o Continuum Q — assim como a temporada enfoca Jean-Luc, o crepúsculo de Q aparece como algo individual e, para falar a verdade, é ele quem realmente nos interessa de sua espécie desde o piloto de A Nova Geração.

Além de nos comunicar a sua morte iminente, Q também deixa dicas importantes através de suas falas sempre um tanto enigmáticas. Uma delas é que mais importante do que a prisão, é a forma como se escapa dela e a outra é a que os humanos vivem presos ao seu passado — o que resume a situação dos personagens principais ao longo da temporada e o caso específico de Picard, em termos emocionais, ao longo de suas várias décadas de vida. Guinan percebe que isso de alguma forma também se aplica a Wells e, mostrando um novo talento de seu povo que até então desconhecíamos, consegue comunicar-se com Picard via algum tipo de projeção astral e passar a mensagem de que Wells de alguma forma também está preso ao passado.

A partir daí, vemos Picard em sua melhor forma: através de suas palavras, ele demonstra empatia ao revelar-se preso ao passado de maneira metafórica e “real”, criando uma conexão com Wells, que revela o seu próprio trauma de infância. De acordo com as características descritas do encontro do agente com os alienígenas do passado, Picard garante que se tratava de vulcanos, e não criaturas malignas que quiseram machucá-lo. Queriam apenas aliviá-lo da dor de ter a lembrança daquele encontro assombrando-o pelo resto da vida. Contudo, o elo mental que proporcionaria isso é interrompido pelo teletransporte. Quando Picard faz o gestual do elo ao explicar isso para Wells, cria certa expectativa no público de que talvez ele possa realizar esse procedimento, nos remetendo ao que vimos em “Sarek” “Unification” (TNG). Isso, porém, não ocorre. Wells finalmente tem as respostas que sempre buscou — embora não sejam exatamente as que achava que encontraria. O consolo para ele, que acaba por perder o emprego e decide libertar seus (nem tão) falsos alienígenas é certo senso de predestinação: o elo mental incompleto do passado fez com que ele se tornasse o agente do FBI a cruzar o caminho daquele viajante do tempo tantos anos depois, o que acaba por resultar em procedimentos investigativos menos invasivos do que outros departamentos e agentes do governo poderiam utilizar, permitindo que Picard prossiga em sua missão de “salvar a galáxia”.

Enquanto isso, Raffi e Sete seguem as pistas de Jurati. As cenas das duas funcionam melhor neste episódio, uma vez que, de fato, elas avançam na tarefa de que estão imbuídas e não apenas acompanhamos as DR intermináveis de um casal que mal tivemos a chance de conhecer como tal — não que elas não existam, mas ocorrem enquanto participam ativamente da trama. Isso não nos dá uma sensação de desperdício exacerbado do tempo de tela.

É bastante comovente ver a interpretação dramática de Ryan ao falar das lembranças dos efeitos dos metais estabilizadores injetados pelos borgs para propiciar a assimilação, que, no seu caso, ocorreu durante a infância e em seu verdadeiro corpo. A sensação que provocavam, pela forma como fala, nunca passa totalmente, ainda que a ex-borg agora venha a habitar outro corpo nunca antes assimilado. Dessa forma, é bastante compreensível que ela de início relute em utilizar essas lembranças como recurso principal e procure rastrear Jurati por meio dos talentos naturais de Annika, sua contraparte confederada: por meio do carisma e da empatia para conquistar a testemunha das ações da cientista/nova Rainha Borg após a quebra da vidraça.

Já pelo lado de Raffi, passamos a entender todo o drama que ela vem passando ao longo dos episódios. Após ser chamada de manipuladora por Sete, quando ela tenta fazer com que Sete use seus conhecimentos borgs na investigação, ela acaba por admitir o defeito e revela que seu luto por Elnor não é apenas por ele ser seu protegido e amá-lo como filho, mas também por ela o ter manipulado emocionalmente para que não suspendesse sua formação na academia da Frota Estelar por um ano para se juntar novamente ao Qowat Millat temporariamente. Ou seja, todo o ressentimento que ela ora direcionava a Picard, ora a Q era, na verdade, um grande remorso que vinha carregando silenciosamente desde o início de “Assimilation”. Embora seja um desenvolvimento interessante para Raffi, devido ao background revelado na temporada anterior, ter essa revelação apenas no oitavo episódio nos dá certa sensação de que pode ter ocorrido um tanto tarde. A impressão que a personagem nos deixou ao longo de vários episódios é a de que ela se tornou alguém que beira o insuportável, algo que é difícil de reverter a essa altura dos acontecimentos e a dois episódios do fim da temporada.

Agora, se Raffi e Sete conseguem ao menos rastrear Jurati a ponto de, respectivamente, uma ser estrangulada e a outra nocauteada, além de descobrirem os planos futuros da nova Rainha Borg, Rios está completamente apartado da trama da temporada. Ele continua a visita guiada de Teresa e Ricardo pela nave, passando um bom tempo de tela num papo extremamente bizarro, ainda que romântico, com a doutora. E, embora esteja ciente da ameaça que agora é Jurati, além da existência de um cientista louco capaz de atropelar o protagonista e de uma entidade superpoderosa que bagunçou completamente a existência de todos por ter certa fixação em Picard, ele parece ignorar a urgência de tudo isso. Por mais que a paixão turve a vista e as cenas terem seu grau de fofura, parecem bastante deslocadas quando lembramos que, depois do segmento, apenas teremos mais dois para concluir as tramas de fato da temporada. Gastar tempo de tela com uma criança comendo bolo demais e consequentemente tendo dor de barriga parece certo desperdício de tempo. Tudo isso nos faz questionar incomodamente: até que ponto era necessária a presença da trama de Rios nessa temporada? (Sem considerar possíveis motivos fora de roteiro, obviamente, como contrato do ator e afins)

Na ponta antagônica do episódio, temos Kore, ajudada por um “Q virtual”, aprofundando o conhecimento de sua própria origem e as reais intenções de seu “pai” de (não) curá-la. Não sabemos de fato como Q possui a cura de Kore ou como conseguiu hackear os sistemas de Soong ou mesmo como fez o envio da encomenda, uma vez que ele está ficando sem poderes. No entanto, podemos imaginar que ele poderia ter deixado muita coisa preparada antes de isso ocorrer ou saber onde encontrar tudo de que precisaria, ainda que estivesse sem seus recursos extraordinários, pois ele parece manter seus conhecimentos apesar de não dispor de todas as suas capacidades. Voltando à Kore, mesmo após receber a cura definitiva e aplicá-la, ela escolhe confrontar diretamente Soong: afinal, o que ela representa para ele? Ele a ama como indivíduo, como uma filha, ou como um mero experimento que deu certo depois de tantas frustrações? Afinal de contas, é ela que não existiria sem ele ou ele que não existiria sem ela? Não é nem um pouco surpreendente que as respostas não sejam as que uma filha gostaria de obter de seu próprio pai, mas ela já está curada de sua condição adversa e parte para uma nova vida de liberdade, deixando Soong para trás ainda mais arrasado ao perder definitivamente o trabalho de uma vida.

Mentes arrasadas, oficina da Rainha Borg. Devastado pela partida de Kore, Soong é cooptado por Jurati, que o seduz com a perspectiva de, apesar da perda da filha/experimento bem-sucedido, ele poder ser o padrinho de um novo futuro para a humanidade, com a sua tecnologia dos escudos ambientais (não à toa identificamos semelhança entre os escudos que ele usava para proteger Kore no quintal de casa e aqueles que protegem a Terra do século 25 da Confederação), indispensáveis numa Terra sem as descobertas de Renée em sua missão. Megalômano, não é difícil para ele escolher aliar-se a Jurati: ambos pretendem livrar-se de Jean-Luc e Renée Picard e, assim, ele assumir seu protagonismo na história humana e ela conseguir matéria-prima geneticamente modificada para suas primeiras assimilações imperfeitas, usando os soldados da Operação Ponta de Lança (Spearhead Operations), em que Soong trabalhou, podendo partir depois para a tomada da Sirena. Ao menos dessa vez, nossos heróis estão a par do que está acontecendo. Como Sete e Raffi fizeram bem o seu trabalho, eles sabem que Jurati vai tentar tomar a Sirena. Reagrupando-se com Picard no 10 Forward, precisam ir ao resgate de Rios e sua família de margarina recém-criada, prometendo uma continuação mais voltada à ação no próximo segmento.

“Mercy” é um bom episódio, que apresenta referências a vários acontecimentos que já vimos em tela em diferentes séries da franquia. Toda a participação do agente do FBI nos remete tanto a “Chain of Command” (TNG) — pela situação ocorrida com o protagonista — como a “Carbon Creek” (ENT) –, com a presença vulcana na Terra do século 20, aproximadamente na época da possível missão seguinte à vista no episódio de Enterprise, a julgar pela aparente idade de Wells. Há também uma óbvia relação com “Relativity”, com a presença do ator Jay Karnes — não se pode descartar a possibilidade de Wells ser um antepassado do personagem do ator em Voyager, mas nada é confirmado ou negado. Picard, ao fazer o gestual do elo mental, por sua vez, nos remete diretamente a “Sarek” e ao clássico “Unification” (ambos de TNG). Isso dá ao público sensação de familiaridade com o que está assistindo.

Este episódio apresenta também bons momentos de atuação, como a interação entre Guinan e Q e toda a sequência do interrogatório de Picard e Guinan por Wells. Embora numa participação não tão grande na temporada, Karnes tem a possibilidade de nos mostrar o seu talento na figura de um agente que tenta cumprir o seu dever e resolver traumas passados. Por seu lado, Ito Aghayere firma-se como uma grande nova intérprete para Guinan, ao nos fazer lembrar de Whoopi Goldberg, mas sem lamentar sua ausência. Aghayere não se intimida ao lado do sempre excelente John de Lancie, que apresenta aqui um lado mais vulnerável de Q, mas sem perder as características que são caras a esse personagem legado. Podemos apontar como positivos também finalmente vermos os outros tripulantes da Sirena participando de uma das tramas principais, especialmente Sete de Nove conciliando suas novas características humanas a seu conhecimento borg na parte investigativa do segmento.

Por outro lado, “Mercy” dá certa impressão de que temos tramas supérfluas se desenvolvendo, o que fica evidente nas cenas de Rios e Teresa ou mesmo com a revelação tardia do real drama de Raffi na temporada — que nos chega a fazer questionar a real necessidade da presença dos personagens de Cabrera e Hurd na temporada. Ainda não fica muito claro se a introdução de Kore e Adam Soong segue pelo mesmo caminho. Isso acaba tirando um tanto o brilho do segmento, embora não comprometa de todo a sua qualidade.

Avaliação

Citações

“It’s 2024. People have trouble with revolving doors. They can’t handle a Borg Queen.”
(É 2024. As pessoas têm problemas com portas giratórias, não conseguiriam lidar com uma Rainha Borg.)
Raffi

“Immortal? So I believed. Yet now, for the first time as I look across the temporal horizon, it darkens. You think I’m dying? I prefer to believe that I am on the threshold of the unknowable. When I first felt it, I thought to myself, ‘This is good. This is new’. Infinite life, after all, has its drawbacks. And so, I prepared myself to be involved in the warm glow of meaning. Well, that moment has yet to come. Not even a glimmer. Dying stars burn brighter as they spin towards extinction. I, on the other hand, seem to be simply disappearing into nothing.”
(Imortal? Era no que acreditava, mas agora, pela primeira vez ao olhar o horizonte temporal, ele escurece. Acha que estou morrendo? Prefiro acreditar que estou no limiar do desconhecido. Quando senti isso, pensei “Isso é bom. Isso é novo”. Vida infinita, afinal, tem suas desvantagens. Então, eu me preparei para ser envolvido no caloroso brilho do significado. Mas esse momento ainda está por vir. Nem mesmo um vislumbre. Estrelas moribundas tornam-se mais brilhantes enquanto giram em direção à extinção. Eu, por outro lado, pareço estar simplesmente desaparecendo no vazio.)
Q

“This thing you’re doing to Picard, it’s how you’re hoping to find meaning in your life?”
“I now have a lifetime. Can a single act redeem a lifetime?”
(Essa coisa que você está fazendo com Picard, é como você espera encontrar um sentido na sua vida?)
(Agora tenho um tempo de vida. Um único ato pode redimir uma vida?)
Guinan e Q

“A trap is immaterial! It’s the escape that counts. See you when I see you, unfortunately. Humans! They’re all trapped in the past.”
(A prisão é irrelevante! É a fuga que conta. Eu te vejo quando te vir, infelizmente. Humanos! Estão sempre presos no passado.)
Q

“I assume a lecture on the futility of resistance is not going to be necessary?”
“Am I dreaming? Or is this a nightmare?”
“Ultimately… that’s up to you.”
(Suponho que um sermão sobre a futilidade da resistência não seja necessário.)
(Estou sonhando? Ou isso é um pesadelo?)
(No final… depende de você)
Jurati e Adam Soong

“Stuck in the past. I know a haunted man when I see one. The things we hold onto. The pieces of emotional shrapnel that drive us all our lives. What is it for you? What is your moment? What am I to you?”
(Preso ao passado. Eu reconheço um homem atormentado quando vejo um. As coisas a que nos agarramos. Os pedaços de estilhaços emocionais que nos movem por toda a nossa vida. O que é isso para você? Qual é o seu momento? O que eu sou para você?)
Picard

Trivia

  • Este é o terceiro crédito de escrita em Star Trek para Cindy Appel, que se juntou à série como produtora na segunda temporada.
  • Este é o terceiro crédito de escrita para a coprodutora executiva Kirsten Beyer, que é cocriadora da série.
  • O diretor veterano Joe Menendez retorna para o segundo episódio como diretor. Os dois episódios são sua estreia em Star Trek.
  • O encontro com os vulcanos é uma divertida homenagem ao episódio “Carbon Creek”, de Enterprise.
  • Com base na idade presumida do agente Wells, ele teria encontrado os vulcanos por volta do final dos anos 1970 ou cerca de duas décadas depois que outra nave de pesquisa vulcana caiu em Carbon Creek, Pensilvânia, como visto em “Carbon Creek”.
  • Nesse episódio, foi dito que a próxima nave de pesquisa vulcana chegaria à Terra em 20 anos, embora se presumisse que apenas faria varreduras a partir da órbita e não aterrissaria no planeta como visto em “Mercy”. O showrunner desta temporada de Picard, Terry Matalas, foi assistente de produção em todas as quatro temporadas de Enterprise.
  • Os vulcanos usando um teletransporte no século 21 é o primeiro uso conhecido da tecnologia, que não será inventada pelos humanos até o século 22, como visto no episódio “Daedalus”, de Enterprise.
  • A cadela desaparecida do jovem Wells se chama Maggie, assim como o nome da personagem de Ann Cusack em “Carbon Creek”, que serviu como a principal conexão humana de Mestral naquele episódio.
  • A fala de Q de que é a “fuga de Picard que conta” ecoa o episódio “All Good Things”, de A Nova Geração, em que ele revelou que o momento-chave durante aquele julgamento ocorreu quando Picard percebeu que estava vivendo dentro de um paradoxo temporal.
  • Guinan revela que os el-aurianos têm outro truque na manga: aparentemente, a raça longeva pode fazer projeção astral.
  • O episódio “Past Tense”, de Deep Space Nine, estabeleceu que Robert Chen estava servindo como governador da Califórnia em 2024. Quando Raffi e Sete procuram Jurati, a frase “Recall Chen” pode ser vista em vários pontos, durante a busca no beco.
  • Como visto no último episódio, Jay Karnes, que interpreta o agente Wells do FBI, apareceu pela primeira vez em Star Trek no episódio “Relativity”, de Voyager, no qual interpretou o tenente Ducane, primeiro oficial da Federação na nave Relativity, da classe Wells. Enquanto alguns fãs esperavam que o agente Wells estivesse ligado ao seu personagem anterior de Voyager, sua ligação com Picard, na verdade, vem através do showrunner Terry Matalas, que trabalhou com ele em 12 Macacos, em que interpretou um agente do FBI, que era fã de H.G. Wells.
  • A sala de interrogatório do FBI tinha uma série de caixas contendo quatro luzes, uma possível homenagem às quatro luzes do interrogatório cardassiano a que Picard foi submetido no episódio “Chain of Command”, de A Nova Geração.
  • A mensagem secreta que Q deixou na câmera de realidade virtual de Kore, na realidade, um dispositivo Microsoft HoloLens, lembra muito os borgs.
  • Picard nega ser um extraterrestre dizendo “Eu posso realmente dizer que não sou”, porém, tecnicamente, seu corpo androide foi criado no planeta Coppelius, também chamado de Ghulion IV, em Discovery.
  • Sete de Nove lembra-se de ter sido assimilada aos seis anos de idade, o que foi previamente observado nos episódios “The Gift”“Once Upon a Time”, de Voyager. Isso, combinado com a declaração da Rainha Borg em “Penance” de que Annika Hansen foi assimilada em 2350, finalmente revela que Sete nasceu em 2344 e teria 57 anos de idade.
  • Será que Jurati pegou as botas do homem de barba vermelha e será que ele foi escolhido por seu tamanho de sapato, como em Terminator 2?
  • A empresa de Adam Soong chama-se Soong Dynamics.
  • A assistente de Inteligência Artificial é chamada por Kore pelo nome de Aspectus.
  • O dr. Soong finalmente revela o mistério da “mãe” de Kore, dizendo que ela foi criada através da transferência somática nuclear de células e gestada em um meio proprietário.
  • O maior mistério é como Kore vai conseguir sobreviver em Los Angeles sem dinheiro, identidade ou sapatos.
  • Quando Guinan sente Q, ele usa novamente o mesmo gesto de mão defensivo que usou pela primeira vez em “Q Who”, e Q também responde Guinan da mesma forma que naquele episódio, exclamando “Você!”.
  • Nesse episódio, Q diz que ele e Guinan se encontraram “há dois séculos”, o que seria no século 22, então, talvez ela esteja fadada a encontrá-lo novamente antes de seu tempo na USS Enterprise-D.
  • Quando Guinan diz a Picard que “quase não pode esperar para conhecê-lo”, ele responde em francês “Moi aussi” (“Eu também”).
  • Os mercenários de Soong são da Operação Ponta de Lança (Spearhead Operations), que também era o nome de uma empresa militar privada do século 21 que apareceu no episódio Fire + Ashes + Legacy = Phoenix, do reboot de MacGyver, escrito por Terry Matalas, showrunner de Picard.
  • Picard é capaz de demonstrar muito bem o gestual do elo mental vulcano porque ele próprio já fez, tanto com Sarek, no episódio “Sarek”, quanto com Spock, no episódio “Unification”, ambos de A Nova Geração.
  • O livro preto na mesa de café de Kore Soong é Moby Dick, de Herman Melville, uma edição especial de 1977, em couro, publicada pela Easton Press. Também está na mesa dela a reedição de 1907, do editor Henry Altemus, de Paradise Lost, vista mais de um ano antes, no primeiro teaser da segunda temporada.
  • A presença desses dois livros, Moby Dick Paradise Lost na mesma mesa de café no quarto de Kore, que foi criada por engenharia genética, só pode ser uma referência aos livros na nave Botany Bay de Khan Noonien Singh, em Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan.
  • A noção de que Q poderia morrer nesta temporada de Picard pode ter sido prefigurada na quarta temporada de Discovery, na qual o almirante Vance diz que não houve contato com Q em 600 anos.
  • A tecnologia utilizada pelos vulcanos corresponde ao que já foi visto antes. Tanto a cor vermelha quanto as luzes amarelas e brancas do objeto sob a água combinam com a nave vulcana T’Plana-Hath, de Jornada nas Estrelas: Primeiro Contato.
  • O globo de neve de crocodilo de Rain Robinson, visto no episódio “Future’s End I”, de Voyager, é visto no laboratório do dr. Adam Soong, quando Kore coloca os óculos de realidade virtual. Será que Soong conhece Rain?
  • Um cartão postal mostrando o Observatório Griffith pode ser visto na mesa de café de Kore. Talvez esta seja outra referência a Rain Robinson, que trabalhava nesse observatório nos episódios “Future’s End”“Future’s End, Part II”, de Voyager.
  • Após ter aparecido nos créditos de abertura de cada episódio da segunda temporada de Picard e ter sido visto de perto no cartão de visita de Q em “Fly Me to the Moon”, o logotipo de Q aparece novamente na tampa da caixa de seu presente para Kore.
  • Depois de ter sido visto apenas brevemente no episódio “Fly Me to the Moon”, o logotipo da Soong Dynamics, empresa do dr. Adam Soong, aparece novamente no objeto que está nas mãos de Q.
  • Q diz que os humanos estão “todos presos no passado”, o que poderia se referir a Jean-Luc, tanto literal como metaforicamente, mas também se aplica a Wells. Essa discussão lembra o primeiro episódio de Deep Space Nine“Emissary”, no qual os profetas, outros alienígenas semelhantes a Deus, apontam que o comandante Sisko (Avery Brooks) está preso no momento em que a sua esposa foi morta pelos borgs.
  • Enquanto Raffi e Sete tentam localizar Jurati, o compositor Jeff Russo apresenta trechos musicais que fazem referência à partitura de Jerry Goldsmith para Jornada nas Estrelas: Primeiro Contato.
  • O vício em smartphones cresceu no século 21 e os fãs de Star Trek não puderam deixar de pensar nos borgs e na ideia de que, quando os membros são separados do coletivo, sentem muito essa supressão. Sete aponta que, assim como os celulares têm “metais estabilizadores”, as nanossondas borgs, injetadas no corpo após a assimilação, têm uma função semelhante. Em outras palavras, seria o vício em telefones celulares uma versão rudimentar da assimilação pelos borgs?
  • Quando Raffi revela à Sete como ela pressionou Elnor a se juntar à Frota Estelar, vemos o momento na nave La Sirena onde tudo acontece. Raffi ainda está usando um comunicador no estilo da nave, mas Elnor menciona que a nave pertence a Sete. Isso parece colocar a cena em algum momento entre o final de 2399 e início de 2400. Elnor também menciona o planeta natal dele, Vashti, apresentado pela primeira vez no episódio “Absolute Candor”, da primeira temporada de Picard.

Ficha Técnica

Escrito por Cindy Appel & Kirsten Beyer
Dirigido por Joe Menendez

Exibido em 21 de abril de 2022

Título em português: “Piedade”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Alison Pill como Agnes Jurati
Jeri Ryan como Sete de Nove
Michelle Hurd como Raffi Musiker
Evan Evagora como Elnor
Isa Briones como Kore Soong
Santiago Cabrera como Cristóbal “Chris” Rios
Brent Spiner como Adam Soong

Elenco convidado

John de Lancie como Q
Sol Rodriguez como Teresa Ramirez
Ito Aghayere como Guinan
Jay Karnes como agente Wells
Kay Bess como computador da nave La Sirena (voz)
Jackson Garner como Wells jovem
Steve Gutierrez como Ricardo
Nanrisa Lee como agente do FBI
Charles Maceo como mercenário 1
Eduardo Roman como vulcano 1
Chuti Tiu como vulcano 2
Oscar Torre como barman
Cyrus Zoghi como barbudo ruivo

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Trívias de Maria Lucia Rácz
Edição de Nívea Doria

Revisão de Susana Alexandria

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