O roteirista do Universo Kelvin em quadrinhos, pela editora IDW Publishing, comenta ao site Trek Movie o porque da decisão de abrir a coleção Boldly Go com os Borgs. Ele também fala das próximas aventuras de Kirk e companhia (incluindo a história “Assassinato em Babel”), sobre o crossover Star Trek/Lanterna Verde volume dois e até mesmo um pouco sobre o que será feito em relação a Star Trek: Discovery e o que sabe do novo filme para o cinema.
Com que antecedência você tem histórias traçadas?
MJ: Neste momento, provavelmente cerca de seis meses à frente da edição que você estará lendo a qualquer momento. Então eu tenho uma coleção de idéias que não foram aprovadas ainda.
Nós dividimos as histórias em uma, duas, três partes, provavelmente não vai ser mais do que isso, porque seriam três meses em tempo real para termos uma história completa ao leitor. Mesmo que sejam uma ou duas histórias, Boldly Go vai ser mais serializada do que a série anterior e veremos as consequências do encontro dos Borgs e o que aconteceu com a Comandante Valas.
O que fez você decidir dar o pontapé inicial para Boldly Go com os Borgs?
MJ: Eu só queria algo que realmente chamasse a atenção das pessoas, mostrar-lhes que estaríamos assumindo riscos. No universo Kelvin vamos mostrar de uma maneira grande como as coisas vão se diferenciar.
O que os leitores podem esperar em futuras edições?
MJ: A edição nº 6 é um stand alone que vai se concentrar na tripulação da Endeavor – um deles tem um segredo que vamos descobrir. As edições 7 e 8 são de um arco de duas partes chamado “Assassinato em Babel”. Eu estou muito animado para ter o artista Megan Levens e Tony Shasteen trabalhando nos quadrinhos de Discovery. Esse arco também mostrará o primeiro encontro entre os recrutas da Academia, incluindo Jaylah, e a equipe da Enterprise. Ryan Parrott (co-roteirista da Academia da Frota Estelar do ano passado) está co-escrevendo as edições de 6 a 9, enquanto eu também trabalho em Discovery. A edição 9 será um stand alone com Spock e Uhura em Nova Vulcano.
Você mencionou os quadrinhos de Star Trek: Discovery.
MJ: Nós ainda estamos tentando descobrir o plano de lançamento. Já começamos a trabalhar nas histórias e a trabalhar com Kirsten Beyer (da equipe de roteiristas da série). A história em quadrinhos será estreitamente interligada com a série.
Como você conta uma história de origem de Jaylah na edição cinco sem saber onde seu personagem pode ir em futuros filmes?
MJ: Eu pego os meandros do filme e vou expandindo-os, então se desconecta da (produção) CBS e Paramount, assim eles poderiam ir em uma direção diferente, já que não há roteiro para um quarto filme, mas acho que a história se encaixa muito bem com o que sabemos dela.
Quando você introduziu os Borgs, ou Khan em Star Trek/Lanterna Verde, você teve que esclarecer ao vice-presidente da CBS Product Development John Van Citters ou a editora da IDW Sarah Gaydos?
MJ: Eu lanço para minha equipe de assessores, Sarah, John e Risa [Kessler], que supervisionam tudo no lado da Paramount. Eles dizem “sim”, “não”, ou “sim, mas”. Com o tempo estabelecemos uma confiança onde eles sabem que eu não vou estragar as coisas.
Você tem parâmetros ou limites que devem ficar dentro da história, tanto quanto os personagens?
MJ: Eu tenho que ficar dentro dos limites de onde deixam a porta aberta para qualquer coisa que acontece nos filmes. Năo posso mostrar Spock e Uhura tendo um filho juntos, mas posso tê-los falando sobre ter um filho. Sabemos que o próximo filme vai mostrar a equipe na nova Enterprise, então temos liberdade para fazer histórias que acontecerão no meio disso, enquanto eles estão construindo a nova nave.
Jaylah e os personagens do comic Academia da Frota Estelar estarão na edição de Boldly Go, “Assassinato em Babel.” Há planos para fazer uma sequência de Academia da Frota com os personagens introduzidos nessa série e Jaylah?
MJ: Nós esperamos fazer um acompanhamento para Academia da Frota Estelar – basicamente, todo mundo quer fazê-lo. É apenas uma questão de encontrar espaço na agenda. Derek Charm [artista de Academia da Frota Estelar] está pronto para seguir e nós não faríamos isso sem ele. Se fizermos isso, parte da história será de Jaylah adaptando-se à vida na Terra.
Você abarrota suas histórias no universo Kelvin com toneladas de Easter Eggs. Isto acontece naturalmente ou algo mais?
MJ: É uma espécie de pop-up, se houver uma oportunidade. Se eu estou escrevendo sobre um determinado local ou espécie, vou deslizar algum easter egg para dentro. Eu gosto de colocar em coisas nos dias de hoje – slide em nomes de astronautas e escritores de ficção científica. Eu gosto de colocá-los para os fãs que como você tem o olho de águia para detectar essas coisas.
Star Trek/Lanterna Verde volume 2 tem sido emocionante, embora a equipe da Enterprise tem pouco a fazer até agora. Com a aparência de surpresa na conclusão da questão dois, será que haverá a mudança?
MJ: Eu queria atrair os fãs de Lanterna Verde para Star Trek, então isso é parte da razão de quão pesado ele tem sido com esses personagens. Eu queria que sentisse como o primeiro, fazendo com que os efeitos de não ter as baterias de energia significaria para os Lanternas.
Eu queria brincar com a ideia de que a história no universo Kelvin dos Lanternas Verdes está em um ponto diferente no tempo. Este é o ponto central da série – o que vai acontecer com o Green Lantern Corps, e o que acontecerá à Federação e à Frota Estelar – particularmente desde que Khan voltou e tem acesso ao poder dos Lanternas.
Se a primeira série foi sobre o que acontece quando a equipe da Enterprise recebe os anéis, esta série é realmente sobre os dois arqui inimigos, Sinestro e Khan, e o que significa ter um arqui inimigo diametralmente oposto a tudo que você faz – e, finalmente, tudo o que você ama ser destruído por tudo que você odeia. Nós vamos ver Kirk e tripulação enfrentar um Khan mais poderoso do que nunca. Em última análise, se você tem esses dois poderosos arqui inimigos, eles também não vão se dar bem. Tem mais ação do que a última série, mas no geral, o tema está olhando para o seu oposto e perguntando o que é finalmente mais forte: ódio e violência ou esperança e paz?
Será que escrever um comic como Star Trek/Lanterna Verde daria mais liberdade para ter maiores chances ou maiores saltos dramáticos com a tripulação?
MJ: Parte disso é como o que eu fiz com a primeira série. Eu escrevi coisas legais que você veria se esses dois universos se cruzassem. A Enterprise brilhou em luz verde, Spock e Magro com um anel. Está em uma escala maior com o retorno do planeta Oa e de Khan, e os Klingons ainda estão por aí. Estamos aumentando as apostas, indo para o centro do universo agora, que é mais longe do que qualquer um já foi. As apostas são muito mais elevadas num comic como este, porque é uma história de Elseworld [publicação da editora DC Comics que põe os personagens em mundos paralelos]. As pessoas podem morrer e coisas loucas podem acontecer e isso não afeta a história em andamento e o que está acontecendo com o filme. Esses quadrinhos existem em seu próprio universo de bolso.
Existe outra equipe que você gostaria de fazer?
MJ: (risos) Eu realmente falei sobre isso com Bob Orci anos atrás, quando eles estavam escrevendo Star Trek e Transformers. A Enterprise iria para o planeta Cybertron. Estou sempre trazendo isso.
Boldly Go eventualmente verá a tripulação voltar a se reunir na Enterprise A?
MJ: Nós estamos trabalhando de maneira a reuni-los tanto quanto pudermos. Esta série é um olhar interessante e partindo do padrão de que estamos todos em uma nave e encontrando um novo planeta.
Por que você escolheu ter Magro sendo rebaixado de posto para servir a bordo da Endeavour com Kirk?
MJ: Magro queria ficar com o seu melhor amigo. Fora todas as suas queixas, ele ama seu trabalho. Ele quer ficar com o seu melhor amigo, e talvez até mesmo cuidar de Kirk como um irmão mais velho faria – então ele engoliu seu orgulho e sofreu um rebaixamento.
Que tal ter Chekov também servindo na Endeavor?
MJ: Honestamente, não poderíamos ter todos em lugares diferentes. Eu queria manter Spock e Uhura juntos, enquanto Scotty estava na Academia.
Qual é o seu personagem favorito para escrever?
MJ: Eu amo todos eles, mas gosto de escrever mais sobre Spock e Magro. Eu gosto de escrever a voz de Spock, a maneira particular como ele fala – às vezes, este ressalto é literal como o subtexto do que ele está dizendo. Com Magro é seu senso de humor, seu olhar sarcástico para as coisas e como elas são ridículas.
Quando estaremos lendo a edição musical de Star Trek Boldly Go?
MJ: (risos) Essa é uma ótima pergunta. Vai ter que ficar no calendário. Talvez o que eu vou fazer é escrever uma edição normal, e tweet uma trilha sonora que vai junto com ela.
Você tem escrito quadrinhos Star Trek desde 2011, você ainda fica animado sobre este universo seis anos depois?
MJ: Há tantas oportunidades diferentes de contar diferentes histórias – horror, ficção científica, histórias pessoais, interações com diferentes espécies, ficção científica louca. A coisa que mais gosto são as histórias sobre pessoas que resolvem problemas usando a razão e a ciência – é inerentemente otimista. Não é que esses personagens não enfrentam grandes problemas, mas eles sempre acreditam que podem encontrar um caminho – e isso é muito inspirador para escrever.