O professor de antropologia biológica (Universidade da California), Daryl Frazetti, publicou um interessante estudo na sua página do facebook sobre a implicação da série Jornada nas Estrelas na cultura do povo americano, desmistificando algumas considerações tidas como “marcas registradas” dos trekkers. Veja um resumo dessa pesquisa.
Segundo relato do professor Frazetti, nos últimos cinco anos ele começou a pesquisar e publicar estudos sobre áreas da cultura pop: Star Wars, Senhor dos Anéis, Indiana Jones, X-Men e muito mais relacionado à ficção científica. Seu estudo mais recente traz o tema Jornada nas Estrelas. Ele é trekker de carterinha e já esteve em várias convenções e escolas palestrando sobre o tema.
O projeto de 26 páginas, intitulado “The Culture of Trek Fandom: Wouldn’t you like to be a Trekkie too?” (A Cultura dos fãs de Jornada: Você não gostaria de ser um trekkie também?”), revela a proporção de homens e mulheres amantes do gênero sci-fi, principalmente Jornada nas Estrelas, a idade, grau de instrução, religião e etc. O levantamento foi realizado com 5.041 fãs em 2010 e somente agora publicado. Veja alguns dados interessantes de sua pesquisa.
A primeira descoberta de Daryl Frazetti derruba o mito de que a maioria dos fãs são homens. Acontece que 57 por cento dos fãs de Jornada são mulheres (nos EUA).
Jornada, apesar de algum sexismo, óbvio, da série original, fez o bastante para inspirar o público feminino. Durante as décadas de 1960 e do movimento feminista da época, Jornada deu poderes as mulheres. Hoje, o crédito de muitas mulheres em suas carreiras profissionais no domínio das ciências, medicina, entretenimento, militar, foi devido a influenciada de alguma forma de Jornada.
Quanto ao estado civil, 38 por cento de casados, 46 por cento de solteiros e 16 por cento com algum relacionamento.
Além disso, 54 por cento dos fãs tem mais de 40 anos, mas considerando que a série original foi ao ar em 1966, a surpresa é que 46 por cento que tem menos de 40.
No grau de escolaridade, 45 por cento estão no ensino médio ou concluído, 55 por cento de nível superior, destes 7 por cento de mestrado ou doutorado.
Frazetti detalha como fãs mostram seu amor por sua série favorita, com atividades como figurino, participando de convenções e ingressando em serviço de grupo. 98 por cento dos entrevistados disseram que Jornada tem impactado suas vidas positivamente de uma forma ou de outra, como a reunião de seus melhores amigos ao longo da vida. E, como a MTV escreveu: “79% disseram que estavam envolvidos em algum grupo de fãs porque concordam com os ideais filosóficos da serie.”
A pesquisa diz também, que Jornada influenciou a carreira profissional de muitos fãs. Um entrevistado revelou que tornou-se antropólogo como forma de “buscar uma nova vida e novas civilizações”, enquanto outros tornaram-se cientistas, engenheiros, professores, que em alguns casos utilizam a filosofia de Jornada para seus alunos. Moda, cinema e enfermagem também foram carreiras inspiradas pelo amor a Jornada. 81 por cento dos fãs descreveram o impacto positivo que teve em seu trabalho e suas interações pessoais no trabalho.
O estudo explorou as crenças dos participantes sobre a religião, a sociedade e a auto-representação. No item ideologia, 51 por cento disseram que se identificam com o princípio Vulcano do IDIC (Infinitas Diversidades em Infinitas Combinações), já 45 por cento declararam que vêem em Jornada valores de humanismo, 26 por cento de cristianismo, enquanto 7 por cento deram respostas como ateísmo, agnosticismo, Budismo.
Curiosamente, o estudo também abrangeu desvios e vícios dos fãs, perguntando: “O que é normal?”
É aqui onde o estudo parece ter algum conflito nas respostas: apesar de 91 por cento admitir que usam alguma espécie de símbolo de Jornada (emblemas, camisetas, fantasias, etc), 59 por cento dos inquiridos referiram-se a vestir figurinos para ir a convenções algo “normal” (página 7 do estudo), por outro lado, quando a pergunta refere-se a “desvio comportamental” 47 por cento dos inquiridos identificam como aquele que usa os trajes (página 9), 39 por cento como aquele que refere-se a qualquer personagem como ele mesmo e 13 por cento como aqueles que produzem fanfilms.
Fonte: FFESP