Worf amadurece, ganha papel ativo e pode mudar rumos do Império Klingon
Sinopse
Data estelar: 44246.3
A embaixadora K’Ehleyr, antiga amante meio klingon, meio humana de Worf, chega à Enterprise com duas novidades bombásticas: o líder do Império Klingon, K’mpec, foi envenenado e está às portas da morte, e o garoto que veio junto com ela, Alexander, é filho dela com Worf.
K’mpec espera que Picard o ajude no ritual para selecionar o novo líder, seu sucessor. Após confirmar a suspeita de que um dos concorrentes ao cargo foi o responsável por seu envenenamento, K’mpec confidencia a Picard que ninguém do Conselho Klingon é confiável.
Cabe agora a Picard auxiliar K’mpec e o Império Klingon nesse processo de transição. Na disputa pelo poder, Gowron e Duras. Enquanto pouco se sabe do primeiro, o segundo já é conhecido de longa data, tendo seu pai sido responsável pela ajuda aos romulanos no ataque ao posto klingon em Khitomer. Embora a desonra devesse cair sobre ele, o peso foi todo jogado sobre Worf. Mogh, pai do tenente, acabou sendo implicado. Para proteger o Império, Worf decidiu aceitar a culpa de seu pai, mesmo sabendo que ele era inocente. Como resultado, o Klingon foi banido por seus pares.
Quando K’Ehleyr tenta desvendar a história por trás do banimento de Worf, ela consegue evidências para incriminar Duras. Por essa razão, ele a mata. Em uma busca por vingança, Worf assassina Duras, deixando o caminho livre para que Gowron assuma o comando do Império Klingon.
Comentários
“Reunion” é um episódio muito especial. Além de trazer mais um lampejo sobre os mecanismos políticos internos do Império Klingon, ele é responsável por consolidar Worf como um personagem importante e desenvolto no contexto da série.
Durante as duas primeiras temporadas, Worf em geral não passou de um figurante. Nas vezes em que aparecia, não conseguia romper a barreira do “microcérebro”, apelido dado ao klingon por Q em “Q Who”. O primeiro momento em que o tenente teve a chance de realmente mostrar seu valor enquanto personagem surgiu só no terceiro ano, no episódio “The Enemy”.
Na ocasião, Worf prefere deixar um romulano morrer a doar uma substância em seu sangue que poderia salvar seu inimigo. Foi o primeiro passo para consolidar a cultura klingon como algo antagônico, embora coerente, aos valores da Frota Estelar, e colocar Worf verdadeiramente na posição de uma pessoa dividida entre dois mundos.
Dali para a frente, o personagem passou a crescer, atingindo o ponto alto em “Sins of the Father”, o primeiro capítulo na saga da trajetória de Worf entre seus companheiros klingons, adicionando o ingrediente político. Mas, mesmo lá, o tenente foi muito mais uma vítima das circunstâncias do que uma peça ativa e transformadora da vida do Império Klingon.
“Reunion” é praticamente uma continuação direta de “Sins of the Father”. Mas desta vez, Worf está ativo na história. Podemos no episódio verdadeiramente adentrar a psique do klingon. Sentimos todo o seu sofrimento e sua fúria quando K’Ehleyr é morta, vemos seu comportamento ao buscar vingança contra Duras e passamos a ver Worf no melhor contexto em que ele poderia ser usado, como ponto de ligação entre a tripulação da Enterprise e os klingons.
A história é perfeita. Além de dar uma continuidade ao bom “arco” aberto com o banimento de Worf, ainda apresenta novos elementos, como a ascensão de Gowron à chancelaria e a aparição de Alexander, filho de Worf com K’Ehleyr. Impressiona como o perfil da cultura klingon se mostra desenvolvido e serve como base logicamente coerente para uma trama que, pelos valores federados, seria simplesmente inaceitável.
No plano mais amplo, a evolução política dos klingons seria tema permanente em Jornada nas Estrelas; o próximo ponto de parada aqui é o final do quarto ano, “Redemption”, que entrelaçará o arco klingon aos eventos mostrados em outro clássico da série, “Yesterday’s Enterprise”.
Depois, a situação política dos klingons teria continuidade em Deep Space Nine. De qualquer forma, “Reunion” foi a semente que consolidou Worf como um personagem não só desenvolto como extremamente importante para o desenrolar dos eventos no universo de Jornada nas Estrelas.
Avaliação
Citações
“‘All for the glory of the Klingon Empire’… that should be my epitaph.”
(‘Tudo pela glória do Império Klingon’… esse deve ser meu epitáfio.)
K’mpec
Trivia
- “Reunion” é o primeiro crédito de escrita de Brannon Braga em Star Trek. Também é a primeira parceria dele com Ronald D. Moore, que geraria ainda muitos episódios de A Nova Geração e dois filmes com o elenco da série. Os dois eram os mais jovens escritores da série então.
- Michael Piller foi o responsável pela escolha controversa de matar K’Ehleyr. “Eu matei K’Ehleyr. A ideia original era sobre o filho de Worf e trazer K’Ehleyr de volta, que estaria tendo um relacionamento com Duras. Mas quando começamos a falar sobre como fazer a história funcionar, fui eu quem disse que ela deveria morrer… você queria chegar um lugar onde Worf fosse quebrar o Duras no meio, e não há motivo real para ele fazer isso a não ser que ela morra… ele fez por merecer.”
- Ron Moore completou: “Nós amamos Suzie [Plakson] e aquela personagem, mas funcionou porque você se importava com ela e fizemos um esforço para não matá-la caprichosamente e sem razão, apenas para tirá-la da série para que Worf não tivesse de lidar com ela. Eu tenho colegas na série e eles ficaram irritados. Levou o personagem do Worf em uma direção diferente, que é meio o que fizemos com ‘Sins’. Qualquer um que vê esse episódio fica tocado e revoltado pela morte de K’Ehleyr. Você fica louco e tem a mesma necessidade de vingança que Worf tem.”
- O episódio final do quarto ano de A Nova Geração, “Redemption”, é uma continuação direta deste episódio.
- Charles Cooper, que aqui interpreta K’mpec, também interpretou o embaixador klingon no filme para cinema Jornada nas Estrelas V: A Última Fronteira.
- Aqui temos a estreia de um dos mais famosos klingons de Jornada nas Estrelas: Gowron. Além de participar de A Nova Geração, o personagem ainda é visto na série Deep Space Nine. Assim como os demais atores que interpretam klingons neste episódio, Robert O’Reilly (Gowron) é conhecido do público de A Nova Geração, afinal, o ator já havia participado do episódio “Manhunt”.
- Michael Rider, que interpreta aqui um oficial de segurança anônimo, foi visto como chefe de teletransporte em muitos episódios, antes que O’Brien assumisse o cargo.
- Até agora, em A Nova Geração as naves klingons utilizadas eram as mesmas dos filmes de cinema. Porém, neste episódio temos a estreia de uma nova nave klingon, o cruzador de ataque classe Vor’cha. Com o comprimento aproximado de três quartos da Enterprise-D, a nave reflete a era pós-aliança com a Federação, graças a suas naceles de dobra ao estilo da Frota.
- Este é um episódio dirigido por Jonathan Frakes, que ficou feliz. “Rick me jogava bons episódios. Três pessoas foram mortas, havia assassinato e vingança. Tive sorte. Suzie foi ótima. Muitas pessoas lamentaram que ela morreu. É uma personagem que as pessoas amavam ou odiavam porque ela era tão grande e desavergonhada em sua atuação. Eu adorei.”
- Neste episódio, Alexander Rozhenko é vivido por Jon Steuer. No resto da série, ele seria vivido por Brian Bonsall.
Ficha Técnica
História de Drew Deighan e Thomas Perry & Jo Perry
Roteiro de Thomas Perry & Jo Perry e Ronald D. Moore & Brannon Braga
Dirigido por Jonathan Frakes
Exibido em 5 de novembro de 1990
Título em português: “Reencontro”
Elenco
Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Marina Sirtis como Deanna Troi
Gates McFadden como Beverly Crusher
Wil Wheaton como Wesley Crusher
Elenco convidado
Suzie Plakson como K’Ehleyr
Robert O’Reilly como Gowron
Patrick Massett como Duras
Charles Cooper como K’mpec
Jon Steuer como Alexander
Michael Rider como segurança
April Grace como técnico do transporte
Basil Wallace como guarda klingon 1
Mirron E. Willis como guarda klingon 2
Enquete
Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria