Durante o evento First Contact Day promovido pela Paramount+ na segunda-feira (5), além das novidades a respeito dos teaser trailers das séries e anúncio de participações especiais, tivemos alguns painéis com atores, criadores e produtores, onde falaram um pouco mais de suas séries.
Esses painéis foram ao ar online, consecutivamente, por duas horas e meia, no dia 5 de abril. Apresentamos um resumo do que foi dito de mais importante.
Mudança de uniforme em Discovery
Em um dos vários painéis lançados pelo Paramount+, no First Contact Day, tivemos a presença da figurinista Gersha Phillips. Ela tem sido a criadora do vestuário da série desde a primeira temporada.
No painel virtual, How Star Trek Comes to Life, Gersha falou, primeiramente, sobre o desafio de criar algo novo para Star Trek, num século bem distante do que temos visto.
Para a equipe e pra mim, a ideia de inventar um uniforme novo – já que estávamos tão satisfeitos com o que tínhamos feito – foi bastante desafiador, uma vez que estávamos alcançando um patamar muito elevado do que foi para o século 23, e bastante assustador. Como você melhora isso? Torná-lo melhor, mais futurista, mais elegante.
Com nosso ilustrador fizemos 20 ou 30 opções de uniformes diferentes, e no final reduzimos para 10. A partir daí começamos a prototipagem. Uma das ideias que eu tinha em mente era fazer uma forma de construção menos visível. Você não vê tantas costuras porque a palavra que usamos era “futurista”. Então, ficamos muito orgulhosos no primeiro dia em que filmamos a chegada da Discovery no Quartel da Frota. E o almirante Vance estava vestido em seu uniforme e tudo pareceu bom.
Mas o teaser trailer de Discovery para a quarta temporada, lançado na segunda, trouxe uma mudança acentuada no visual do uniforme, em relação ao que vimos na cena final da terceira temporada.
Da cor cinza com uma faixa colorida para cada divisão, passou para cores mais acentuadas em todo o seu conjunto. Gersha tentou sinalizar, sem dar spoiler (o painel foi antes do trailer), que haveria uma mudança de uniforme no cenário da nave Discovery.
Esses (uniformes de cor cinza) funcionam muito bem nos sets, especialmente no QG da Federação. Já na nave Discovery foi um pouco mais desafiador, porque acabamos descobrindo que nossos uniformes combinam com as paredes, então é uma jornada um pouco mais interessante. Não sei o que os fãs estão dizendo. Espero que gostem do que fizemos.
Cenários virtuais nas filmagens de Discovery
No mesmo painel, Jason Zimmerman, supervisor principal de efeitos visuais, comentou sobre a nova tecnologia usada nas gravações da 4ª temporada de Discovery, a chamada AR wall, que permiti aos atores verem realmente os ambientes em vez de telas verdes.
Creio que é o primeiro contato, não apenas para nós e a VFX, mas para a produção em geral. Pelo menos, para nós, aprendendo com esta nova tecnologia. É um palco de 270 graus feito de painéis de LED que exibem uma imagem, e essa imagem pode ser o que quisermos. Então, ela aproveita a tecnologia do game engine (programa usado em video games). Tem câmeras e sensores, que, basicamente, nos permitem colocar ambientes 3D totalmente imersivos neste palco, para que pareça que nossos atores ou nossa ação esteja ocorrendo em um lugar distante. Acho que é muito útil. Em vez de filmar algo em tela azul, e colocá-lo depois, essa tecnologia permite aos atores verem o que é realmente, onde estão. Eles veem em que planeta estão. A iluminação permite que a luz salte fora dos atores.
Então, a integração disso e a maneira que parece em termos de filmagem são muito boas, porque você está realmente filmando com lentes reais. E todos da equipe sabem que, se estamos num ambiente AR pode haver algo que afete a maneira como a luz reflete fora da maquiagem, ou de um vestuário, ou de qualquer dessas coisas. Ou para o departamento de arte, no qual o chão pode fazer reflexivamente com a superfície. Então, requer mais comunicação departamental, porque todo mundo precisa trabalhar meio que dentro deste espaço e isso é totalmente virtual. Até, provavelmente, o momento em que você testará e filmará.
Esta nova tecnologia agora faz parte da produção de Star Trek: Discovery e Star Trek: Strange New Worlds, ambos filmados em Toronto, Canadá.
Viagem no tempo, trauma Borg, aparência de Q na 2ª temporada de Picard
Outro painel virtual super interessante no First Contact Day foi com Sir Patrick Stewart e John de Lancie, que reprisará seu papel de Q na segunda temporada da série Picard. O apresentador foi Wil Wheaton. Mesmo tentando evitar spoilers de qualquer espécie, os atores deram dicas sobre o que teremos pela frente nesta nova temporada.
Primeiramente, Sir Patrick Stewart disse o quanto a equipe e elenco estão animados por retornarem as gravações desta temporada. E por ele ser o co-produtor executivo, tem o privilégio de poder olhar os roteiros. Embora não possa revelar nada, ele começou dando uma dica misteriosa.
Todas as novas histórias e situações e TEMPOS (enfatizando no tom de voz), você vai ver nesta temporada. Apesar de 178 episódios de A Nova Geração e quatro longas-metragens, há eventos chegando na segunda temporada que nunca foram vistos antes. E estou animado com a ideia de colocá-los na câmera. Até agora é muito, MUITO satisfatório.
Neste momento chega John de Lancie que brinca com a saudação “Bonjour, mon capitaine!” e acrescenta: “Eu estou aqui para tornar a sua vida a mais chata possível”.
Lancie conta como foi sua reaproximação em Star Trek e deu uma dica de como veremos Q em Picard.
Na verdade, quando me encontrei com Terrry (Matalas), que é um dois produtores executivos, ele disse: “Bem, você sabe que iria receber um telefonema”. E eu respondi: “Não exatamente. Já se passaram muitos anos. Então, não”. Estou totalmente encantado e realmente ansioso por isso. Estou mais do que pronto. Eu, na verdade, mudei meu rosto. Eu envelheci um pouco para ficar mais em sintonia onde estamos agora.
Durante o painel de discussão, Patrick Stewart deu um pouco mais de detalhes sobre a presença de Q:
É um pouco difícil de falar sobre coisas que queremos manter ocultas. Mas a chegada de Q é – como costumava ser – totalmente inesperada, mas também chega em um momento de ruptura no episódio. E quero dizer um momento devastador. Se está conectado a Q ou não, não tenho certeza, mas há um trauma significativo. E na verdade, no momento, estou trabalhando em como o trauma deste momento paira em torno de Picard por uma parte substancial do episódio. E então, lá está ele.
Lancie brinca com a cena em que Picard faz o gesto clássico ao receber Q no episódio “Déjà Q”.
Mas Stewart respondeu:
Eu prometo a você John, isso não se repetirá desta vez. Mas haverá uma reação.
Wil Wheaton observa que Q é um personagem icônico na franquia e amado pelos fãs. Por não interpretar esse papel há muito tempo, Lancie disse como conseguiu pegar de novo as características do personagem.
Na verdade, não é muito difícil. Ele é deliciosamente travesso … maravilhosamente irritante … terrivelmente egocêntrico, então como minha esposa diz: ‘Não é muito difícil!’
Em outro painel, apresentado na segunda, Star Trek: First Contact 25th Anniversary, em comemoração ao aniversário do filme, foi perguntado a Stewart se o trauma de ter sido assimilado pelos Borgs ainda se apresenta na série Picard.
Sim. Há muitas referências de Picard como um personagem borg (em Picard), e há evidências suficientes nisso para mostrar que ele ainda está profundamente perturbado pelo que aconteceu a ele por essa experiência. Então, Johnny (se referindo a Jonathan Frakes), podemos encontrar uma maneira de introduzir esses elementos novamente em Picard.
Jonathan Frakes, que estava no painel, e será um dos diretores na nova temporada de Picard, respondeu:
Isso é exatamente o que estava girando na minha cabeça, enquanto você sugeria. Porque um dos grandes sucessos da primeira temporada de Picard – um dos grandes momentos – foi o momento que você compartilhou com Jeri (Ryan), com Sete de Nove [no episódio “Stardust City Rag”, dirigido por Frakes], sobre sua experiência compartilhada com os Borgs. Foi breve, mas foi muito poderoso, vigoroso e carregado para vocês dois.
Um pouco mais sobre Star Trek: Prodigy
Ainda pouco sabemos a respeito do seriado infantil animado Star Trek: Prodigy. No painel referente a animação e apresentado por Mica Burton, o co-criador Kevin Hageman deu uma sinopse mais detalhada:
Star Trek: Prodigy é sobre essa tripulação heterogênea de alienígenas que não sabe nada sobre a Federação. E depois que eles encontram e comandam esta misteriosa nave perdida da Frota Estelar, eles têm que descobrir as coisas muito rapidamente enquanto aprendem a trabalhar juntos, enquanto navegam pelo grande universo em busca de um futuro melhor.
Seu irmão Dan confirmou que a série se passa no Quadrante Delta no ano de 2383:
Há uma curiosidade saudável sobre a série, uma vez que muito pouco foi revelado. A pergunta constante que recebemos é: Como a capitã Janeway está envolvida? O que queremos revelar hoje é que Prodigy ocorre no ano 2383. Isso é depois de Voyager. E assim, como vocês já sabem, está no quadrante Delta. Como essa tripulação nunca ouviu falar da Frota Estelar, porque estão literalmente a 70.000 anos-luz de distância, eles irão descobrir algo nesta nave, que não apenas irá guiá-los pela galáxia, mas também será um representante dos valores compartilhados, da Federação.
Kevin Hageman completa, revelando um pouco mais sobre Janeway:
Esse algo não é um capitão em si ou um almirante. Mas Janeway, um holograma de treinamento embutido na nave. Projetado para ajudar, talvez, uma tripulação rebelde. Isso pode ter se desviado demais do curso.
Apesar de passar no quadrante Delta, Dan Hageman garante que a série será ligada ao cânone de Star Trek:
Eu só quero dizer isso. Se você olhar para o conceito da nossa série, é uma história sobre um monte de novos personagens viajando para o universo Trek. Haverá vínculos com o cânone? Sim, haverá muitas surpresas realmente divertidas.
E sobre a tripulação alienígena, Kevin deu outra pista:
Nem todos são espécies canônicas, mas podemos sugerir que um deles tem uma ligação com a série original.
A atriz Kate Mulgrew, também presente no painel, disse que o seu personagem animado parecia muito jovem, e ela deu dicas para que fizessem uns ajustes:
Quando os Hagemans insistiram em torná-la tão bonita, eu disse: ‘Acho que você tem que modificar sua beleza.’ Não pode ser tanto. Tivemos essa discussão que durou meses. E então eu disse, ‘vamos apenas modificar o queixo’, e eles mudaram. Conversamos um pouco sobre seu rosto, seu cabelo – que tem um pouco de mitologia própria, e seu ser. Mas eles são terrivelmente generosos. Foi colaborativo e divertido. Tudo sobre isso tem sido divertido!
Star Trek: Lower Decks busca um novo equilíbrio
No painel Comedy, o criador e showrunner de Star Trek: Lower Decks, Mike McMahan discutiu como ele desenvolveu a segunda temporada, procurando o equilíbrio entre se divertir com Star Trek e ser respeitoso com a franquia:
A primeira temporada foi como se tivéssemos que provar que pertencemos a este lugar e que amamos o que você ama e que não estamos tirando sarro de Star Trek. Na verdade, nós amamos isso. Que a série é baseada sobre o que eu e meus amigos trekkers falaríamos depois de algumas bebidas. E eu acho que, uma vez que as pessoas se acostumaram com a primeira temporada, para a segunda temporada, o equilíbrio foi: quanto da nossa série reflete o passado de Star Trek e quanto disso será novo Star Trek? Quando você encontra esse equilíbrio … Eu digo a palavra “equilíbrio” mais do que qualquer outra coisa hoje em dia. Porque é o equilíbrio de quanto drama está nele e o que você precisa ter para fazer parecer Star Trek e quanta comédia você precisa nisso.
McMahan disse ainda que a produção atende as improvisações do elenco, para fazer alguns ajustes nos roteiros durante as gravações:
Nós encorajamos a improvisação. Há algumas coisas que ninguém quer improvisar, que é o jargão técnico, que faz com que pareça Star Trek … Mas, ao mesmo tempo, geralmente, obtemos algumas tomadas conforme a escrita, e então obtemos ainda mais tomadas improvisadas do que tomadas com script. Acho que a primeira pessoa que escalamos foi Tawny Newsome (que faz a alferes Beckett Mariner) e ela é uma improvisadora incrível. Nós imediatamente soubemos que esta é uma série onde vamos ajustar para se adequar às suas performances. Vamos deixar o coração dos personagens vir do que está deixando os atores animados.
Para o showrunner, a comédia faz parte da essência de Star Trek.
Acho que em Star Trek, especificamente, a comédia no drama ajuda a humanizar. Ajuda você a se preocupar com as pessoas, que estão passando por este tipo de coisa de alto risco. Isso ajuda a você a se colocar lá. Porque Star Trek é adjacente à ciência. É uma celebração do método científico … a razão pela qual Star Trek leva você para as ciências é porque humaniza e a forma como humaniza é através da exploração pessoal, através das relações dos personagens, por meio de amizades … E eu acho que os momentos cômicos em cada série atendem à verdade pessoal. Atende a: “Quem sou eu e o que me traz alegria e por que estou procurando a verdade, em primeiro lugar?”. Porque sem esse aspecto, então você é apenas um Borg. Mas se você pode rir, você pode encontrar a alegria e viver uma vida. Então, essas são histórias que despertam para o público. É onde a comédia ajuda com Star Trek.
A quarta temporada de Star Trek: Discovery está na fase de filmagens e estreia ainda em 2021.
Enquanto que a segunda temporada de Star Trek: Picard iniciou suas filmagens em fevereiro e não tem prazo para estrear.
A segunda temporada de Star Trek: Lower Decks estreia em 12 de agosto.
Já Star Trek: Prodigy estreará ainda este ano, mas sem data definida.