Em tempos de COVID-19, os artistas vem se reunindo por meio virtual. Uma dessas reuniões ocorreu no programa “Stars in the House” que é uma série transmitida ao vivo diariamente para apoiar o The Actors Fund, uma organização que apoia artistas e trabalhadores da área. Criado durante a pandemia de coronavírus, o programa vai ao ar pelo Youtube e é apresentado por Seth Rudetsky e o produtor James Wesley. A dupla traz atrações musicais, entrevistas, onde os espectadores também podem doar para a caridade e interagir com os convidados.
Para comemorar 25 anos de Star Trek: Voyager, “Stars in the House” reuniu o elenco da série para um bate papo com o público, lembrando de fatos pitorescos durante o trabalho nos sets de filmagens, os melhores e piores momentos durante sua passagem na franquia.
O programa reuniu Kate Mulgrew (Kathryn Janeway), Jeri Ryan (Sete de Nove), Roxann Dawson (B’Elanna Torres), Robert Beltran (Chakotay), Robert Duncan McNeill (Tom Paris), Robert Picardo (Doutor), Ethan Phillips (Neelix), Garrett Wang (Harry Kim) e Tim Russ (Tuvok).
A reunião se deu em 26 de maio e um dos assuntos foi sobre diversidade.
Segundo Mulgrew, a diversidade ainda tem um longo caminho a percorrer. A atriz se disse grata por ser a primeira mulher capitã de Star Trek.
Apesar do trabalho ser gratificante, passar a maior parte do tempo longe da família, também implicou em um sacrifício pessoal. Na época da série, seus filhos tinham 10 e 11 anos e ficavam chateados por ela passar tanto tempo longe deles. E até hoje não assistiram sua atuação em Jornada.
“Minha coisa menos favorita [sobre o trabalho] foi o conflito que ainda existe para todas as mulheres em um papel de liderança, que estão criando filhos sozinhas em casa“, disse ela. “Receio ter trazido isso para o set algumas vezes. Tentei não trazer, mas isso durou sete anos.”
Outra parte da discussão foi quanto aos personagens menos emotivos da série.
“Ele era uma lousa em branco, incolor, sem humor e sem graça”, disse Picardo sobre seu personagem Doutor nos primeiros anos da série, “Mas a grande coisa sobre o conceito do personagem era que ele era uma peça de tecnologia que foi voluntariosa e teve uma reação porque não estava sendo respeitado.
Picardo disse ainda que quanto mais ele se inclinava para esse aspecto do personagem, mais a personalidade do Doutor emergia.
“Uma vez que entrei nesta compreensão e ganhei o respeito da tripulação, sempre tentando fazer mais do que pretendia, sua personalidade cresceu ao logo dos sete anos, então a minha coisa menos favorita se tornou a mais favorita”.
Tim Russ também teceu comentários sobre o que gostou do seu personagem.
“O que gostei de fazer no personagem é que eu era capaz de ser o contra ponto para a condição humana em termos de interação com as pessoas e suas emoções”, disse Russ.
Mas o ator observa que esse foi um desafio para ele habituado a personagens emotivos, “Eu senti falta de criar toda uma gama de emoções, quando você é treinado para mostrar uma série de emoções por anos e anos”, disse Russ, “Então acabei desempenhando esse papel por sete anos, onde não demonstrei nenhuma emoção“.
Jeri Ryan comentou que além da sua insegurança de entrar no meio da série e ter de agradar, a maior dificuldade era vestir o uniforme de Sete de Nove colado ao corpo, “Não foi muito divertido não poder ir ao banheiro sem que todo mundo ficasse sabendo”, brincou Ryan, acrescentando que todo o processo de ir ao banheiro e voltar ao set levava cerca de 20 minutos.
Apesar do trabalho no vestuário, Ryan afirmou que ela foi um presente para a atriz em termos de carreira e que a personagem continuou crescendo, após a série, transformando-se em ser um humano mais traumatizado, mas ainda assim mais madura em Star Trek Picard, que estreou no início deste ano. “Houve muito crescimento porque ela começou nem mesmo humana, então isso foi maravilhoso”, disse Ryan.
Ao contrário dos três personagens, Neelix era emotivo e tinha um grande coração, na opinião do seu intérprete Ethan Phillips, que só não gostava do processo de maquiagem, que levava cerca de uma hora. Mas o personagem era uma alegria de interpretar, “gostei muito de Neelix. Ele era um bom companheiro”, disse Phillips.
Mulgrew e Ryan elogiaram o colega por aguentar todo o processo sem reclamar, durante anos, “Ele tinha uma cabeça de maquiagem miserável e nunca reclamou”, disse Ryan, “Fiquei lá por quatro anos. Nunca ouvi esse homem reclamar”.
Picardo disse que ainda gosta de conversar com astronautas, engenheiros e outras pessoas no programa espacial que decidiram seguir suas carreiras por causa de Voyager.
Uma das contribuições favoritas de Picardo para o espaço foi para a missão Cassini da NASA e a da Agência Espacial Européia na missão para Saturno, que terminou em 2017, após 20 anos de serviço no espaço. O ator deu a Cassini uma despedida de ópera no YouTube para a música “La donna è mobile” da ópera “Rigoletto”.
Em outro painel, com Roxann Dawson, Robert Beltran, Robert Duncan McNeill e Garrett Wang, os atores reclamaram do modelo de uniforme, que era muito difícil de se movimentar.
“Era muito apertado para se movimentar e quente”, lembrou Wang, dizendo que os piores momentos aconteciam ao sentar-se. Apesar disso, Wang citou como ponto favorito para ele o relacionamento de todo o grupo e com os fãs, onde teve a oportunidade de ouvir, em convenções que participou, pessoas dizerem que Star Trek deu esperanças em momentos ruins de suas vidas.
Beltran brincou dizendo que a parte de seu personagem que mais apreciava era quando Chakotay dizia “A Cuchi Moya!”, na língua nativa de sua tribo e o que mais desagradava eram as longas horas de filmagens.
McNeill falou de seu personagem Tom Paris e revelou que, ao fazer o podcast com Garrett, teve de re-assistir seu próprio trabalho na 1ª temporada o que o desagradou, “ele era um idiota”, disse o ator sobre seu personagem, mas o crescimento do personagem que produziu nas temporadas posteriores valeu a pena.“Ele mudou, e acho que até o final da série, ele realmente evoluiu para uma pessoa diferente, por causa da (personagem) Dawson”.
Mulgrew brincou lembrando que McNeil levava sempre um livro com ele para
Já Dawson comentou que as lutas de sua personagem com depressão e saúde mental são discutidas frequentemente nas convenções.
Apesar da desagradável colocação da maquiagem Klingon de B’Elanna Torres, que levava cerca de duas horas para ficar pronta e 45 minutos para tirar, a atriz elogiou o elenco, que se tornou uma família. “Ainda hoje, após 25 anos, conversamos, o que é uma experiência extraordinária em Star Trek”, observou Dawson, acrescentando, “Me casei e tive dois filhos lá. Comecei a fazer direção e me sentia feliz”.
Quanto ao tema coronavírus, os atores aludiram à incerteza que a pandemia produziu para a indústria do entretenimento. A nova temporada de Picard, por exemplo, suspendeu o início das filmagens planejadas para este mês, até pelo menos o outono. Mas Mulgrew disse que seu personagem, como capitã, teria concordado com as medidas de quarentena.
Fonte: Space.com