Falta pouco! Com estreia marcada para 6 de maio no Paramount+ Brasil, Star Trek: Strange New Worlds vai acompanhar as aventuras do capitão Christopher Pike, Spock, Número Um e tripulação a bordo da USS Enterprise após os eventos da 2ª temporada de Star Trek: Discovery. O Trek Brasilis teve acesso aos cinco primeiros episódios da série e conta tudo o que pode, sem spoilers.
A primeira mudança latente de Strange New Worlds em relação aos últimos lançamentos de Star Trek é o formato. O seriado retoma o padrão de “aventura da semana” da Série Clássica, sem criar dependência entre os episódios. Porém, isso não priva a série de recorrer ao que aconteceu em Discovery para ambientar o novo espectador. O trauma de Pike por ter descoberto tudo sobre seu futuro acidente debilitante está lá. A saudade de Spock em relação à irmã Michael também. A devoção e compromisso da Número Um à Frota Estelar, idem. Em nenhum momento a nova série renega o passado dos personagens para contar uma história fechada. Tudo faz parte do mesmo universo.
Porém, ao contrário da Série Clássica, a nova série não se limita ao trio principal. Aqui, a cadete Nyota Uhura também tem seu momento de brilhar. A chefe de segurança La’an Noonien-Singh mostra que existem muitas camadas por trás do seu jeito durão. Ortegas prova ser muito mais que uma piloto. M’Benga e Chapel nos lembram do lado humano e frágil da medicina. Como um quebra-cabeças, todas as peças que compõem a tripulação principal da USS Enterprise em Strange New Worlds se encaixam para formar uma imagem que espelha o que Star Trek tem de melhor: exploração, otimismo e diversidade.
(Todos os elementos de trama citados a seguir apareceram em entrevistas, trailers ou vídeos lançados na internet pelo estúdio; se você quer evitar até mesmo esses antes de assistir à série, recomendamos que abandone esse texto agora.)
“Strange New Worlds” (1×01)
A abertura da série é marcada por um Pike muito diferente do que vimos em Discovery. Após o contato com o cristal do tempo em Boreth, mostrado na 2ª temporada da série, o capitão da USS Enterprise não consegue lidar com o conhecimento do seu destino. Saber como, onde e quando irá morrer abalaria o psicológico de qualquer um. Com Pike, não é diferente.
Spock também está afastado cuidando de assuntos pessoais. Em Vulcano, seu relacionamento com T’Pring atinge um novo patamar, mas é colocado à prova quando o personagem de Ethan Peck recebe a notícia do desaparecimento de uma tripulante da Enterprise após uma missão de primeiro contato.
Capitão e oficial de ciências voltam às estrelas para desvendar localizá-la e, quem sabe, fazer novos amigos. A jornada os leva a refletir sobre a verdadeira missão da Frota Estelar e a importância da diplomacia e do diálogo para não apenas solucionar diferenças, mas construir pontes e garantir a paz e a harmonia entre os povos, uma lição clássica de Star Trek.
O episódio “Strange New Worlds” joga seguro. Aposta onde sabe que a franquia vai bem e entrega aos fãs uma aventura leve e inspiradora. Deixa claro que não é uma cópia carbono da Série Clássica, mas também não esconde que é parte de sua proposta ser o produto televisivo mais próximo dela já criado. É um ótimo cartão de visitas, tanto para aqueles que conhecem a trajetória dos personagens desde “The Cage”, como para quem está se aventurando nos estranhos novos mundos de Star Trek pela primeira vez.
“Children of the Comet” (1×02)
Poucos episódios da Série Clássica e da Série Animada valorizam Uhura como a personagem merece. Podemos dizer que a oficial de comunicações rouba a cena em “Charlie X” (TOS, 1×02) e assume as rédeas da missão em “The Lorelei Signal” (TAS, 1×04), mas nenhum deles conta tanto sobre Uhura quanto “Children of the Comet”.
A USS Enterprise tenta desviar a rota de um cometa para que ele não atinja um planeta e acabe com milhões de vidas. Em sua primeira missão como parte de uma equipe avançada, a cadete vive momentos de entusiasmo, mas também de desespero, que forçam a personagem de Celia Rose Gooding a provar todo o seu conhecimento sobre linguística. E a série deixa a atriz bem à vontade para imprimir suas “celiazices” em Uhura, como ela adiantou que faria em entrevista ao Trek Brasilis.
A trama caminha pela linha tênue que existe entre ciência e fé para relembrar a tripulação uma importante lição e trazer à cadete Uhura um novo olhar sobre o que a Frota Estelar significa. Se nos anos 1960 a tripulação da Enterprise saltava aos olhos por ter uma mulher negra na ponte, em 2022 nos mostra que esta mulher é capaz de muito mais do que havíamos visto.
“Ghosts of Illyria” (1×03)
Assim como o episódio anterior nos dá um panorama maior sobre quem é Uhura, este traz à tona revelações muito interessantes sobre Una. Quem leu The Enterprise War, livro lançado em 2019, ou Vulcan’s Glory, romance de D.C. Fontana, lançado em 1989, já pode ter alguma ideia do que vem por aí.
Majoritariamente, esse é um episódio sobre aceitação. Uma vez Gene Roddenberry disse que a humanidade alcançará maturidade e sabedoria no dia em que começar a não apenas a tolerar, mas a ter um prazer especial nas diferenças. “Ghosts of Illyria” mostra que existe um prazer especial em não apenas aceitar as diferenças do outro, mas também as suas próprias.
O episódio faz muito mais pela Número Um do que os 14 minutos de tela que a personagem teve no piloto original rejeitado de Star Trek, “The Cage”, e a sua participação na 2ª temporada de Discovery. Mesmo tendo de impor seu jeito durão, a atriz Rebecca Romijn também traz um lado mais leve e intimista da personagem. Mais que o braço direito do capitão Christopher Pike, muito mais do que mera “Número Um”, aqui se inicia a construção da jornada de Una Chin-Riley.
“Memento Mori” (1×04)
Uma raça inimiga conhecida dos fãs da Série Clássica de Star Trek está de volta. Ou, na verdade, dá as caras pela primeira vez, já que esta primeira temporada de Strange New Worlds se passa seis anos antes do início da série original. Porém, uma tripulante os conhece muito bem, a chefe de segurança La’an Noonien-Singh.
Por anos, essa espécie foi motivo de piadas entre os trekkers, mas “Memento Mori” mostra que o humor dará lugar ao medo – e o jeito que a série faz isso é extremamente corajoso. Ao ressignificar conceitos estabelecidos nos anos 1960, sem apagar o que está escrito no cânone da franquia, Strange New Worlds mostra que é muito mais que uma prequela e que La’an é muito mais que uma Noonien-Singh.
É impressionante como o episódio consegue prender tanto os espectadores. A trama também abre portas para o desenvolvimento das relações entre alguns dos tripulantes, com destaque para Pike e La’an e para Uhura e Hammer.
Esse é o tipo de aventura que possivelmente vai te deixar na ponta da cadeira por 50 minutos e, ao final, te fazer pedir mais. E a série dá toda a pinta de que vai entregar, sim, mais sobre esses alienígenas no futuro.
“Spock Amok” (1×05)
T’Pring visita a Enterprise pronta para uma boa D.R. com Spock, mas as coisas não saem como eles esperam. Enquanto isso, Una e La’an estreitam laços, e Pike exerce a fina arte da diplomacia. Enfim, temos aqui o primeiro episódio de comédia de Strange New Worlds.
Trazer elementos da comédia não é novidade em Star Trek. Tivemos episódios com esse tom na Série Clássica e em todas as séries subsequentes. Apesar de esta ser a primeira temporada da série protagonizada por Pike, Spock e Una, “Spock Amok” cai como uma luva em meio aos eventos caóticos mostrados nos episódios anteriores e nos que ainda estão por vir. Pareceu, de fato, o momento certo para um “episódio de férias”.
O destaque aqui vai para Ethan Peck e Gia Sandhu, intérpretes de Spock e T’Pring, que conseguem equilibrar muito bem o lado cômico do episódio com a faceta racional dos vulcanos. Trabalho de alta qualidade também dos roteiristas ao fazerem a série mergulhar na relação dos dois respeitando o que fora estabelecido em “Amok Time”, primeiro episódio da segunda temporada da Série Clássica.
Esses cinco episódios, além dos cinco restantes da temporada, serão analisados a fundo, e com spoilers, nos Guias de Episódios do Trek Brasilis, que vão ao ar na semana do lançamento oficial de cada um deles. Além disso, a equipe do TB se reunirá todas as segundas-feiras para debater o episódio da semana anterior no TB ao VIVO, no nosso canal no YouTube. Por aqui, estamos prontos para conhecer estranhos novos mundos. Vamos juntos? Hit it!
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