Episódio frenético, mas fortemente telegrafado, encerra o arco xindi
Sinopse
Data: 14 de fevereiro de 2154
Enquanto viajam para interceptar as forças xindis de Dolim, Archer e o seu grupo trabalham em um plano para destruírem a arma através de uma sobrecarga nos sistemas energéticos dela. A atenção de Archer a seu plano é temporariamente desviada quando Daniels, o agente temporal envolvido na assim chamada Guerra Fria Temporal, novamente lhe paga uma visita. Dessa vez, Archer se encontra com ele em um grande hall, onde o agente temporal explica que é a cerimônia de formalização da Federação de Planetas Unidos, uma aliança na qual a participação de Archer será fundamental para se tornar realidade. Considerando isso, ele pede para Archer não se arriscar na missão à frente e enviar outro operativo seu no lugar, uma vez que a sobrevivência dele é crucial para os eventos futuros. Archer, contudo, não se mostra disposto a colaborar com Daniels e se mantém fiel ao plano original.
Enquanto avançam contra a Esfera 41 dos construtores, Phlox nota que as contramedidas que estes colocaram em torno do espaço ao redor da esfera será fatal para a tripulação, mas ele pode providenciar uma enzima que lhes garantirá aproximadamente 15 minutos. Trip providencia que o disco defletor emita um pulso energético de modo a desabilitar a esfera, mas o plano do engenheiro começa a sofrer a interferência de vários dos construtores das esferas, que invadem a engenharia, enquanto os MACOs atacam os intrusos, seguindo instruções de Phlox sobre como podem afetar a fisiologia dos invasores. Trip consegue manter o pulso o bastante para a Esfera 41 ser destruída, o que gera uma reação em cadeia que faz com que todo o sistema de esferas mantendo a Expansão Délfica entre em colapso, levando consigo os demais seres intradimensionais que ainda estavam na Enterprise.
Uma inesperada ajuda chega para Archer, quando ele estava prestes a interceptar a nave de Dolim: forças andorianas sob o comando de Shran se juntam à batalha e atacam a nave réptil, servindo de boa cobertura para Archer manter sua atenção na arma, a qual o grupo então pode abordar. Os MACOs oferecem cobertura de fogo necessária para Hoshi e Archer providenciarem sua sabotagem nos sistemas da arma. Uma vez terminado o serviço, Archer providencia para o retorno do time para a nave de Degra. Contudo, Dolim pessoalmente encontra Archer, e ambos começam uma luta a bordo da arma, mas o capitão da Enterprise consegue sobrepujar o adversário. A arma finalmente começa a entrar em colapso e se destrói completamente, mas não há garantias que Archer tenha conseguido escapar a tempo. A Enterprise se encontra com a nave de Degra e informa que o sistema de esferas na Expansão Délfica foi destruído, e os xindis estão se recompondo politicamente após todos esses eventos. Todos ali, contudo, tem que considerar que aparentemente Archer tombou na luta.
Retornando à Terra, a Enterprise tem que investigar qual seria a razão de a Frota Estelar não estar respondendo aos chamados da nave. Tucker lidera uma cápsula auxiliar em direção a São Francisco para investigar, mas a nave é interceptada por um grupamento de caças americanos P-51D Mustang da Segunda Guerra Mundial, enquanto, por sua vez, um ferido Archer surge prisioneiro de um grupo de oficiais alemães, dentre os quais um deles claramente não é humano, mas sim um alien de espécie desconhecida.
Comentários
“Zero Hour” é um episódio de ação. Enquanto tal, ele cumpre seu papel, solucionando a contento o longo arco da ameaça xindi. Mas faltam os toques de brilhantismo que poderiam ter transformado a conclusão dessa aventura num clássico da franquia.
O andamento da história já está configurado desde o episódio anterior. Desde o início, o enredo se desenrola em duas frentes. Numa delas, Archer, na nave de Degra, tenta impedir os reptilianos de lançarem sua arma contra a Terra. Na outra, a Enterprise precisa destruir as esferas e pôr um fim na Expansão Délfica. As duas andam lado a lado ao longo do episódio, e o ritmo impresso a cada uma dessas histórias é adequado. Cria-se bem o efeito da “corrida contra o relógio”, que era a principal intenção dos roteiristas aqui.
Nos detalhes, no entanto, tem muita coisa que não cola. A “sabotagem” que Archer precisa fazer para desativar a arma xindi não parece muito convincente, se alguém para para pensar nela. É uma versão high-tech da famosa cena em que é preciso cortar o fio certo numa bomba. Mas não cola — esse negócio de ficar desatarraxando lâmpadas e virando de cabeça para baixo não parece particularmente sofisticado, e a premissa toda lembra um pouco aquelas dos planos infalíveis dos inimigos do Batman na velha série de televisão dos anos 1960, em que sempre há uma margem, deixada de propósito pelo bandido, para que o homem-morcego pudesse escapar.
De novo, numa primeira assistida, esse detalhe não é suficiente para estragar a experiência. O mais importante aqui é o ritmo, que funciona. E a conclusão da sequência é boa, com a cena do embate final entre o general reptiliano e Archer. A forma como o humano vence a luta, prendendo uma bomba nas costas de seu adversário excessivamente paramentado, é perfeita. Scott Bakula faz uma expressão indescritível ao pressionar o botão do controle remoto na frente de seu algoz. É o tipo de cena que só funcionou porque o ator teve qualidade para interpretá-la. Mas funcionou, isso é o que importa.
Do outro lado, a Enterprise vai se aproximando de uma esfera, enquanto estabelece um meio de destruí-la e, com isso, iniciar uma reação em cadeia que destruirá toda a rede. Aqui, o ritmo também é excelente (talvez ainda melhor do que na outra frente do episódio), mas o enredo não resiste a um escrutínio maior. Desde o começo da temporada, temos visto como a NX-01 é vulnerável às distorções da Expansão Délfica. Agora, é surpreendente que ela consiga atravessar essas mesmas distorções, intensificadas pelos construtores das esferas, a ponto de destruir uma das esferas com um disparo prolongado do refletor. Relembrando a temporada inteira, não soa muito convincente.
Além disso, o telespectador pode se perguntar por que os construtores demoraram tanto a interferir com a NX-01, se podiam ter feito isso em outras ocasiões, com muito mais sucesso e tempo hábil para acabar com a missão de Archer e Cia.
Apesar desses problemas, o que conta é a diversão, e os efeitos especiais garantem que a sequência da destruição das esferas seja tão espetacular quanto deveria ser.
Os personagens ficam totalmente à margem da ação, com apenas toques periféricos. Trip e T’Pol revelam mais lances do aprofundamento de sua intimidade, Phlox demonstra prazer ao redigir seu testamento, e Hoshi tem uma chance de mostrar todo o seu sentimento de culpa e confusão por ter ajudado os reptilianos a tomar o controle da arma.
Uma boa surpresa é a aparição de Shran, ajudando Archer na “hora H”. Também soa um pouco conveniente demais, mas é sempre bom ter Jeffrey Combs em maquiagem azul para mais um episódio.
Outro pequeno detalhe incômodo (talvez o maior defeito de ritmo em todo o episódio): por que diabos leva mais tempo para acionar a arma xindi com três códigos, em vez de cinco? Não faz o menor sentido… E o que irrita mais é que esse detalhe podia muito bem ter ficado de fora, sem prejuízo do enredo.
No final, como era de se prever, tudo dá certo, a arma é destruída, as esferas, idem, e a NX-01 está pronta para voltar para casa… sem seu capitão. Archer morreu? Num primeiro momento, até parece que sim. Mas terminamos o episódio em choque! A Enterprise é recebida por aviões da velha Força Aérea dos Estados Unidos, e o capitão foi parar num campo de prisioneiros comandado por alemães nazistas, apoiados por um misterioso alienígena de uma raça desconhecida. Que diabos? Lembra o final de Planeta dos Macacos, o novo, de Tim Burton — o que não necessariamente é algo ruim.
As respostas para o mistério, no entanto, ficaram para o início da quarta temporada.
Avaliação
Citações
“Without humanity there will be no one to combat these Sphere Builders and their space will continue encompasing one system after another until it consumes even Vulcan.”
(Sem a humanidade, não haveria ninguém para combater esses construtores das esferas, e o espaço deles iria continuar expandindo para um sistema depois do outro até que iria consumir até mesmo Vulcano.)
T’Pol
“I have no plans of dying on that weapon.”
(Eu não tenho nenhum plano de morrer naquela arma.)
Archer
“It’s a shame. All that water. The Aquatics would feel at home here.”
(É uma pena. Toda essa água. Os aquáticos se sentiriam em casa aqui.)
Dolim
“Remember, no heroics. Just get us in and then cover your ass.”
(Lembre-se, nada de heroísmos. Apenas nos coloque lá e então salve o seu rabo.)
Archer
“Lets fight back! Bring the forward cannons online… And tell Archer we’re not even anymore! He owes me!”
(Vamos lutar! Coloque os canhões dianteiros em prontidão… e diga a Archer que não estamos mais quites! Agora ele me deve!)
Shran
Trivia
- De acordo com o produtor-executivo Rick Berman, o episódio inclui o setup de um miniarco que virá a ser a abertura da quarta temporada de Enterprise.
- O episódio contou com uma participação de extras em papéis de walk-in, no caso, um vencedor de um concurso de uma rádio de Seattle e um DJ.
Ficha Técnica
Escrito por Rick Berman e Brannon Braga
Dirigido por Allan Kroeker
Exibido em 26 de maio de 2004
Títulos em português: “Hora Zero”
Elenco
Scott Bakula como Jonathan Archer
Jolene Blalock como T’Pol
John Billingsley como Phlox
Anthony Montgomery como Travis Mayweather
Connor Trinneer como Charlie ‘Trip’ Tucker III
Dominic Keating como Malcolm Reed
Linda Park como Hoshi Sato
Elenco convidado
Scott MacDonald como comandante reptiliano
Rick Worthy como xindi-arbóreo
Tucker Smallwood como xindi-humanoide
Josette DiCarlo como construtora da esfera
Bruce Thomas como soldado reptiliano
Andrew Borba como tenente reptiliano
Matt Winston como Daniels
Mary Mara como construtora da esfera
Ruth Williamson como líder dos construtores da esfera
Jeffrey Combs como Shran
Gunter Ziegler como doutor
J. Paul Boehmer como oficial
Zachary Krebs como andoriano
Enquete
Edição de Mariana Gamberger
Revisão de Nívea Doria