Remake civilizado de episódio clássico é recheado com tecnobaboseira
Publicado originalmente por Daniel Sasaki
Nota do TB: 1.5 /4.0
Data Estelar: 48546.2.
Querendo levantar o moral da tripulação, Janeway se anima para explorar uma nebulosa que emite altos níveis de partículas omicron, úteis para as reservas de energia da nave. Mas, assim que a Voyager entra na nuvem, encontra uma barreira de energia que a leva a uma parada total. Forçando a sua entrada com phasers, a nave continua em direção ao centro da anomalia, depois do que é bombardeada com glóbulos peculiares que se prendem ao casco. Com a energia da Voyager sendo drenada, a capitã ordena a saída da nebulosa, mas desta vez a tripulação não consegue atravessar a barreira. Assim, disparam um torpedo fotônico que os liberta.
Com o fim da diversão, Paris convida Kim para juntar-se a ele em um novo programa do holodeck, uma recriação do bar francês Sandrine’s, que freqüentava nos tempos da Academia. Enquanto isso, Torres passa seu tempo analisando um dos glóbulos que se prenderam ao casco. Surpresa com os resultados, confirma sua descoberta com o Doutor e informa a capitã.
Os glóbulos são elementos orgânicos de uma forma de vida muito maior. Em outras palavras, a nebulosa é na verdade uma entidade viva e os fenômenos que encontraram fazem parte de seus sistemas naturais de defesa. Preocupada que o encontro com a Voyager pode ter ferido gravemente uma forma de vida inocente, Janeway propõe que eles retornem e reparem o mal causado. O Doutor diz que as amostras orgânicas parecem indicar que a entidade tem a capacidade de se regenerar, dado o estímulo apropriado.
Retornando para a “nebulosa”, a Voyager se prepara para irradiar a ferida com um raio nucleônico. Contudo, a tripulação é interrompida pelo sistema de defesa, que novamente entra em ação. Embora a nave seja avariada, eles conseguem retornar ao local do machucado. Logo antes de fechar a ferida, a Voyager consegue escapar da nuvem e traça um curso para um planeta onde pode recuperar as reservas de energia perdidas. Durante o percurso, a capitã acompanha Paris e seus outros oficiais no Sandrine’s, onde todos se surpreendem com a sua habilidade no jogo de sinuca.
Comentários:
“The Cloud” é quase um “remake” de um dos clássicos da série original de Jornada nas Estrelas: “The Immunity Syndrome”. Só que o original é muito melhor.
Na versão dos anos 60, Kirk, Spock e cia. encontram uma enorme criatura espacial que estava vagando pelo espaço. A ameba gigante tinha como passatempo predileto jantar naves da Federação. Isto é, até encontrar a Enterprise, que acabou explodindo o alienígena.
Em Voyager, série adepta do tom “vamos preservar a natureza”, a nave encontra uma nebulosa e só depois descobre que trata-se de um alienígena gigante.
Em vez de fazer o papel de exterminadores espaciais, como naSérie Clássica, os tripulantes da Federação decidem ajudar a criatura alienígena, que foi involuntariamente machucada pela própria invasão “cirúrgica” da Voyager.
De resto, muita tecnobaboseira, empacotada com desenvolvimento da interação entre os personagens. Paris mostra seus interesses holográficos, Janeway se aproxima da tripulação, por intermédio de Harry. Chakotay mostra mais sua cultura indígena.
Todos esses desenvolvimentos não têm a menor relação com a história, fazendo com que o trabalho de roteiro se aproxime mais do estilo “novela”. Ou seja, grande parte das cenas não servem para desenrolar os eventos, mas apenas para “mostrar” o cotidiano dos personagens.
Pode parecer “encheção de lingüiça”, mas como os personagens ganharam mais textura graças a esses pequenos interlúdios, valeu a pena.
Resumindo, trata-se de uma história fraca e esquecível. Mas vale a pena conferir este episódio sob a luz da Série Clássica, notando as diferenças operadas em Jornada durante seus mais de trinta anos de existência, “civilizadamente” indo onde ninguém jamais esteve. E dá-lhe tecnobaboseira!
Neelix – “Well, uh, lets see if we can’t find some space anomaly today that might rip us apart.”
(“Bem, uh, vamos ver se não conseguimos encontrar alguma anomalia espacial hoje que possa nos partir em pedaços.”)
Kim – “Somebody picked your pocket, on Earth?”
(“Alguém bateu sua carteira, na Terra?”)
Paris – “Oh, they just do it for the tourists. They give it back, usually.”
(“Oh, eles fazem isso para os turistas. Eles devolvem, normalmente.”)
Nesse episódio ficamos sabendo mais sobre Tom Paris e Harry Kim, inclusive conhecendo um salão de bilhar francês que Paris criou no holodeck. Também ficamos sabendo mais sobre a ansiedade de Neelix e o espírito de aventura de Kes, além do conhecimento de Chakotay sobre seus ancestrais nativo-americanos.
É interessante também a dúvida da capitã Janeway: o que a tripulação precisa nesse momento difícil? Uma capitã “maior-que-a-vida”, ou uma capitã “amiga”? Na cena final, no salão de bilhar de Tom Paris, descobrimos a resposta. Cenas como essa mostram que esse episódio, “The Cloud”, é mais sobre pessoas do que sobre aventuras.
História de Brannon Braga
Roteiro de Tom Szollosi e Michael Piller
Dirigido por David Livingston
Exibido em 13/02/1995
Produção: 006
Elenco:
Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Jennifer Lien como Kes
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Tim Russ como Tuvok
Garrett Wang como Harry Kim
Elenco convidado:
Larry Hankin como Gaunt Gary
Angela Dohrmann como Ricky
Judy Geeson como Sandrine
Luigi Amodeo como “o gigolô”