Uma pesquisa, liderada pelo físico e engenheiro da NASA Harold G. White, no Centro Espacial Johnson (Houston, Texas), procura saber se o conceito de velocidade de dobra, usado na série Jornada nas Estrelas, é possível em nossa realidade. O estudo realizado por White e seus colegas tenta deformar um pouco a trajetória de um fóton e registrar a mudança na distância percorrida em uma determinada área.
A ideia é fazer algo semelhante à que impulsiona as naves de Jornada. Assim, os cientistas estão tentando determinar se é possível viajar à velocidade da luz, ou mesmo a uma velocidade mais elevada. De acordo com Harold G. White, “na natureza é possível. A questão é se podemos fazê-lo ou não”.
“Mas até agora estamos fazendo uma tentativa de criar “bolhas” de espaço microscópico, não temos a intenção de equipar uma nave espacial com este sistema”, disse White ao The New York Times.
Apesar da velocidade da luz ser vista como um absoluta, Dr. White foi inspirado pelo físico mexicano Miguel Alcubierre, que postulou uma teoria que permite viajar mais rápido do que a luz, mas sem contradizer Einstein. Sua teoria foi publicada em 1994 e envolveu uma enorme quantidade de energia (a matéria exótica) que seria usada para expandir e contrair o próprio espaço – gerando, assim, uma “bolha de dobra”, na qual uma nave espacial iria viajar.
Dr. White comparou isso a pisar em uma esteira rolante de um aeroporto e acredita que os avanços na ciência podem reduzir esse requisito de energia.
O cientista era um engenheiro com experiência em indústria aeroespacial. Quando veio a NASA em 2000, iniciou sua carreira na agência operando nos braços de ônibus espaciais. Ele conseguiu fazer doutorado em Física pela Universidade Rice, em 2008, e agora trabalha em uma série de projetos que visam levar os foguetes da NASA as viagens espaciais mais distantes.
A NASA está cautelosamente apoiando a pesquisa do Dr. White. Steve Sich, vice-diretor de engenharia da Daying Johnson Space Center disse, “Você sempre tem que estar olhando para o futuro”. A agência está muito mais focada em projetos mais viáveis - construir a próxima geração de naves espaciais Orion, trabalhando na Estação Espacial Internacional e se preparando para uma futura missão planejada para capturar um asteróide. Dessa maneira mais recursos internos ficaram disponíveis para o projeto, como a restauração de equipamentos sem uso e laboratórios, ainda liberando outros engenheiros para auxiliar White.
A série de Jornada sempre foi uma fonte inspiradora para o cientista, “Há quarenta anos atrás, o Capitão Kirk falava em um comunicador, e era sempre o serviço que eu queria”, disse ele. “Mas hoje isso é possível porque as pessoas fizeram a tecnologia de bateria permitir que este dispositivo exista, trabalharam na tecnologia de software, trabalharam na tecnologia computacional, tela sensível ao toque”.
O Dr. White comparou suas experiências as fases iniciais do Projeto Manhattan, que visavam a criação de uma pequena reação nuclear como mera prova de que ela poderia ser feita. “Eles tentaram demonstrar um reator nuclear e gerar metade de um watt”, disse. “Isso não é algo que você vai para o mercado. Ninguém vai comprar isso. É só ter certeza que eles entenderam a física e a ciência.”
O desenvolvimento de qualquer forma de velocidade de dobra permitiria a humanidade reduzir o tempo de viagem para outros sistemas estelares de dezenas de milhares de anos para meses.
Fonte: RT