Michael Chabon, showrunner de Star Trek: Picard, tem respondido a muitas questões dos fãs em sua conta do Instagram. Algumas delas tem sido sobre a violência nas cenas de flashback do 5º episódio da série, “Stardust City Rag”. Nesta cena, os implantes borg de Icheb são removidos de forma explicita, sem anestesia e com grande sofrimento para o personagem.
Em uma das respostas, publicada em 21/02/2020, Chabon diz:
“Eu não sou ambivalente sobre a violência. A escolha não foi feita de forma leve, mas foi feita de forma colaborativa, com muitas conversas e debates entre os criadores (do seriado). Então eu te asseguro que não é simplesmente “porque queremos” ou porque nós estamos tentando, como você colocou, ser modernos. Meus parceiros todos têm sua própria razão para sua presença na história, assim como alguns de nós tinham nossas próprias razões para se afastar delas”.
Para Chabon, Star Trek nunca deixou de mostrar a violência, mesmo que implícita, em suas histórias.
“Para mim, resume-se ao seguinte: sempre existiu violência (e até tortura) em Star Trek. Algumas vezes a violência foi implícita, de acordo com os ditames da censura, da natureza da situação sendo criada, da estética do criador individual ou de limitações técnicas e de orçamento. E a razão por que sempre houve violência em Trek é porque Trek é arte, e sempre houve violência – implícita ou explícita – na arte. Ela pertence lá. Ela pertence a qualquer narrativa sobre seres humanos, mesmo sobre seres humanos no futuro. A violência frequentemente “é” a narrativa. Sua fonte. Seu motor. A questão se é muito ou não é, finalmente, uma questão de gosto. Pessoalmente, eu estou mais pelo final “menos é mais”. Mas isso sou só eu. No final, eu vi o pouco tempo e espaço que tínhamos para mostrar o senso da história da Sete após Voyager e as coisas que a dirigem e a assombram. Eu decidi com meus parceiros, que a intensidade era necessária. A Sete vive fora da Federação, porque aí ela encontra seu objetivo. Mas a vida é dura lá fora. Se não fosse, pessoas não necessitariam tanto de sua ajuda. E ela não teria encontrado essa boa razão para continuar, apesar de sua história de trauma. Mas eu escuto você”.
Assim, ficamos sabendo que a cena violenta no começo do episódio foi cuidadosamente estudada pelos roteiristas que decidiram que a intensidade era necessária, devido à falta de tempo para explicar a complicada situação em que Sete se encontra.
Ao responder para outro fã, que dizia que a série Picard não era apropriada para crianças, por causa da violência explícita, Chabon respondeu:
“Star Trek está se diversificando e se expandindo rapidamente. Algumas das futuras séries serão apropriadas e dirigidas para as famílias assistirem juntas. Picard, como você observou corretamente, não é. E nunca vai ser. Sir Patrick foi muito claro e explícito conosco, desde o começo, de que sua volta ao papel de Picard, assim como sua volta ao papel de Professor X em Logan, dependia de nós criarmos uma série escrita e dirigida para uma audiência mais velha, mais madura, sobre um herói abatido, um que exatamente reflete e leva em conta o peso dos anos, desapontamentos e arrependimentos. Isso é o que estamos fazendo.”
Desse modo, uma das razões para Sir Patrick Stewart aderir a nova história é que ele não queria uma série leve, como foi A Nova Geração, mas sim uma série que refletisse o passar dos anos do personagem e, principalmente, seus sofrimentos. Já sabíamos que algumas das próximas séries, como Lower Decks ou a série da Nickelodeon, ainda sem nome, serão dirigidas para crianças e adolescentes e apropriadas para as famílias assistirem juntas.