Os filmes para cinema de Jornada nas Estrelas sempre estiveram disponíveis para compra ou locação no Brasil nos mais diversos formatos de home-vídeo. Passando pelo formatos VHS, DVD e Blu-Ray, agora, a começar pelos três últimos filmes da que é chamada trilogia “Kelvin Timeline”, estão também disponíveis na formato 4K UHD (Ultra High Definition), embora não mais no formato de mídia física.
É um consenso que o mercado de mídias físicas está em franco declínio. A época de ouro, com lançamentos impecáveis em DVD, já está no passado distante, e o Blu-Ray simplesmente não emplacou no Brasil. No exterior existe o formato de disco físico Blu-Ray 4K, que exige aparelho e mídias específicos, mas não há qualquer previsão de chegada aqui. Aliás, muito provavelmente jamais chegará, tendo em vista que o próprio Blu-Ray está desaparecendo por estas bandas.
A aposta da vez é o conteúdo 100% digital, na qual o usuário compra ou aluga o filme nas mais diversas plataformas disponíveis (as principais são Apple iTunes Store e Google Play Store) e o assiste na TV ou no aparelho portátil via transmissão local (se o arquivo estiver baixado no computador, tablet ou celular) ou streaming (se o arquivo estiver no servidor da plataforma e o usuário usa o computador, tablet ou celular como ponte).
Embora todas as plataformas já ofereçam a resolução HD (1080p) há anos, a Apple saiu na frente no Brasil com a disponibilização do aparelho Apple TV 4K (uma pequena caixa preta, conectada na TV via cabo HDMI e que recebe o conteúdo via internet Wi-Fi ou cabo de rede) e, já de início, com um vasto catálogo de filmes em UHD.
No exterior, a Google oferece o Chromecast Ultra (sua equivalente à Apple TV e também compatível com 4K HDR) e filmes 4K na Play Store, mas ainda não aterrisou no Brasil. O catálogo da Google aqui está, até o momento, limitado a HD 1080p.
O padrão 4K oferece qualidade de imagem superior ao Blu-Ray (2160p vs 1080p), mas o maior diferencial é a função do HDR (High Dinamic Range), que proporciona melhores cores e contraste, o que resulta numa espectacular apresentação, superior até mesmo à das melhores salas de cinema.
Os colecionadores ainda torcem o nariz para o formato digital, uma vez que a coleção de filmes não será física; não dá para pegar na mão; não tem encarte, panfletos; nada. Em suma, não há o que exibir com orgulho numa estante. Atualmente também não é possível revender o filme digital para terceiros, pois a compra fica vinculada ao ID do usuário que comprou. Isso terá interessante repercussão no futuro, principalmente levando-se em conta as questões de herança e de sucessão pós-morte.
Não obstante essas desvantagens, o formato digital é inquestionavelmente o futuro, mesmo porque os estúdios e as distribuidoras mantêm maior controle sobre o produto, reduz o risco de pirataria e, principalmente, aniquila o custo de produção, embora o usuário continue pagando praticamente o mesmo valor pelo filme. Hoje, os preços dos filmes digitais são equivalentes ao DVD e Blu-Ray.
Mas é importante frisar que usuário tem certas vantagens inegáveis. O formato digital não ocupa espaço em casa e não sofre deterioração com o tempo. Além disso, pelo menos com o serviço da Apple iTunes Store, há um grande benefício que já vem acontecendo há anos, que é atualização gratuita do filme comprado para novas futuras resoluções. Como isso tem funcionado?
No começo da era HD, os filmes foram disponibilizados pela Apple na resolução de 720p, superior ao DVD (480p), mas inferior ao Blu-Ray (1080p). Quando a empresa passou a oferecer o catálogo para a resolução superior de 1080p (igual ao Blu-Ray), todos os usuários que já tinham comprado o filme na resolução 720p receberam atualização completamente gratuita para 1080p. E isso aconteceu de novo há alguns meses. Todos os que compraram determinados filmes em 720p ou 1080p, receberam atualização gratuita para 2160p (4K).
Quantos de nós trekkers já compramos e recompramos o mesmo filme ou série de Jornada nas Estrelas nas mais diversas edições em VHS, DVD e Blu-Ray? Já perdemos a conta. Agora, com o formato digital (pelo menos com relação ao serviço da iTunes Store) isso deixa de ser uma preocupação e os nossos bolsos agradecem. Apenas a compra de novo hardware torna-se necessária entre determinados intervalos de anos para usufruir dos novos formatos.
Nesse mês de dezembro de 2017, a iTunes Store já possui um catálogo de uns 200 filmes em 4k e está aumentando. Novos títulos são adicionados semanalmente, assim como o acervo do catálogo tem sido atualizado aos poucos.
Outra interessante vantagem é a portabilidade. Dentro de casa o usuário pode assistir aos filmes comprados ou alugados por meio do aparelho Apple TV ou com o próprio iPhone ou iPad conectados na TV com um adaptador HDMI. Fora de casa, o usuário pode assistir ao filme no iPhone ou no iPad.
Contudo, é importante informar que a resolução 4K só está disponível via streaming por meio da Apple TV 4K (quinta geração desse aparelho, que chegou ao Brasil no mês passado). Isso significa que, ao comprar o filme, não haverá como baixar um arquivo digital no computador (Mac ou PC), no iPad ou no iPhone na resolução de 4K, 2160p. O download, nesses aparelhos, é restrito à resolução 1080p.
Para assistir em 4K, deve-se ter, obrigatoriamente, uma Apple TV 4K e iniciar a transmissão do zero a cada vez que for assistir ao filme, embora de forma ilimitada.
Por fim, o usuário da iTunes Store pode configurar uma conta familiar, com até seis indivíduos. As compras de filmes feitas por qualquer membro da família pode ser distribuído e compartilhado no grupo, de forma gratuita. Isso significa que a minhas esposa e filha podem assistir a todo acervo que comprei nos seus respectivos iPads e iPhones, por exemplo.
Feita essa introdução sobre os filmes no formato digital, vamos aos filmes de Jornada nas Estrelas já disponíveis em 4K HDR.
1- Star Trek (2009)
“Star Trek”, de 2009, dirigido por J.J. Abrams, foi gravado em película, no formato 35mm e com proporção de tela de 2.39:1. A pós-produção, com inserção de efeitos especiais, foi feita na resolução 2K, que equivale a 1556p (superior à resolução do Blu-Ray, 1080p). Para a disponibilização em 4K UHD, a imagem foi ampliada (up-sampled) para 2160p e recebeu tratamento HDR. O ganho de resolução, quando comparada à do Blu-Ray, é perceptível nas telas de TV maiores, a partir de 49 polegadas.
Contudo, o diferencial que salta aos olhos é o processamento HDR, que melhora muito a qualidade de cor e de contraste. O áudio está disponível em inglês, no formato Dolby Digital 5.1., com legendas opcionais em português.Não há dublagem em português como opção. Também não há extras.
2- Star Trek: Além da Escuridão (Star Trek Into Darkness – 2013)
“Star Trek: Além da Escuridão”, também dirigido por J.J. Abrams, foi gravado em película, em 35mm e na proporção de 2.39:1, com algumas cenas de maior impacto visual gravadas no formato IMAX 65mm na proporção de 1.78:1. A pós-produção, com inserção de efeitos especiais, foi feita na resolução 2K, que equivale a 1556p (superior à resolução do Blu-Ray, 1080p). Para a disponibilização em 4K UHD, a imagem foi ampliada (up-sampled) para 2160p e recebeu tratamento HDR.
Infelizmente a versão digital disponibilizada na iTunes Store não preserva as cenas gravadas em IMAX na proporção nativa de 1.78:1, tendo sido recompostas para a proporção normal de 2.39:1, dando uma uniformidade no tamanho da imagem durante todo o filme. É exatamente a mesma proporção de imagem que está no Blu-Ray lançado no Brasil. Nos EUA, o filme foi relançado em Blu-Ray preservando as cenas originais no formato IMAX, mas esse disco não chegou ao nosso país.
Ainda sobre a versão digital da iTunes Store, o ganho de resolução para 4K 2160p, quando comparado à imagem do Blu-Ray, é perceptível nas TVs maiores, a partir de 49 polegadas, mas o diferencial significativo continua sendo o processamento em HDR, que confere cores mais vivas e vibrantes, assim como contraste melhor definido, com clareza superior à exibição nos cinemas.
O áudio está disponível no original em inglês, com opção de dublagem em português, ambos no formato Dolby Digital 5.1, com legendas opcionais em português. Também não há extras disponíveis.
3- Star Trek: Sem Fronteiras (Star Trek Beyond – 2016)
“Star Trek: Sem Fronteiras”, agora dirigido por Justin Lin, é o primeiro filme da franquia gravado digitalmente, com o uso de câmeras RRI Alexa XT e Red Epic Dragon, na resolução 3.4K na maior parte do filme, com cenas específicas em 6K. Embora tenha sido gravado com resolução superior, a pós-produção e a inserção de efeitos especiais foi feita em 2K. Para a versão 4K, a imagem final em 2K foi ampliada para a resolução 2160p, na proporção de 2.39:1.
O ganho de resolução para 4K 2160p, quando comparado à imagem do Blu-Ray, é perceptível nas TVs maiores, a partir de 49 polegadas, mas o diferencial significativo continua sendo o processamento em HDR, que confere cores mais vivas e vibrantes, assim como contraste melhor definido e uma clareza superior à exibição nos cinemas.
O áudio está disponível no original em inglês, com opção de dublagem em português, ambos no formato Dolby Digital 5.1., com legendas opcionais em português. Esse filme está disponível com todos os extras que estão na versão em Blu-Ray (curtos documentários sobre a produção e cenas de erros de gravação), além de conteúdo exclusivo: uma trilha de comentários em áudio do diretor Justin Lin, acompanhando o filme com PIP (tela menor dentro da maior – com as diferenças antes e depois dos efeitos especiais); e uma galeria de fotos da produção e de desenhos da pré-produção.
O futuro em home-vídeo já está no Brasil, por meio do formato digital 4K HDR, e Jornada nas Estrelas está representada neste meio com essa leva inicial dos últimos três filmes para o cinema. Embora o formato 4K HDR para compras de filmes, no Brasil, ainda esteja limitado ao serviço da Apple iTunes Store, é praticamente certo que a Google o disponibilizará aqui em breve, assim como outras companhias. E agora vamos aguardar a próxima geração para 8K, já que as fabricantes de TVs já planejam expandir essa linha para o grande público nos próximos três anos.