Obi-Wan Kenobi: Parte V

Vader e Obi-Wan travam batalha de inteligência, e Reva revela suas reais intenções

Sinopse

Data: 9 a.B.Y. (nove anos antes da Batalha de Yavin)

Darth Vader relembra os velhos tempos em Coruscant, na Velha República, antes das Guerras Clônicas, quando Obi-Wan treinava o jovem Anakin Skywalker em uma luta de sabres de luz. Seus pensamentos são interrompidos pela chegada da Terceira Irmã a seu cruzador. Ela informa que os rebeldes, Kenobi com eles, estão chegando a Jabiim. Vader premia Reva com o posto de Grande Inquisidora e ordena a mudança de curso para lá.

Em Jabiim, os rebeldes recebem os recém-chegados, mas já se preparam para levar mais uma leva de fugitivos para longe. Obi-Wan reencontra Haja Estree, agora fugitivo do Império.

No destróier, Vader ordena que a instalação rebelde em Jabiim seja trancada. Reva então comanda a pequena droide Lola a sabotar o local. Ela mexe em cabos e tranca a porta superior do hangar. Os soldados imperiais estão a caminho, mas Obi-Wan comanda os rebeldes a resistirem. A mera contenção do ataque pode ganhar o tempo de que precisam para fugir. Reva comanda as tropas em solo, que usam um canhão para tentar romper uma das portas de acesso à instalação subterrânea.

Roken tem dificuldades para reabrir o portão superior, e Leia se oferece para entrar nos dutos e tentar efetuar o reparo. Haja fica de olho nela, enquanto Obi-Wan precisa atender a uma chamada holográfica. É uma mensagem de Bail Organa, quebrando silêncio pela preocupação com Obi-Wan e Leia – além de Luke, caso Vader tenha descoberto sobre as crianças.

Os imperiais estão para irromper pelo portão, e Obi-Wan tenta atrasá-los ao passar à inquisidora a mensagem de que deseja conversar. Separados pelo portão, Reva e Obi-Wan conversam. Ele lembra que ela sabe quem é Anakin Skywalker, o que significa que ela devia ser uma jovem aprendiz durante a Ordem 66, dez anos antes. Ela admite que esse foi o caso e que o plano dela é se vingar de Vader. Obi-Wan insiste em que trabalhem juntos, mas ela se recusa. Em vez disso, usa seu sabre para romper a trava do portão. Os imperiais agora podem avançar.

Um tiroteio começa, e os rebeldes recuam. Muitos caem de ambos os lados, dentre eles Tala Durith e seu droide de carga. Ela usa uma granada para conter os stormtroopers

No hangar, Haja Estree apressa Leia a consertar o portão superior. No espaço, Vader sente seu antigo mestre e ordena a Reva que interrompa o ataque – Kenobi já seria deles. De fato, Obi-Wan decidiu se render. Ele entrega seu sabre de luz e seu comunicador holográfico a Haja Estree e sai para se entregar. É detido por dois soldados, que o levam a Reva.

No duto do hangar, em meio aos circuitos, Leia encontra a pequena Lola, adulterada por um pino de supressão. Ao retirá-lo, o droide ajuda a concluir o reparo.

Obi-Wan mais uma vez se oferece para trabalhar junto com Reva, servindo como isca para que ela possa atacar Vader. Novamente ela despreza a oferta e ordena que dois soldados o levem de volta para dentro. Ele facilmente se desvencilha dos dois e se reencontra com os rebeldes, que agora estão preparados para a evacuação. Na corrida para o embarque, Estree deixa cair o comunicador de Obi-Wan, que é avariado.

Vader adentra o complexo atrás de Obi-Wan e chega ao hangar quando a nave rebelde está para partir. Ele usa a Força para impedir sua decolagem e arranca partes do casco. Mas é apenas uma isca, uma nave vazia, enquanto os rebeldes fogem num veículo adjacente. O fracasso faz Vader relembrar as antigas sessões de treinamento com Obi-Wan e de como sua obsessão em se provar superior é seu ponto fraco.

Reva vê Vader distraído e tenta atacá-lo por trás com seu sabre de luz. Mas ele sempre soube que ela se voltaria contra ele. Os dois travam um combate, que ele vence com alguma facilidade, a despeito de sua menor agilidade física. Vader então trespassa Reva com um sabre de luz e a deixa no chão, moribunda, enquanto revela que o Grande Inquisidor, que Reva julgava ter matado, segue vivo. Abandonada, ela se arrasta pelo chão e encontra o comunicador de Obi-Wan, com fragmentos da mensagem de Bail Organa, remetendo a um menino e Owen, em Tatooine. Kenobi sente que há algo errado, enquanto Luke dorme tranquilamente, sem saber do perigo que o espreita…

Comentários

Há uma certa satisfação em que a quinta parte de Obi-Wan Kenobi entregue alguns lances muito esperados na minissérie, embora o episódio sofra novamente com um excesso de conveniências de roteiro, capazes de abalar a credibilidade da história. Certos trechos nem chegam a fazer muito sentido, a não ser que se presuma motivações ainda ocultas por parte dos personagens.

Comecemos por Reva, que finalmente tem seu passado revelado por inteiro. Como se suspeitava, ela era uma jovem aprendiz Jedi e estava no templo em Coruscant durante a Ordem 66. Fingindo-se de morta no ataque feroz de Anakin Skywalker (já convertido em Darth Vader, embora não transfigurado no homem-máquina que se tornaria após a batalha com Obi-Wan em Mustafar), ela mergulhou em seu ódio e em seu desejo de vingança, esperando o momento certo para poder se voltar contra o Sith.

Não se confunda: embora ela esteja querendo o mesmo que Obi-Wan e todos nós – o fim de Darth Vader –, ela de forma alguma pode ser contada entre os mocinhos. Sua motivação e sua força vêm todas do lado sombrio. E nessa arte não será fácil superar Darth Vader. O fato de que ele vem acompanhando-a por todo esse tempo e sabia exatamente quem ela era mostra que sua paciência e capacidade para fazer o jogo longo, em contraposição à impetuosidade que demonstrava em seus tempos como Anakin Skywalker, mudou muito.

O que nos leva ao exercício de “projeção” que tanto Vader quanto Kenobi travam ao longo deste episódio. O flashback da sessão de treinamento em Coruscant, remetendo à época em que Anakin ainda era um padawan, antes das Guerras Clônicas, ajuda a ilustrar métodos, pensamentos e sentimentos dos dois. Ao recapitular suas velhas lições, Vader tenta antecipar as ações de Obi-Wan e mesmo subverter as expectativas que seu velho mestre tem dele. No fim das contas, falha: ansioso por capturá-lo e fazer em pedaços, Vader deixa os rebeldes escaparem em uma nave adjacente, concentrando-se no que está em sua frente.

O episódio também repete um tema recorrente em toda a saga Skywalker: a importância do trabalho em equipe. Obi-Wan sabe que nem ele, nem Reva, sozinhos, podem dar conta de Vader – e está pronto a cooperar. Reva, contudo, é movida pelo lado sombrio: ambição, individualidade, ódio… sente que tem algo a provar agindo sozinha, já que foi assim que ela sobreviveu após a tragédia da Ordem 66. Está condenada ao fracasso. Vale prestar atenção ao fato de que Obi-Wan ofereceu cooperação duas vezes… como Reva vive, é uma aposta segura que haverá uma terceira. Os “três” também têm um papel forte na narrativa da minissérie (Obi-Wan parte atrás de Leia três vezes; Tala Durith quase tem sua identidade rebelde revelada na Fortaleza Inquisitorius três vezes; e por aí vai).

Isso dá conta de cobrir o que há de mais interessante no segmento. O que resta, contudo, é problemático. Há algumas cenas que, a exemplo do que vimos na Parte IV, desafiam a suspensão da descrença. Como os rebeldes sinalizaram aos imperiais o desejo de Obi-Wan de conversar com Reva? Tudo é feito com uma comunicação indistinta, e mais bizarro ainda é os dois cochichando nos dois lados do portão metálico. Havia desafios de execução, como manter a conversa pessoal e ao mesmo tempo sinalizar que ambos mantinham as defesas altas. Por sinal, quando Reva pergunta a Obi-Wan: “você realmente quer Anakin morto?”, a expressão de Ewan McGregor diz tudo. Inabalável com o lado luz, o velho Jedi não consegue perder sua compaixão e seu amor por Anakin, mesmo depois de tudo.

A solução adotada na cena cumpre sua função, mas ao preço de sua própria credibilidade. Nessas horas a presença de droides como R2-D2 e C-3PO ajudaria muito a preservá-la. Quem não consegue imaginar aquele portão se abrindo, cheio de fumaça dentro, e o droide de protocolo saindo de mãos erguidas e pedindo para não atirarem, que o mestre Obi-Wan Kenobi deseja conversar?

Da mesma maneira, outras coisas acontecem aqui que parecem ser pura conveniência. Vamos descobrir como o Grande Inquisidor sobreviveu? E como Haja Estree foi parar em Jabiim? Ele teria de ter percorrido O Caminho, que passava por Mapuzo, cuja unidade rebelde havia sido desbaratada. Não que não possa haver outra rota, mas, convenhamos, a escolha foi meramente para trazer o personagem de volta e ter alguém em quem Obi-Wan pudesse confiar para entregar suas coisas após a morte de Tala. E aí Haja vai lá e perde o comunicador holográfico… para que pudesse ser encontrado por Reva… que é deixada viva pelo impiedoso Vader para que pudesse encontrá-lo… Repare na sequência de improbabilidades. Suavizaria um pouco se Vader, a despeito de dizer que sua utilidade havia terminado, tivesse deixado Reva viver de propósito. A conferir.

Tecnicamente, o episódio também passa por alguns apuros. A diretora Deborah Chow teve enorme dificuldade em planejar e executar as sequências de tiroteios, que parecem por vezes confusas e pouco convincentes. E os flashbacks em Coruscant, embora bem executados, sofrem um pouco para vender versões mais jovens de Anakin e Obi-Wan.

Apesar disso, há também o que elogiar: a morte e o sacrifício de Tala e seu droide de carga têm grande peso dramático; a sequência em que Vader trespassa Reva – uma morte atrasada em dez anos –, alternando entre o trauma da Ordem 66 e o ataque de agora, é extremamente efetiva; o Sith usando a Força para segurar e então “descascar” a nave rebelde em partida, idem; e o “conflito distante” entre Obi-Wan e Vader é visualmente efetivo, com alternância de cenas entre um e outro. Claro, tudo isso é um prelúdio para um novo encontro – olha só, o terceiro na minissérie – e um combate definitivo entre os dois. Vai acontecer, de todos os lugares, em Tatooine?

Avaliação

Citações

“You’re right, Ben. Some things you can’t forget. But we can fight to make it better.”
(Você está certo, Ben. Algumas coisas não se pode esquecer. Mas podemos lutar para melhorá-las.)
Tala Durith

“I don’t need your help. I don’t need anyone.”
“You won’t stop him alone.”
“You have no idea what I’ve done alone.”
(Não preciso da sua ajuda. Não preciso de ninguém.)
(Você não vai pará-lo sozinha.)
(Você não tem ideia do que eu já fiz sozinha.)
Reva e Obi-Wan Kenobi, separados por um portão

Trivia

  • Este episódio marca a primeira aparição de Hayden Christensen como Anakin Skywalker desde A Vingança dos Sith, de 2005. As cenas em flashback do treinamento de Anakin e Obi-Wan se passam presumivelmente antes de Ataque dos Clones. Já as cenas da Ordem 66 ocorrem durante A Vingança dos Sith, dez anos antes da minissérie Obi-Wan Kenobi.
  • Rupert Friend volta a aparecer como Grande Inquisidor, mostrando que o personagem segue vivo para figurar na série animada Rebels, que o originou, mas se passa depois de Obi-Wan Kenobi.

Ficha Técnica

Escrito por Joby Harold & Andrew Stanton
Dirigido por Deborah Chow

Exibido em 15 de junho de 2022

Título em português: Parte V

Elenco

Ewan McGregor como Obi-Wan Kenobi
Moses Ingram como Terceira Irmã
O’Shea Jackson Jr. como Roken
Vivien Lyra Blair como Leia Organa
Maya Erskine como Sully
Indira Varma como Tala Durith
Kumail Nanjiani como Haja Estree
Marisé Álvarez como Nyche
Rupert Friend como Grande Inquisidor
James Earl Jones como a voz de Darth Vader
Jimmy Smits como Bail Organa
Hayden Christensen como Darth Vader

Podcast: Resenha Jedi

Em breve.

Enquete

TS Poll - Loading poll ...

Edição de Leandro Magalhães
Revisão de Salvador Nogueira

Episódio anterior | Próximo episódio