John de Lancie concedeu uma entrevista coletiva para falar sobre o seu retorno ao papel de Q na segunda temporada de Star Trek: Picard, que estreia semana que vem. O ator ofereceu alguns insights sobre o que mudou e o que o motiva para encontrar Picard novamente.
Inicialmente comentou a respeito de sua volta para a franquia fazendo o mesmo personagem de A Nova Geração.
Quando eu fui para a Paramount para conversar com o co-showrunner Terry Matalas… De uma forma meio humorada, eu disse: “Você não vai me colocar de volta naquelas calças de novo, vai?” E ele disse: “Não, não”. Então continuei: “Ok, estou disposto a ouvir um pouco mais agora”. [risos] Ele realmente queria que eu entendesse que não pretendiam passar por cima do velho Q. E isso foi particularmente bom para mim, porque sou relutante… há perigos reais em tentar recriar. Eu estive em algumas séries que eram recriações de séries de muito sucesso no passado, e isso é o que às vezes eles tentam fazer e sempre foi desastroso.
Então, saber que começaríamos de hoje e seguir em frente foi revigorante para mim… Há uma parte de mim que está um pouco preocupada que o público vá dizer: ‘Será o Q das antigas?’. E seria meio impróprio para mim ficar pulando com uma banda de mariachi. Então, este é um novo Q… não um novo Q, é apenas que a situação é diferente. As apostas são mais altas. O que eu preciso que Picard passe agora realmente me afeta. Então, minhas apostas também são maiores. É um olhar diferente. No entanto, se você considerar isso, ouso dizer que é um diamante, e você está cortando diferentes facetas, é apenas mais uma faceta. E, e eu acho interessante.
Pelo mostrado no trailer, temos um Q mais sombrio e não inclinado à brincadeira. De Lancie confirma estar tecendo este lado mais raivoso e construindo outras camadas em seu personagem.
Há uma delícia nisso. E há o desejo de um ator que está trabalhando com outra pessoa, e que você está tentando realizar isso e também tentando trazer um pouco desse lado. Você não está esquecendo o que fez, você está apenas tentando trazer um pouco disso. Então, espero que ainda haja um pouco desse tipo de brilho. Então, sim, sou louco, mau e perigoso de você conhecer. Mas desta vez, eu nem tenho tempo para brincar muito. [estala os dedos ritmicamente] O tempo é essencial. Isso é o que você está recebendo neste show agora, pelo menos para mim. Algo tipo, ‘Temos que fazer isso, e temos que fazer agora, e você, em particular, tem que fazer isso agora, porque você não tem muito tempo, velho. Você não tem muito tempo’.
Nesta temporada, Q diz a Picard que ele terá que olhar para os caminhos não traçados e refletir sobre as escolhas que poderia ter feito de maneira diferente. Para De Lancie isso, na verdade, é um olhar para trás de Q também e para refletir sobre as decisões que tomou.
Sim, sim… É por isso que estou dizendo que não sou eu que estou fazendo isso como o mestre de marionetes afetando o boneco. Eu também sou afetado por isso. O personagem também é afetado por isso. E é por isso que há uma urgência em tudo.
Sobre a obsessão de Q pela humanidade, o ator explica porque este desejo de continuar testando-os e manipulando-os e se envolvendo em suas vidas.
Talvez seja um desejo de minha parte de que todos vocês sejam melhores; apenas para ser mais humano, melhor do que você foi no passado. Em A Nova Geração, no episódio piloto “Encounter at Farpoint” eu digo: “Por que você merece estar aqui?” É aquele professor com quem você tem uma espécie de relação de ódio e amor, mas que te faz melhor, te desafia mais. Eu acho que isso é um componente neste personagem e na relação e dinâmica que tenho com Picard, e também com o resto do elenco.
Q apareceu em várias séries de Star Trek, não apenas A Nova Geração, mas também Deep Space Nine e Voyager. De Lancie explica que em Picard há um espírito semelhante, mas que também trata de questões especiais.
Bem, tem um espírito Star Trek, o que quer dizer que é sobre algo. É um show mais sombrio. E certamente, a maneira como estou interpretando o personagem agora é muito menos extravagante. Seria meio impróprio nessa idade tentar recriar o que foi feito há vinte e tantos anos, e os escritores não queriam isso – muito especificamente, não queriam isso. Então, como atores, o que mais procuramos é: O que a cena significa? Isso significa algo? Para o que estamos caminhando? E, nesse aspecto, as melhores séries de Star Trek, que fiz no passado, sempre foram sobre grandes questões filosóficas, o que também é o caso aqui de Picard.
O ator comenta de que forma se sentiu ao fechar o círculo do personagem em Picard. Mas seria mesmo esse o fim de fato?
Bem, é sempre a última vez. Toda vez que eu terminava a série, era a última vez. Quando terminei “Encounter at Farpoint”, foi a última vez. Estou feliz que eu tenha outra tentativa. Eu terminei uma cena não muito tempo atrás que foi muito satisfatória. Há uma sensação de continuação. Há uma sensação de, ouso dizer, um continuum para tudo isso, com o qual estou me tornando mais confortável e percebendo que posso colocar uma certa quantidade de energia e que o público possa pegar isso e continuar, e ainda crescer mais e mais.
Eu sei, tudo isso está começando a soar um pouco fantasioso, mas interpretar esse papel, de certa forma, se torna um pouco maior do que você. Ele só se torna maior do que você. Eu faço minha pequena parte e então tenho tantas pessoas que parecem estar interessadas que adicionem suas partes a isso. E não do ponto de vista da equipe, do elenco, quero dizer, do ponto de vista de quem assiste e ouve. Elas adicionam um pouco de si a esse personagem. Então, é maravilhoso.
A segunda temporada de Picard irá ao ar neste dia 03 de março no Paramount+ nos EUA, e no Brasil passará um dia depois, dia 04 de março pelo Amazon Prime.
Fonte: TrekMovie