Com jeitão de Série Clássica, episódio aprofunda um pouco mais seus personagens
Sinopse
Data estelar: Desconhecida
Dal está fazendo o diário do capitão, conforme recomendação de Janeway. Embora não faça ideia da data estelar, ele conta como o holograma tem ensinado a eles como pilotar a nave, as maravilhas do piloto automático, como traçar um curso e como identificar e evitar problemas no meio do caminho. Nesse meio tempo, um alarme toca e todos vão para a ponte achando que existe algum problema iminente.
Logo eles descobrem que não se trata de uma emergência, mas sim de uma oportunidade de exploração. Um planeta classe M desconhecido no sistema Hirogen apareceu nos sensores. Eles mostram que o planeta é rico em um tipo de vegetal, mas não possui forma de vida senciente. Janeway aproveita para explicar o que é um planeta classe M e o protocolo da Federação quanto à exploração de novos mundos. A princípio Dal não quer explorar, ao contrário de todos os outros tripulantes, mas Janeway ameaça avisar a Frota Estelar da quebra de protocolo. Dal acaba concordando com a missão e todos ficam animados.
Zero pousa a Protostar no planeta. Rok e Dal asseguram que Gwyn esteja segura na cela, enquanto eles estarão fora. Antes de saírem, Janeway entrega tricorders e feisers para todos e explica para que servem. E por fim apresenta o Runaway, o carro de propulsão iônica acelerada, chassi de tritanium e alça de apoio para segurar as nádegas, o item preferido da Janeway. Ela explica que infelizmente não poderá ir com eles, pois seu programa só funciona dentro da nave. Mas procura dar um último conselho, para que cuidem uns dos outros — só que eles já tinham saído apressadamente sem ouvir o que ela tinha para falar.
Enquanto Zero, Rok-Tahk e Jankom Pog admiram a paisagem, Dal pega o Runaway e sai a toda velocidade sem levar ninguém consigo. Apesar dos protestos, os três começam a andar e cada um segue um caminho.
Em sua cela, Gwyn tenta conversar com Murf e, apesar de não haver diálogo, ela acredita que ele possa ser mais inteligente do que aparenta. Quando Murf desaparece, Gwyn consegue se comunicar telepaticamente com a sua arma, que caminha pela nave até chegar no painel da cela onde Gwyn está, desabilitando a mesma. Gwyn rapidamente vai até a ponte e consegue tomar o controle da Protostar, apesar dos protestos de Janeway. Ela ainda tenta avisar Dal, mas ele não está perto do comunicador. Gwyn consegue mandar uma mensagem ao pai, dizendo que tem o controle da nave e a sua localização.
Jankom, vagando pelo planeta, começa a sentir um cheiro de comida telarita, o que o leva até uma cabana. Lá ele encontra um caldeirão com um guisado que lembra o que ele comia na nave telarita adormecida. Já Rok-Tahk encontra uns bichinhos fofos que pulam em cima dela, enquanto ela gargalha de felicidade.
Zero encontra uma parte do misterioso motor não identificado da Protostar e começa analisá-lo com seu tricorder. Enquanto isso, Dal vê ao longe um casal que parece ser da mesma raça que ele, imaginando que pudessem ser seus pais. Nisso Janeway aparece para conversar com ele, mas Dal saca que não pode ser ela, já que o holograma disse que não poderia sair da nave. Janeway acaba se transformando no que parece ser um emaranhado de raízes, que começa a perseguir Dal. Ele imediatamente corre para o Runaway e parte em direção à nave.
Na Protostar, Gwyn inicia os preparativos para ir embora com a nave, e Janeway a adverte que um oficial da Frota nunca abandona a sua tripulação. Dal, em seu retorno à Protostar, passa por onde estão Zero, Rok e Jankom e resgata um a um, libertando-os do que parecia ser um sonho. Apesar das tentativas, Gwyn não consegue sair do lugar porque raízes estão prendendo o trem de pouso e mantendo a nave suspensa a poucos metros do solo. Gwyn consegue cortar as raízes, mas quando estava para voltar à nave, o Adivinho aparece. Ela parece confusa a princípio em como ele pode ter chegado tão rápido, e logo percebe que ele não é o seu pai de verdade.
Dal tenta se comunicar com Janeway pedindo que ela prepare a nave para decolar e que eles vão chegar a toda. Mas ao longe eles já veem a Protostar levantando voo. Apesar de Gwyn ter cortado as raízes, elas rapidamente começaram a crescer de novo, se enrolando nas naceles, a ponto de se infiltrarem dentro da nave. Janeway informa que os sistemas se encontram em estado crítico e que ela tem que abandonar a nave. Apesar de protestar, Gwyn corre para a nave auxiliar e consegue sair a tempo, sem antes salvar Murf, levando-o consigo. Dal e companhia chegam no momento em que a nave auxiliar pousa e a Protostar desaparece atrás do que parece ser um precipício. Dal acusa Gwyn de ter prendido a todos no planeta.
Comentários
O terceiro episódio de Prodigy pode parecer um episódio padrão de Jornada nas Estrelas, e em um certo nível é mesmo, afinal não há novidade em um uma nave da Federação realizando algum tipo de exploração em um paradisíaco planeta classe M, exploração que sempre acaba se tornando um grande problema que precisa ser resolvido. Até aí nada de novo. A novidade, óbvio, é que um grupo de garotos fugitivos sem nenhuma experiência aumenta exponencialmente o potencial de encrencas.
Uma parada para exploração de um planeta desabitado enquanto se tenta chegar em casa é algo que já foi visto antes na franquia, com muitas ressalvas. Um detalhe interessante que certamente causaria reclamação, mas que aqui é facilmente resolvido pelo simples fato de que Holo Janeway, por ser um programa de computador, obviamente precisa cumprir os tais protocolos da Frota Estelar.
É claro que Dal foi muito facilmente convencido, e a desculpa da ameaça de ser reportado ao comando da Frota Estelar não deveria ter importância alguma para ele. De toda forma, é possível colocar isso na pouca experiência do menino e conviver com isso sem grandes traumas. E, diferente de Dal, os demais se mostram ávidos para deixar a Protostar, cada um por seus motivos, algo que também faz sentido para um grupo de pessoas que queria apenas fugir do cativeiro.
A grande sacada aqui é não só mostrar como o despreparo pode tornar esses perigos ainda mais mortais, mas usar o planeta assimilador como uma forma de nos contar um pouco mais sobre cada um dos personagens sem usar algum tipo de diálogo expositivo pouco criativo.
Aprendemos sobre o desejo de Dal de encontrar seus pais, sobre a solidão de Rok-Tahk e sua necessidade de aceitação, sobre a saudade que Jankom Pog tem de seu lar, e entendemos a imensa curiosidade de Zero e o desejo que Gwyn tem de ser amada por seu pai. Todos esses sentimentos humanos são inerentes ao perfil dos personagens principais da série, e certamente são sentimentos com os quais muitos adolescentes se identificam em maior ou menor grau, algo que tem o potencial para criar uma ponte entre Prodigy e seu pretendido público alvo.
Mas, de certa forma, boa parte do que vemos, principalmente sobre Dal e Rok-Tahk, não é exatamente novo — eram questões dedutíveis que foram aprofundas um pouco mais. Desta vez o destaque fica para Gwyn. Aqui aprendemos que, além do dom da paciência, ela também é muito bem preparada e de muitos recursos. Certamente ela é a mais bem preparada de todos, algo que deve ter algum desenvolvimento no futuro na forma como ela irá se relacionar com os demais passageiros da Protostar.
Mais do que isso, Gwyn não só parece estar no centro do plano do Adivinho como até o momento tem sido a personagem com mais camadas até aqui. E se ela estava pronta para deixar todos no planeta e ir embora, levando a nave para seu pai, também coloca tudo em risco para salvar Murf, entre tantas outras situações que colocaram a personagem em destaque, e dramaticamente é a personagem que parece ter mais a oferecer até o momento.
Mas o roteiro usa de algumas conveniências para funcionar, como, por exemplo, a ausência do teletransporte, algo que foi sequer citado antes de decidir pela complicada e perigosa decisão de pousar a nave (algo pouco convencional) em um planeta desconhecido. Um iniciado em Jornada certamente dirá que o tal campo de Thorons citado pela Holo Janeway impediria o uso do transporte, e um não iniciado não sentiria falta alguma disso.
O fato era que o segmento precisava prender a todos no planeta, o que certamente terá um desenvolvimento à frente, e para isso alguém “escolheu” não usar o teletransporte ou uma nave auxiliar. Arriscar descer a nave é algo que fica “cool” na tela, mas que não pode passar sem uma observação.
A forma como Gwyn conhece tanto a respeito da nave também precisa de suspensão de descrença. Como o Adivinho sabia tanto a respeito da nave, que tem tecnologias bastante avançadas mesmo comparando com as demais séries de Jornada? Esperemos que isso seja respondido mais à frente, senão será algo no mínimo estranho.
No mais, “Dream Catcher” é um segmento que tem uma certa cara de Série Clássica, com seus perigosos planetas quase semanais, obviamente mais bem elaborados. Funciona num nível mais elementar, como uma simples aventura em que os personagens precisam se livrar de alguns percalços bastante perigosos, o que pode prender a atenção de um público mais infantil, mas que oferece um aprofundamento um pouco maior na persona de cada um dos personagens.
Avaliação
Citações
“Whatever happened to “under different circumstances, we could’ve been friends”?”
“I’ll bring you back a souvenir.”
(O que teria acontecido com “em circunstâncias diferentes, poderíamos ter sido amigos”?)
(Eu te trago uma lembrança quando voltar.)
Gwyn e Dal
“Fascinating.”
(Fascinante. )
Zero
“You’re not scared. You wanna play, don’t you?”
(Você não está com medo. Você quer brincar, não é?)
Rok-Tahk
“Why was Jankom rescued last?”
(Por que Jankom foi resgatado por último?)
Jankom Pog
Trivia
- Foi no episódio “Strange New World” de Enterprise que a designação “Classe M” para planetas adequados à forma de vida foi identificada com uma classificação vulcana. Nesse episódio descobrimos que o “M” significa Minshara.
- Foi no episódio “The 37’s”, da segunda temporada de Voyager, a primeira vez na história de Star Trek que uma nave da Federação pousou em um planeta e retornou ao espaço.
- A primeira aparição de um veículo de terra em Star Trek foi em Nemesis, o Jipe Argo, que na ocasião foi dirigido por Picard enquanto recuperavam as peças de B4.
- Esse episódio guarda alguma semelhança com o “Bliss”, da quinta temporada de Voyager, em que a tripulação encontra uma entidade que faz com que todos acreditem ser uma passagem para o quadrante Delta, quando na verdade se tratava de um ser capaz de enganar telepaticamente a todos enquanto atraía a nave para uma armadilha.
- Dreamcatcher é o título de um filme de terror com roteiro de Stephen King em que quatro garotos ganham estranhos poderes que lhes conferem uma ligação telepática. Durante uma tempestade, descobrem que uma força alienígena está prestes a controlar as mentes dos habitantes da cidade onde moram.
- Dreamcatcher também é o nome de um amuleto da cultura indígena ojibwa (ou chippewa) que tem a função de separar os sonhos de energias ruins. A tradição manda que esses amuletos sejam pendurados sobre o berço dos bebês. Os sonhos bons, sabendo exatamente aonde ir, conseguem passar, enquanto os sonhos ruins ficam perdidos e acabam presos. Quando os primeiros raios de sol surgem, os sonhos maus desaparecem.
- No episódio “Human Error”, da sétima temporada de Voyager, Seven of Nine recebe um Dreamcatcher de Chakotay como presente de decoração. Esse evento ocorre durante uma simulação de Seven no Holodeck.
Ficha Técnica
Escrito por Lisa Schultz Boyd
Dirigido por Steve In Chang Ahn and Sung Shin
Exibido em 11 de novembro de 2021
Título em português: “Apanhador de Sonhos”
Elenco
Brett Gray como Dal
Ella Purnell como Gwyn
Jason Mantzoukas como Jankom Pog
Angus Imrie como Zero
Rylee Alazraqui como Rok-Tahk
Dee Bradley Baker como Murf
Jimmi Simpson como Drednok
John Noble como Solum (The Diviner)
Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
TB ao Vivo
Enquete
Edição de Mariana Gamberger
Revisão de Susana Alexandria