TNG 4×06: Legacy

História relembra Tasha Yar por meio de sua irmã e põe em pauta a lealdade

Sinopse

Data estelar: 44215.2

A tripulação da Enterprise responde a um pedido de socorro de um cargueiro da Federação avariado que está orbitando o planeta Turkana IV, local de nascimento da falecida tenente Tasha Yar.

O cargueiro explode, mas Data descobre um módulo de fuga que vai em direção ao planeta. Picard despacha um grupo avançado para salvar os membros da tripulação acidentada. Ao alcançar o subsolo do planeta, onde a colônia está instalada, Riker e sua equipe encontram Hayne, líder da Coalizão – uma das duas facções de guerrilheiros do planeta (a outra é a “Aliança”). Quando Data revela que um tripulante anterior da Enterprise nasceu em Turkana IV, Hayne oferece ajudar na procura pelos acidentados capturados pelos rivais, com ajuda de um dos camaradas dele, Ishara Yar – a irmã de Tasha.

Ishara conquista facilmente a tripulação da Enterprise, em particular Data, e consegue apoio para se infiltrar no coração da base da Aliança, sob pretexto de ajudar no resgate. De lá ela tenta desarmar as defesas inimigas de sua facção, mas é impedida por Data e Riker. No fim, apesar de Ishara ter atacado oficiais da Frota, Picard permite que ela volte para seu povo, sem ir a julgamento. E Data fica se perguntando sobre o que significa se sentir traído.

Comentários

“Legacy” é mais um episódio que traz elementos apresentados durante a primeira temporada da série. Mas neste caso não há o retorno efetivo de um personagem, mas apenas uma fantasmagórica presença em torno de outra pessoa. Ter Ishara Yar na Enterprise torna obrigatório nos lembrarmos de Tasha, a oficial de segurança da nave durante o primeiro ano da série.

Se a personagem interpretada por Denise Crosby não deixa muitas saudades, o mesmo não se pode dizer entre os tripulantes da Enterprise. Mais do que nunca, vemos o quanto Tasha faz falta a Worf, Picard, Riker e, especialmente, Data.

E o androide é a ponte ideal para que a história se desenvolva. A “esperteza” de Ishara para conquistar a simpatia e a confiança da tripulação sobe exponencialmente em Data, que, além de já ver as coisas sob uma perspectiva ingênua, guarda mais do que todos um afeto (embora ele se diga incapaz de sentimentos) por Tasha.

O episódio trabalha sobre a premissa “diga-me com quem andas e eu te direi quem és”. Ishara, mostrando ao longo do episódio uma raiva contida por sua irmã – a quem chamou até de covarde –, dificilmente mudaria tão rapidamente de ideia.

Tendo como colegas os líderes da “Coalizão”, ela provavelmente estaria já muito envolvida com a causa para poder se desligar dela. Infelizmente, Data não sabe que o conceito “diga-me quem é sua irmã e eu te direi quem és” não passa de balela. “Legacy” acerta ao mostrar que, embora seja essa uma premissa falsa, em geral é inevitável pensar dessa maneira, projetando a pessoa conhecida na visitante. Principalmente quando se trata de um parente de uma pessoa querida e perdida. A saudade e a empatia falam mais alto que a razão.

É interessante também o diálogo final entre Data e Riker, que define muito bem a questão da confiança. Confiar é sempre importante, mas igualmente arriscado.

A despeito de todas as boas intenções e da premissa afiada, acaba que temos um episódio arrastado. Não chega a ser ruim; apenas esquecível. No aspecto técnico da produção, merecem destaque as tomadas em que a câmera acompanha os movimentos do grupo avançado e de Ishara Yar pelos corredores da base da Aliança. Além de contribuir para o andamento da trama, elas têm interessante valor estético.

Avaliação

Citações

“I don’t want to kill you, Data… but I will.”
(Não quero matá-lo, Data… mas matarei.)
Ishara Yar

Trivia

  • Este é o primeiro episódio escrito por Joe Menosky. Ele lembrou que o episódio nasceu em uma sessão de ideias com Michael Piller. “Michael não gostou das minhas ideias, mas gostou do meu background, então ele propôs uma ideia para mim. Essa história virou ‘Legacy’. Mas, com base naquele roteiro, fui contratado para a equipe.” Menosky seria uma figura importante em Star Trek, colaborando episódios para A Nova Geração, Deep Space Nine, Voyager e Discovery.
  • O episódio tinha a pretensão de fazer uma alegoria sobre guerras de gangues.
  • O diretor Robert Scheerer assistiu aos episódios com Tasha Yar antes de filmar. Foi ele quem sugeriu Beth Toussaint para o papel de Ishara Yar, tendo trabalhado com a atriz em um episódio de Matlock.
  • Os cenários do complexo subterrâneo de Turkana IV foram feitos redecorando os sets dos interiores da nave borg.
  • Wil Wheaton não aparece neste episódio.
  • A nave estelar USS Potemkin, a última a ter contato com Turkana IV antes da chegada da Enterprise, foi uma das naves que Riker, então como tenente, serviu antes de ser o primeiro oficial de Picard.
  • Este é o episódio de número 80 (contando o piloto como dois) de A Nova Geração, assim superando a Série Clássica, que teve 79 episódios. Porém, se considerarmos uma contagem que incluísse “The Cage” e tratasse “The Menagerie” como dois, a série original teria 80, e aí o próximo episódio (“Reunion”) é que seria o responsável pela quebra da marca. Alheios a tudo isso, ao final das filmagens de “Legacy”, o elenco e equipe de A Nova Geração fizeram uma festa comemorativa.
  • Há algumas piadas internas que fazem referência à quebra do recorde. Picard, por exemplo, diz que a Enterprise acabou de descartar uma missão arqueológica em Camus II. O último episódio da Série Clássica, “Turnabout Intruder”, se passa justamente em Camus II. A nave Potemkin também havia sido mencionada no episódio final da série original. As piadas foram uma ideia de Jonathan Frakes, Rick Berman e o coordenador de roteiros Eric Stillwell.
  • Michael Piller comentou o resultado final: “Foi um bom episódio por causa da performance da garota e a relação entre ela e Data. Não há nada tão tocante quanto ver a traição de um inocente, como Data é. Fiquei muito feliz com esse episódio, mas ele não me marcou. É um episódio que tem grande valor de entretenimento, mas não se firma como um de que eu sempre vou me lembrar.”
  • Joe Menosky também deu seu pitaco: “O prazer de Data foi andar na linha entre androide e humano, e dar pistas de momentos quando uma humanidade verdadeira profundamente vulnerável se insinua sob a máquina. Humanidade verdadeira? Ou só nossa imaginação? Essa era a linha. Em ‘Legacy’, aquele momento veio com a expressão na cara do Brent no último segundo antes de cortarmos. Foi maravilhoso.”
  • O diretor Robert Scheerer também curtiu: “Esse é o que nós fomos para a cidade subterrânea. Aquele set era ótimo, realmente empolgante. [O designer de produção] Richard James fez um trabalho maravilhoso com ele; havia muitas viradas e curvas, e fizemos muito trabalho de mão [com a câmera], correndo atrás e explodindo portas. Foi divertido. Eu tive de voltar e ver os episódios com ela [Tasha Yar], porque eu nem conhecia a personagem. Assim que vi de quem estávamos falando, eu soube como lidar com isso, e com ela.”

Ficha Técnica

Escrito por Joe Menosky
Dirigido por Robert Scheerer

Exibido em 29 de outubro de 1990

Título em português: “Legado”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Marina Sirtis como Deanna Troi
Gates McFadden como Beverly Crusher

Elenco convidado

Beth Toussaint como Ishara Yar
Don Mirault como Hayne
Colm Meaney como Miles O’Brien
Vladimir Velasco como Tan Tsu
Christopher Michael como homem 1

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

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