Quando J.J. Abrams falou que estava planejando “reimaginar” o conceito de Jornada nas Estrelas, ele não estava brincando. O Trek Brasilis já viu quatro cenas do novo filme da franquia, numa sessão conjunta promovida pela Paramount Pictures que também contou com uma apresentação de “Watchmen”. E, depois de vê-las, o termo “reimaginação” parece até um eufemismo. Veja a seguir, uma avaliação spoiler-free.
A começar pela escala da produção. O novo filme custou cerca de US$ 150 milhões — cerca de três vezes mais do que a produção mais cara de Jornada. E o detalhe: cada tostão a mais que foi gasto aparece na tela. Trata-se do filme visualmente mais impressionante dos mais de 40 anos de existência da franquia.
Mas, como todos os fãs sabem, a essência nunca foi o dinheiro, mas sim o coração. Será que o espírito da velha série, com seus personagens inesquecíveis, foi preservado, após todo esse foguetório? A resposta, pelas quatro cenas exibidas, é um retumbante “sim”.
E olhe que não é a primeira impressão. Na cena inicial, vemos um Kirk ainda jovem e rebelde, que, numa descrição honesta, é um tremendo babaca. Mas nada contra Chris Pine, ator escalado para a árdua tarefa de substituir William Shatner sob a pele do personagem. Na verdade, o que as cenas subsequentes mostram é justamente a “jornada do herói”, que se transforma de babaca em líder incontestável ao longo da aventura. E a exibição termina do jeito que deveria: com Kirk soando o mesmo que os fãs aprenderam a amar nas últimas quatro décadas.
E quanto aos dois pilares que sustentam as ações de Kirk, o estóico vulcano Sr. Spock e seu oposto, irascível, Dr. McCoy? O primeiro é interpretado por Zachary Quinto (o Sylar, de “Heroes”), que é inacreditavelmente parecido com Leonard Nimoy, o ator que vive a versão antiga do personagem. Talvez pela semelhança, a avaliação (admitidamente parcial) de Quinto acaba não sendo tão positiva: o que mais salta aos olhos é como Quinto não consegue transmitir a mesma gravidade do personagem original. Em compensação, o filme traz Nimoy para viver uma versão idosa de Spock, o que certamente trará os fãs mais radicais para o lado do diretor Abrams.
E McCoy está absolutamente perfeito. Karl Urban traz uma interpretação ressonante com a que imortalizou o médico da Enterprise, conduzida pelo falecido DeForrest Kelley.
Os demais personagens também estão lá — Sulu, Scotty, Uhura e Chekov, além do capitão Pike, que só os fãs mais apaixonados saberão quem é –, e suas representações, embora não lembrem muito as antigas versões, trazem simpatia pelos personagens.
E esta talvez seja a melhor forma de ver o Star Trek de Abrams. Ele não é feito só para os fãs, ou para quem conhece a série a fundo, mas sobretudo para os amantes do cinema de ação. E esse grupo certamente não ficará desapontado com o que o filme terá a oferecer em maio deste ano, quando chegar às salas de cinema no mundo todo.