Os roteiristas Roberto Orci e Alex Kurtzman, juntamente com o diretor J. J. Abrams falaram um pouco mais sobre o filme de Jornada nas Estrelas. Eles responderam a questões sobre a idéia do prequel, a reação dos fãs, a cena do bar, batalhas espaciais, e outras.
Em uma longa entrevista a FirstShowing.net Roberto Orci e Alex Kurtzman começaram falando sobre as origens do roteiro e o que levou a seguirem por esse caminho. Veja as partes mais importantes de seus comentários.
Por curiosidade, quanto tempo levaram para concluir o script do rascunho até o definitivo, usado nas filmagens?
Orci: “Seis meses. Foram seis meses a partir do rascunho até o script. A Paramount avançou muito rapidamente ao longo desse nosso primeiro trabalho, o que foi um milagre para nós”.
Kurtzman: “O modelo de contrato geralmente é de doze semanas. Normalmente, escritores levam três meses para um projeto e, em seguida, um outro par de meses para reescrevê-lo. Então, o que consta contratualmente é sobre quanto tempo demora”.
Como foi o envolvimento de vocês nesse projeto?
Orci: “Eu acho que Alex recebeu primeiro uma chamada de um dos executivos da Paramount, que passou a ser um amigo seu, certo?”
Kurtzman: “Sim”.
Orci: Ele falou algo do tipo – “Ei, Jornada pode ser algo que a Paramount esteja interessada em fazer. Vocês têm algum interesse nisso?” – E foi a primeira coisa que ouvi falar, cerca de três anos atrás, talvez”.
Kurtzman: “Eu acho que, talvez, nós estávamos no meio da gravação de Transformers ou algo assim. Isso veio até nós, e eu sabia, quando conheci o Bob, que ele tinha um Enterprise phone. Ele era um fã. Então, não poderia deixar de falar com Bob sobre isso. Nós resistimos por muito tempo não porque não queríamos fazê-lo, mas porque sentíamos uma enorme responsabilidade em assumir. Isso não é algo que você conduza levianamente. Você tem que ter realmente uma razão para fazer isso. Nós não queremos apenas fazer Jornada 11″.
Orci: “Ao discutirmos sobre o assunto , quando descobrimos que tínhamos uma idéia do que queríamos fazer, a gente começou levar a sério, uma espécie de – Sim, estamos interessados.”
Em relação ao filme, que idéia levou para ser a história um prequel?
Orci: “Chegamos a essa idéia de forma independente do estúdio. Certamente que foi o Alex e meu instinto. A primeira vez que ouvimos o que a Paramount queria com a franquia, pareceu a mesma coisa. Não tenho certeza se eles levaram isso para nós ou se nós chegamos a essa conclusão em simultâneo”.
Kurtzman: “Outra coisa foi que olhando Jornada em sua gloriosa saga, apenas nos chocou ver que a história de como a tripulação da ponte veio a se reunir nunca foi contada. Foi feita referência a isso em pedaços, mas nunca foi contada (desde o início) e é simplesmente uma espécie de história inicial mais épica que você poderia narrar em Jornada. Por isso, era como se estivéssemos trazendo algo de novo a mesa, que esse era o lugar para começarmos. E, para nós, sempre começou com Kirk e Spock. Sempre foi sobre Kirk e Spock”.
Orci: “E apesar de eu ter adorado A Nova Geração, uma das razões que sentimos foi que Jornada (antiga) havia sido possivelmente deixada de lado e nunca imaginávamos que alguém ia querer voltar e assumir a Jornada original novamente. Pensávamos que ninguém nunca iria pôr isso adiante e além disso nós não estávamos interessados em fazer a continuação, da continuação, da continuação de A Nova Geração. A idéia de fazer uma nova tripulação já tinha se tornado uma coisa velha e a nova idéia foi realmente trazer de volta a tripulação original”.
Interessante como tudo aconteceu, porque a Paramount poderia ter feito Jornada 11 com outra tripulação, mas em algum lugar ao longo do processo alguém disse “vamos reiniciá-la,” e é isso que temos agora. Obviamente existe uma grande quantidade de agitação e interesse, e, obviamente, era o rumo certo para ir.
Orci: “Essa foi a idéia que levantamos e nunca ouvimos qualquer resistência”.
É bom saber que é a direção que eles queriam ir também.
Orci: “Aparentemente. Ou eles são indiferentes, nós não sabemos qual”.
Qual foi a primeira coisa que vocês fizeram quando aceitaram um projeto como Jornada? Vocês procuraram voltar a ver muito Jornada ou simplesmente pegaram a idéia da franquia?
Orci: “Eu acho que começamos com nossas primeiras impressões de pensamento, apenas deixamos sair nossos primeiros pensamentos sem filtrá-los, sem censurá-los, sem ser o seu pior crítico. Apenas sair primeiro o que me vinha à mente só para ver onde a intuição apontava. Essa foi a primeira coisa que fizemos. E então você vai fazer todo o trabalho de casa”.
Kurtzman: “Outra coisa que eu acho que para nós foi fundamental foi que a idéia de levá-la a frente era muito assustadora. Isso pode ser uma coisa muito boa. Pode ser um desafio que você tem que enfrentar em oposição a algo que você esteja confortável. Então, eu acho que fomos parcialmente motivados para vermos se éramos capazes de poder fazê-lo”.
Como tem sido trabalhar com J.J. Abrams? Ele é o melhor homem para o trabalho em termos de garantir que o script seja traduzido para a tela da maneira que vocês escreveram?
Orci: “Com certeza. Ficamos muito felizes em buscá-lo para dirigir este filme. Tenho certeza que você está fazendo a sua própria investigação sobre ele e sei que ele só pensava em produzi-lo. Mas foi sempre a nossa meta segredo, eu, Alex e Damon Lindelof, persuadí-lo a realmente fazer isso e convencer alguém de seu talento e do seu calibre para dar a Jornada a atenção que merece, a partir de um diretor como ele. Então, definitivamente tentamos mantê-lo envolvido, mas também tentamos surpreendê-lo um pouco para que ele tivesse uma reação a ela também”.
Houve a preocupação de que este novo filme seria rejeitado pelos fãs?
Orci: “Claro. Quando você termina alguma coisa espera que seja bem recebida, mas você tem que seguir seus instintos. Sentimos muito confiantes, na verdade, quando J.J. (Abrams) concordou em dirigir o filme, achamos que isso deve significar alguma coisa. Então, de certa forma, ele foi o nosso primeiro teste, em termos de estarmos ou não no caminho certo. Seu selo de aprovação, em minha opinião, fez-nos infinitamente mais confiantes sobre decidirmos pela idéia correta”.
Não sei se vocês sabem a resposta a esta pergunta, mas a decisão de mover o filme do Natal para maio foi feita após o primeiro teaser? Foi baseada no interesse do filme e na confiança de que ele pode ser forte para maio? Ou foi uma decisão tomada por outros motivos?
Orci: “Foi após o primeiro teaser, caso contrário não teríamos liberado cedo. Sim, foi porque eles (do estúdio) realmente sentiram que poderia ser um filme de verão em oposição, eu acho, a um filme no Natal”.
Kurtzman: “Foi também em razão da grande quantidade de efeitos especiais no filme. Estamos ainda no processo de completá-los. Portanto, a idéia de que deveríamos tê-lo lançado efetivamente há três semanas atrás, parece agora impossível”.
Quanto à publicidade do filme, vocês acham relevante para as pessoas se interessarem em vê-lo?
Kurtzman: “Nós aprendemos o quanto isso é importante. Você pode ter o melhor filme do mundo, mas se não vendê-lo bem, ele perde o interesse”.
Orci: “A verdade é que têm filmes que recebem sinal verde sem obterem um voto do Departamento de Marketing dizendo que “sabemos como pô-lo lá fora”, especialmente filmes grandes como Star Trek e Transformers. Quando você estiver apostando muito no seu sucesso, da maneira como o filme é posto lá fora, como o produtor, é da sua responsabilidade participar, tanto quanto possível. E também, é da sua responsabilidade ouvir as pessoas que são mais sabidas que você sobre como fazê-lo”.
É por isso que vocês realmente gostam de ficar envolvidos com os fãs nos Foruns?
Kurtzman: “Estes filmes não são nossos. Não estamos fazendo para nós. Estamos fazendo para as pessoas que vão assistir. Penso especialmente em algo como Jornada, onde nos sentimos muito felizes em termos herdado o manto, e estamos apenas fazendo o melhor para preservar o legado incrível de Jornada e para manter o espantoso trabalho que já foi feito”.
Orci: “Correto. Em especial quando é uma franquia que já pertenceu aos fãs durante todo esse tempo, e assim nos faz sentir uma particular responsabilidade deixando isso em aberto”.
Em outra seção de entrevistas Roberto Orci e o diretor J. J. Abrams comentaram um pouco mais sobre algumas cenas do filme e como encaram a reação dos fãs.
Ao SciFi Wire disseram Orci e Abrams a respeito da cena de briga no bar e das batalhas espaciais.
No que diz respeito ao filme, o que você diria para os fãs que verão um Kirk tendo problemas em sua juventude, metendo-se em brigas de bar e com cadetes da Frota?
Orci: “Bem, eles (os fãs) citam a parte em que ele era uma pilha de livros com pernas na Academia. A verdade é que em nosso filme não há nada que se oponha a Kirk ser uma pilha de livros na Academia. O que você vê é o que ele era antes da Academia. Argumentaria que ele sendo um lutador rebelde de bar, em nosso filme, é absolutamente coerente com o cânon”.
Com estes abundantes visuais épicos de batalhas espaciais, é seguro dizer que já não são inspirados pelas batalhas de submarinos?
Orci: “É seguro dizer que isso não foi totalmente jogado fora, mas imagine super avançados submarinos. O filme ainda mantém algumas das originais batalhas marítimas, ou batalhas de submarinos ou navio a navio, canhão para canhão, a batalha de Master and Commander (Mestre dos Mares com Russel Crowe). Apenas, eu creio, em um ritmo diferente”.
Acrescentou Abrams: “Elas são grandes naves, por isso eu diria que há um pouco disso, mas há um pouco mais de chamativo, divertimento e de ação do que você tenha visto antes. Existem alguns efeitos visuais bastante espetaculares. A ILM (Industrial Light & Magic) ultrapassou a si mesma. É impressionante”.
Alguns fãs também têm problema com a idéia de que estão construindo a Enterprise sobre a terra, em vez de reunir-la no espaço. O que tem a dizer?
Orci: “A resposta é que a Enterprise não é, nem nunca foi, um iate de passeio. É uma nave que é capaz de deformar espaço à sua volta em várias vezes o peso da gravidade. Portanto, a idéia de que ela, de alguma maneira, não poderia lidar com um ambiente de gravidade da Terra, não era algo que eu acho que quem estivesse a bordo da nave jamais desejaria contemplar. A justificativa para construí-la no espaço é quando você tem coisas frágeis que não têm de estar em gravidade, mas isso não é o que a espaçonave Enterprise é”.
Foi uma grande prioridade trabalhar em uma luta de espadas com Sulu?
Orci: Sabe, quando você pensa em Jornada, se você for um fã do original, qualquer um de nós pode fazer uma espécie de lista das 20 melhores coisas que você pode ver. Aposto que muitas de nossas listas seriam semelhantes. Aí haveria muita sobreposição. Qualquer fã pode pensar nas 20 maiores coisas, e tentamos colocar o maior número dessas coisas possíveis no filme”.
E você mostrou-nos a morte do primeiro redshirt.
Orci: “Novamente, essa é uma daquelas coisas que se você não for um fã, você vai aprender que não é boa sorte ser um redshirt. E se você é um fã, no minuto que começar a entrar em que seqüência, você tem uma antecipação para o que virá. Essa é uma das alegrias de ter sido capaz de contar neste filme”.
Quanto a uma possível reação negativa dos fãs, Abrams replicou: “Eu diria que os fãs de Jornada ficarão muito felizes com o filme. Ele honra o que veio antes, mas eu realmente não fiz o filme apenas para as pessoas que já estão lá dentro, porque eu gosto de Jornada, mas nunca fui um grande fã. Então eu acho que o filme não vai satisfazer a todos, evidentemente. Não pode. Mas ele vai satisfazer a maioria de ambos os lados”.
Orci: “Nunca queremos ser tão excessivamente confiantes para pensar – Sim, eles ficarão impressionados – Nós não somos presunçosos, mas bastante confiantes”.
Abrams: “Eu não estou preocupado com os fãs da série gostarem do filme. Os fãs da série já o viram e tiveram realmente grandes reações, mas fico muito animado e nervoso com tudo o que eu começo. Espero que as pessoas gostem dele. Você trabalha em algo longa e arduamente e não quer que fique na lixeira [risos]”.