No segundo episódio da semana de Discovery, tivemos a direção de Jonathan Frakes, veterano ator de A Nova Geração. Em uma rodada de entrevistas, Frakes explicou “New Eden”, e opinou sobre a nova série Picard e o filme Nemesis.
“New Eden” destacou o tema da segunda temporada de Discovery, da ciência versus fé. O Hollywood Reporter perguntou a Jonathan Frakes como essa história combinaria com a visão humanista de Gene Roddenberry sobre o futuro. Frakes observou que a série não estava necessariamente abraçando a fé tanto quanto discutindo:
Não tenho certeza se eles estão adotando a ideia de fé tanto quanto estão abraçando a conversa sobre ciência versus fé. É como o julgamento do Scopes (debate jurídico nos EUA entre criacionismo e evolução na escola em 1925). A ideia de que todos nós somos ingênuos em acreditar que não existe um poder mais alto lá fora aplicando-se tanto ao século 24 quanto no século 21. Nós evoluímos muito como cultura desde que Gene Roddenberry esteve conosco.Temos que nos manter atualizados em muitos níveis, no cinema e na narrativa. A bússola moral do país parece ter um pouco mais de uma curva liberal do que no passado. Gene vem dos anos 60; ele era um velho hippie! [Risos]
Frakes falou mais ao Deadline, descrevendo como ele e o showrunner Alex Kurtzman discutiram como o tema se encaixaria na visão de Roddenberry:
Quando[Alex Kurtzman assumiu a série, essencialmente, nós tivemos uma sessão realmente produtiva onde ele explicou o arco da temporada, essencialmente, e nós conversamos sobre Jornada em geral e sobre o meu ponto de vista pessoal e sobre Roddenberry. Ele estava interessado em tudo isso, e foi um prazer falar com ele e ouvi-lo. Ele tem uma grande curiosidade, mas também tem uma ótima visão. Gene Roddenberry era um ateu, então ele não acreditava no céu, é claro, mas você sabe se ele estava olhando para tudo isso, acho que ele ficaria muito, muito satisfeito com as mãos que Star Trek tem nesses dias.
Frakes também falou ao Deadline sobre como é trabalhar em Discovery e como eles estão desfocando a linha entre TV e filme:
É dado o tempo que você precisa, o dinheiro que você precisa, o equipamento que você precisa; e a qualidade dos chefes de departamento e o modo como Alex Kurtzman e as pessoas dirigem a série, tudo isso encoraja você a “estar pronto para detonar”. E a não ter medo de experimentar coisas e fazer qualquer coisa que seja possível para torná-la especial. Você está limitado apenas pela sua imaginação. E eu acho que é uma extensão do jeito que os filmes de JJ Abrams eram. A liberdade do movimento da câmera e o uso empolgante e dramático da luz e da cor é algo que o público passou a se acostumar. Agora, com Discovery também adotando o cânon de Roddenberry de uma maneira mais válida, ele tem o melhor dos dois mundos. Tenho orgulho de fazer parte disso.
A misteriosa amiga de Tilly
Um dos mistérios intrigantes vistos em “New Eden” foi a aparição da personagem May, que só poderia ser visto por Tilly e revelado como sua velha amiga que havia falecido. Falando ao The Hollywood Reporter, Frakes parece confirmar a teoria de que esse amigo fantasma está relacionado a um momento durante a primeira temporada em que um único esporo do último estoque de micélio da USS Discovery (antes de ser reabastecido) pousou no ombro de Tilly.
No final da primeira temporada, uma entidade entrou na Tilly. Parecia uma faísca verde, como a Sininho, que pousou nela. Eu pensei que havia algum aspecto dessa “mágica” que permitiu a Tilly ter o que percebemos como alucinações sobre sua infância e sobre esse personagem que só ela pode ver. Ela tem a dificuldade de perceber que ninguém mais vê, mas ela não quer admitir isso. E ela já é muito socialmente complicada como pessoa.
A série de Patrick Stewart
O assunto da próxima série de Jean-Luc Picard também surgiu em algumas entrevistas. Falando ao Deadline, Frakes observou como essa série não seria uma continuação de A Nova Geração:
O sentimento é que gostaríamos de fazer parte disso. Mas o sentimento também é que é a série de Patrick. [Risos] Dito isso, não consigo imaginar um mundo onde não haja referência ao que aconteceu com o resto do elenco de A Nova Geração. Patrick não está fazendo o capitão Jean-Luc Picard desta vez, ele terminou com essa fase de sua carreira na Frota. Essa é a única coisa que sei sobre a série. Patrick e eu tivemos um jantar a algumas semanas atrás e este homem, que eu conheço há 31 anos, está tão animado com esta série que ele está como uma criança. É fabuloso! Ele está empolgado e animado para ser convidado para a sala dos roteiristas e ele é um produtor na série e faz parte do desenvolvimento do arco da história. É incrível. Quero dizer, ele é um cara que está totalmente envolvido.
Falando ao THR, Frakes revelou que ele não foi capaz de falar sobre o papel que tem na nova série de Picard, se houver, mas ele falou em geral sobre a próxima série:
Estou emocionado. Patrick está absolutamente entusiasmado com isso. Ele está na sala com os escritores bolando as histórias, e ele não teve esse privilégio antes em sua carreira. Isso o motivou e o excitou agora. Eu estou realmente esperando por isso. Picard 20 anos depois é um cara fascinante. Ele era um cara fascinante desde que o conhecemos.
Lamento por não dirigir Nemesis
Ao site Vulture, Frakes fez uma retrospectiva de sua carreira como diretor, começando com os episódios e os filmes de A Nova Geração.
Depois de dirigir e atuar em vários episódios de A Nova Geração, Frakes disse que estava cansado e queria novos ares.
É muito nepotismo fazer apenas Star Trek. Eu não queria ser esse cara. Mas você é rotulado de ator e é rotulado como diretor. Eu me sinto abençoado por ter aprendido que não sou apenas um diretor melhor do que eu sou ator, mas eu não gostaria de estar tentando colocar meus filhos na faculdade agora como apenas o cara de Star Trek. Às vezes você não consegue o emprego porque é o cara de Star Trek.
Mas dirigir um filme com grande orçamento e uma boa história o seduziu a retornar a Jornada.
Eu fiz First Contact, e então eu peguei um pouco da Paramount para fazer minha própria produtora e vendemos uma série chamada Roswell. Eu pretendia produzir e dirigir o piloto de Roswell, mas naquela época surgiu Insurrection, e a Fox achou que seria um pouco ambicioso dirigir um longa-metragem e dirigir o piloto de uma série de televisão ao mesmo tempo. Mas esse foi um ótimo período lá.
Mas após dirigir dois filmes da franquia, Frakes preferiu apenas atuar no último filme, embora tenha lamentado por isso depois, dizendo:
Eu adoraria ter feito Nemesis, mas pensei: “Sério? Isso é tudo o que você vai fazer, filmes de Jornada?” É fácil dizer agora. Mas eu gostaria de ter feito Nemesis.
Frakes acredita que retornar a dirigir Discovery novamente representa um circulo completo:
É um círculo completo. Eu comecei em Star Trek, e agora eu estou principalmente empregado fazendo série Star Trek (além de The Orville). Tem sido muito, muito bom para mim.