Phlox é foco da história e apresenta dilema da não-interferência a Archer
Sinopse
Data: Desconhecida
O doutor Phlox vai à enfermaria pela manhã para alimentar a diversa fauna que ele cria como fonte de bioprodutos com potencial medicinal. Logo Hoshi aparece por lá para entregar uma nova carta que o médico recebera. A oficial de comunicações está intrigada pelo fato de o doutor receber mais cartas do que qualquer outro tripulante. Ela pergunta se é algum “affair” do médico, mas Phlox revela que é apenas a comunicação vinda de Jeremy Lucas, o médico humano que está em Denobula Triaxia cumprindo o mesmo programa de intercâmbio que levou Phlox à Enterprise.
Phlox começa a redigir uma resposta para Lucas, enquanto segue com seus afazeres comuns a bordo da Enterprise. Ele trata um homem ferido levemente na engenharia e até presta uma consulta a Porthos, o cãozinho do capitão. À noite, ele acompanha a alferes Cutler na sessão de cinema da nave. Ele não está muito interessado no filme, mas sim nas reações da tripulação à obra de ficção.
Depois do filme, ele acompanha Cutler até seus aposentos, onde a alferes demonstra um certo interesse pelo médico. Ainda confuso pelos sinais de afeição e intenções românticas da humana, Phlox decide perguntar a T’Pol, que já convive com humanos há mais tempo, se eles costumam se relacionar intimamente com espécies alienígenas. A vulcana sugere que a alferes possa estar apenas satisfazendo sua curiosidade, o que não ajuda muito o doutor.
Enquanto isso, nas imediações de um sistema planetário a Enterprise encontra uma nave pré-dobra com dois astronautas alienígenas que se encontram em estágio avançado de uma doença. Archer ordena que eles sejam trazidos a bordo e Phlox é convocado a examiná-los.
Ao serem tratados e acordados, eles dizem a Archer que vêm do planeta próximo, Valakis, onde grande parte de sua população está sofrendo do mesmo mal. Archer leva a Enterprise até lá, na esperança de ajudar aquela civilização. Chegando a Valakis, Archer convoca T’Pol, Phlox e Hoshi Sato para acompanhá-lo à superfície.
Os valaquianos são muito cooperativos e fornecem a Phlox todas as informações que ele pede, na tentativa de encontrar uma cura para a doença. Ao tentar se comunicar com um funcionário do hospital, Hoshi descobre que ele é de outra espécie, os menks. Esta espécie se desenvolveu e convive pacificamente com os valaquianos. O diretor do centro médico, Esaak, conta a Phlox que esses “parentes” evolutivos dos valaquianos são imunes à doença, o que faz com que o doutor requisite dados sobre os menks também.
Em razão disso, o menk que trabalha no hospital, Larr, leva os tripulantes da Enterprise até uma reserva menk, onde seus iguais vivem em harmonia com a natureza, em uma civilização primitiva, similar à de povos indígenas da América do Sul. Lá Phlox faz leituras biomoleculares dos menks, auxiliado por Hoshi Sato e pela alferes Cutler, que ele convocou especialmente para essa missão.
Aproveitando uma deixa, o doutor resolve investigar mais sobre o interesse de Cutler por ele, revelando que tem três esposas em Denobula Triaxia, seu planeta natal, e que percebeu que a alferes pode estar querendo ter um relacionamento íntimo com ele. Cutler responde que realmente está interessada, mas que não tem interesse em se tornar a “esposa número quatro”. Ela sugere que os dois permaneçam amigos e apenas “vejam aonde isso vai”. Phlox aceita a proposta de bom grado.
De volta à Enterprise, Phlox começa a estudar os dados que coletou, e descobre que a “doença” dos valaquianos na verdade é uma falha genética que tem se formado em seu genoma durante os últimos milhares de anos, tendo se acelerado nos últimos tempos. Ele projeta que a espécie esteja extinta em mais dois séculos.
Archer o pressiona para encontrar uma cura, mas o médico está reticente. Ele não quer interferir na evolução dessa sociedade, principalmente levando em conta que os menks têm o potencial de se tornar a principal raça do planeta, caso os valaquianos venham realmente a sumir do mapa. Em princípio o capitão discorda de Phlox, ordenando-o a obter a cura para os valaquianos. Phlox o faz, mas no fim o capitão conclui que não pode “brincar de Deus” e interferir na evolução daquela sociedade.
A Enterprise parte, deixando apenas medicamentos para reduzir o avanço da doença, mas abandona os Valaquianos à própria sorte. Phlox conclui sua carta ao doutor Lucas relatando seu recente dilema ético e convida Cutler para um lanchinho no refeitório.
Comentários
“Dear Doctor” é um episódio corajoso. Ele não só coloca a tripulação da Enterprise em um tremendo dilema ético, mas soluciona esse dilema de um modo que poderia muito bem deixar Archer e cia. na condição de vilões da história. Um movimento audacioso, sem dúvida.
O grande destaque do episódio é, obviamente, o doutor Phlox. Desenvolvido nessa veia, o médico da Enterprise não corre risco algum de se tornar uma versão do Neelix para o século 22. Seu personagem passa por grande evolução (com o perdão da expressão) ao longo dos 45 minutos, tanto no plano pessoal como no profissional.
O potencial do personagem é desenvolvido não só com novos elementos, mas principalmente com o resgate de antigos. Em “Broken Bow”, Phlox é apresentado à audiência como um doutor pouco convencional, quase um cientista louco, com várias aberrações e criaturas em sua enfermaria. Dali em diante esse aspecto de sua natureza profissional havia sido totalmente esquecido – Phlox parecia um médico padrão, sem qualquer resquício de seu estilo diferenciado.
Esses elementos são resgatados logo no início do episódio, quando Phlox não só alimenta todas as criaturas que ele abriga em sua enfermaria, como também come uma lesma que originalmente daria a um dos animais! Belo toque para lembrar a audiência de que aquele não era um médico qualquer, e não se pautava pelos mesmos padrões de comportamento que os humanos.
O contexto criado ao longo do episódio procura enfatizar isso – Phlox não é humano, nem vive como um. Os recursos não partem apenas da prática médica, mas do lado pessoal do médico. O seu caso romântico com Cutler serve muito bem a esse propósito. Ele até enfatiza à alferes que sua cultura é diferente, o que deixa o recado bem claro.
Toda essa preparação é feita para gerar o conflito entre Phlox e Archer, quando o primeiro define suas ações por uma ética diferente da humana esta última, baseada mais na compaixão do que nas grandes consequências de seus atos. Até aí, o desenvolvimento do roteiro é perfeito. Eventualmente, Archer começa a entender um pouco mais a lógica dos vulcanos e seu comportamento com os humanos, depois de se ver na mesma situação, tendo de negar a tecnologia de propulsão de dobra aos valaquianos.
O único problema ocorre no ponto em que os executivos da Paramount resolveram interferir com a história. Em vez de deixar Phlox desobedecer às ordens de seu capitão, em favor de sua ética própria, o estúdio achou que isso enfraqueceria Archer enquanto personagem e pediu que os produtores fizessem com que Phlox agisse com a anuência do capitão.
O resultado não foi muito penoso para Phlox, que manteve sua coerência de raciocínio e sua personalidade intactas. Mas colocou Archer em maus lençóis. Não que a decisão que ele tomou, de deixar os valaquianos resolverem seus problemas sozinhos para não interferir no desenvolvimento natural das civilizações daquele planeta, tenha sido intrinsecamente errada. Mas não parecia a coisa certa a fazer.
Na verdade, discutir se Archer deveria ou não ter fornecido a cura aos valaquianos é como discutir o sexo dos anjos. Há argumentos a favor e contra, mas nenhum deles é definitivo. Em favor da interferência, poderíamos dizer que milhões de vida (e possivelmente uma espécie inteira) não devem ser sacrificadas por uma hipótese. Por outro lado, é possível dizer que não são os humanos quem devem julgar como o futuro deve se desenvolver para outras civilizações.
Surge aqui uma situação que pode ter muito bem levado à Primeira Diretriz. Archer faz uma menção clara (e até exagerada) a isso em seu discurso, quando resolve que seu médico está com a razão. Porém, não é difícil de perceber que essa não seria a coisa humana a fazer – principalmente partindo de um capitão que deveria ser mais impetuoso e inexperiente que Kirk e que não está limitado por uma regra explícita da Frota Estelar como a Primeira Diretriz.
Pessoalmente, eu estaria mais confortável se Archer e Phlox mantivessem ambos suas posições. Além de gerar mais conflito entre os personagens, que poderia oferecer desenvolvimentos dramaticamente interessantes para a série, seria mais coerente com o que conhecemos dos dois personagens. Em última análise, em sua versão original, “Dear Doctor” faria por Phlox o que “The Enemy” fez por Worf em A Nova Geração (na ocasião, Worf deixa um Romulano morrer, apesar de seus colegas na Enterprise insistirem para que ele o salve).
Do jeito que ficou, o episódio não retratou um antagonismo “ética de Phlox versus ética humana”, mas simplesmente a situação “por pior que possa parecer, Phlox tinha razão e o capitão, ao final, acabou aceitando isso”. O que torna todo o esforço de mostrar que Phlox é diferente do resto da tripulação meio manco, em termos de contexto dramático.
Levando tudo isso em conta, o final foi mais conservador do que poderia ter sido – mas ainda assim muito mais polêmico do que a maioria dos episódios de Jornada nas Estrelas. Não há final feliz ou solução intermediária aqui. Apenas a torcida para que a natureza seja mais sábia que a moral humana.
Do ponto de vista narrativo, o episódio se assemelha muito a outro segmento de A Nova Geração, “Data’s Day”. As interlocuções de Phlox, escrevendo sua resposta ao doutor Lucas, dão bem esse tom, o que funciona maravilhosamente não só para o propósito do episódio -desenvolver Phlox -, como também para dar texturas adicionais à vida cotidiana a bordo da Enterprise. Uma boa opção, sem dúvida.
John Billingsley apresenta uma atuação maravilhosa de Phlox, muito emotiva e vibrante. Suas cenas com Scott Bakula em especial produzem excelentes sequências. Ele divide com a audiência toda a angústia de Phlox por seu dilema ético, em todos os momentos do episódio. Não seria exagero dizer mais da metade do carisma de Phlox vem do próprio Billingsley, e não do roteiro.
Em termos de direção, temos algumas tomadas inovadoras da ponte, como a sequência em que a Enterprise encontra a nave valaquiana. É o tipo de diferencial que dá uma vida nova aos cenários. Novas tomadas externas da Enterprise também ajudam nesse sentido.
Tecnicamente, o único ponto fraco talvez seja a maquiagem valaquiana/menk. Foi um acerto fazer as duas espécies bastante semelhantes (já que a proposta era criar um paralelo da relação Homo sapiens/neandertal), mas o visual como um todo ficou simples demais – as velhas testas enrugadas da semana que às vezes cansavam a audiência em Voyager.
Apesar disso, “Dear Doctor” se fixa como um episódio interessante e polêmico. E se uma história é capaz de alimentar discussões, é sinal de que o tema foi bem escolhido e ao menos razoavelmente desenvolvido. Mesmo com a interferência do estúdio, o episódio pode ter boa acolhida entre os fãs.
Avaliação
Citações
“It’s mating season, so you know how that goes. I thought human reproduction was complicated. You, denobulans, make us fell like single-cellular organisms.”
(É época do acasalamento, então você imagina como está. Eu pensei que reprodução humana fosse complicada. Vocês, denobulanos, nos fazem nos sentirmos como organismos unicelulares.)
Lucas
“The captain has commited all our resources to helping people he didn’t even know existed two days ago. Once again, I’m stroked by your species’ desire to help others.”
(O capitão usou todos os nossos recursos para ajudar pessoas que ele nem sabia que existiam dois dias atrás. Uma vez mais, estou surpreso com o desejo de sua espécie de ajudar outros.)
Phlox
“We may look alike, but the similarities end there.”
(Podemos nos parecer, mas as similaridades terminam aí.)
T’Pol
“On the surface, the menk appear to be a primitive species, unsofisticated even by human standards… no offense.”
(Na superfície, os menks parecem ser uma espécie primitiva, não-sofisticada até por padrões humanos… nada contra.)
Phlox
“Phlox, as far as your… extended family goes, I’m not interested in becoming wife number four. I just want to be your friend.”
“What do you mean by ‘friend’?”
“Let’s just see where it goes…”
(Phlox, até onde sua… família maior me diz respeito, não estou interessada em me tornar a esposa número quatro. Só quero ser sua amiga.)
(O que quer dizer com ‘amiga’?)
(Vamos só ver até onde vai…)
Cutler e Phlox
“We could… stay and help them.”
“The vulcans stood to help Earth 90 years ago. We’re still there.”
“I never thought I’d say this, but I’m beginning to understand how the vulcans must have felt.”
(Poderíamos… ficar e ajudá-los.)
(Os vulcanos ficaram para ajudar a Terra há 90 anos. Ainda estamos lá.)
(Nunca pensei que diria isso, mas começo a entender como os vulcanos devem ter se sentido.)
Archer e T’Pol
“All I’m saying is that we let nature make her choice.”
“To hell with nature. You’re a doctor. You have a moral obligation to help people who are suffering.”
(Tudo que estou dizendo é que deixemos a natureza fazer sua escolha.)
(Pro inferno com a natureza. Você é um médico. Você tem uma obrigação moral de ajudar pessoas que estão sofrendo.)
Phlox e Archer
“Forgive me to saying so, but I believe your compassion for this people is affecting your judgement.”
“My compassion guides my judgement.”
(Perdoe-me por dizer, mas eu acho que sua compaixão por essas pessoas está afetando seu julgamento.)
(Minha compaixão guia meu julgamento.)
Phlox e Archer
“I have reconsidered. I spent my whole night reconsidering. And what I decided goes against all my principles. Someday, my people will have to come with some sort of a doctrine, something that tells us what we can and can’t do out here, should do or shouldn’t do. But until somebody tells me he drafted that… directive, I’m going to have to remember myself everyday that we didn’t come out here to play God.”
(Eu reconsiderei. Eu passei a noite toda reconsiderando. E o que decidi vai contra todos os meus princípios. Algum dia, meu povo terá de vir com algum tipo de doutrina, algo que nos diga o que podemos e não podemos fazer aqui fora, devíamos e não devíamos fazer. Mas até que alguém me dia que rascunhou essa… diretriz, vou ter de me lembrar a cada dia que não viemos aqui para brincar de Deus.)
Archer
Trivia
- O episódio faz a primeira menção aos ferengis, raça que apareceria em Enterprise em “Acquisition”, ainda da primeira temporada.
- É a segunda aparição da alferes Cutler em Enterprise, tendo sido a primeira em “Strange New World”. A atriz Kellie Waymire já havia aparecido em Jornada antes da série, interpretando B’Elanna Torres e Seven of Nine na peça encenada durante o episódio “Muse”, de Voyager.
- Karl Wiedergott já havia interpretado Ameron, em “Warlord”, de Voyager.
- John Billingsley revelou que houve uma mudança no final do episódio, com relação às primeiras versões do roteiro. “Com o final que havia sido criado inicialmente, eu estava bem confortável”, disse. “Mas o cabeça do estúdio sugeriu algumas revisões no final. O que você faz? Eu não fiquei tão feliz com as revisões, mas não é minha série, você tem que meio que se ajustar, mesmo se algumas vezes parecer um pouco de contradição em termos do que seu personagem deveria ser.”
- Ele conta do que se trata. Na versão original, “nessa crise de consciência, o doutor essencialmente faz algo que viola suas obrigações hierárquicas padrão de um tripulante para com seu capitão”, diz Billingsley. “Na verdade, ele toma uma decisão que está enraizada em ‘eu tenho peixes maiores para fritar’, em vez de honrar os desejos de seu capitão. A rede essencialmente sentiu que não, era importante essencialmente dar a certeza de que todo mundo estava lá para apoiar as decisões do capitão. Pessoalmente eu pensei, ‘Bem, eu acho que vocês perderam algo interessante nessa tensão potencial’. Mas isso não é minha decisão.”
- Apesar disso, o ator gostou muito de filmar “Dear Doctor”, o primeiro episódio da série a dar um pouco mais de atenção a Phlox. “Eu me diverti bastante fazendo este episódio”, diz. “Eu acho que foi o primeiro passo que demos à frente na série em dar ao doutor um alcance maior. Minha preocupação desde o começo foi de que ele fosse mais do que o cara que está perpetuamente de bom humor e que todo mundo procuraria para uma risada. Em termos de dar a ele uma personalidade redonda, eu acho que “Dear Doctor” realmente começa a se mover nessa direção. Ele tem uma crise de consciência, e acho que vocês podem pensar que ele é alguém que é uma pessoa muito inteligente, com profundidade e sentimento. Espero que haja outros episódios que continuem a explorar isso.”
- Ele também disse que não faltaram piadas na produção do episódio. “Eu tinha essas narrações acontecendo durante todo o episódio”, explica Billingsley. “Decidimos por gravá-las no palco de som, e reproduzi-las durante a filmagem, para que pudéssemos cronometrar quanto tempo certos pedaços de ação física, que deveriam ser cobertas pela narração, levariam. Então eu perguntei ao pessoal do som se eles me ajudariam”, relata. “Tínhamos uma cena na ponte, onde minha narração deveria ser tocada, e deveria ser ‘Humanos são incríveis, quão quentes e magníficos eles são etc. etc. etc.’ Então eu os fiz gravar minha voz dizendo, ‘Oh, o capitão é certamente um gatão, que figura arrojada – fico pensando se ele está usando cuecas. Eu certamente gostaria de pegá-lo sozinho em um pod algum dia desses’, e eu fui bem longe naquele estilo. Eu pedi a eles que realmente esperassem por uma tomada, então estava todo mundo bem concentrado – então aqui saiu! É um grupo de pessoas muito divertido e gregário”, conta Billingsley.
- O filme a que a tripulação assiste no episódio é Por Quem os Sinos Dobram (For Whom the Bell Tolls). A cena exibida tem Gary Cooper, como Robert Jordan, e Ingrid Bergman, como Maria.
Ficha Técnica
Escrito por Maria Jacquemetton & André Jacquemetton
Dirigido por James A. Contner
Exibido em 23 de janeiro de 2002
Títulos em português: “Caro Doutor”
Elenco
Scott Bakula como Jonathan Archer
Jolene Blalock como T’Pol
John Billingsley como Phlox
Anthony Montgomery como Travis Mayweather
Connor Trinneer como Charlie ‘Trip’ Tucker III
Dominic Keating como Malcolm Reed
Linda Park como Hoshi Sato
Elenco convidado
Kellie Waymire como Elizabeth Cutler
David A. Kimball como Esaak
Christopher Rydell como astronauta Valaquiano
Karl Wiedergott como Larr
Alex Nevil como Menk
Enquete
Edição de Mariana Gamberger
Revisão Roberta Manaa