ENT 4×10: Daedalus

Emory Erickson tentando recuperar o filho, preso dentro do teletransporte

Episódio insosso e econômico (em todos os sentidos) traz inventor do teletransporte

Sinopse

Data: Desconhecida

A Enterprise recebe a visita do doutor Emory Erickson, inventor do teletransporte e grande amigo da família Archer. O cientista recebeu autorização da Frota Estelar para levar a nave a uma região vazia do espaço para conduzir experimentos de transporte subquântico, que, em princípio, poderiam teleportar alguém a anos-luz de distância e tornar naves estelares obsoletas.

Trip está ansioso para trabalhar com Erickson, que, no entanto, se revela bastante individualista na implementação das adaptações ao sistema de transporte. Isso porque o cientista tem intenções ocultas — trazer seu filho Quinn de volta, após um experimento malfadado de teleporte realizado 15 anos antes.

Emory Erickson, inventor do teletransporte chagando com a sua filha na Enterprise

Enquanto os preparativos continuam, uma estranha distorção aparece a bordo da nave. Quando o alferes Burrows toca nela, seu corpo sofre enormes ferimentos e ele morre. Erickson é questionado sobre o fenômeno, mas diz não saber do que se trata. Mais tarde, um experimento com uma sonda é bem-sucedido, e ela é transportada a 40 mil km de distância.

Archer e Trip estão desconfiados de Erickson, quando uma segunda distorção aparece. T’Pol é ferida, mas sobrevive. A análise dos dados colhidos pela vulcana indica que há uma pessoa presa na anomalia. Archer confronta Erickson, que admite seus planos. O capitão decide ajudá-lo, a despeito dos riscos. Trip e T’Pol questionam a decisão, mas Archer está convencido de que é a coisa certa a fazer, antes de entregar Erickson às autoridades.

T'Pol sendo ferida em experimento com teletransporte

Pela terceira vez a anomalia surge, e o cientista consegue colher as leituras suficientes para fazer uma tentativa de rematerializar o filho. Mas quase é morto no processo, quando um conduíte EPS explode. Archer o salva da explosão. A equipe, então, procede à tentativa de resgatar Quinn. O procedimento tem sucesso apenas parcial: o corpo do filho de Erickson é recuperado, mas sofre danos demais e não sobrevive. Agora o inventor do teletransporte tem de voltar à Terra para responder por suas ações.

Comentários

“Daedalus” é uma tentativa desesperada de fazer um episódio interessante e com viés histórico, sabor prequela, gastando o mínimo possível. Às vezes os melhores segmentos surgem das restrições orçamentárias. Infelizmente, não foi o caso aqui. Temos uma trama arrastada e com pouquíssimas reviravoltas e escaladas de perigo, que depende basicamente de termos interesse no ilustre convidado, o doutor Emory Erickson. Não funciona.

Uma mistura de roteiro pouco inspirado e de uma atuação idem de Bill Cobbs como Erickson acaba limitando a empatia que temos com ele. O doutor é arrogante e egocêntrico, e o tratamento que ele dispensa a Trip (possivelmente o mais carismático dos tripulantes da Enterprise) o coloca imediatamente em antagonismo com a audiência. Daí que seu drama parece ser só um exemplo de hubris científica, e há uma dificuldade em nos conectarmos com sua humanidade. É uma falha fatal num episódio que basicamente se resume a um pai que faz qualquer coisa para recuperar seu filho, perdido por culpa dele.

Title Card Enterprise "Daedalus"

Pouco é feito para vender um homem torturado, até para tentar criar algum suspense sobre a trama, e aí ele acaba soando mais como um vilão do que alguém com quem devamos nos importar. Talvez as coisas funcionassem melhor se soubéssemos de cara o que ele pretende e tivéssemos contato em primeira mão com sua agonia. Em vez disso, a revelação do plano é atrasada para a audiência, e só sabemos de seu trauma não superado por meio da filha Danica, que fala a Archer sobre isso.

O interesse pela história vai muito pouco além de trívias divertidas sobre a criação do teletransporte, uma peça essencial na mitologia de Star Trek. E a trama é tão rasa que parte do tempo de tela é (melhor) investido em uma exploração de continuidade da relação entre Trip e T’Pol, conforme os dois se esforçam para redefinir sua relação e ela lida com os eventos recentes ocorridos na trilogia da reforma vulcana (a morte da mãe, a descoberta do Kir’Shara e o fim de seu casamento). Embora sejam elementos importantes para os dois personagens, jogados aqui eles parecem mais com uma tentativa desesperada de matar o tempo com uma história principal extremamente limitada.

Trip e T'Pol conversando em "Daedalus"

O diretor David Straiton bem que tenta introduzir algum drama adicional, escolhendo ângulos inusitados para dar uma sensação de desconforto em certas cenas, e o truque mais gritante ocorre durante a tentativa de rematerialização de Quinn, que envolve o uso de zoom na cara de Erickson para aumentar a sensação de desespero.

O experimento está fadado ao fracasso, bem como o episódio. E o difícil é não dormir na frente da TV. Dos poucos segmentos stand-alone produzidos na quarta temporada, “Daedalus” é provavelmente o pior.

Avaliação

Citações

“Truth is, the sub-quantum transporter is a fundamentally flawed concept. It’ll never work – not now, not a thousand years from now.”
(A verdade é que o transporte subquântico é um conceito fundamentalmente falho. Nunca vai funcionar — não agora, não em mil anos.)
Emory Erickson

Trivia

  • O trampolim para este episódio veio do showrunner Manny Coto, que queria mostrar o inventor do transporte, já que nada havia sido estabelecido sobre essa pessoa em qualquer canto do cânone. “Eu concebi uma ideia em que encontramos esse personagem e ele vem à Enterprise e tem uma agenda alternativa e nós partimos daí”, disse.
  • O episódio foi filmado em sete dias, em outubro de 2004.
  • O título empresta o nome de Dédalo, da mitologia grega. Diz a lenda que ele também foi um grande inventor, e uma de suas invenções matou seu filho, Ícaro. Foram as asas que ele criou para que pudessem fugir do labirinto de Creta.
  • O resultado final não agradou a produção. Manny Coto considerou este um dos piores episódios da temporada final de Enterprise. “Não fiquei satisfeito com o modo como o roteiro ficou ou com a produção final. Foi um episódio fracassado.” Brannon Braga teve a mesma impressão, chamando-o de “meio que um episódio horroroso”. “Tudo de que me lembro é que ficou terrível.”
  • Embora Emory Erickson tenha fracassado em criar um transporte de distâncias interestelares, sabemos que isso é possível no universo de Star Trek. Os sikarianos tinham um trajetor, que permitia viagens instantâneas a dezenas de milhares de anos-luz (“Prime Factors”, da primeira temporada de Voyager). Essa tecnologia foi assimilada pelos borgs e usada por Jean-Luc Picard e Soji em “The Impossible Box”, da primeira temporada de Picard. Também vimos que tecnologia de transporte Dominion poderia levar alguém a até três anos-luz de distância, como visto em “Covenant”, de Deep Space Nine. A Série Clássica também trouxe exemplos de transporte interestelar, em “The Gamesters of Triskelion” e “Assignment: Earth”. E, claro, nos filmes Star Trek (2009) e Além da Escuridão: Star Trek (2013), vimos exemplos de teletransporte transdobra.
  • O tema de cientistas torturados por suas criações foi tema de outros episódios de Star Trek, como “Jetrel”, da primeira temporada de Voyager, e “The Ultimate Computer”, da segunda temporada da Série Clássica.

Ficha Técnica

Escrito por Ken LaZebnik & Michael Bryant
Dirigido por David Straiton

Exibido em 14 de janeiro de 2005

Títulos em português: “Dédalo”

Elenco

Scott Bakula como Jonathan Archer
Jolene Blalock como T’Pol
John Billingsley como Phlox
Anthony Montgomery como Travis Mayweather
Connor Trinneer como Charlie ‘Trip’ Tucker III
Dominic Keating como Malcolm Reed
Linda Park como Hoshi Sato

Elenco convidado

Bill Cobbs como Emory Erickson
Leslie Silva como Danica Erickson
Donovan Knowles como Quinn
Noel Manzano como Burrows

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Edição de Mariana Gamberger
Revisão de Nívea Doria

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