Dra. Erin Macdonald é astrofísica, engenheira aeroespacial e consultora de ficção científica. Ela é fã declarada da franquia, e atribui a personagem Kathryn Janeway (da série Voyager) como uma das inspirações para seguir uma carreira científica.
No final de 2019, Erin Macdonald realizou o seu grande sonho, tornou-se consultora científica da série Star Trek: Discovery, com seu nome aparecendo nos créditos finais da terceira temporada. Agora, ela está trabalhando em tempo integral como consultora em várias séries Star Trek, assessorando desde o desenvolvimento do conceito até a pós-produção, que tipo de tecnologia querem usar ou que ciência está conduzindo a história.
Seis séries Star Trek
Convidada do podcast Star Trek: The Pod Directive, a cientista comenta a respeito de sua animação em trabalhar para a franquia e revela que está assessorando seis séries Star Trek:
Eles já tiveram consultores científicos antes, mas para mim, como fã, às vezes é algo do tipo, “Oh, eu posso escrever isso!” Pode ser um pouco assustador. Acho que minha opinião agora é que os consultores científicos do passado, em Star Trek, estavam trabalhando em uma série, e talvez duas, quando A Nova Geração e Deep Space Nine se sobrepuseram. Mas eram contratados para um trabalho muito específico. Da minha parte, estou trabalhando em seis séries. Sempre tenho scripts para ler. Sempre tenho reuniões para ir. E assim, entro no modo em que fico tipo, “Meu Deus, só quero um dia de folga”. E meu parceiro me diz, “Para quê? Ler scripts de Star Trek. Diga-me como sua vida está difícil de novo?” E é bom ter essa perspectiva.
Atualmente temos em desenvolvimento ou produção cinco séries: Discovery, Picard, Strange News Worlds e as animações Lower Decks e Prodigy. Se ela não errou as contas (o que acho pouco provável), a menos que esteja falando de algum Short Trek, a sexta série poderia ser a Seção 31 ou, quem sabe, algum outro projeto que desconhecemos.
O ator Shazad Latif, que interpretou Ash Tyler em Discovery, comentou recentemente sobre a série Seção 31, sugerindo que ele ainda pode estar envolvido, mas os conflitos de agendamento podem complicar as coisas. Ele disse ao Digital Spy que ouviu “leves rumores” sobre a série, mas “Foram apenas pequenos sim, pequenas perguntas, mas não tenho ideia. Acho que é por conta da agenda das pessoas”.
Durante o Investor Day, apresentado em maio pelos executivos da ViacomCBS, foi revelado que os produtores não estavam planejando expandir as séries além das cinco atualmente em desenvolvimento, mas Kurtzman ressaltou que há planos para projetos futuros.
Lower Decks com mais liberdade científica
Prosseguindo em sua conversa no podcast, Erin disse que para ajudar os escritores das séries, ela recebia os scripts e enviava notas do tipo: “Conserte esta palavra, conserte aquela palavra”. Então, com o tempo, ganhou a confiança da produção e passou a conhecer melhor as salas dos roteiristas, sendo consultada o tempo todo, desde o desenvolvimento do conceito.
Com relação a animação Lower Decks, ela disse que trouxe para a segunda temporada um pouco mais de liberdade científica, por causa do tom da série.
Mike [McMahan] e eu nos demos bem e conversamos, ao ponto de colocarem “quantum” e uma palavra aleatória como um código para “Erin, vai consertar isso.”… São os tipos de histórias que eles querem contar também. Com Lower Decks, Mike e essa equipe querem contar histórias divertidas e realmente conseguem fazer isso. Mas, por exemplo, na primeira temporada quando eles têm a bio-bagunça e tudo mais (“Moist Vessel”), em nenhum momento eles vão tentar descrever isso (cientificamente) e não precisam. E não vou tentar defender a parte da ciência. Porque é um episódio engraçado, e não é o que eles estão tentando fazer.
Já com outra animação Prodigy, ela compara a abordagem com Discovery:
Uma série como Discovery quer realmente se inclinar para aquele clássico “Somos cientistas, somos solucionadores de problemas, e vamos buscar a nossa saída para a ciência”. Eles realmente querem se inclinar um pouco para isso. Eu também ajudo com a perspectiva de uma cientista. Eles dirão: “Ok, como uma cientista, você se depara com esses dados? Que perguntas você faria? Em que você estaria interessada? Qual seria a sua dica de que as coisas estão estranhas?” E também podemos fazer isso.
Já com Prodigy, eles têm um público muito jovem em mente. Eles não estão necessariamente tentando se envolver em ciência complexa, intensa. Mas você poderia ter cientistas iniciantes assistindo a essa série. E então, podemos tentar encontrar esse equilíbrio. Cada série tem um tom ligeiramente diferente com o que eles querem alcançar e cabe a mim ajudá-los a descobrir onde essa linha está nesse grande espectro da ciência à ficção.
Erin revelou que o fato de ser trekker e não querer usar a ciência para explicar tudo a ajudou para o sucesso no trabalho com os escritores das novas séries:
O que aprendi – e acho que foi o que me tornou bem-sucedida e fui capaz de construir tantos relacionamentos ótimos com tantos escritores excelentes e talentosos – é minha existência como fã também. E a capacidade de dizer “sim, e …” ouvir o que eles estão sugerindo. Acho que muitos consultores científicos, quando têm essas oportunidades pela primeira vez, têm a tendência de ficar tipo, “Não funcionaria assim. Não. Não faça isso. Não, você não pode fazer isso”. O que eu gosto de fazer é falar, “Ok, ideia legal. Vamos fazer isso funcionar”. E acho que, com a construção desses relacionamentos, fomos capazes de chegar ao ponto em que se tornou mais colaborativo. Tipo: “Temos uma ideia legal, mas vamos jogá-la para Erin”.
É um projeto de trabalho colaborativo muito divertido. Mas não me entenda mal, há momentos em que – especialmente quando as histórias estão sendo trabalhadas, e indo e voltando – você recebe notas que dizem: “Nós realmente queremos fazer isso”. Aí eu respondo: “A ciência diz não em todos os níveis aqui. Ok, não vamos explicar. Tipo, não faça nenhuma varredura”. Nós vamos apenas fazer assim e vai ficar tudo bem.
Fonte: TrekMovie