O Wall Street Journal publicou uma matéria referente ao novo filme de Jornada nas Estrelas, onde conversou com os atores Chris Pine (Kirk) e Zachary Quinto (Spock). Nas entrevistas eles discutem sobre a abordagem para os papéis e a diferença entre os seus personagens e os originais.
Chris Pine
J.J. Abrams disse que o filme é para os futuros fãs, não necessariamente para os veteranos. O que é que ele está fazendo para reviver a história que poderia amedrontar os fãs?
Pine: “Eu não sou bem versado no cânon de Jornada, mas estamos aventurando em território que foi apenas coberto por estes romances paperback (livros de capa mole). E definitivamente não vai agradar a todos. Há uma cena em que meu personagem está em um bar e está definitivamente embriagado, sob a influência de sua própria arrogância. Ele se transforma no Kirk que todos conhecem. Em meu livro isso torna a viagem um pouco mais interessante. Se ele é um líder claro, desde o início, você não tem para onde ir”.
Porque o personagem se tornou tão mítico?
Pine: “Kirk ainda é um pouco ardiloso para mim. Mas o que eu acho que é tão único sobre essa história é que, ao contrário de outros filmes do gênero, Jornada sempre representou uma incrível quantidade de otimismo. No final dos anos 60, em um tempo de agitação, está representado neste mundo utópico. Ao contrário de Batman: The Dark Knight, no qual apreciei, mas foi muito sombrio e não fala gentilmente da humanidade. Kirk é muito icônico, porque ele é o chefe desta fantástica equipe utópica. Eles não são super-heróis, eles são homens e mulheres que tentam conseguir alguma coisa boa”.
Você trouxe muita coisa de diferente para o personagem Kirk, mas que aspectos do original você manteve?
Pine: “Existe muito humor, arrogância e determinação. Tentei trazer estas qualidades, mas com o novo elemento de um jovem que se torna bem sucedido. Ele é um líder que não sabe que é um líder ainda. Mas com a maneira de expressar padrão (do Shatner)? Absolutamente que não. Nesse território, isso se torna uma personificação. Só posso fazer a minha versão dele”.
Como você descreveria a sua versão dinâmica de Kirk/Spock?
Pine: “Em razão do meu contrato sigiloso, não posso dizer muito sobre isso. Mas essa versão é muito controversa, com Kirk e Spock não desfrutando da companhia um do outro, em primeiro lugar. O arco é que eles encontram um terreno comum através desses grandes conflitos”.
Você teve alguma estratégia durante o teste para concorrer ao personagem?
Pine: “Acabou por ficar muito hollywoodiano. Zach e eu fizemos no mesmo ginásio de teste e ouvi de nosso instrutor que Zach já tinha o papel. Nós nos conhecemos antes de eu ir para o teste, e ele leu a cena comigo antes de eu entrar. Ele não poderia ter sido mais agradável e mais solidário e deu a perspectiva de chegarmos a alguma coisa que não fosse uma batalha de egos”.
Zachary Quinto
Qual foi a sua estratégia para o teste do personagem?
Quinto: “Eu construí uma consciência de meu interesse, quase involuntariamente, por falar muito sobre Spock em outras entrevistas. Para o teste propriamente dito, eu vesti uma camisa azul e deixei uma franja no cabelo. Eu dei o melhor de meu esforço para estabelecer uma ligação física”.
Com Spock há uma aparente fisicalidade no papel. Como você fez ele parecer calmo sem ser vazio?
Quinto: “É um desafio interessante. A vida deste personagem é profundamente interior. Para mim, foi mais uma questão de encontrar essa base e explorar até onde poderia ir com isso”.
Isso quer dizer que você injetou mais arestas ou emoções em Spock do que ele mostrou no passado?
Quinto: “Como Leonard (Nimoy) retratou o personagem, ele era muito mais fundamentado, mas a minha experiência com ele é um pouco diferente, ele é jovem e ainda não domina a aceitação dessas dualidades em si mesmo como ele o fez mais tarde.
Quer dizer, a tensão de ser meio humano, meio Vulcano?
Quinto: “Eu hesitaria em revelar isso. Está completamente enraizado na forma como ele se sente alienado de si mesmo e daqueles que o rodeiam. Ele não é nem uma coisa e nem outra”.
Em “Heroes” você interpreta outro personagem quase-humano, um serial killer sobrenatural. Existe algo espiritual sobre essas aparências?
Quinto: “Sobre o meu rosto? Eu não sei. Eu nunca poderia imaginar, quando me mudei para Los Angeles o curso que iria levar adiante. Agora, eu acho que estou em um saco de alienígenas”.
Que tipo de coisas Leonard Nimoy falou sobre Spock para ajudá-lo a compreendê-lo?
Quinto: “Tem sido essa uma marca indelével na sua vida e ele metabolizou isso muito graciosamente. Passamos algum tempo assistindo episódios, mas foi uma experiência totalmente abrangente. Fui à casa dele. Nos encontramos algumas vezes na Paramount. Estou vendo ele antes das férias. Ele tem uma mente e coração avançados, e quero estar na companhia dele, tanto quanto possível”.
Você trouxe muita coisa de diferente para o personagem Spock, mas que aspectos do original você manteve?
Quinto: “Especialmente com Spock, mais do que Kirk, existem movimentos característicos. É estabelecido na mitologia, esta quietude e a economia de movimento. Existem algumas maneiras que ele mantém, tais como as mãos atrás das costas”.
Porque é o personagem se tornou tão mítico?
Quinto: “Nesta forma arquetípica, as pessoas reagem a alguém que é capaz de conter-se. Ele opera a partir de uma posição lógica, mas sempre com a melhoria dos outros em mente. Ele é capaz de suportar as coisas e conhecer novas coisas a partir de um lugar de equilíbrio”.
Como você lidava com o corte de cabelo de Spock fora do set?
Quinto: “Relutantemente, eu me conformei. Muito raramente fui visto no ano passado, sem os meus negros óculos gigantes. Meu cabelo eu poderia normalmente bagunçar tudo. Eu subestimei o impacto desse corte. Ele deu origem a um sentimento de alienação em mim, pessoalmente, o que provavelmente influenciou no papel”.
Você sentia como um alienígena?
Quinto: “Eu me senti como um nerd. Senti como se tivesse 12 anos novamente. Você olha de novo as fotos e vê o corte tipo cuia. Não há nenhuma dúvida que eu nasci para desempenhar o papel de Spock. Eu estava ostentando esse visual por uns bons quatro ou cinco anos”.