Conclusão do arco dos ataques romulanos leva à primeira visita a Andória
Sinopse
Data: Desconhecida
Shran permanece a bordo da Enterprise para ajudar a rastrear o drone romulano. Análise dos dados colhidos por Tucker e Reed revela que é uma unidade teleguiada, e os sinais telepáticos do operador são de um membro de uma subespécie andoriana, os aenars. A nave então viaja a Andoria, e Archer e Shran descem para contatar os pacifistas andorianos cegos e albinos.
Ao chegarem à cidade aenar, eles descobrem que um deles, Gareb, desapareceu há mais de um ano. Jhamel, sua irmã, quer ir atrás dele e se voluntaria para tentar encontrá-lo, contrariando as ordens das lideranças aenars. Na Enterprise, uma unidade de telepresença foi construída para tentar interferir com os sinais romulanos. T’Pol passa mal após realizar um teste, e Trip percebe que não consegue mais agir profissionalmente trabalhando com a vulcana. Jhamel também sofre no uso da máquina.
Archer conclui que terá de enfrentar o drone sem esse recurso. Ele foi visto atacando a nave terrestre Ticonderoga, e a Enterprise parte para interceptá-lo. Em Romulus, Valdore está determinado a destruir a NX-01 para recuperar o prestígio com o projeto. Ele leva Gareb ao limite e direciona um segundo drone para o ataque. Tudo parece perdido para a Enterprise, até que Jhamel decide tentar de novo e consegue estabelecer contato telepático com Gareb e instruí-lo a parar o que está fazendo. O aenar então comanda um drone a destruir o outro, e Valdore o mata. A Enterprise destrói o segundo drone, cumprindo a missão. Shran e Jhamel desembarcam em Andoria, e Trip pede a Archer para ser transferido para a Columbia, mas não explica o motivo.
Comentários
“The Aenar” traz um desfecho original, ainda que não ultraemocionante, para a trilogia com sabor de formação da Federação, mas o que ele faz de melhor é aprofundar nosso conhecimento sobre os andorianos e introduzir uma subespécie albina, cega e telepática, os intrigantes aenars. O episódio também nos lega a primeira visita a Andoria, mais uma vez cumprindo bem o papel que se espera de uma prequela da Série Clássica.
Há um aspecto curioso no segmento, que, como terceiro ato, acaba sendo bastante expositivo. Nas sequências em Romulus, o roteiro tenta dar uma profundidade à relação entre Valdore e Nijil que é reminiscente dos diálogos entre o comandante romulano e seu centurião no clássico “Balance of Terror”. A ideia é dar a esses personagens um verniz melhor que o de simples vilões, e Valdore comenta como ele mesmo já foi um questionador do expansionismo romulano, e como isso o prejudicou, tornando-o quem é hoje. Infelizmente, os diálogos (e as atuações) não são convincentes, e acaba saindo apenas um pálido reflexo de sua inspiração original.
Em compensação, o segmento trabalha muito bem a (velha) relação de Shran com Archer e a (nova) relação de Shran com Jhamel. O comandante andoriano expôs como nunca seu lado mais frágil nesse arco e aqui ele estabelece uma ligação com a aenar que soa muito verdadeira. Atuações excelentes de Jeffrey Combs e Alexandra Lydon ajudam a sedimentar isso.
Também é interessante o desenvolvimento da relação de Trip com T’Pol. É algo que vem cozinhando em fogo brando desde “Home”, no começo da quarta temporada, e ainda terá mais desenvolvimentos adiante, mas aqui atinge um ponto de virada, com o engenheiro pedindo transferência da Enterprise, a que Archer relutantemente assente. Como as coisas vão avançar daqui em diante? Trip continua na série, a bordo da Columbia? É um adeus ao personagem, ou talvez um até logo? Na época em que Enterprise foi produzida não era comum haver movimentos do tipo, mas é algo que expande o universo e é sempre bem-vindo.
O episódio também telegrafa planos futuros da série quando Shran diz que é improvável que a Guarda Imperial o recompense com o comando de outra nave após ter perdido a dele, mas que aguarda animado o que virá a seguir. O showrunner Manny Coto tinha a intenção de colocar Shran como um personagem regular a bordo da Enterprise numa hipotética quinta temporada, que infelizmente não veio a ser produzida.
Do ponto de vista dos valores de produção, o diretor Mike Vejar faz pequenos milagres com o que parecem ter sido recursos limitadíssimos. Tudo que vimos de Andoria foram cavernas de gelo, e uma única (e pequena) sala da cidade aenar. Os efeitos visuais compensaram, com uma bela tomada panorâmica das sofisticadas instalações subterrâneas, e quase nos distraem da claustrofobia de todas as cenas em live-action, fossem em Andoria, na Enterprise ou no centro de operações romulano (que estranhamente é sempre escuro, embora vejamos pela janela um dia ensolarado em Romulus).
Embora feche o arco dos drones romulanos e de como eles ajudaram, com a participação dos humanos, a catalisar uma união local que levaria à formação da Federação, “The Aenar” acaba deixando algumas pontas soltas, e teria sido interessante ver como Enterprise evoluiria para a iminente Guerra Romulana se a série não tivesse sido encerrada nesta quarta temporada. Ficou o gosto de “quero mais”.
Avaliação
Citações
“The Vulcans say that the desert teaches men the meaning of endurance, but it’s the ice that forges real strength.”
(Os vulcanos dizem que o deserto ensina aos homens o significado da resistência, mas é o gelo que forja real força.)
Shran
Trivia
- Este foi o primeiro episódio a mostrar Andoria em Star Trek. O fato de que o mundo é coberto de gelo faz um bom contraste com o planeta dos rivais dos andorianos, o desértico Vulcano.
- De acordo com os escritores Judith e Garfield Reeves-Stevens, o estabelecimento do mundo natal andoriano como uma lua orbitando um gigante gasoso, como vemos aqui, foi uma ideia para tentar conciliar o fato de que há referências tanto a Andor como a Andoria. Eles esperavam que o episódio estabelecesse o gigante gasoso como Andor, e a lua como Andoria. Contudo, em “Context is for Kings”, de Star Trek: Discovery, o capitão Gabriel Lorca menciona “as luas de Andoria”, então talvez seja o contrário. Ainda falta um episódio que sedimente tudo isso com mais clareza no cânone.
- “The Aenar” é o primeiro e único episódio da trilogia que dá nome ao piloto da nave drone romulana, Gareb.
- Uma cena filmada, mas cortada, mostraria que tanto o almirante Valdore como o senador Vrax seriam presos por seu fracasso na missão de desestabilizar as relações entre andorianos, telaritas e outras espécies. Eles foram levados sob custódia dos dois remanos que até então serviram como guardas de Vrax.
- Este foi o último episódio de Star Trek dirigido pelo veterano Mike Vejar.
- J. Michael Flynn não é listado nos créditos como Nijil, embora ele tenha sido creditado nos dois episódios anteriores.
Ficha Técnica
História de Manny Coto
Roteiro de André Bormanis
Dirigido por Mike Vejar
Exibido em 11 de fevereiro de 2005
Títulos em português: “Os Aenars”
Elenco
Scott Bakula como Jonathan Archer
Jolene Blalock como T’Pol
John Billingsley como Phlox
Anthony Montgomery como Travis Mayweather
Connor Trinneer como Charlie ‘Trip’ Tucker III
Dominic Keating como Malcolm Reed
Linda Park como Hoshi Sato
Elenco convidado
Jeffrey Combs como Thy’lek Shran
Alexandra Lydon como Jhamel
Brian Thompson como Valdore
Geno Silva como Vrax
Alicia Adams como Lissan
Scott Allen Rinker como Gareb
Enquete
Edição de Mariana Gamberger
Revisão de Susana Alexandria