A série Star Trek: Picard foi a primeira das séries Trek a ter uma diretora no comando do seu episódio de estreia. O nome dela é Hanelle Culpepper, que não só assumiu o piloto, “Remembrance”, mas também os dois episódios seguintes: “Maps and Legends”, e “The End is the Beginning”.
Antes de se envolver com Star Trek, Culpepper começou como assistente da roteirista e diretora Callie Khouri (escritora ganhadora do Oscar por Thelma & Louise). Após escrever e dirigir alguns curtas-metragens e uma passagem pelo Directing Workshop for Women da AFI, Culpepper dirigiu e lançou seu primeiro longa independente, o thriller sobrenatural de 2009 Within. A partir daí, foram outros thrillers independentes e um trabalho nas séries de TV Parenthood e Criminal Minds.
Culpepper disse, numa entrevista ao Newsweek, que “Depois disso, tudo começou a fluir”. Desde então, ela tem seus créditos de televisão nas séries Hawaii Five-O, Sleepy Hollow, Castle, até chegar em Star Trek: Discovery (“Vaulting Ambition“ e “The Red Angel“).
Falando por telefone, Culpepper descreveu as suas cenas favoritas que dirigiu nesses episódios de Picard. Culpepper escolheu três: A cena em que Picard diz “Engage!”; a briga entre Laris [Orla Brady], Zhaban [Jamie McShane] e os romulanos no Chateau Picard, e quando ele entra nos Arquivos da Frota Estelar.
Ela observa que na filmagem do Arquivo da Frota Estelar, houve um grande trabalho de pesquisa, recriação e busca pelos objetos usados na antiga série.
“Muito disso estava no roteiro, mas discutimos o que mais poderia estar naquele espaço e o que mais ele consideraria especial. Minha coisa favorita nesse arquivo é o pôster do Picard Day [episódio “The Pegasus”], que tivemos que recriar. Tivemos que recriar muitos deles. Alguns desses conseguimos encontrar no depósito”.
“Trabalhar com os designers foi muito legal. Examinamos os designs antigos e os replicávamos ou os ajustávamos em pequena escala, ou qual seria a versão futura de um item que ainda parece com esse item”.
A diretora falou também sobre a importância de dirigir um episódio piloto, onde você pode definir o tom e a aparência do seriado, e preparar o terreno para os personagens principais se desenvolverem.
Perguntada como foi dirigir episódios onde se vê pela primeira vez locais citados em diversas séries anteriores, como o Instituto Daystron, especialmente quando são baseados em efeitos especiais, Culpepper disse que trabalhou com o artista do storyboard e o departamento de arte para desenvolver os efeitos visuais e a arte conceitual. Assim que descobriram a localização para o Instituto Daystrom, o departamento de arte teve algumas ideias sobre como esse edifício se encaixaria na aparência geral. E citou uma pequena nota para os fãs:
“Na verdade, há uma escassez de artistas conceituais por aí. Se alguém gosta de desenhar e quer entrar em ficção científica, há trabalho a ser feito. Esse foi provavelmente um dos nossos maiores desafios em Picard, foi encontrar os artistas conceituais certos.”
Perguntada sobre qual foi a cena que precisou do maior número de tomadas, respondeu que foi a cena no bar Ten Forward. O difícil foi acertar o tempo adequado para chegar em Picard na lateral, para combinar com ele na cama, na cena seguinte.
A diretora ajudou ainda os roteiristas a desenvolverem algumas linhas para definirem mais os personagens. “Eu pedi a Michael Chabon para escrever uma pequena biografia de cada personagem, para que eles pudessem ver qual era sua história com Picard, com a Frota Estelar e sua própria história pessoal”, disse Culpepper, revelando que teve também a colaboração do ator Santiago Cabrera para a escolha dos vários hologramas de Chris Rios.
O momento mais divertido no set, segundo Culpepper, foi a cena no Ten Forward, onde estavam presentes Patrick Stewart e Brent Spiner. Jonathan Frakes também estava lá, preparando-se para dirigir seus episódios e chegou para dizer alô. “Estávamos no set com os três, e ficamos todos em êxtase. Eles ficaram felizes em se verem e riram muito, foi divertido”.
O próximo grande projeto de Culpepper é uma refilmagem contemporânea de Kung Fu o filme de artes marciais dos anos 70, estrelando Olivia Liang como a chinesa-americana Nicky Chen, que estuda com monges Shaolin há anos, até que ela é forçada a voltar para casa e acertar as coisas.
Fonte: Newsweek