O ator Sean Kenney foi figura marcante para os fãs de Jornada, fazendo um capitão Pike desfigurado nos episódios da série original “The Menagerie, Parte I e II”. Kenney também apareceu em outros dois episódios da velha série, ambos como o Tenente DePaul. Em entrevista exclusiva ao Star Trek.com. Kenny falou de sua experiência na franquia e o que está fazendo agora profissionalmente.
Na série original, Sean Kenney não fez apenas Pike. Como o tenente DePaul, ele apareceu nos episódios “Arena” e “A Taste of Armageddon”. Nos dois episódios Kenney foi o navegador da Enterprise.
Após passagem por Jornada, Kenney não conseguiu decolar como ator, tendo pequena participação na série Agente 86, e em clássicos filmes B, como The Corpse Grinders, The Toy Box, O Assassinato de Sarah Bloody Ridelander e Terminal Island. Atualmente ele é fotógrafo comercial.
Quando foi a última vez que viu “The Menagerie” e de que maneira você sentiu isso?
“Eu estava na Inglaterra não muito tempo atrás e vi-o em DVD. Ele me impressionou. Comecei a ver as coisas de forma diferente. Ficou mais nítido. Foi a melhor apresentação. Eu acho que “Menagerie” estava muito à frente de seu tempo. Estou orgulhoso do episódio, porque a história diz tanto e que foi levada assim – como direi – emocionalmente por muitas pessoas. Ali estava um cara, o Capitão Pike, que foi quase a primeira pessoa que desafiava fisicamente que ninguém havia visto na TV, em grande parte. Ele estava em uma cadeira de rodas, não podia falar. Conheço pessoas agora (em cadeira de rodas) que vem até mim e dizem: “Quando eu vi aquele episódio eu pensei: – ‘E se eu perder a minha voz?” – Eu só perdi as minhas pernas”. Foi um episódio muito profundo e tocou em muitas coisas.”
E quanto aos outros dois episódios que fez?
“A Taste of Armageddon” foi sobre duas civilizações lutando, e eles pensavam que era humano destruir uns aos outros apenas encaminhando todos que tinham de morrer em uma câmara de destruição. Você traz esse script agora, em qualquer série, e seria aclamado como muito futurista. Mas nós fizemos há quase 44 anos atrás. Esse é o meu argumento, que as coisas boas sempre sobrevivem. Eu realmente gostei de trabalhar com isso. Eu comecei a falar mais, claro, neste episódio. George (Takei) estava na Carolina do Norte, fazendo The Green Berets (Os Boinas Verdes), então eu tive que ser o navegador. Eu tinha um perfil um pouco maior nesse do que em minhas outras aparições”.
Você se afastou de atuar em um determinado ponto e concentrou em ser um fotógrafo profissional. Os papéis apenas não vieram, ou foi a fotografia uma progressão natural para você?
“Foi uma progressão natural, mas algo que atingiu muitos de nós foi a greve dos atores em 1979. Muitos de nós pensavam que iria durar apenas um mês ou dois, e se estendeu por nove ou 10 meses. Quando isso aconteceu, um monte de atores parou de atuar por um tempo e precisei encontrar outro local porque tinha de pagar as contas. Eu, felizmente, tinha pego uma câmera, em 1974, e já estava fazendo fotos de rostos de um monte de gente, para atores. Então eu disse: – “Vou voltar a atuar quando a tendência for apropriada”, mas rapidamente dois anos passaram a ser cinco anos e depois dez anos e eu tinha construído esse negócio de fotografia. Agora, todo esse tempo depois, eu estou trabalhando com atores, pessoas de negócios e todos os tipos de coisas. Então eu senti, com a minha fotografia, que tinha um vasto leque de opções do que apenas aguardar o próximo papel.”
Você faz várias aparições em convenções por ano. Quanto você gosta de encontrar os fãs?
“É ótimo. Eu conheci físicos que foram inspirados por Jornada, que dizem “Olá” e falam comigo. Eu tive uma dupla de pilotos de F-16 que apareceu um dia e disse: – “Você sabe que temos um código Capitão Pike quando sobrevoamos o território inimigo no Iraque?” – Eu respondi: – “Sério?” – Eles continuaram: – “Sim, tudo o que dizemos é “Será um bip ou dois, câmbio?” – Eu achei isso hilariante, que agora eu sou um código no Iraque para os pilotos. Então, esses tipos de coisas são grandes, e é bom ter pessoas que vêm até mim para conversar, dizer “Olá”, fazer pose para uma foto, pegar um autógrafo.”
Conte-nos um pouco mais sobre o que você tem em curso nestes dias?
“Eu moro na Califórnia. Minha esposa e eu somos casados há 28 anos. Meu filho está na UCLA e ele está carregando o bastão de ator. Ele está em seu último ano lá. Eu ainda tenho o meu negócio de fotografia. Escrevi um livro de memórias, que é chamado de “O Capitão Pike ainda está vivo e vivendo em Talos IV?”. É sobre a minha atuação e todo o caminho para a minha fotografia. E eu tenho alguns filmes que quero fazer, que estamos tentando obter financiamento para isso. Assim, a vida é grande. Foi um bom passeio.”
Você viu o novo filme Star Trek?
“Sim, eu vi. Eu gostei. Achei que Bruce Greenwood fez um ótimo trabalho. Agora, acho que Bruce foi inspirado na obra de Jeffrey Hunter, porque, obviamente, eu interpretei o Pike aleijado. Bruce fez um grande trabalho, porque ele tinha (similar) temperamento ao de Hunter. Eu teria adorado ter feito um teste para o papel, mas eu não acho que eles me viram no cinema e provavelmente não sabem como me pareço agora. Eu tinha apenas 25 anos na época que fiz Pike. Acho que o Bruce foi uma boa escolha. Agora, se J.J. Abrams der uma olhada para o Pike aleijado, eu adoraria fazer isso novamente.”
No final das contas, quanto prazer e honra estar associado com Jornada?
“Tremendamente. Acho que a idéia da boa escrita e da boa execução do produto, que eu acho que aconteceu com Jornada, apesar de não ter a tecnologia que eles têm agora, ou o orçamento, resiste ao teste do tempo. Acho que as pessoas reconheceram que, embora os episódios davam a impressão de piegas, às vezes, essas coisas não pareciam tão importantes em comparação com outros programas que vieram juntos. Eu acho que é como disse Shakespeare: “a peça é a coisa”.”