A versão britânica do website de entertenimento IGN conferiu o novo Star Trek na pré-estreia londrina durante o tour mundial do filme, e já colocou em campo sua crítica a respeito da nova produção de JJ Abrams para a franquia de Jornada nas Estrelas. Para Orlando Parfitt, do IGN, Star Trek é um filme que conta com ótimos personagens e interpretações por parte dos atores, mas a trama não segue a mesma qualidade, faltando algo a mais para ser um grande filme de ação. Veja a seguir alguns trechos do artigo. Eventuais spoilers estão presentes.
São as diferenças entre Spock e Kirk, e sua complexa relação, aquilo que está no coração de tudo o que Jornada nas Estrelas tem de melhor. A interpretação de Leonard Nimoy e William Shatner dos personagens mais icônicos da série está encravada na nossa consciência coletiva, então para os escritores, e para os atores os interpretando, apresentar eles de um modo inovador que evitasse caricaturizar os personagens sempre seria algo extremamente difícil.
Eles tem sucesso nisto de modo brilhante e oferecem ao filme (e esperamos para a franquia) seu coração e alma. O par está perfeitamente bem nos papéis. Pine não parece nem soa em nada como Shatner, mas acerta bem na essência do personagem de Kirk com sua combinação de charme rústico e arrogância atrevida. O ator parece somente outro produto da linha de produção de bonitão-padrão de Hollywood, mas ele se mostra extremamente carismático e acerta a martelada na cabeça do prego com o papel.
Quinto é ainda melhor. O filme realmente gira em torno dele, com sua estudada performance que entrega sem esforço aquilo que faz Spock tão interessante: sua personalidade lógica que esconde uma suprimida camada emocional. Quando Spock e Kirk, que se mantem em conflito por quase todo o filme, estão juntos em cena, o filme mostra estar vivo.
Sobre a trama, Parfitt a considerou desnecessariamente complicada, e o filme não consegue realmente manter um senso de urgência de modo a empolgar a platéia:
Não importa o quanto eu apreciei o diálogo e a interação dos personagens, apesar da minha afeição pelos personagens, eu nunca estive à beirada de meu assento no cinema. Eu nunca senti que Kirk e Spock estivessem em genuíno perigo, e em momento algum eu tive a sensação de que isto era uma aventura espacial em larga escala sendo conduzida para uma grandiosa conclusão por sua própria intensidade dramática.
Isto ocorre por a trama ser uma bagunça completa. A maioria de vocês já sabem que a história incorpora elementos de viagem no tempo com Nero retornando de 30 anos no futuro para ter sua vingança. É uma trama que é meio complicada e requer considerável exposição para ser minimamente compreensível.
Sobre o impacto geral do filme e seu eventual legado, Partiff faz uma comparação com um dos blockbuster do ano passado, Homem de Ferro, ao comentar que apesar de ambos não serem grandes filmes-eventos per se, são bem levados pelo elenco e estabelecem material muito bom para sequencias já acertarem o chão à toda velocidade:
De certo modo, Star Trek é o Homem de Ferro deste ano. Ambos tiveram elencos muito bem montados, cheios de ótima interação de personagens e genuína humanidade. Mas ambos foram seriamente comprometidos por tramas mal concebidas e sequencias de ação que deixam a desejar (….) A boa coisa sobre Homem de Ferro e Star Trek, contudo, é que ambos estabelecem as bases de (assim esperamos) sequencias espetaculares. Ao fim de Star Trek, nós temos um (na maioria) brilhante elenco da tripulação nas suas posições na ponte da Enterprise. Para Star Trek 2 (ou deveria ser 12?) eu aguardo por um forte novo adversário para ameaçar a Federação (não seriam os Klingons ou Os Borgs legais?) — e então a promessa de Abrams de genuína excitação em uma aventura espacial pode ser completamente realizada.
Com este artigo do IGN, Star Trek atinge sete críticas no Rotten Tomatoes e seu tomatometer já foi ativado, estando ao final do dia 17 a 100% — mas é irreal esperar que o índice se mantenha tão alto, pois inúmeras outras ainda estão por vir. Aguardemos.