ENT 2×24: First Flight

Archer e Robinson no protótipo NX-Beta atingindo dobra 2

Flashback de Enterprise mostra astronautas e o ‘Right Stuff’

Sinopse

Data: Desconhecida

A Enterprise está investigando sinais de uma possível nebulosa totalmente composta por matéria escura quando Archer recebe um chamado perturbador do almirante Forrest. Ele conta ao capitão que A.G. Robinson, um velho colega do programa NX, morreu durante uma escalada do monte McKinley, na Terra.

Archer fica arrasado com a notícia, mas segue com seus planos de conduzir uma cápsula auxiliar até a nebulosa e usar os dispositivos pirotécnicos desenvolvidos por Trip Tucker para detectá-la. Apesar de querer ir sozinho, T’Pol acaba conseguindo convencê-lo a deixar que ela vá com ele.

Comodoro Forrest

A bordo, o capitão relembra os velhos tempos do programa NX, em que ele e Robinson eram rivais, nove anos atrás. O motor desenvolvido por Henry Archer estava sendo testado em uma pequena nave e os pilotos da Frota Estelar ainda tentavam usá-lo para romper a barreira da dobra 2.

O voo estava sendo disputado por Archer e Robinson, mas o então comodoro Forrest deu a missão ao segundo. Apesar da frustração, o mais importante para Archer era provar que o motor de seu pai funcionava. Depois da decisão, ele foi ao bar 602, refúgio de boa parte do pessoal da Frota Estelar nas horas de folga, e até chegou a propor um brinde ao sucesso de Robinson, a despeito de seu desgosto pessoal.

Archer e Robinson no Bar 602

Durante o voo, Robinson conseguiu romper a dobra 2, mas seus esforços em empurrar a nave ainda mais adiante, apesar das ordens para que ele interrompesse o voo, acabaram levando à desestabilização do campo de dobra e à perda do veículo. Ele escapou com vida realizando a primeira saída num casulo de fuga em uma nave viajando em dobra, nas imediações de Júpiter.

De volta à Terra, Robinson declarou que os problemas foram causados pelo motor, que era inerentemente instável. Os vulcanos, então, decidiram reforçar seu pedido para que o programa NX fosse interrompido e um novo motor fosse desenvolvido. Sensibilizado, o Comando da Frota Estelar decidiu interromper o projeto indefinidamente, apesar dos protestos de um certo engenheiro, o tenente Charles ‘Trip’ Tucker, da equipe técnica de Jefferies.

Robinson fazendo o primeiro voo em dobra 2

Depois, no 602, Robinson é recriminado por Archer e volta a falar mal do motor de dobra desenvolvido pelo pai dele. Os dois começam a brigar e o conflito só é interrompido depois que Trip — que começa a se tornar grande amigo de Archer — e outros oficiais apartam a dupla.

Passado o calor do conflito, Archer tenta, mais uma vez, convencer Robinson a ajudá-lo a salvar o programa, apresentando alguns cálculos de Trip sobre o alinhamento de distribuição de antimatéria no motor. Robinson sugere que eles tentem algo mais ousado do que apresentar cálculos para salvar o NX: roubar o segundo protótipo e realizar um voo não autorizado com as modificações sugeridas por Trip.

Tucker, Robinson e Archer no Bar 602

Ambos decidem seguir esse curso e, com a ajuda do engenheiro, fazem um lançamento não autorizado sem serem notados até que estivessem no espaço. Forrest fica sabendo e ordena o retorno imediato, mas a dupla, a bordo da chamada NX-Beta, não muda de ideia e entra em dobra. Com Archer pilotando, a nave atinge de forma estável a velocidade de dobra 2,5, para a surpresa de todos.

De volta, ambos levam uma reprimenda, mas o programa ganha continuidade. Duvall se torna o primeiro a atingir dobra 3 e, quando chega a hora de projetar uma nave estelar a receber o motor, Archer se torna o primeiro capitão da NX-01, a Enterprise.

Archer como piloto e Robinson como copiloto na NX-Beta

Depois de contada a história e na terceira e derradeira tentativa de detectar a nebulosa de matéria escura, os dispositivos de Trip têm sucesso, obtendo resultados científicos inéditos. No retorno à nave, T’Pol sugere que aquele objeto ganhe o nome oficial de nebulosa Robinson.

Comentários

Eu sou fã da história da exploração espacial. E também sou fã do livro de Tom Wolfe e do filme baseado nele, The Right Stuff (no Brasil, Os Eleitos), que conta a trajetória dos primeiros astronautas americanos, no Projeto Mercury. Tendo dito isso, é impossível para mim não apreciar “First Flight”.

Mesmo que você nunca tenha visto The Right Stuff e que não dê muita bola para o programa espacial contemporâneo, ainda assim “First Flight” merece a sua atenção. Ele é um dos raros episódios de Enterprise que se propõe a seguir a linha da série e introduzir elementos verdadeiramente “retrôs” na cronologia.

Title Card Enterprise "First Flight"

O mecanismo de flashback é manjado e as cenas “atuais” de Archer e T’Pol são cansativas e até desnecessárias, exceto por oferecer a justificativa e o andamento para a própria narrativa dos eventos passados, mas o conteúdo mais do que compensa por essas falhas.

O episódio faz o que poucos conseguiram em Jornada nas Estrelas, apesar da aparente obviedade do fato: ele mostra que nossos personagens favoritos são, em essência, astronautas. Dificilmente conseguimos colocar na mesma galeria James Kirk e John Glenn, mas, em essência, ambos merecem figurar na mesma lista — a única real diferença entre eles é que a conveniência da ficção científica poupa Kirk dos trajes espaciais com frequência muito maior.

Archer e T'Pol no shuttlepod em First Flight

Em “First Flight”, vemos claramente a origem dos primeiros capitães da Frota Estelar marcada por um programa de pilotos-astronautas, na linha do que acontecia na realidade. Todos os detalhes são moldados para lembrar isso, desde a existência do bar 602, até o uso de trajes espaciais laranjas, do mesmo tom que usavam os astronautas que voavam nos ônibus espaciais da NASA.

O esforço acaba produzindo algumas forçadas de barra, como uma decolagem terrestre para uma nave sofisticada como o protótipo equipado com o motor NX (que faria muito mais sentido se ficasse atracada a uma estação, permanentemente no espaço), mas isso é compensado pelo senso de nostalgia e pela sensação de que estamos vendo os velhos e audazes ases da aviação, numa nova roupagem astronáutica.

Keith Carradine como Robinson em Enterprise

Como história em si, o enredo é interessante e consegue despertar a atenção, embora já saibamos evidentemente como ele vai terminar, com Archer no comando da bem-sucedida NX-01. Em termos de formato narrativo, o esquema é muito similar a “Carbon Creek”, do início da temporada. Mas, aqui, o tema acabou se encaixando melhor ao espírito da série.

Num segmento em que os personagens são basicamente o sustentáculo fundamental, a escalação dos atores convidados era crucial. E podemos dizer que os produtores se saíram muito bem com Keith Carradine, que dá um verdadeiro show como A.G. Robinson. Verdade seja dita, ele tem muito mais presença que Archer, ainda mais quando se contrasta o estilo “menino comportado” de Jonathan com o modelo rebelde de A.G.

Também é interessante a introdução de Ruby, a garçonete, que foi antes mencionada na série, mas nunca vista. E um bom golpe do roteiro mencionar que Tucker fazia parte da equipe do engenheiro Jefferies, numa oportuna homenagem ao, então, recém-falecido designer que criou o visual da Série Clássica, incluindo a venerável NCC-1701.

Ruby, garçonete do Bar 602 em Enterprise

Num episódio, em tese, pouco exigente em termos de efeitos especiais, o desempenho é notável. Não sei se a opinião é geral, mas sempre fico feliz de ver os planetas do nosso Sistema Solar em Jornada nas Estrelas. Nesse contexto, mostrar Júpiter veio bem a calhar. E o design “aerodinâmico” do protótipo NX, ainda que inverossímil, garante boas tomadas.

Não fosse pelos diálogos artificiais e convenientes ao extremo entre Archer e T’Pol na cápsula auxiliar, “First Flight” poderia muito bem ser o único episódio quatro estrelas da temporada. Mas ainda não foi desta vez. Apesar disso, temos aqui um segmento para ver e rever, que quebra o estigma monótono da série.

Avaliação

Citações

“Do you remember what Buzz Aldrin said when stepped on the Moon? Nobody does, because Armstrong went first.”
(Você se lembra do que Buzz Aldrin disse quando pisou na Lua? Ninguém lembra, porque Armstrong foi primeiro.)
Archer

“Just because it took you a hundred years to crack warp 2 doesn’t mean it’ll take us that long.”
(Só porque vocês levaram cem anos para atingir a dobra 2 não significa que vamos levar tanto tempo assim.)
Tucker

“We’re not going to get anywhere without taking risks.”
(Não vamos a lugar nenhum sem correr riscos.)
A.G. Robinson

Trivia

  • “First Flight” foi um marco comemorativo do 50º episódio da série.
  • O episódio teve aparições dos “Marinheiros do Ano” do porta-aviões americano USS Enterprise, a exemplo do que aconteceu no ano anterior com “Desert Crossing”. Um dos figurantes marinheiros, James D. Frey, disse: “Esse é o sonho de uma vida, uma experiência de uma vez na vida. Você não pode chegar mais perto de Jornada nas Estrelas que isso.”
  • As filmagens principais de “First Flight” foram de 10 a 19 de março de 2003. As cenas filmadas nos dois primeiros dias usaram os cenários da NX-01, antes que a produção se movesse para os novos cenários construídos para as cenas em flashback. Neles havia o Hangar-NX, o Controle da Missão NX e o 602 Club.

Ficha Técnica

Escrito por Chris Black & John Shiban
Dirigido por LeVar Burton

Exibido em 14 de maio de 2003

Títulos em português: “Primeiro Voo”

Elenco

Scott Bakula como Jonathan Archer
Jolene Blalock como T’Pol
John Billingsley como Phlox
Anthony Montgomery como Travis Mayweather
Connor Trinneer como Charlie ‘Trip’ Tucker III
Dominic Keating como Malcolm Reed
Linda Park como Hoshi Sato

Elenco convidado

Keith Carradine como Robinson
Vaughn Armstrong como almirante Forrest
Victor Bevine como controlador de voo
Michael Canavan como consultor vulcano
Brigid Brannaugh como Ruby
John B. Moody como oficial de segurança

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Edição de Mariana Gamberger
Revisão de Nívea Doria

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