Quando o filme Star Trek tornou-se um sucesso de bilheteria, o estúdio procurou expandir esse novo universo com produtos para o mercado: história em quadrinhos, brinquedos, video games. Um dos responsáveis por esse ressurgimento da franquia foi o escritor Roberto Orci. Além de roteirista do filme, ele está sendo o consultor do videogame que servirá de ponte entre o primeiro e o segundo longametragem. Em entrevista ao Game Pro Magazine, Orci falou sobre o jogo e sua relação com a sequência de Star Trek.
A Paramount Digital Entertainment e a Digital Extremes anunciaram o primeiro game multiplayer baseado no universo de Jornada comandado por J. J. Abrams. Recheado de ação e batalhas espaciais esse novo jogo (ainda sem título) será lançado para plataformas PlayStation 3, PC e Xbox 360 e terá história produzida pela escritora Marianne Krawczyk, com a supervisão de Roberto Orci. O jogo está previsto para ser lançado em 2012.
Nós dois somos fãs de Jornada. O que você acha que vai estar dentro de uma história perfeita de Jornada?
“Eu acho que todos os fãs sabem que uma das histórias perfeitas é A Ira de Khan. Era uma história perfeita de Jornada porque tinha uma grande trama de ficção científica, mas também maximizando a amizade e o sentimento de família entre todos os personagens.”
“Este foi o primeiro filme que vi. Era a história perfeita de Jornada, porque, era para encontrar todos no auge de sua amizade, e no auge do saber de cada um e amando uns aos outros. Para mim, a história perfeita tem um maravilhoso conceito sci-fi, mas abrange também a personalidade dos personagens que conhecemos da maneira mais real. Seja com Spock, o Sr. Lógica, seja com Kirk, o Sr. Líder, com o Sulu, o Sr. Ajuda da Tripulação, todos com o melhor de si. É uma boa scifi e uma boa família.”
Então, se A Ira Khan é a história perfeita de Jornada, isso significa que você vai matar Spock no jogo?
“No jogo? Talvez. Tanto no jogo quanto na seqüência que estamos fazendo – e pela forma como estamos levando muito a sério ambos – sabemos que o público está pensando nisso como um Star Trek II do novo universo, por isso estamos conscientes das preconcepções sobre quem poderia morrer e que sacrifícios ocorrem. E estávamos cientes dessas coisas quando fizemos a história para o jogo e o filme.”
Quais são alguns dos desafios do desenvolvimento de uma história de videogame, em comparação com o desenvolvimento de um filme, porque eu acho que eles são muito diferentes, certo?
“Sim e não. Por um lado, o desafio é que você quer que o jogo seja um sucesso e tão maravilhoso como qualquer filme que você já tenha feito. Nós não queremos participar de um jogo que seja apenas um espaço reservado. Eu tenho sido um fã de Jornada por toda a minha vida e tenho jogado todos os jogos, e o consenso entre os jogadores é que os jogos nunca foram muito bons, há muitos jogos que eu gostei. Eu amei Bridge Commander, eu gostei de alguns dos jogos do velho PC. Eu sou fã de todos os jogos, mas vou tomar as críticas dos fãs, de coração.”
“A história é realmente uma das coisas que retorna e uma das coisas que o jogo não pode ter sempre. Portanto, uma das razões que me deixou animado para participar deste jogo é que nós queríamos que fosse algo que pudesse muito se encaixar entre os dois filmes, algo que fosse isso de certa maneira – os fãs vão dizer que é só canon quando aparecer na tela em um filme, e Alex (Kurtzman), eu, Tim (Jones), J.J. (Abrams) e Brian iremos concordar e dizer que não é canon, a menos que não esteja no filme. Mas gostaríamos de pensar que o jogo e tudo o que fazemos no meio está o mais próximo possível do cânon quanto pudemos porque estão realmente sendo levados em consideração onde os filmes estão.”
“Então, eu diria que o que vai ser diferente neste jogo é que vai caber em nosso novo universo. Vai caber dentro de Star Trek, que nós tivemos sorte o suficiente para gerar, e vai ser uma história que acontece dentro desse universo e que a história não vai ser fan fiction. Vai ser uma história que se encaixa em nossos filmes, e se encaixa entre os dois primeiros filmes. As coisas que estamos pensando para este jogo cairá muito no que pode acontecer entre os dois filmes, e isso é excitante para mim como um fã.”
Então, quando eu assistir o segundo filme. serei recompensado de alguma forma por ter jogado o jogo?
“Absolutamente, isso é exatamente o ponto. Nós não permitiríamos que um jogo saisse se não fosse de alguma forma uma parte da continuidade. Uma das coisas que nós sempre amamos em Jornada, muito antes de termos a sorte de trabalhar na franquia, é o fato de que ela existe dentro desse universo particular. Se você é fã de Jornada, você é fanático por cânon. Você quer ver como as coisas se encaixam no todo. Assim, quando a idéia do jogo surgiu, não podíamos deixar de tentar descobrir, como isso se encaixa em nosso universo? Se você é um fã do primeiro filme ou de Jornada em geral; espero que, como os quadrinhos de Countdown, o jogo não seja apenas um efeito secundário, mas uma parte do universo.”
Agora que o novo Kirk e Spock foram introduzidos, que tipo de histórias que você quer contar neste universo?
“Um dos presentes que ganhamos a partir do sucesso do último filme é que os fãs e o público em geral deixaram claro para nós que eles gostam dos personagens originais, mas também apreciam o fato de que estávamos desbravando novos caminhos. Graças ao primeiro filme, há uma linha de tempo diferente, um universo diferente, e assim podemos fazer o que quisermos, mas também não queremos fazer o que bem entendermos.”
“Queremos nos certificar de que estamos sendo autênticos com o que aconteceu no universo (original). Aquelas coisas que eu quero ver, um monte de coisas que aconteceu em Jornada, muitos dos mesmos cenários, mas eu quero vê-los de uma maneira nova. Na série original eles encontraram a Máquina do Juízo Final (“The DoomsDay Machine”). O que aconteceria se eles se a encontrassem agora? As coisas que queremos ver são as velhas idéias de uma maneira nova. Porque é um universo novo, porque as coisas mudaram, os resultados podem ser diferentes, as decisões podem ser diferentes. É emocionante pensar sobre o fato de que você pode conduzir qualquer um dos episódios antigos ou filmes e ver o que acontece se as coisas fossem um pouco diferentes.”
Então, este jogo vai ser canon de um modo que os livros não são?
“Os fãs verdadeiros vão dizer que cânon é apenas aquilo que é filmado. Eu não sou uma autoridade sobre o que é cânon. No entanto, vou dizer-lhe que este pode ser o primeiro jogo que cai dentro dos parâmetros das pessoas que são responsáveis pelo cânon agora, a “Suprema Corte”, como chamamos a nós mesmos porque nós somos os encarregados de Jornada, agora. Nós não seremos responsáveis para sempre, mas por enquanto estamos decidindo o que é cânon, então eu posso te dizer que esta é a primeira vez que o jogo em si é gerado pelas pessoas que estão decidindo o cânon e geramos o jogo para caber dentro cânon.”
“Eu sempre adorei que Jornada tivesse um cânon muito rico e contínuo, que é uma das razões pelas quais Alex, eu, Damon e J.J., mesmo que não seja nossa responsabilidade, e não ligamos pelo que somos pagos para isso, queremos ajudar a fazer os games, os quadrinhos, queremos consistência. Fazemos isso porque amamos Jornada.”
Que parte do primeiro filme você mais se orgulha e que podemos esperar para ver algo semelhante no jogo?
“Uma das coisas que eu tenho orgulho no primeiro filme é que uma das maneiras de olhar para isso é que trata-se de Kirk e Spock e quando você viu a série original eles já se conheciam. Uma das coisas que queria mostrar era como eles se conheceram. Nós sentimos que as nossas soluções poderiam ter funcionado na série original. Algumas pessoas nos criticaram pelo fato de que Spock era lógico e Kirk imaturo, mas a nossa resposta foi que você encontrá-os antes da série original. No nosso filme você começa a vê-los crescer.”
“Isso é o que nosso filme foi e é isso que a sequência vai ser. O que é legal sobre o jogo é que ele começa mostrando o momento intermediário (entre o final de Star Trek e o começo de Star Trek 2). Você começa a ver Kirk e Spock de uma maneira que você não estará vendo no filme. Eles estão se tornando amigos, eles estarão em aventuras que você não vai ver no cinema. O jogo está lhe dando uma nova visão sobre quem eles são. Se você não ver o filme, tudo bem, você ainda vai entender, mas se você for um verdadeiro fã de Jornada e você joga o game você vai passar por surpreendente etapa intermediária.”
Você mencionou que tudo que é velho será novo outra vez. Quais são as suas partes favoritas do velho que você gostaria de rever?
“Eu sou fã de A Nova Geração, então eu estou falando sobre ambos. Eu amei o humanismo e a utopia em A Nova Geração. Isso é algo que eu sempre quis atingir. Em termos da série original, voltando ao que eu disse sobre o jogo, em nosso filme, você não conseguia ver Kirk e Spock como amigos. Daqui para frente, o que você vai ver em ambos tanto no jogo quanto no filme é que agora eles são essa equipe incrível, como são Starsky e Hutch. Esses dois heróis icônicos trabalhando juntos.”
“Você sentiu um gosto disso no primeiro filme, mas agora eles estão do mesmo lado. Agora eles são Kirk e Spock em todos os sentidos que já tenha pensado deles. Você começa a ver porque eles são a buddy cop team (parceiros policiais).”
Que raça que você realmente gostaria de explorar daqui para frente?
“Você está falando com o único membro da equipe tirando J.J., Damon e Alex, eu sou de certa forma o maior nerd. Eu quero ver Klingons, eu quero ver Andorianos, eu quero ver mais Vulcanos, eu quero ver Romulanos. No primeiro filme nós tínhamos um monte de Klingons e tivemos que cortar. Eu quero vê-los todos. Essa é a minha resposta como uma fã.”
“Em nome da minha equipe deixe-me dizer que, para o jogo, queremos ter certeza de que de certa forma o jogo seja o seu próprio filme. Eu não quero entregar quem são os vilões, mas as pessoas no jogo podem ser pessoas que acabem no filme. Eu gosto de pensar no jogo como um filme que já poderia ter sido feito. Nós tratamos o jogo com o mesmo respeito. Posso dizer que os vilões são muito cânon.”