O ator Stephen Collins ficou mais conhecido dos fãs de Jornada por sua atuação no primeiro filme da franquia Star Trek: The Motion Picture. Ele fez o comandante Willard Decker e foi o interesse amoroso da exótica Deltana Ilia (Persis Khambatta). Numa conversa com o site Star Trek.com, Collins falou sobre primeiro filme, sua aversão ao próprio desempenho como Decker, e seus projetos atuais.
Costuma-se dizer que tudo o que é velho um dia volta a ser novo outra vez, como tem sido para você e sua esposa (Faye Grant, que fez a reporter e membro da resistência na antiga série V), nos últimos dois anos, ao passarem pelas salas de cinema e verem Star Trek em cima outra vez e ligar a TV e ver “V” na tela de novo?
“Eu sei, e eu ouço que Jane Badler (que fez a vilã da velha “V”) vai estar no novo seriado “V”. É estranho, sem dúvida. Para mim, em termos de Jornada, parece que nunca vai embora. As pessoas esquecem que houve esse lapso de tempo a partir do momento em que a série original saiu do ar e com o tempo nós fizemos o primeiro filme. Nesse tempo não havia Jornada que não os episódios originais, e eles constantemente eram exibidos na TV. Agora, tem havido muitas séries de Jornada e filmes. Então, para mim, ela nunca foi embora. E eu sou uma pessoa engraçada para perguntar sobre isso porque eu não sou particularmente um fã de Jornada. Eu não sou um fã não, eu nunca fui muito de ficção científica. Mas eu vi o novo filme Star Trek, e eu achei que foi simplesmente maravilhoso. Eu achei um brilhante feito. DeForest Kelley disse-me uma semana antes de gravar o filme em 1978: – “Você vai ver que esses fãs de Jornada estarão sempre em sua vida” -Lembro-me de pensar: – “Sério? Por quê? Como seria isso?” – Eu apenas começei a trabalhar no filme e não me sentia uma parte da coisa toda. Isso, na verdade, provou ser verdadeiro. Aonde eu vou, se eu estou fazendo uma assinatura ou algum tipo de aparição pública, há sempre os fãs de Jornada lá e eles são sempre atenciosos e bem informados e apaixonados. DeForeste estava absolutamente certo.”
Vamos percorrer todo o caminho de volta no tempo. Que grande negócio foi – para o mundo em geral, para a indústria, para você – estar no elenco de Star Trek: The Motion Picture?
“Para mim, há uma grande lição de vida em todas as circunstâncias que envolvem Jornada. Eu estava morando em Nova York e tinha sido levado para Los Angeles para fazer um episódio muito especial de As Panteras, que na verdade era primeiro episódio que Farrah Fawcett voltava depois de sua famosa saída da série. Ela era a maior estrela naquele momento e quiz se afastar da série depois de um ano. Aaron Spelling (produtor) suplicou a ela e o acordo foi que ela ia voltar e fazer três episódios. Fui convidado para fazer seu primeiro episódio e para fazer o namorado dela. Eu disse que sim, porque foi divertido e Farrah foi realmente a maior coisa nos negócios da série. Então, eu tinha acabado de gravar, quando meu agente me ligou e disse: – “Eles estão fazendo um filme de Jornada. Robert Wise vai dirigi-lo. E gostaria que você entrasse e lesse para o papel do novo capitão da Enterprise”.
Mas você nunca tinha visto um episódio de Jornada naquele momento, certo?
“Eu nunca tinha visto um episódio de Jornada. Eu estava plenamente consciente de Jornada. Você não poderia viver na América e não estar ciente disso, mas como eu disse, a ficção científica simplesmente não era uma coisa minha. Então, eu estava consciente de que grande negócio foi Jornada e que um grande negócio este filme iria ser, mas não foi grande coisa para mim. A boa notícia sobre isso foi que eu não estava uma pilha de nervos quando entrei para ver Robert Wise. Eu pensava algo do tipo: – “OK, eu vou conhecer o Robert Wise. Isso vai ser divertido. Ele é um grande diretor” – E eles não tinham todo o roteiro para eu ver. Eles só me enviaram duas cenas, o que era incomum. Então eu não estava investido nisso. Não era de vida ou morte para mim. Mal sabia eu que toneladas de atores em Hollywood vinham rodeando o bloco para entrar e conhecer Robert Wise. Isso é uma coisa muito perversa sobre a vida e, especialmente, sobre o show business, pois quando você não precisa de um trabalho é quando você parece obtê-lo, e quando você quer desesperadamente o trabalho e sabe que pode ser brilhante, você geralmente não é atendido. A vida não é justa desse modo e o show business não é justo desse jeito. É óbvio que existem grandes exceções à regra, mas esses são relativamente poucos e distantes entre si. Então eu fui do tipo muito calmo. “Olá, Sr. Wise”. Eu não estava nervoso e quando você não está nervoso, você tende a fazer o melhor de si.”
“Eu estava me dirigindo para o lugar de onde estava hospedado e quando cheguei lá verifiquei minhas mensagens. Naquela época não tínhamos celulares. Todos os atores que tinham serviços de atendimento de seus agentes ou pessoas no negócio deveriam ligar porque senão você tinha que estar em casa para receber uma chamada. Então eu liguei para o meu serviço e havia um recado para ligar para meu agente e ele disse: – “Eles ofereceram-lhe o papel para Jornada” – Pensei: – “Será que eu realmente quero fazer isso? Eu não sei. Eu não li o roteiro” – E eu realmente, não estava considerando seriamente fazê-lo. Recebi um telefonema de uma mulher chamada Marion Dougherty, que era então chefe de elenco para a Paramount e tinha sido, durante pelo menos 10 anos antes, a diretora de elenco maior no negócio. Marion me conhecia de Nova York. Ela disse: – “Stephen, este é o maior filme que a Paramount Pictures já fez e o seu é o único novo papel masculino do filme. Ele não pode te machucar”.
Então, você disse “sim” …
“O engraçado é que durante toda a vida eu pude argumentar isso, e tenho provas, de que em algumas maneiras de fazer o filme isso me machucou. Mas provavelmente não me machucou mais do que eu teria conseguido me machucar fazendo outras coisas. O fato é que eu era um ator muito verde naquela época. Eu estava trabalhando o tempo todo, mas havia coisas básicas que eu não entendia sobre a atuação, que não iria descobrir por mais alguns anos. Jornada, de certa forma, foi uma grande prova de meus defeitos. Eu não consigo me ver no filme, porque eu estava sério e monótono. Eu ainda não tinha aprendido a relaxar e estar no filme. Eu não entendia muito sobre atuar. Então, enquanto ele foi um grande negócio e o filme foi um grande negócio, eu nunca fiquei feliz com meu desempenho.”
“Além disso, quando o filme saiu, foi entendido como um fracasso. Ninguém se lembra hoje porque foram lançados todos esses outros filmes e todo esse renascimento de Jornada. Mas nas semanas e meses imediatamente após a abertura do filme, em 1979, foi percebido como um fracasso, pois esperava-se que ultrapassasse Star Wars, e isso não aconteceu. O filme arrecadou algo como US $ 125 milhões, que naqueles dias era algo inédito. Apenas alguns filmes tinham atingido esses números. Então, ele foi muito bem. Mas era entendido como um fracasso. Os comentários não eram tão bons e as arrecadações não foram tão elevadas como o que tinha sido antecipado.”
Então você acha que foi o seu desempenho ou a percepção do filme como um fracasso que o filme te machucou?
“Cerca de um ano depois de Star Trek: The Motion Picture eu tinha feito um teste para um belo roteiro de um filme de televisão chamado Solstício de Verão, que estava estrelando Henry Fonda e Myrna Low. O filme ia e voltava entre suas velhices e seus colegas mais jovens, e Lindsay Crouse e eu fizemos os colegas mais jovens. Era um roteiro maravilhoso e eu realmente queria fazer isso. Entrei e fiz um teste com o cara da produção. O teste correu bem e foi bom. Mas o cara disse: – “Eu tenho que te dizer, eu não quero vê-lo nisso.” – Eu disse: “Diga-me, por quê?” – Ele respondeu: – ” Bem, a única coisa que eu vi que você fez foi Jornada e não havia nada que me fizesse pensar que você poderia fazer isso” – Isso confirmou minhas piores suspeitas, mas foi também uma informação realmente boa de ter. Eu, de fato, tive esse papel, mas ele me disse: – “Eu só terei esse compromisso com você, porque o gerente tinha um outro cliente que eu realmente queria ver. Seu gerente disse que eu não conseguiria ver o outro a menos que eu visse você, também” – E, claro, de todas as coisas que eu fiz, Jornada é provavelmente aquela que se repete com mais freqüência. As pessoas ficam dizendo: – “Ah, eu só vi você em Jornada” – e isso me deixa louco porque, embora tenha sido uma performance útil e que funcionou no contexto do filme, não há nenhuma sombra, nem nuances, e eu quero gritar quando ver alguma.”
Qual foi a melhor nota que Robert Wise lhe deu no set de filmagem?
“Isso é difícil. Lembro-me de um monte de coisas sobre o Bob, mas não tenho certeza de que posso lembrar de uma coisa específica que ele me disse. A única coisa que me lembro, que salta à mente, mesmo se ele não respondesse sua pergunta, era que Bob foi um editor antes de ser um diretor. Ele editou Cidadão Kane. Ele filmava como um editor. Ele literalmente cortou um ator no meio de um close-up, enquanto falava, e dizia: “Eu nunca vou usar isso. Eu nunca vou usar isso”. É o tipo que me deixava louco. Eu pensava: – “Como você sabe que nunca vou usá-lo? Se você ver, você pode mudar sua mente” – Mas ele respondia: – ” Não, não, eu nunca vou usar isso” – Então, se uma cena fosse uma página e meia, ele poderia filmar 3/8 de um página em um close-up, porque ele achava que a cena nunca estaria em você naquele momento ou em Chekov ou quem quer que fosse. Para mim, parecia loucura, “por que não deixar a câmara correr por mais 20 segundos e você teria mais opções?”. Você pode achar, quando chegar na sala de corte, que trabalha de uma maneira que você não tem preconceitos. Mas era assim que ele trabalhava e ele era um diretor extremamente bem sucedido. Foi interessante para mim ver que alguém poderia funcionar dessa maneira. E ele sempre foi um cavalheiro extraordinário no set. Ele estava sob uma tremenda pressão sobre esse trabalho, e sempre foi um cavalheiro por excelência.”
O filme estreou em 07 de dezembro de 1979. Mas o que você lembra da estréia, que teve lugar pouco antes disso?
“Foi no Smithsonian, e foi emocionante. Eu nunca tinha estado lá antes, por isso só andando e vendo a cápsula espacial e monoplano de Lindbergh, foi fantástico. Mais importante, eu não tinha visto o filme. Quase ninguém tinha visto. Jeff Katzenberg me chamou cerca de duas semanas antes e disse: – “Não tome outro trabalho até que isso sai. Você vai ser um dos maiores em Hollywood” – Eu realmente apreciei isso e gostaria que ele estivesse certo. Mas porque o filme não impressionou muito os críticos, pois teve um desempenho inferior, e porque, francamente, como eu disse, não acho que fui muito bem, isso não aconteceu. Jeff, creio, tinha um caso compreensível de miopia. Mas ninguém tinha visto o filme. Os aficionados de Jornada sabem que a viagem de Kirk de volta para a Enterprise no início se estendeu infinitamente. Vamos dizer que foram oito ou nove minutos (a cena da Enterprise na doca espacial). Se tivesse sido apenas cinco minutos ou quatro minutos, eu acho que o filme provavelmente teria arrecadado 50 por cento mais do que ele conseguiu. O filme estava num ritmo certo e o público ficando maravilhado, então o filme simplesmente parou. O problema é que a seqüência não foi concluída até três dias antes do lançamento. Eles não tiveram tempo para cortá-la do filme e visualizá-la. Qualquer um teria dito: – “Ah, essa seqüência vai durar para sempre”. Eles não tiveram tempo. Acho que é porque essa seqüência custou tanto dinheiro e levado tanto tempo para ficar pronta que todos eles queriam acreditar que fosse mágica. Foi uma espécie de magia, especialmente se você está no alto. É lindo. Ela durou muito tempo. É parte do folclore, de que não tiveram tempo para fazer o que você gostaria de fazer, que é cortá-la do filme, fazendo algumas sessões de pré-visualização e descobrir que precisava cortar a seqüência em um terço.”
“Enfim, de volta a premiere, foi uma coisa inebriante. Eu nunca tinha ido a esse tipo de grande abertura. Bob levou-nos a sua suíte no hotel e havia um monte de champanhe fluindo. Lembro-me, é claro, dos créditos rolando depois da exibição e foi muito emocionante ver meu nome lá em cima maior que a vida e ter me visto lá na telona maior que a vida. Mas, como eu continuo dizendo, eu também me lembro de pensar: – “Eu não estou muito bem nesse filme” – Essa foi a minha experiência, mas eu sobrevivi.”
Você já falou sobre o filme e mesmo após 31 anos. Há algo que ninguém tenha lhe perguntado ou que ninguém sabe ainda?
“Eu acho que uma das coisas que eu nunca tinha falado muito, porque ninguém saberia perguntar sobre isso, era que tínhamos um time de softball (parecido com o beisebol) de Jornada. Durou, pelo menos, dois anos depois que terminarmos de gravar o filme. Era uma equipe maravilhosa, maravilhosa. Walter Koenig foi o capitão e gestor da equipe. Eu gostava de jogar lá. Havia um monte de caras da equipe técnica, alguns dos atores e alguns figurantes da nossa ponte. Foi uma espécie de campeonato do show business. Há sempre estes tipos de equipes. Eu sei que há um no time de softball em No Ordinary Family , mas eu não jogo nele. Mas esta equipe de Jornada continuou indo muito, muito tempo depois que o filme foi feito, o que é incomum. Joguei no lado esquerdo. Walter estava na equipe. Ralph Byers era um dos caras que estava conosco. Jon Povill, nosso produtor (adjunto), estava na equipe. No curso inicial, Bill Shatner estava jogado. Eu estou olhando a foto agora (à esquerda). Bill está lá. Walter está lá. Nichelle (Nichols) está lá, na frente. Jim Doohan está lá. E Persis, também. Bonito muito todos os outros estavam com a produção. É uma imagem muito legal. Eu acho que alguém apenas tirou a foto e eu não tenho certeza se alguém já viu isso antes, então você tem um tipo de exclusividade.”
Vamos falar sobre o que está acontecendo para você agora. O que aconteceu em No Ordinary Family que você gostou o suficiente para assinar por mais uma série semanal?
“Eu gostei do roteiro piloto. Eu sempre fui um fã do (escritor-produtor), Greg Berlanti, desde quando Seventh Heaven esteve em seus primeiros anos e Everwood entrou no ar. Eu o admirava e achava que foi um seriado muito bem escrito. Você faz anotações mentais de pessoas assim. Não havia muito do meu papel no piloto, mas Greg ligou e disse: – “Se essa série continuar este papel vai realmente tornar-se divertido, e eu espero que você venha fazer isso” – Isso foi o suficiente para eu me arriscar, e ele é uma pessoa em que se pode confiar.”
Você escreveu um livro. Você está em uma banda, Stephen Collins and the 7th Band. Você só apareceu em Brothers & Sisters para um episódio. O que mais você tem em curso em termos de escrita, música ou atuação?
“Há algumas coisas de filme no forno, mas eu não gosto de falar sobre essas coisas porque elas vêm e vão muito rapidamente. Mas há algumas coisas que seriam emocionantes e são projetos feitos por amigos. Então eu espero que decolem. Eu quero muito escrever outro livro e eu comecei um, mas por uma razão ou outra eu não sou capaz de ir até ao fim. Eu quero ver se consigo fazer isso de novo antes que eu esteja em uma casa. E a minha banda toca ocasionalmente. Nós normalmente só temos algumas vezes por ano, porque os outros caras estão muito ocupados e é difícil conseguir todos nós juntos. Eu adoro tocar com esses caras e cada vez que faço isso eu penso, “Oh, isto poderia ser a última vez”. Mas eu amo e com certeza nós vamos fazê-lo um pouco mais.”