Um planeta dividido que deseja promover uma união interestelar
Sinopse
Data: 22 de janeiro de 2155
A Enterprise tenta resgatar T’Pol e a bebê, mas é atacada pela instalação de Paxton em Marte. Archer convence Nathan Samuels de que sua equipe pode contornar a crise, infiltrando um grupo pequeno no complexo. Enquanto isso, Paxton promete destruir o Comando da Frota Estelar, a quem ele culpa pela miscigenação entre humanos e alienígenas.
T’Pol tem a chance de ficar com a bebê, enquanto Paxton exige que Trip melhore o sistema de mira do canhão de vérterons, para evitar danos colaterais a São Francisco no ataque. Trip finge cooperar, mas tenta sabotar o sistema e é preso.
Na Enterprise, Gannet revela que não é uma espiã do grupo Terra Prime, mas da Inteligência da Frota Estelar. Ela queria expor um membro de Terra Prime a bordo da NX-01. Sem tempo para lidar com isso, Travis pilota uma cápsula auxiliar na cola de um cometa a caminho de Marte, para que o grupo de Archer consiga chegar ao complexo sem ser detectado. É uma viagem dura, mas dá certo. Ao mesmo tempo, Trip escapa de sua prisão e se encontra com Archer. Todos vão ao centro de controle impedir o disparo.
Nathan Samuels teme que seja tarde demais e ordena a Hoshi Sato, no comando da Enterprise, que dispare contra o complexo. Ela recusa a ordem. Archer e seu grupo confrontam Paxton e desarmam o sistema de disparo. Mas o líder terrorista consegue reativá-lo pouco antes de morrer, pela despressurização da ponte. Ocorre que Trip sabotou o sistema de mira, e o tiro cai direto no oceano, sem causar danos.
Com a situação novamente controlada, Archer volta à Terra e convence os delegados alienígenas a prosseguirem debatendo a possibilidade de formar uma coalizão de planetas. Na Enterprise, Trip e T’Pol têm de lidar com a perda da bebê, Elizabeth, que foi criada artificialmente com uma técnica falha.
Comentários
“Terra Prime” traz um desfecho bastante satisfatório para a crise da xenofobia humana e do grupo terrorista que dá nome ao episódio, de certa maneira também arredondando o que Enterprise trazia como proposta. Se a série se propunha a mostrar os primeiros passos da humanidade em seus voos interestelares, formando um arco que explicasse como a Terra se tornou o ponto focal da futura Federação Unida de Planetas, este segmento conclui essa fase, mostrando todas as facetas dessa transição, que vai do encantamento inicial, à reação xenófoba natural após um ataque como o dos xindis e à racionalização de tudo que aconteceu, na tentativa de construir alicerces mais sólidos para um futuro mais seguro no espaço.
O que vemos se desenrolar neste episódio duplo emerge naturalmente do arco xindi e era passo imprescindível para mostrar que a Terra do século 22, apesar de muito melhor que a de cem anos antes, ainda tem problemas a resolver. A Federação não é algo a ser concedido, mas a ser construído, e alguns dos tijolos requeridos foram vistos ao longo da série e sublinhados sobretudo nesta quarta temporada: a cooperação entre os diferentes, por um lado, e o drama da divisão entre os iguais, por outro lado.
Paxton continua uma figura tão fascinante quanto se revelou na primeira parte, em uma atuação magistral de Peter Weller. Ele basicamente “engole” todas as cenas em que está, retratando uma figura extremamente interessante, que ganha traços especialmente hipócritas (característica comum entre terroristas, que dizem sempre estar lutando por algo bom, mas usam dos piores métodos sem o menor escrúpulo). No caso em questão, descobrimos que ele tem síndrome de Taggart, e sua sobrevivência depende de um tratamento que envolve tecnologia rigeliana. Ele deve a vida à interação entre humanos e alienígenas, e mesmo assim defende o isolamento da Terra e do Sistema Solar. De novo, não é incomum encontrarmos essas dissonâncias cognitivas em xenófobos, atitude que consiste essencialmente em vilanizar um grupo, muitas vezes sem qualquer base na realidade.
Para além do pano de fundo do episódio, a trama é muito bem executada, “respeitando” Marte e o que significa colonizar aquele planeta. A ideia de ver a cápsula auxiliar perseguindo um cometa é muito legal, e mais uma vez temos um bom uso de Travis Mayweather. Ele não aparece tanto quanto em “Demons”, mas sua presença é bem justificada. O mesmo vale para Hoshi Sato, que pela primeira vez vemos no comando da Enterprise e tomando decisões corajosas.
Trip e T’Pol, claro, veem um fim dramático para o arco do seu relacionamento, tendo de sofrer com o encontro e a perda de seu bebê. Malcolm mais uma vez usa seu contato na Seção 31. E Archer é o líder, que trocará socos e pontapés com o vilão e fará o discurso inspirador ao final do episódio. Tudo bem arrumadinho, ainda que nada de fato aprofunde muito o elenco principal.
É claro que Enterprise poderia ter prosseguido com uma quinta temporada, mas, na falta dela, temos de nos satisfazer com esse fechamento. Ele não é perfeito, mas orna bem com o que a série se propôs a ser. Já o episódio final, é difícil até dizer que se trata de um segmento desta série…
Avaliação
Citações
“Up until about a hundred years ago, there was one question that burned in every Human, that made us study the stars and dream of traveling to them. Are we alone? Our generation is privileged to know the answer to that question. We are all explorers driven to know what’s over the horizon, what’s beyond our own shores. And yet the more I’ve experienced, the more I’ve learned that no matter how far we travel, or how fast we get there, the most profound discoveries are not necessarily beyond that next star. They’re within us, woven into the threads that bind us, all of us, to each other. A final frontier begins in this hall. Let’s explore it together.”
(Até uns cem anos atrás, havia uma pergunta que queimava em todo ser humano, que nos fez estudar as estrelas e sonhar em viajar até elas. Estamos sós? Nossa geração tem o privilégio de saber a resposta a essa pergunta. Somos todos exploradores focados em saber o que há além do horizonte, o que há além de nossas próprias costas. E ainda assim, quanto mais eu vi, mais eu aprendi que não importando quão longe viajemos, ou quão rápido cheguemos lá, as descobertas mais profundas não estão necessariamente além da próxima estrela. Elas estão dentro de nós, costuradas nas tramas que nos unem, todos nós, um ao outro. Uma fronteira final começa nesta sala. Vamos explorá-la juntos.)
Archer
Trivia
- O showrunner Manny Coto queria ter os alienígenas pequenos e dourados vistos em “Journey to Babel” na reunião da Coalizão de Planetas, mas se mostrou caro demais. Ele chamou a espécie de ithenitas (Ithenites), mencionada antes em “Azati Prime”.
- O plano original era que Shran participasse da reunião, mas os produtores o queriam em “These Are the Voyages…”, então ele foi substituído pelo embaixador Thoris neste episódio.
- Uma versão preliminar do roteiro trazia T’Pol cantando uma canção de ninar vulcana para a bebê, em que ela diz, “olá, sou sua mãe”. A versão final do roteiro ficou pronta em 14 de fevereiro de 2005, e as filmagens começaram no dia seguinte, terminando em 25 de fevereiro. Como era parte de uma trama dupla, alterações em um dos roteiros acabavam afetando a escrita da outra parte. As filmagens de “Demons” impactaram sobretudo as falas de Paxton para este episódio, influenciadas pela interpretação de Peter Weller.
- Era uma pedida do roteiro a presença das referências ao programa espacial americano, com o sobrevoo da Estação Memorial Carl Sagan e do rover Sojourner, o primeiro a transitar por Marte.
- Para Manny Coto, a dupla “Demons”/“Terra Prime” é o verdadeiro final de Enterprise, com o episódio “These Are the Voyages…” representando um fechamento para a franquia como um todo até aquele ponto. “Terra Prime” e “These Are the Voyages…” foram exibidos no mesmo dia, 13 de maio de 2005, fechando a série.
- O episódio marca a última aparição de Gary Graham como Soval, personagem que está com a série desde o piloto, “Broken Bow”.
- A cena final com Trip e T’Pol após a morte da bebê Elizabeth foi extremamente emocional para Connor Trinneer, pois sua esposa havia acabado de contar a ele que estava grávida do primeiro filho do casal.
- Este foi o último episódio musicado por Jay Chattaway em Enterprise. Ele havia começado com a franquia em “Tin Man”, de A Nova Geração.
Ficha Técnica
História de Judith Reeves-Stevens & Garfield Reeves-Stevens e André Bormanis
Roteiro de Judith Reeves-Stevens & Garfield Reeves-Stevens e Manny Coto
Dirigido por Marvin V. Rush
Exibido em 13 de maio de 2005
Títulos em português: “Terra Prime”
Elenco
Scott Bakula como Jonathan Archer
Jolene Blalock como T’Pol
John Billingsley como Phlox
Anthony Montgomery como Travis Mayweather
Connor Trinneer como Charlie ‘Trip’ Tucker III
Dominic Keating como Malcolm Reed
Linda Park como Hoshi Sato
Elenco convidado
Peter Weller como John Frederick Paxton
Harry Groener como Nathan Samuels
Gary Graham como Soval
Eric Pierpoint como Harris
Peter Mensah como Daniel Greaves
Adam Clark como Josiah
Johanna Watts como Gannet
Derek Magyar como Kelby
Joel Swetow como Thoris
Josh Holtv como Masaro
Amy Rohren como oficial tática
Enquete
Edição de Mariana Gamberger
Revisão de Susana Alexandria