Galileo 7, a primeira nave auxiliar de Jornada

O episódio da série original, “The Galileo Seven”, deu início a aparição de uma das espaçonaves mais conhecidas dos fãs de Jornada nas Estrelas, além da USS Enterprise, as chamadas shuttlecrafts (naves auxiliares). Uma delas foi até homenageada no filme Star Trek, de J. J.Abrams. O site Star Trek.com nos leva a uma viagem através do processo de criação dessa fantástica nave que o Trek Brasilis mostra para você.

Esta crônica do Star Trek.com foi escrita por Steve Thomas, um ilustrador e fã de Jornada e Guerra nas Estrelas. 

A nave estelar USS Enterprise foi a que levou a nossa imaginação em um grande passeio pelo universo de Jornada. E a bordo dela as shuttlecrafts foram de suma importância no transporte de curta distância para suporte em planetas e bases da Federação e até mesmo em missões de exploração, quando o teletransporte se tornava ineficaz.

Foi no episódio 13, “The Conscience of the King” (A Consciência do Rei) que as naves auxiliares começaram a dar o ar da graça. Na cena em que Kirk leva Lenore Karidian para um tour pela nave, eles são vistos em um corredor que é mencionado como observação do hangar das naves (chamado inicialmente de Flight Deck), que embora não tenha sido mostrado, faria várias aparições nos episódios seguintes.

Mesmo com as cenas de teletransporte tendo custo mais barato para a produção, as novas histórias necessitavam de um transporte mais “físico” para dar maior realismo as aventuras, além do que, ficaria mais difícil convencer o telespectador de que uma nave do futuro dependa apenas de um tipo de transporte.

No episódio, “The Galileo Seven”, finalmente foi revelado este aspecto inédito da Enterprise. O designer de produção Matt Jefferies, que projetou a Enterprise, foi convidado a projetar uma nave pequena para este episódio. O que ele chegou foi uma espaçonave que era elegante, suave e curvada. 

Suas linhas curvilíneas foram tiradas da sua nave-mãe, mas esse design também tornou a construção muito cara. Jefferies também esboçou idéias para outros veículos como um “Space Dock Utility Craft”. Veja os esboços de Jefferies abaixo.

  

Neste ponto, a empresa AMT (Aluminum Model Toys), que tinha licença para lançamento de modelos em plásticos das naves da série (inclusive os modelos das naves Klingon), ofereceu-se para construir um modelo em grande escala do shuttle, através da Custom & Speed Shop, dirigida por Gene Winfield (que mais tarde desenhou os carros de Blade Runner) e tendo como retorno os direitos exclusivos de modelagem e venda.

Windfield verificou que as telas planas eram mais fáceis e mais baratas para construir, do que o formato original arredondado de Jefferies. A fim de satisfazer as suas necessidades, convocaram o designer industrial Thomas Kellogg para redesenhar a nave.

Enquanto Kellogg dava um formato exterior da nave parecido com seu modelo de carro Avanti, Jefferies redesenhava o interior para coincidir com a nova maquete.

Embora alguns digam que Matt Jefferies tenha sido o “pai” da obra, é consenso de que foi um esforço colaborativo entre Jefferies com o projeto base, os retoques finais de Kellogg e a construção por Windfield.

 

Veja abaixo como teria sido a nave auxiliar na visão de Jefferies. O modelo em 3-D foi feito por Vance Bergstrom.

Ficou tudo perfeito? Nem tanto. O que deixou transparecer, embora de forma quase imperceptível, foi  a diferença de altura entre os cenários exterior e interior das duas construções. O interior, reprojetado por Jefferies, ficou espaçoso, permitindo que seus ocupantes pudessem levantar-se totalmente, dando mais liberdade aos atores para suas performances, já o modelo exterior possuía altura mais baixa que a de um homem.

 

Detalhes a parte, o kit saiu para as lojas em 1974, cinco anos depois da série original ter sido cancelada, mas toda a linha de modelos de  “Jornada” provaria ser muito rentável para AMT.

Como a Galileo 7 foi “destruída” no episódio, outras Galileo retornaram, como em “The Doomsday Machine” (Galileo 6), “Metamorphosis” (repetiram a Galileo 7), “Journey to Babel” (novamente a Galileo 7 e pode ser vista outra de nome Columbus 2) e “The Immunity Syndrome” (Galileo 2),” Way to Eden” (Galileo 2).

Depois de três temporadas, a série foi cancelada em 1969. A Paramount doou a nave auxiliar para o “O Instituto Braille” em Los Angeles, onde foi usada como um brinquedo para os jovens estudantes. No entanto, por questões de segurança, foi vendida para Roger Hiseman de Palos Verdes, que queria para seu filho mais velho. Por alguma razão, o Sr. Hiseman manteve o modelo em seu quintal, onde foi considerado uma monstruosidade por seus vizinhos.

Eles pediram que ela fosse removida, e felizmente para o proprietário, um homem chamado Stephen Haskins comprou a “Galileo”. Sr. Haskins pagou cerca de 8.500 dólares para restaurar a nave e, em 1986, foi inaugurada e apresentada na Creation Convention, Califórnia, celebrando o seu 20º aniversário de Jornada. 

Quando deixou de ser exibida foi armazenada a céu aberto, exposta ao tempo. Ela foi restaurada mais duas vezes, mas acabou ficando num terreno de carros abandonados.

Felizmente, sua morte ainda iria ser adiada. Devido ao amor dos fãs a Jornada, o modelo foi comprado por Lynne Miller que procurou levantar fundos para restaurá-la, para depois levá-la ao National Air & Space Museum ao lado do modelo de filmagem da Enterprise. Para ajudar a arrecadar dinheiro para o projeto, ela exibiu o shuttle no “LaGrangeCon”, uma convenção em Cleveland, patrocinado pelos fãs clubes. Camisetas comemorativas foram vendidas, e os participantes podiam ver a Galileo e o início de sua restauração sob uma tenda fora do hotel.

Membros da equipe de restauração, juntos com Lynne pertenciam ao fã clube USS Lagrange. A restauração começou em um hangar no Aeroporto de Akron-Canton em 1992.

Em 1993, a proprietária e sua equipe de restauração tiveram um desentendimento e se separaram. Não se sabe muito sobre a condição do modelo após a separação. O que restou da nave foi transferido do Aeroporto Akron quando o hangar foi vendido e demolido. Depois disso, a localização da Galileu ficou um mistério.

Em 2009, Phil Broad, um aficionado por Jornada e por naves contou que a dona do modelo (provavelmente Lynne) mudou-se para uma empresa de jateamento de areia em Akron, Ohio. Ela queria continuar o trabalho de restauração no modelo, mas ela deixou a empresa e nunca mais se ouviu falar dela. A Galileo ainda ficou no quintal de armazenamento da empresa por mais de 5 anos sem que ninguém viesse reivindicá-la.

 Finalmente, um fã que morava nas redondezas, “tropeçou” por acidente nela, quando foi à empresa e sugeriu que ela precisava ser “resgatada”. Acontece que houve tantos problemas e custos envolvidos que ficou impraticável fazê-lo.

De acordo com Phil, em 2010, a empresa saiu do negócio, sua propriedade foi esvaziada, e a nave desapareceu. Não se sabe se a proprietária original veio e levou-a ou se alguns outros fãs a resgataram ou se foi demolida.  

Em recente contato com Tim Gillespie, um dos restauradores e membro do fã clube USS Lagrange, acusou Lynne de manipular as decisões e fazer a restauração do seu jeito. Que Lynne era uma pessoa muito difícil de lidar e quando os inevitáveis ​​problemas surgiram, eles se separaram, “Pessoalmente, eu não vejo a Lynne Miller desde 1998, quando deixei o fandom. Se eu tivesse que adivinhar, a Galileo não existe mais ou se ainda existir deverá estar em tão mau estado que já não será recuperável…”.