Trivia de fim de ano (Atualizado)

happy new yearUfa! Chegamos ao fim do ano, o objetivo foi cumprido, mas a missão do Trek Brasilis certamente não acaba aqui. Mais desafios teremos pela frente em 2014. Enquanto você saboreia seu brandy sauriano, sua cerveja romulana comemorando o Novo Ano divirta-se com uma trivia sobre este fabuloso universo de Gene Roddenberry. FELIZ 2014.

Você acha que sabe tudo que há para saber sobre a Série Clássica? Então responda esta trivia bem divertida.

Quais foram os dois episódios mais caros da série original?

O episódio mais caro feito para a série original, excluindo os dois filmes-pilotos (“The Cage” e “Where No Man Has Gone Before”) foi “The City on the Edge of Forever”, que exigiu extensa produção local, construção de um novo cenário (do Guardião da Eternidade), dezenas de figurantes, carros antigos, outras peças de época e figurino, além de uma grande estrela convidada (Joan Collins). O preço foi extraordinariamente alto para os anos 60. Na verdade, o custo de fazer Jornada e sua série irmã, Missão: Impossível, era tão alto que essas duas séries quebraram a Desilu e forçou a venda do estúdio para a Paramount Pictures.

“The Return of the Archons” foi o segundo mais caro. Este episódio exigiu outro local de produção, dezenas de figurantes, figurino especial, e alguns convidados especiais conhecidos na TV, da época.

Outros que tiveram um orçamento elevado foram: “Miri”, “What Are Little Girls Made Of?”, “Friday’s Child”, “The Galileo Seven”, “Catspaw”, “The Alternative Factor”, “Shore Leave” e “The Apple”.

foto 1O que significavam as letras GNDN nos tubos dos painéis da Enterprise?

Nos corredores da Enterprise havia tubos marcados com a inscrição “GNDN”, essas iniciais significam “goes nowhere does nothing” (não vai a lugar nenhum, não faz nada). Uma brincadeira da produção. Algumas letras e números que apareciam nos instrumentos eram de nomes ou datas de nascimento da equipe.

O ator Robert Walker Jr., na época, teve um excelente desempenho como o órfão Charlie Evans, no clássico “Charlie X”. Mas quem Gene Roddenberry tinha em mente para esse papel?

Em um memorando ao diretor de elenco Joe D’Agosta, Gene Roddenberry sugeriu a contratação de Michael J. Pollard, já que tinha “ouvido coisas boas sobre ele”. Pollard tinha 26 anos na época. Por sua baixa estatura ele interpretou vários papéis de crianças e de jovens. No entanto, D’Agosta preferiu Walker. Mais tarde, o próprio D´Agosta convidou Michael J. Pollard para o episódio “Miri, Miri” para interpretar um adolescente.

foto 2Em que sentido a Enterprise fazia sua órbita no planeta e qual episódio ela fez ao contrário?

A Enterprise sempre aparecia orbitando no sentido da esquerda para direita. “Shore Leave” foi a única cena em que a USS Enterprise é vista em órbita de um planeta, da direita para a esquerda. A nave também faz isso brevemente no universo paralelo, na seqüência pré-créditos de “Mirror, Mirror”, mas até o início do Ato I, ela está novamente em órbita da esquerda para a direita.

Quais compartimentos tinham sido projetados inicialmente para a Enterprise e que não foram mostrados na TV?

De acordo com projetos oficiais, publicados em 1975, entre as características da nave que nunca foram mencionadas na série de TV constam duas pontes auxiliares, uma segunda área de enfermaria, uma piscina, um jardim e uma pista de boliche. Este último item, foi considerado uma brincadeira dos projetistas, no entanto, uma pista de boliche, a bordo do USS Enterprise, realmente foi mencionado no episódio “The Naked Time”. Naquela ocasião, o tenente Kevin Riley ( Bruce Hyde ) declara que “uma dança formal será realizada na pista de boliche às 19:00 horas”. No entanto, ele estava bastante delirante (acreditando ser um capitão irlandês chamado O’Reilly), por isso não é certo que a pista de boliche que ele falou realmente tenha existido. Outro ponto de contradição com o projeto inicial e que acabou prevalecendo na série foi que o único controle da nave alternativo deveria ser na seção de engenharia, em vez das duas pontes auxiliares.

De acordo com o Hollywood Entertainment Museum, a partir de 2003 apenas alguns pedaços da ponte original sobreviveram. O museu, em Hollywood, incorpora duas portas do turboelevador originais em sua exibição, enquanto que uma livraria de Los Angeles supostamente possui a cadeira do capitão original.

foto 3No clássico “The Devil in the Dark”, a equipe trabalhou duro para criar as cavernas profundas e sombrias. As paredes e tetos das cavernas e túneis cavados pelas explosões dos mineiros estão muito bem feitas. Mas e o chão? Parecia um piso liso e brilhante demais para uma caverna. Por que  Coon e Jefferies permitiram isso? Falha da produção?

Gene Roddenberry percebeu isso quando assistiu o episódio pela primeira vez na NBC e, dias depois, ele escreveu um memorando para o seu produtor, Gene Coon, dizendo: “Poderia ter usado alguma pintura efeito manchado, pois parecia muito brilhante e nova para uma instalação de mineração subterrânea. Isso tirou a realidade da coisa, paredes ásperas”.

A explicação foi que o designer e intérprete de dublê da Horta, Janos Prohaska, usava seus cotovelos e joelhos para locomover a criatura, de modo que precisava de um piso liso. A produção durou sete dias. Isso significava também que o dublê no traje de Horta passou seis desses sete dias andando com seus cotovelos e joelhos. Além disso,  havia muitas pessoas da produção, operadores de câmera, atores, correndo pelo cenário, uma queda poderia ter sérias consequências.

foto 5Um dos piores episódios para a produção foi “The Alternative Factor”. Muitas coisas desastrosas aconteceram durante as filmagens e a emissora não permitiu que uma cena fosse filmada. Qual teria sido?

A NBC tinha aprovado o roteiro, no qual um alienígena chamado Lázaro seduz um membro feminino da tripulação da Enterprise. Dias antes das filmagens começarem, a rede descobriu que uma atriz Africano-Americana (Janet MacLachlan) havia sido escalada para dar um beijo em Lázaro, sendo interpretado por John Drew Barrymore. Este teria sido o primeiro romance interracial da TV. Com a negativa da emissora, o produtor Gene Coon foi forçado a alterar completamente o script com uma série de regravações de última hora. Para piorar, Barrymore abandonou o set durante o primeiro dia de gravação. A busca frenética começou para encontrar um substituto adequado. Ator Robert Brown foi contratado em 10 horas para começar a trabalhar no dia seguinte com um roteiro que ele ainda não tinha lido … um roteiro que ainda estava sendo reescrito. Mais tarde, o estúdio entrou com uma queixa contra Barrymore na Screen Actor’s Guild, o que o levou a ser suspenso, impedido de encontrar trabalho por seis meses. Janet MacLachlan continuou no elenco num papel secundário como a tenente Charlene Masters.

Se uma quarta temporada da série original tivesse sido autorizada, o que os produtores tinham em mente para ela?

Se tivesse a série sido renovada para uma quarta temporada, os produtores planejavam trazer de volta o capitão Klingon Koloth (em “The Trouble with Tribbles”), como um vilão recorrente. Originalmente, Koloth, interpretado por William Campbell, era para ser um papel permanente, como uma sombra de Kirk em muitos episódios. A idéia de continuar com o personagem foi perdida devido a mudança de produtor na terceira temporada.

Campbell estava ansioso para fazer mais uma vez o papel e chegou até a comentar alguns detalhes com William Shatner sobre a representação. Ele queria que Koloth fosse um personagem inteligente, ardiloso, uma contrapartida para Kirk.

Depois de aparições nas duas primeiras temporadas, um script com Harry Mudd foi escrito para a terceira temporada. No entanto, Roger C. Carmel não estava disponível para reprisar o papel, e o episódio foi colocado de lado para uso durante a quarta temporada.

Havia também a intenção de introduzir a filha de McCoy, Joanna. Ela surgiu de uma conversa entre DC Fontana e DeForest Kelley entre as duas temporadas. Fontana propôs que McCoy poderia ter um filho distante.

O livro The Making of Star Trek por Stephen E. Whitfield e Gene Roddenberry relata que esse personagem foi escrito antes terceira temporada ir ao ar: “Em uma história futura vamos trazer a filha de McCoy, Joanna, à bordo. Ela será uma linda menina, e o capitão Kirk, é claro, vai se envolver com ela. Dr. McCoy, de repente, vai descobrir vendo Kirk do ponto de vista de um pai. Uma nova relação interessante entre McCoy-Kirk será mostrada”, disse Roddenberry

No episódio ” The Way to Eden”, a personagem de Irina Galliulin foi originalmente escrita  para ser Joanna McCoy, mas com a alteração do script isso foi descartado. A ideia de introduzir novamente Joanna foi proposta no roteiro da quarta temporada e o título do episódio seria  “The Stars of Sargasso”.

Quais atores do elenco principal apareciam nos créditos iniciais e finais de cada episódio?

Na primeira temporada, somente William Shatner e Leonard Nimoy tiveram seus nomes nos créditos de abertura. Isso não se alterou até o início da segunda temporada quando os créditos de abertura incluiram DeForest Kelley também. Os nomes de James Doohan, Walter Koenig, Nichelle Nichols e George Takei apareceram nos créditos finais de todas as três temporadas da série, uma vez que nem sempre apareciam juntos.

foto 4Que ator chegou a ser contratado para substituir Leonard Nimoy na segunda temporada da série?

Quando a série foi renovada para sua segunda temporada na NBC, Leonard Nimoy e seu agente entraram em uma disputa contratual com os produtores e o estúdio. Seu personagem Spock tornou-se tão popular que Nimoy e seu representante exigiram um aumento de salário. A situação chegou a um impasse. Gene Roddenberry e Gene L. Coon foram orientados a contratar alguém para fazer um oficial de ciências da nave, ele não seria chamado de Spock, mas seria um vulcano. Um ator foi selecionado e colocado sob contrato, garantindo-lhe que, se Nimoy retornasse à série, ele teria pelo menos de aparecer em um episódio.

Lawrence Montaigne apareceu no episódio da primeira temporada em “Balance of Terror”, como um romulano. Gene gostou do seu trabalho e então o contactou para uma possível substituição a Nimoy. Com o retorno de Nimoy, Montaigne ganhou um prêmio de consolação, o episódio “Amok Time”, como Stonn.

Devido à sua semelhança física com Jeffrey Hunter, que interpretou o capitão Pike no piloto, o ator Sean Kenney foi escalado para fazer um capitão Pike deficiente, tendo sido premiado com o Hugo por este desempenho em “The Menagerie”. Mas Kenney não foi a primeira escolha do produtor. A quem foi oferecido o trabalho antes de Kenney?

Em uma entrevista ao site These are the Voyages, o ex-produtor e consultor John DF Black diz como ele foi convidado a “sentar-se no lugar de Jeffrey Hunter”. Black havia deixado a série pouco tempo antes, depois de escrever sua primeira versão do roteiro de “The Menagerie” (que foi reescrito por Gene Roddenberry).

Mary Black, esposa e secretaria do produtor, disse: “Dorothy Fontana me ligou e disse que eles tinham essa idéia muito divertida. Porque os olhos de John correspondiam aos olhos de Jeffrey Hunter – e eles não conseguiam encontrar um outro ator que tinha os olhos iguais, e eles queriam que ele sentasse na cadeira de rodas e fosse o capitão Pike, com muita maquiagem”. Mas John Black recusou por achar que o papel o impossibilitaria de se expressar.

Outro conjunto de olhos azuis teve de ser encontrado rapidamente. Sean Kenney ganhou o papel, mas não foi nada fácil. Com próteses faciais e camadas de maquiagem que não lhe permitiam mudar a expressão por várias horas, Kenney tinha que comer por um canudo … e não rir, ou mesmo sorrir, já que William Shatner era conhecido por contar piadas no intervalo das gravações.

costume 3Muitos adereços de Jornada foram posteriormente modificados ou mesmo reciclados para uso em outros episódios. Você saberia citar um?

Com o orçamento apertado na terceira temporada, a produção se viu forçada a reciclagem de muitos adereços. No episódio “Enterprise Incident”, por exemplo, o dispositivo de camuflagem romulano foi montado com dois itens usados ​​nos episódios anteriores: a Cabeça do Nomad em “The Changeling”, e globo de Sargão em “Return to Tomorrow”.

Um fato curioso é que um modelo de traje usado em Jornada foi usado pelo mesmo ator em uma produção completamente diferente. Neste caso foi o vestido usado pela atriz Leslie Parrish. Ela usou primeiro em 1967 no episódio de “Who Mourns for Adonais?” da série original, onde interpretou a personagem Carolyn Palamas. Em 1968, ela usava o mesmo modelo (apenas na cor diferente) no programa de TV Mannix, no episódio intitulado The Girl in the Frame, onde ela interpretou a personagem Linda Marley.

Como foi escolhido o nome do engenheiro Scott?

O nome completo do personagem é Montgomery Scott. O nome foi improvisado no local por James Doohan e Gene Roddenberry. ‘Scott’ porque Roddenberry gostava do sotaque escocês de Doohan, e ‘Montgomery’ porque é o nome do meio de Doohan.

Gene Roddenberry chegou a pensar em não usar o personagem Scott na série após o segundo piloto. Ele informou ao agente de Doohan, Paul Wilkins, que conseguiu convencê-lo do contrário.

Como surgiram os primeiros nomes de Sulu e Uhura?

Os personagens de George Takei e Nichelle Nichols não tinham primeiros nomes no início da série.

O nome Hikaru Sulu só aparecia em materiais promocionais dos filmes, mas não foi falado na tela até o filme Jornada VI – A Terra Desconhecida. Há muitas versões para a origem do nome Hikaru Sulu. Um delas é que Hikaru veio do romance O Efeito Entropia de McIntyre. Inicialmente Hikaru seria o nome de um menino que encontra Sulu na Terra (em A Volta Para Casa) que seria o seu tataravô, mas esta cena não foi gravada.  O nome “Walter” parece ter sido sugerido pela primeira vez pelo próprio Takei como o nome meio do personagem, numa homenagem ao seu amigo Walter Koenig.

Hikaru é um nome japonês que pode significar “luz” ou várias outras palavras dependendo do contexto, e é muito comumente usado tanto para feminino quanto masculino.

Segundo outras versões, Sulu está mais para uma expressão filipina. Na versão japonesa de Jornada, o nome foi alterado para “Kato”, um sobrenome comum por lá, uma vez que no idioma japonês não contém o “L” fonema.

No livro Inside Star Trek: A História Real, é dito que o nome do personagem se deu por um trocadilho de Gene Roddenberry com o nome do vice-presidente da Desilu Studios, Herb Solow.

Nichelle Nichols revelou que ela e Gene Roddenberry aceitaram o primeiro nome “Niota” (também escrito Nyota) para sua personagem, que é uma palavra suaíli que significa “estrela”. Uhura é uma variante feminina de “Uhuru”, suaíli que significa “liberdade”. No entanto, o livro “The Making of Star Treks de Stephen J. Whitfield e Gene Roddenberry, deu-lhe o nome de Penda.

Considerando o filme Star Trek de J. J. Abrams como cânon, seu primeiro nome ficou como Nyota.

foto 6Tal como acontece com a maioria das séries de televisão, algo têm de ser editado para caber em um espaço de tempo especificado, algumas cenas devem ser aparadas, outras cortadas. A série original teve sua cota de “cenas perdidas”. Com relação a Operation: Annihilate! qual cena deletada teve a participação de um parente de Kirk?

Na cena final do episódio, o sobrinho de Kirk, Pedro, se recuperou de sua estada na enfermaria e é trazido para a ponte. Ele estava vestido com um uniforme igual ao de Kirk e ainda é permitido sentar na cadeira de comando do tio. Os pais de Peter estão mortos e o final do menino fica em aberto com Kirk discutindo com o seu sobrinho planos para o futuro dele.

Outros episódios que tiveram cenas cortadas foram: Space Seed, Who Mourns for Adonais?, I, Mudd, Spectre of the Gun e Elaan of Troyius.

É verdade que William Shatner fazia de tudo para que seu personagem se distinguisse dos demais?

Segundo os produtores Herbert F. Solow e Robert H. Justman, Shatner originalmente usava palmilhas mais grossas escondidas dentro seus sapatos para que pudesse parecer mais alto que Leonard Nimoy. Isso distorceu tanto sua postura que causou problemas de estômago. Gene Roddenberry proibi-o de usá-las, mas optou por calçar Nimoy e DeForest Kelley com sapatos de solado mais baixo do que o de Shatner.

O próprio William Shatner confessa em seu livro de memórias que seu relacionamento com os colegas era confuso. Comenta-se que tinha tendência a roubar as melhores cenas e as linhas dos outros atores. Que pediu a Gene para que seu nome nos créditos de abertura fosse 10% maior em tamanho do que a de seus colegas de elenco, Leonard Nimoy e DeForest Kelley.

Muitos são os relatos de críticas de alguns atores ao comportamento de Bill. James Doohan (Scotty) chegou a dizer em uma entrevista, “Eu gosto do Capitão Kirk, mas não posso dizer que eu gosto muito do Bill”.

Pelo que se sabe, nos dias de hoje, Shatner tem adotado um tom mais conciliador com os colegas.

Patterns of ForceQual episódio causou mal estar no governo e chegou a ser proibido de ir ao ar e qual foi o país?

“Patterns of Force” abordava uma temática nazista. Uma vez que, na década de 70, muitos ex-militantes ainda estavam vivos. O governo temia que estes poderiam incitar uma nova onda de violência neonazista. Assim, o episódio foi retirado do ar pelas estações alemãs até quando a série original deixou de constar na programação, por volta de 2011.

A emissora estatal austríaca, por outro lado, transmitiu o episódio, na época, embora não continha legendas em alemão. Na Alemanha, uma versão traduzida foi ao ar em meados dos anos 90, mas só tarde da noite. Hoje em dia, a série, contendo o episódio no formato DVD e remasterizado, é vendida normalmente nas lojas alemãs.

Também o episódio “Miri” não foi transmitido no Reino Unido por muitos anos, uma vez que a BBC considerou seu conteúdo, onde o grupo avançado era espancado por crianças, muito assustador para seu horário. Foi finalmente exibido na BBC, pela primeira vez, como parte de uma maratona da série na década de 90 e hoje está presente em todas as reprises.

ATUALIZADO.

Por que a NBC optou por não transmitir o primeiro piloto de Jornada (The Cage), embora, à princípio, tenha gostado do roteiro?

De acordo com o livro Inside Star Trek por Herb Solow e Robert Justman, as pessoas costumam culpar um script demasiado cerebral, com muita filosofia profunda e introspecção como argumento para a recusa. Mas, na verdade, uma das principais razões tem a ver com padrões de transmissão da NBC. A emissora ficou preocupada com o “erotismo” do piloto, com as dançarinas verdes, os beijos e toda a sexualidade. A rede também estava preocupada com o fato de ter um primeiro oficial feminino e Mr. Spock parecer muito demoníaco. Mais tarde, após Jornada entrar no ar, os produtores usaram as preocupações da emissora sobre a sexualidade a seu favor – eles deliberadamente colocavam coisas sexy em episódios para atrair a atenção, para que os censores não notassem “outras coisas”. Por exemplo, no episódio “A Private Little War”, os produtores deliberadamente colocaram uma cena de Kirk tendo um beijo de boca aberta com uma mulher semi-nua, com isso, a rede concentrou suas críticas em cima dessa cena – e não notou a flagrante alegoria ao Vietnã.

Mr. Spock's skin colorA cor da pele do personagem Spock era originalmente diferente da que vemos hoje. Você saberia dizer qual era?

Originalmente, Gene Roddenberry e amigos queriam que a pele de Spock fosse de um vermelho escuro, ou pelo menos ter uma tonalidade vermelha. Mas a ideia foi abandonada quando eles perceberam que em TVs preto-e-branco, a pele de Spock ficaria escura, possivelmente como se Spock fosse um negro. Além disso, Leonard Nimoy teria precisado de mais horas na maquiagem todas as manhãs. Eventualmente, foi decidido fazer a pele de Spock tingida de amarelo – mas quando a rede converteu o episódio pela primeira vez para a transmissão eletrônica, o especialista de cor da rede, Alex Quroga, “corrigiu” o rosto de Spock para torná-lo rosado. No episódio “The Man Trap”, você ainda pode ver um Spock com esse rosto rosado.

Não só ele teria tido o rosto vermelho, mas também não foi originalmente planejado para comer ou beber qualquer coisa – em vez disso, Spock teria uma placa no meio do seu estômago, onde se alimentava de toda a energia que atingia este objeto.

Jornada é também conhecida por apresentar o primeiro beijo interracial na televisão, entre o capitão Kirk e a Tenente Uhura. Mas, inicialmente, a cena do beijo não seria entre os dois. Você sabe quem Gene tinha em mente?

De acordo com o livro Star Trek: A History, no roteiro inicial do episódio, aquele beijo teria acontecido entre Uhura e Spock. De acordo com a atriz Nichelle Nichols: “O meu entendimento é que Bill Shatner deu uma olhada na cena do crime e disse: ‘Não, você não vai! Se tem alguém que vai fazer parte do primeiro beijo interracial da história da televisão, vai ser eu!” Então, eles reescreveram-no.

Será que a cena original foi uma inspiração para o romance Spock/Uhura no mais recente filme Star Trek?

Isaac Asimov disse uma vez que “Spock é romântico”. Você sabe por que?

Quando Gene Roddenberry apresentou o segundo piloto da série para a Convenção Mundial de Ficção Científica, em Cleveland, ele estava nervoso a respeito de como a série seria recebida, mas acabou recebendo uma ovação de pé.

Mais tarde, em 1967, após a primeira temporada, o cientista Isaac Asimov escreveu um ensaio para a revista TV Guide intitulado “Sr. Spock é romântico!”. Tudo a ver com o fenômeno desconcertante, no qual mulheres e garotas encontravam num Spock cerebral algo sexualmente atraente – incluindo sua própria filha de doze anos de idade.

Numa parte de seu ensaio ele diz:

“Por que ele é romântico?” Eu perguntei a minha filha.

“Porque,” disse ela, “ele é muito inteligente!”

Não há nenhuma dúvida sobre isso. Perguntei as outras meninas e elas concordam. Por meio da atuação do Sr. Spock, Jornada foi capitalizando em cima de um fato que não é geralmente conhecido pela metade da população masculina.

As mulheres acham que ser inteligente é sexy!

Veja o ensaio na íntegra através deste link.

A Paramount, hoje, é a dona dos direitos de Jornada nas Estrelas, e se diz orgulhosa por possuir uma franquia tão famosa, investindo 190 milhões no último filme. Mas no início estava desesperada para se livrar dela, por que?

Jornada foi originalmente produzida pela Desilu. Em julho de 1967, o pequeno estúdio foi comprado pela Gulf+Western (predecessor da Viacon), que tinha acabado de comprar a Paramount Pictures em 1966. Desse modo, colocou a Paramount encarregada de Jornada. Segundo o produtor Herb Solow (dono da Desilu), numa entrevista a NBC, “A Paramount não queria Jornada, pois estava perdendo muito dinheiro a cada semana e não tinha episódios suficientes para distribuir”. Então ela ofereceu todo o patrimônio da franquia para Gene Roddenberry por 150.000 dólares – ou cerca de um milhão de dólares, pela inflação de hoje. Mas Roddenberry não podia se dar ao luxo de pagar muito dinheiro, por isso, os direitos continuaram com a Paramount. Roddenberry tinha concordado que seu próprio estúdio de produção na Noruega iria partilhar os lucros líquidos com a Desilu, a NBC, e o próprio William Shatner. Com sua distribuição para Syndication, a série ganhou uma repercussão maior e começou a se tornar mais lucrativa

Uma foto em outubro 1967 mostra o anúncio da revista TV Guide pela RCA citando a série original como a razão para comprar uma TV a cores, que era novidade na época.

TV guide