O site UGO entrevistou os roteiristas de Jornada nas Estrelas, Alex Kurtzman e Roberto Orci, que responderam as questões relacionadas ao filme e a franquia de um modo geral, comentando sobre episódios favoritos, novels de referência, a canonicidade e o trabalho de Chris Pine como o jovem Kirk.
Orci e Kurtzman são fâs incondicionais da “velha Jornada“, tanto da orignal quanto de sua sucessora, tendo os episódios Balance of Terror (Kurtzman) e Best of Both Worlds (Orci) como seus favoritos, acrescentando ainda Orci que Family compõe uma espécie de trilogia com o episódio duplo de A Nova Geração.
Entrando no assunto “novo filme”, foi perguntado a respeito dos uniformes mostrados na imagem oficial, “Eu gostaria de pensar que essa é uma área inteira de investigação para a nova era dos fãs de ficção, esperemos”, desconversou Orci. “Eles podem refletir exatamente o tipo de pormenores que teria a roupa no século 23?”, disse o roteirista levantando a questão. “Definitivamente a meta é fazer com que pareça uma mistura de velho e novo”.
Na opinião de Kurtzman e Orci o que os atraiu para criarem o roteiro foi a oportunidade de explorar as backstories (eventos anteriores) dos personagens da série original, incluindo a do enigmático Spock. “Uma das coisas que atraiu todos nós, para cobrir aquilo que nunca havia sido coberto no cânon sobre Spock, refere-se ao seu passado”, disse Kurtzman. “Muita gente não sabe que sua mãe era humana, e que o seu pai era Vulcano. Foi algo que muita gente descobriu quando veio trabalhar no filme”, disse o escritor.
“Todos nós temos um conhecimento relativo sobre coisas básicas da vida de Kirk e Spock, e esse tipo de coisa embrionária que estava no passado de Spock era inestimável”, continuou Kurtzman. “O envolvimento de Nimoy é um testemunho do fato de que há continuidade nesse personagem. E você verá esse rico personagem que ficou dividido entre dois mundos. Os seus pais são a divisão desses dois mundos. E a dor que isso causou as duas famílias”.
Quanto aos vilões foi perguntado se eles seriam inteiramente “personagens do mal”, “Não, de modo algum”, responderam os escritores. “Nós queremos ligar isso a origem dos Romulanos sendo essa uma espécie de povo imperialista, tipo de cultura greco-romana. Nem tão lógico como seus primos, os Vulcanos. O tipo de apaixonado republicano romano. De uma certa maneira, eu acho que espelha a forma como os Estados Unidos vêem a si próprios. Somos baseados na filosofia ocidental, como se costuma dizer”.
Buscando no vasto mundo de Jornada inspiração para escreverem o filme, os escritores incluíram alguns dos romances que serviram de base, e que eles consideram como canônicos. “Para nós “cânon” é considerada a primeira série em diante, incluindo os novels”, disse Kurtzman, acrescentando, “Até certo ponto, existem algumas coisas que são realmente muito interessantes. Nos novels (romances ilustrados) e até nas séries versus filmes, há diferentes interpretações de eventos”, continuando. “E algumas lacunas em branco são passíveis de interpretação. Então, nessa abordagem, nós absorvemos tudo, incluindo os novels Best Destiny (O Melhor Destino) e Spock’s World (Mundo de Spock)”.
“E isso pode significar que muito da continuidade que tomamos a partir de um romance poderia ser a continuidade do personagem. Eu esqueci o nome deles, um casal que amo (nos romances), que têm lugar entre Jornada II: A Ira de Khan e Jornada III: A Procura de Spock. Outro entre Jornada IV: A Volta Para Casa e Jornada V: A Fronteira Final, quando a sonda aparece. Há muito disso que poderia ser colocado entre esses dois filmes”.
A respeito do trabalho de Chris Pine como Kirk disseram, “Pine é simplesmente o melhor”, falou entusiasmado Kurtzman. “E a coisa é obviamente complicada, como é o caso de alguns dos atores que vestiram esses personagens que foram criados por lendários atores. O que queremos evitar, de alguma forma, é que ele se torne uma caricatura de William Shatner, ou uma imitação de sua performance. Então, acho que o caminho que todos nós trilhamos para esse pensamento foi – “Qual é o espírito de Kirk? Como é que encarna o espírito de Kirk?” E, o que isso significa?” – E como podemos saber, como fãs, que Kirk está sendo honrado e protegido, apenas pelo fato de terem lançado um novo Kirk? Isso era uma coisa complicada. E eu acho que você reconhecerá muito de Kirk nesse desempenho. Chris Pine é um ator brilhante. Eu diria que o espírito de Kirk está muito vivo e bem em Chris Pine”.
Outro assunto comentado de forma breve foi sobre a nova ponte da Enterprise. “É realmente engraçado. Porque nas imagens, vocês estão recebendo uma visão limitada da ponte. Acho que você encontrará, quando ver o filme, que existe mais da concepção original da série do que em qualquer um dos filmes”, disse Kurtzman.
Adicionado a essa entrevista, temos um bate-papo de Orci com os internautas, num chat blog. Ele comentou quanto a preocupação do novo design da nave ficar um tanto exagerado, “É claro que fiquei preocupado. A arquitetura básica está, na realidade, intacta, você apenas não pode contar a partir desse ângulo (da foto). E espere até ver os corrimões vermelho alaranjados e outros assessórios decorativos. Nem um uniforme de cadete. Nenhum um uniforme de capitão. Quanto a coisa moderna – sabíamos que estávamos confrontando algo com poucas alternativas, em termos do fato de que mesmo se acabássemos utilizando a sala de controle de um moderno navio, ela provavelmente seria mais avançada do que já viu na ponte dos anos 60”.
Perguntaram também quanto a Kirk/Pine estar na cadeira de comando da Enterprise. Poderia ter alguma coisa haver com Kirk tomando o lugar de Pike como capitão? Quente ou frio? “Morno”, disse Orci.
Fonte: TrekWeb