LDS 1×05: Cupid’s Errant Arrow

E esta, crianças, é a história de como eu conheci sua parasita

Sinopse

Data estelar: 57601.3.

A Cerritos se junta à USS Vancouver em órbita de Mixtus III em uma missão que envolve impedir que uma das luas daquele sistema se choque com o planeta, o que destruiria aquela civilização. Contudo, tal risco parece não ser a principal preocupação de nenhum dos mixtusianos reunidos na sala de conferências da Vancouver, intensamente enchendo o saco de Freeman e da capitão da Vancouver com picuinhas pessoais, incômodos irrelevantes e idiotices generalizadas que todos ali demonstram ter em relação aos federados terem que destruir a lua.

Boimler e Barbara se encontram

Entrementes, Boimler está animado pela chance de trabalhar com a tripulação da Vancouver, pois entre eles está a sua recente namorada, a tenente Barbara Brinson. Incrédula, Mariner fica tirando com a cara de Boimler o tempo todo até desembarcarem na Vancouver, onde têm de recolher seu queixo do chão quando uma linda, entusiasmada e capaz oficial da Vancouver beija Boimler. Durante o tour da nave, o grupo encontra o tenente Jet, da Cerritos, e a pose de boa-pinta dele e sua intimidade com Barbara incomodam Boimler, enquanto Mariner começa a entrar em uma noia de saber realmente quem é Barbara Brinson.

Já Rutherford e Tendi estão entusiasmados para conhecer as capacidades da Vancouver, nave mais avançada que as da classe California, como a Cerritos, e correm para encontrar o tenente-comandante Ron Docent, de quem recebem suas tarefas na missão e um par de T88, uma super-duper nova ferramenta tecnoblábica da Frota. Docent promete que o alferes que terminar primeiro poderá ter a sua própria T88.

Freeman discute com aliens

Enquanto Mariner especula sobre a real natureza de Barbara, Boimler especula sobre a real natureza de Jet. Ela não se conforma que Barbara esteja naturalmente interessada em Boimler, e se pergunta se não é uma situação onde Barbara seria algum alienígena, androide ou transmorfo que está tramando algo contra Boimler. Ela relembra a ocasião em que servia na Quito e algo do tipo ocorreu, onde um de seus colegas se relevou um transmorfo e matou outra colega dela. Contudo, Boimler está preocupado demais com a proximidade entre Barbara e Jet para sequer considerar o que Mariner especula.

Na sala de conferências, Freeman bate o pau na mesa e propõe várias soluções para as frescuras dos mixtusianos, atendendo a todos exceto um representante de Mixtus II, que argumenta sobre a presença da lua impedir poluição do outro planeta atingir o seu, e a remoção significaria o fim da vida em seu planeta. Enquanto Shaxs e Ransom preparam plataformas orbitais para criar um campo de força ao redor da lua para sua implosão, Freeman e o maluco de Mixtus II continuam batendo boca.

Boimler e Mariner preocupados

Enquanto Rutherford e Tendi entram em uma disputa para ver quem faz mais serviço com os T88, Barbara e Jet se reúnem com uma equipe da Vancouver para planejar a distribuição das plataformas, mas Boimler e Mariner ficam interrompendo para ficar de olho em ambos. Já no muquifo em que trabalham, Mariner monta todo um painel de investigação para analisar suas teorias conspiratórias sobre o que Barbara realmente é, enquanto Boimler pensa em maneiras de ser mais bacanudo que Jet. Ele interrompe o almoço de Barbara e Jet querendo pagar de uma mistura maluca de pitboys do século 20, enquanto Mariner fica sondando a moça com tricorders e arrancando pedaços do cabelo dela.

A rivalidade de Rutherford e Tendi continua grande, mas Docent informa que ambos empataram e portanto os dois podem ser transferidos para a Vancouver, que seria a forma de eles terem seus T88s. Os dois alferes não se animam com essa condição e se recusam, fugindo com o padd de Docent que contém a transferência. Eles acabam descobrindo que Docent é quem queria se transferir para a Cerritos por desejar a vida mais simples de uma nave de menor importância. Tendi e Rutherford prometem manter segredo sobre a tramoia do sujeito se ele cancelar as transferências e cada um ganhar um T88.

USS Quito docada em Deep Space Nine

Depois de mais interferências de Boimler e Mariner, Barbara explica para Boimler que não há nada com que ele se preocupar em relação a Jet, e Boimler exige que Mariner pare com suas doideiras. Ambos vão tripular uma das plataformas orbitais, e depois de Mariner encontrar resíduos de parasita onde estiveram, tem que apelar para ir até a plataforma salvar Boimler usando roupa de atividade extraveicular. Na plataforma, ela discute com Boimler e ele acaba nocauteado por uma manobra brusca, pois Freeman descobriu que a tal civilização do sujeito de Mixtus II é só ele e a esposa, então ordena a destruição imediata da lua e as plataformas estabilizam o escudo em torno da implosão.

Enquanto a lua é implodida, Mariner sai forte na mão contra Barbara, com cada uma desconfiada de que a outra é que seria algum ser alienígena ou parasita. Eventualmente, as duas federadas param de lutar por começarem a compartilhar anedotas sobre Boimler e acabam descobrindo que havia um parasita ali o tempo todo, mas em Boimler. De volta ao muquifo, o grupo descobre que aquele parasita foi o que fez com que Barbara ser apaixonasse por Boimler, e ela lamenta, mas informa ao alferes que precisa focar em seu trabalho e leva o parasita embora para estudo, mas não sem antes combinar passeios com sua nova amiga Mariner, para frustração de Boimler, enquanto Tendi e Rutherford voltam para trabalhar nos problemas da Cerritos com malas cheias de T88s.

Cerritos e Vancouver em órbita

Comentários

Com uma típica fórmula de triângulo amoroso de sitcom, mas com os ingredientes que apenas Star Trek pode incluir na mistura, “Cupid’s Errant Arrow” é um episódio que parece solidificar cada vez mais a ideia de que os casais de protagonistas aqui são o que se convencionou chamar nos EUA de “Work Husband” e “Work Wife”, ou seja, um colega de trabalho, geralmente do sexo oposto, com a qual se tem uma grande afinidade profissional, e com quem essa relação ganha a dinâmica semelhante à de um casamento.

title card

No lado da dupla Boimler e Mariner, o que tivemos foi a adição do terceiro elemento do triângulo na forma de uma tenente da Frota apaixonada pelo alferes. Descontando a desconfiança de Mariner, mesmo Boimler estava considerando que aquilo poderia ser bom demais para ser verdade, o que foi o catalisador das suas atitudes irracionais durante a trama. É interessante notar que a equipe criativa não exagerou na dose — o feromônio do bicho deixava Barbara enamorada por Boimler, mas não de maneira irracional, como muitas vezes conceitos semelhantes tendem a fazer. Ela ainda se irritava com atitude dele, precisava de espaço e não gostava que interferisse no seu trabalho.

Já Mariner demonstrou um comportamento incentivado por uma combinacão até complexa de fatores: primeiro, medo pela segurança de seu amigo, influenciada por trauma no passado; segundo, inconformidade com o que não parece fazer sentido enquanto casal; terceiro, desejo de solucionar o que parece ser resultado de alguma das doidas possibilidades do universo onde vive; e quarto, ciuminho básico, não tem porque negar, não. Foi interessante acompanhar durante a trama o quanto de cada aspecto desse pesava mais em determinado momento.

Ransom analisa as plataformas orbitais

Foi divertido ver ambos os alferes intercalarem suas ações, com cada um deles entrando em uma espiral de paranoia e insegurança, da qual ironicamente foi Boimler quem acabou escapando primeiro, conseguindo acreditar na maneira com que Barbara o assegurou de que sua insegurança seria infundada. Encontrar alguma prova física do que acreditava levou a paranoia de Mariner ao nível 11, o que nos trouxe ao clímax dos três na privacidade da plataforma orbital (OK, isso soou mais safado do que retratado na cena). Ali, tivemos a revelação de que Barbara também estava desconfiada de Mariner, e suas diferenças acabaram sendo aquilo que uniu as mulheres — e elas descobriram que o parasita estava na realidade em Boimler. Foi uma maneira boa, ainda que de certa forma óbvia, para concluir a história com tintas de “todos estavam certos e todos estavam errados”.

Já no lado da dupla Rutherford e Tendi, a trama foi extremamente peso-leve, basicamente só um vetor para algumas piadinhas situacionais com eles, com um aspecto adicional de ambos ficarem admirados com os avanços de uma nave mais sofisticada, mas sem realmente desprezarem terem na Cerritos um lar, onde vivem histórias ao lado de seus amigos. Também é de se considerar que a Cerritos estar “caindo as pedaços” soa meramente exagero para dar suporte às motivações de ambos. Sim, isso vem um pouco da premissa da série, mas no frigir dos ovos aquela ainda é uma nave federada, então ela segue um certo padrão, e assumindo todos os reparos que ela recebe depois de eventos do tipo como em “Moist Vessel”, ela seria a rainha dos serviços jaque (“Já que vai mexer, então…”). Podemos dizer que ela seria uma alma-gêmea da Enterprise NCC-1701-A: uma boa nave, mas que tem seus charmosos defeitinhos.

Rutherford e Tendi se estapeiam

É de se notar que a missão principal não teve o envolvimento significativo de nenhum dos quatro principais da série, os quais tiveram a importância de qualquer outro tripulante de fundo neste episódio (Mariner, então, nem se fala). Isto nos leva a um ponto que tem sido muito comentado sobre Lower Decks, de como os quatro alferes estariam “centrais demais nas missões e na ponte”. Pelo menos até o momento isso não corresponde à realidade, se colocarmos na ponta do lápis: de vinte situações individuais ilustradas até agora (cinco episódios vezes quatro personagens), apenas em duas ocasiões algum deles foi absolutamente central na missão ou no problema principal: Boimler em “Temporal Edict”, e Mariner em “Moist Vessel”. Em “Second Contact” ambos foram centrais apenas de maneira acidental, vindos de uma tarefa totalmente tangente ao problema principal, e em “Envoys” eles foram centrais apenas para resolver um rolo que eles mesmos criaram em uma missão totalmente corriqueira e separada do dia a dia da nave. No todo, essa questão de “centrais demais nas missões” não é nem de perto a maioria dos casos, e é plenamente aceitável que eles estejam centrais pelo menos um punhado de vezes, afinal de contas. Em Lower Decks, “protagonismo dos episódios” e “estarem centrais ao problema principal da nave” são questões que podem ser bem distintas.

Mariner na USS Quito

Em si, a missão foi ilustrada de forma interessante: bons momentos de Freeman tendo que lidar com as panaquices dos alienígenas afetados pela lua caindo em seu planeta, e as operações em si, usando plataformas orbitais e escudos complexos, foram visualmente bem elaboradas. Um aspecto que a direção de arte poderia ter dado mais atenção é na ponte da Vancouver — ela ser igual à da Cerritos pode confundir um pouco sobre onde a ação no episódio estava ocorrendo em determinadas cenas.

O episódio não teve teaser pré-abertura, especialmente do tipo miniaventura, mas o que encaixou no papel disso no final das contas foi a ótima cena de flashback de Mariner. Serviu bem para ilustrar que parte de suas ações estava sendo motivada por antigo trauma, e isso embalado em vermos DS9 e os uniformes dos filmes de A Nova Geração e final de Deep Space Nine, o que passou uma sensação de familiaridade e de cumplicidade para com o passado da personagem. Por melhor que tenha sido rever aquele tipo de uniforme, deu para perceber que o estilo não seria realmente tão adequado para animação, uma vez que cria uma área escura contínua longa demais, do torso aos pés, ao passo que o da época da série é mais harmonioso para animação. E a “Afro Mariner” foi bem legal, embora eu ainda prefira “Rabo de Cavalo com Ângulo de Ataque Alto Mariner”.

Mariner e Barbara lutam

Enfim, um bom episódio de comédia situacional com as relações pessoais dos personagens, ainda que muito desequilibrado em favor de Boimler e Mariner, considerando que a trama com Rutherford e Tendi foi mais fraca do que poderíamos ter.

Avaliação

Citações

“I think the Cerritos smells like toasting marshmallows on a cool night.”
“Is that a plasma fire?”

(Eu acho que a Cerritos tem o aroma de marshmallows assando em uma noite fresca.)
(Isso é fogo de plasma?)
Rutherford e Tendi

“He radiates a primal confidence. I’m sure you’ve felt it.”
“No, I try not to feel anything around Brad.”

(Ele irradia uma confiância primal. Eu tenho certeza que você já sentiu.)
(Não, eu tento não sentir é nada perto do Brad.)
Barbara e Mariner, sobre Boimler

“What? Man, it’s like a new thing every week with those guys.”
(O quê? Cara, é como se fosse uma coisa nova toda a semana com aqueles caras.)
Mariner, sobre eventos doidos acontecerem com frequencia na Enterprise

“Don’t kill my people! You’re the Federation! You’re the good guys! Remember the Prime Directive?”
“What? That doesn’t even apply here!”

(Não mate meu povo! Vocês são a Federação! Vocês são os mocinhos! Lembrem-se da Primeira Diretriz?)
(O quê? Isso nem se aplica aqui!)
Mixtuliano e Freeman

“You guys have been through a lot together.”
“Yeah, I mean, he is a dork, for sure. But he’s my dork.”

(Vocês realmente enfrentaram muita coisa juntos.)
(É, quero dizer, ele é um atrapalhado, claro. Mas ele é o meu atrapalhado.)
Barbara e Mariner, sobre Boimler

Trivia

  • Uma piada interna da série parece estar sendo dar nomes terráqueos bem comums em tripulantes alienígenas: já tivemos uma trill chamada Barnes e uma andoriana chamada Jennifer até o momento. Isso é interessante na medida que dá para aplicar um fanonzinho honesto em acreditar que elas, por exemplo, podem ser 100% daquelas espécies alienígenas, mas ambas nascidas na Terra, o que ilustraria uma integração social grande entre espécies federadas.
  • A USS Vancouver foi batizada com o nome da cidade canadense onde a Titmouse, o estúdio responsável pela produção da animação de Lower Decks, tem centros de produção de animação.
  • A estação espacial de arquitetura cardassiana onde a USS Quito estava atracada durante o flashback de Mariner foi confirmada por Mike McMahan como sendo de fato Deep Space Nine.
  • Os shuttles da Vancouver eram todos batizados com nomes de bairros da cidade canadense.
  • Gillian Jacobs, atriz famosa por seu papel de Britta Perry na série Community, dá voz a Barbara Brinson.
  • Você pode conferir todas as referências e easter eggs do episódio neste artigo de Maria-Lucia Racz no Trek Brasilis.

Ficha Técnica

Escrito por Ben Joseph
Dirigido por Kim Arndt

Exibido em 3 de setembro de 2020

Elenco

Tawny Newsome como Beckett Mariner
Jack Quaid como Brad Boimler
Noël Wells como D’Vana Tendi
Eugene Cordero como Sam Rutherford
Dawnn Lewis como Carol Freeman
Jerry O’Connell como Jack Ransom
Fred Tatasciore como Shaxs
Gillian Vigman como T’Ana

Elenco convidado

Gillian Jacobs como Barbara Brinson
Matt Walsh como Ron Docent
Marcus Henderson como Jet

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