Avery Brooks apareceu junto com Nichelle Nichols, Jonathan Frakes, LeVar Burton, George Takei, Marina Sirtis e outras celebridades de Jornada na convenção Creation Entertainment’s Official Star Trek Convention no Gaylord Opryland Hotel. Em entrevista ao site Nashville Scene Brooks falou de sua carreira e de seu trabalho em Deep Space Nine.
Assim como Nichelle Nichols e LeVar Burton, Brooks foi um membro do elenco negro de Jornada com devida importância para a televisão americana, modelo para muitos jovens negros que almejam uma carreira de ator e atriz reconhecida.
Na entrevista por telefone, Brooks disse que as representações exemplares de negros, latinos, asiáticos e até mesmo de personagens árabes não eram o que inicialmente o atraiu para o projeto.”Quando li o roteiro do piloto, foi a apresentação de um homem lidando com a perda e criando um filho, e como ele se saia com essas situações, que realmente chamou minha atenção”, disse Brooks.
“Certamente o fato de você ter um negro em posição de comando é muito importante. Isso é algo que vai muito além de apenas ter pessoas negras que trabalham em uma série, que em si também é muito importante. Isso vai para as crianças poderem se ver na tela e visualizarem que no futuro elas vão estar fazendo algo de importância para o mundo em geral. A série aborda a situação de ter todos os tipos de pessoas interagindo e cooperando para a sobrevivência mútua do planeta. A escrita foi excepcional, e o engraçado é que eu disse inicialmente “não” a Jornada. Minha esposa me convenceu a ir para o teste. Ela foi quem disse: ‘Você não pode dizer não a isso.”
As razões de um ator ser cauteloso em fazer parte do universo de Jornada não são difíceis de imaginar. Alguns membros do elenco já se irritaram por serem identificados durante todas a suas vidas com papéis na franquia que consumiram apenas uma fração de suas carreiras, mas Brooks garante que qualquer ator de Jornada pode ter outros trabalhos .”Fiquei muito grato pelo papel, e continuo a ser muito grato por aquilo que hoje Deep Space Nine significou para mim em termos de minha carreira”, disse Brooks. “Mas não foi o primeiro trabalho que eu já tive, nem foi o último. A série é uma coisa que eu me sinto extremamente orgulhoso de ter feito parte. Eu sempre terei boas lembranças, especialmente em termos dela me dando um fórum mundial e deixando o mundo ver negros e pardos que fazem todos os tipos de coisas sem a sua cor é o aspecto crítico do que ou quem são.”
A dinâmica entre Sisko e seu filho Jake, interpretado por Cirroc Lofton, foi um dos pontos altos da série, o que faz Brooks lembrar com mais carinho.”A relação entre Sisko e seu filho também foi muito importante”, disse o ator. “Isso é outra coisa que você ainda não vê muitas vezes no ar, pelo menos no que diz respeito a homens negros e pardos e seus filhos. Tivemos de fazer cenas complicadas, emocionais e complexas, e nós tivemos momentos afetuosos e divertidos. Isso não era um relacionamento carinhoso ou fácil, era muito realista. A série nunca tomou o caminho mais fácil quando se tratava de situações, sejam elas pessoais ou políticas, e que nos forneceu um monte de coisas incríveis para fazer como atores.”
A carreira de Brooks é longa e distinta no teatro, cinema e TV e faz parte de um legado familiar igualmente longo. Seu pai cantava no grupo gospel Wings Over Jordan, enquanto sua mãe era professora de música e tocava piano e órgão. Seus primeiros papéis teatrais vieram de peças como The Life and Times of Malcolm X, The Talented Tenth and Fences. Mas houve um outro papel que lhe rendeu fama na TV antes de Jornada. Ele retratou Hawk, o ajudante do detetive particular de Boston, Spenser (interpretado por Robert Urich) em meados dos anos 80 na série Spenser: For Hire, baseado nos romances de Robert B. Parker. Brooks fez esse personagem por quatro anos. Mas suas lembranças sobre esse tempo não são tão favoráveis quanto as de Deep Space Nine.”Quando vi o roteiro do piloto para Spenser, a primeira coisa que pensei foi que eu não conhecia nenhum negro que falasse assim”, lembrou Brooks. “Eu teria sido ridicularizado e qualquer um que me conhecesse riria se me visse recitando algumas dessas coisas. Então eu criei o meu personagem.”
Depois de Deep Space Nine, ele apareceu em filmes como American History X e 15 Minutes. Além disso, sua voz, enfática, desembarcou em papéis de narrador em Quest for Life e Walking With Dinosaurs. Mas o seu mais conhecido papel na TV não é um longa one-man show de Paul Robeson.
Mas para uma geração de espectadores, foi muito importante ver Brooks expandir e ampliar as opções disponíveis para os atores negros.”Quando as pessoas vêm até mim e perguntam o que é ser Benjamin Sisko, eu entendo porque eles estão me perguntando isso”, disse Brooks. “Eu não fico bravo ou chateado. Eu só deixo-os saber que ele foi um aspecto da minha vida, um papel que foi bom para mim, mas não aquele que define quem ou o que eu sou. Mas eu fico feliz que as pessoas se lembrem disso e de mim, e espero que a mensagem completa de Jornada, que a humanidade deve interagir e evoluir e sobreviver com todas as suas diferentes experiências e formas de realização, seja o que eles realmente se lembrem.”
Fonte: TrekWeb