Bryan Fuller é roteirista, ator e produtor de series de TV americana. É colaborador de longa data de Star Trek, tendo sido roteirista em 20 episódios da série Voyager, incluindo também alguns episódios para Deep Space Nine.
Em 2016, foi anunciado que Fuller, juntamente com Alex Kurtzman, seria um dos co-criadores de Discovery e chegou a se tornar o showrunner da série. Mas esse seu retorno à franquia foi cercado de intrigas e discussões, que levaram a sua saída antes mesmo do piloto ir ao ar.
Pouco ele falou sobre sua rápida passagem por Star Trek: Discovery, a não ser em raras entrevistas. Recentemente, ele voltou a abrir o jogo sobre seu trabalho no programa. Fuller foi um convidado especial para o 400º episódio do video blog de Robert Meyer, chamado Robservations. De fato, a discussão de 90 minutos se concentrou principalmente nos trabalhos na televisão e no cinema de terror, incluindo a passagem de Bryan na série Hannibal da NBC. Mas o tema Discovery também foi abordado e o produtor falou sobre seus planos inicias de como executar o universo espelho na série:
“O que realmente me fascinou ao me sentar e redigir a história para Discovery foi a condição humana. Eu achei que existem elementos no Universo Espelho que já tínhamos visto, e meio que se resumiram aos extremos mais amplos do espectro e tudo parecia realmente binário”, disse Fuller.
Para o produtor, seria mostrar este universo mais sob o ponto de vista em tomar decisões conflitantes.
“E o que eu realmente queria fazer era olhar para os detalhes de simples decisões que têm um efeito cascata em nossas vidas. Portanto, não se trata de faixas de ouro e cavanhaques versus nenhuma faixa e barbeado. É mais sobre estarmos numa encruzilhada a cada momento de nossas vidas e se vamos para a esquerda ou para a direita.
Foi isso que me fascinou em escrever Discovery, o que me faz pensar no discurso de Joe Menosky em “Latent Image” de Voyager, onde o Doutor tem uma “escolha de Sofia”, onde ele só pode salvar uma vida. E ele escolheu o Alferes Harry Kim contra esse outro alferes e isso é uma decisão dividida e faz com que todo o seu programa se desfaça porque ele não consegue lidar com a forma como sua escolha sempre custaria uma vida. Foi o seu Kobayashi Maru”.
Mesmo tendo ocorrido algumas mudanças na série após sua partida, o Universo Espelho continuou sendo um arco importante dentro da primeira temporada.
A ideia inicial de Fuller para o Universo Espelho não se resumia apenas em mostrar o caráter oposto do personagem, mas revelar que consequências teriam se outras decisões fossem tomadas na mesma situação.
“Então, havia algo nos erros cometidos por Burnham na “Batalha das Estrelas Binárias” que tinha essa ondulação, mas o Universo Espelho sempre foi destinado a ser uma exploração de um pequeno passo em uma direção diferente. Portanto, não era necessariamente o Universo Espelho que conhecemos de todas as outras séries. Era algo que estava mais próximo da nossa linha do tempo e experiência, então você ainda pode reconhecer o ser humano e dizer: “O que eu fiz? Como isso pareceu uma boa decisão para mim naquele momento e como eu continuo com minha vida em frente”? E tudo foi uma espécie de extrapolação sobre isso. Então, havia coisas que eu queria que o Universo Espelho funcionasse em uma exploração narrativa do tipo “Oh -, se eu não fizesse uma coisa dessas, tudo seria melhor”. Ao contrário de: “Eu não reconheço essa pessoa, não sei quem é essa pessoa, porque ela é um oposto de quem eu sou”.
No episódio intitulado “Despite Yourself”, a nave Discovery salta para um local desconhecido, mas familiar. O período de tempo do universo espelho é o mesmo do original, ou seja, cerca de 100 anos após o episódio “In a Mirror, Darkly” (de Enterprise). A tripulação planeja voltar para o seu próprio universo tentando descobrir como que a USS Defiant chegou a este universo (por meio do episódio “The Tholian Web“ da série original).
Afinal, não foi a ideia inicial concebida por Bryan Fuller, e se pareceu melhor ou pior fica a critério do caro leitor.
Os dois primeiros anos de Star Trek: Discovery estão disponíveis no Brasil pela Netflix. A terceira temporada deve estrear ainda em 2020.
Fonte: TrekMovie