Romulanos em Enterprise?

romulancapital.jpgDevido ao fato de a nova da série de Jornada nas Estrelas, Enterprise, se passar cerca de 100 anos antes das aventuras de Kirk e sua tripulação da Série Clássica, o tópico “continuidade” e a relacionada questão de “canonicidade” têm estado em alta nas discussões entre os fãs, sejam elas realizadas no mundo real ou no virtual, sobre as histórias de Archer e seus comandados.

Um assunto especialmente crítico é sobre uma possível participação dos Romulanos em Enterprise. O motivo é simples: muitos fãs querem ver os Romulanos em Enterprise, mas por outro lado também não querem que tal presença venha a ferir a elementos estabelecidos anteriormente no franchise, notadamente no episódio “Balance of Terror”, da Série Clássica.

Os Romulanos foram introduzidos antes mesmo dos Klingons na Série Clássica, mas foram utilizados de forma muito menos freqüente, naquela e nas séries posteriores. Em particular, a sua utilização nos filmes de cinema de Jornada tem sido minúscula até agora, e mesmo o décimo filme de A Nova Geração, “Nemesis”, não deve cobrir essa diferença (apesar de contar com eles em sua trama)[1].

Por terem sido usados relativamente pouco ao longo dos mais de 35 anos[1] do franchise e por carregarem uma característica de reclusão (entre outras), os Romulanos são considerados pelos fãs como muito misteriosos e interessantes. Sua conexão com os Vulcanos, a questão da guerra Terra-Romulana e a possibilidade desta levar à fundação da Federação Unida dos Planetas fazem dos Romulanos um literal “tem que ter” em Enterprise. A questão é: Podemos ter Romulanos sem violar a continuidade estabelecida?

Esse artigo tem o objetivo de colocar em perspectiva a questão, trazendo à tona as restrições que devem ser satisfeitas e discutindo-as em termos de sua validade original e atual para fins da produção de Enterprise.

Para isso, faremos logo adiante uma análise, no que diz respeito ao tema, do episódio “Balance of Terror” (a principal fonte canônica para esta questão), uma discussão de dois tópicos associados fundamentais (“Os Romulanos de fato não tinham dobra espacial na época de ‘Balance of Terror’?” e “É possível um Império Estelar Romulano e uma guerra com a Terra sem dobra?”) e, finalmente, a resposta à pergunta que motivou o artigo: Os Romulanos em Enterprise podem respeitar a continuidade?

O artigo se encerra com um apêndice, mostrando uma mini-cronologia que pode ser útil nas discussões sobre os Romulanos em Jornada.

Boa leitura!

Discutindo “Balance of Terror” (Série Clássica)

Uma sinopse informal

Durante patrulha ao longo da Zona Neutra Romulana, a Enterprise é chamada a responder a um sinal de socorro enviado por postos de observação terrestres na fronteira Romulana. Ao chegar lá, Kirk e cia. descobrem que os postos foram destruídos, obviamente pelos Romulanos.

A partir daí começa um jogo de gato e rato onde a Enterprise começa a perseguir a nave inimiga, que possui um trunfo aparentemente decisivo, um escudo de invisibilidade permitindo que esta seja localizada apenas pelos sensores de movimento da nave da Federação. Este episódio me lembra um antigo filme sobre a Segunda Guerra Mundial (infelizmente não me lembro o nome)[2] onde um destróier americano persegue um submarino alemão após este ter atacado um comboio de suprimentos dos aliados.

(O episódio é bastante adaptado para se moldar em tal situação do mundo real. Um fato notável é a necessidade de ordenar que a seção de armamentos da Enterprise abra fogo em uma situação de batalha, um fato que não se repete ao longo da série, onde Sulu pessoalmente cuida do disparo das armas. Provavelmente tal estratégia foi utilizada exclusivamente em “Balance of Terror”, para que Spock pudesse salvar Stiles e a própria Enterprise mais tarde. Neste episódio, apesar de ordens para o fogo dos feisers serem dadas, os efeitos ópticos mostrados são os dos torpedos fotônicos.)

Em “Balance of Terror”, temos todos os elementos de uma caçada deste tipo, em que a “embarcação de superfície” Enterprise precisa deter a fuga do “submarino” Romulano. Voltando ao episódio, nele temos de um lado o capitão Kirk, que pela primeira vez na série precisa tomar decisões que vão afetar não só a sua tripulação, mas também a política da Federação, uma vez que suas atitudes podem significar o inicio de um novo conflito interplanetário entre os dois povos. Sem condições de se comunicar com o comando da Frota Estelar devido à distância da Zona Neutra ele precisa decidir o que fazer, atacar e destruir a nave agressora ou deixá-la partir, sendo que qualquer uma das duas alternativas pode ser o estopim de uma nova guerra.

Para complicar ainda mais as coisas, Kirk ainda precisa lidar com uma crise de relacionamento em seu comando quando se descobre que os Romulanos e os Vulcanos são fisicamente idênticos, o que causa desconfianças sob a lealdade do primeiro-oficial Spock, principalmente por parte do tenente Stiles (Paul Comi), um descendente direto de homens que teriam perecido na guerra anterior entre humanos e Romulanos.

Do outro lado, como adversário de Kirk, temos o falecido Mark Lenard (que mais tarde viria a interpretar Sarek, o pai de Spock) como o comandante Romulano (sem nome em tela), que precisa fazer de tudo para retornar à sua terra natal, mas que no fim acaba sendo vencido por Kirk e sua trupe.

Talvez seja aqui que possamos ver (pela primeira vez) de forma mais aguda as principais características dos três personagens que formariam o tripé da série, com o capitão Kirk assumindo o papel do brilhante, determinado e heróico comandante que irá liderar seus homens rumo a vitória, o escudeiro Spock, racional e lógico (que considera o ataque a medida mais lógica a ser tomada, além de não se abater com o preconceito de Stiles e salvar a vida dele ao final) e sua antítese, McCoy, que sempre tem uma contribuição emocional e apaixonada a dar (totalmente contrário à guerra, mas apoiando Kirk em suas difíceis decisões em uma das cenas mais inesquecíveis da história do franchise).

Colocando o episódio em perspectiva quanto à mitologia

“Balance of Terror” estabelece alguns pontos que se tornariam fundamentais na “mitologia” de Jornada:

– Introduz os Romulanos, uma raça com profundo apelo para os fãs e que viria a ser recorrente em todas as séries de Jornada nas Estrelas desde então. Os Klingons, que acabaram virando a bola da vez em matéria de “grandes inimigos” da Federação, só vieram a aparecer no episódio “Errand of Mercy” (com o saudoso John Colicos no papel de Kor), quase ao fim da primeira temporada da Série Clássica.

(Isso aconteceu primariamente por questões de orçamento, uma vez que a maquiagem dos Romulanos era mais cara do que a dos Klingons — por isso os “primos dos Vulcanos” foram pouco usados na Série Clássica. Foram vistos novamente só em “The Enterprise Incident”, ponto alto da famigerada terceira temporada da Série Clássica. A “participação” dos Romulanos em “The Deadly Years”, da segunda temporada, se resume essencialmente na reutilização dos efeitos ópticos de “Balance of Terror”.)

– Apresenta os Romulanos com uma faceta diferente daquela que aprendemos a ver em A Nova Geração e além, onde eles são quase sempre retratados como um povo sem princípios, disposto a qualquer coisa para prejudicar os interesses da Federação. Em “Balance of Terror” o que vemos neles são fortes indícios de honra, caráter e dignidade, embora guiados por uma noção de valores diferentes da Federação, pois, como Spock disse, para eles a guerra é imperativa. Os Romulanos vistos aqui tem muito das características atribuídas aos Klingons a partir de A Nova Geração e além. O curioso é que os Klingons trilharam aparentemente o caminho inverso nessa “transição” da Série Clássica para A Nova Geração.

– Define estes Romulanos como sendo uma cultura marcial. O autor da história, Paul Schneider, baseou seus antagonistas claramente na cultura Romana, como se pode ver tanto pela filosofia, como pelos nomes empregados, títulos etc.

– Estabelece que houve um violento conflito entre a Terra (não a Federação) e os Romulanos mais de cem anos antes dos fatos ocorridos em “Balance of Terror”, em 2266. As melhores conjecturas atuais apontam para uma Guerra de 2156 a 2160, sendo a Federação fundada logo em seguida, em 2161 (para efeito de comparação, a primeira temporada da série Enterprise se passa em 2151 e cada temporada de uma série de Jornada equivale a um ano de tempo corrido dentro do universo do franchise).

– Estabelece também uma Zona Neutra Romulana (região do espaço que separa o espaço da Federação e o do Império Estelar Romulano, baseado nos planetas Romulus e Remus, apesar de parte do texto do episódio sugerir que ela separa o espaço Romulano do resto do Universo, o que parece um cenário por demais idealizado), que foi criada ao final do conflito e violada pela primeira vez em “Balance of Terror”.

– Os Romulanos são descendentes de uma dissidência dos antigos Vulcanos.

– Os Romulanos não possuíam um dispositivo de invisibilidade durante o conflito com a Terra (em particular é bem conhecido o fato de que as naves Romulanas têm Aves de Rapina pintadas em seus cascos — ou um equivalente Romulano que pode ser interpretado como tal).

(O posterior episódio “The Enterprise Incident” indica que o “dispositivo de camuflagem” daquele episódio é um aperfeiçoamento do “dispositivo de invisibilidade” de “Balance of Terror”. Observem, entretanto, que eles são referidos da mesma maneira na série, como “cloaking device”, mas claramente a sua capacidade é diferente. Tal evolução da tecnologia Romulana é que deve ter forçado a Federação a dar a Kirk a missão de roubar o dispositivo em “The Enterprise Incident”.)

(A informação de que os Klingons trocaram a sua tecnologia de dobra pela camuflagem Romulana é não-canônica e fruto de especulação de fãs ao longo dos anos.)

– O tratado assinado ao final do conflito Terra-Romulano foi estabelecido por rádio subespacial, sem comunicação visual. As partes combatentes jamais viram os rostos umas das outras (no melhor do conhecimento de Spock).

(Este ponto é o mais crítico. Introduzido para preparar a revelação do “parentesco” entre os Vulcanos e os Romulanos e explorar o ângulo do preconceito de Stiles, tal informação é de difícil aceitação. Como em um conflito militar nunca um governo combatente teve acesso a um corpo da espécie do seu oponente, fruto de escaramuças em terra, ar, mar ou no espaço sideral? Tal idéia parece apontar para uma noção simplista de um “modelo de guerra” em que os adversários ficam isolados em seus respectivos QGs lançando bombas ou equivalentes de forma remota. Algumas “teorias de fãs” defendem que uma vez que a prática de auto-destruir as suas naves em caso de derrota era comum entre os Romulanos, corpos não seriam encontrados, o que parece extremamente improvável também. Outros fãs tendem a especular que certas figuras-chave do governo tanto da Terra quanto de Vulcano saberiam de tal informação, mas a esconderam para não fomentar a paranóia entre os seus dois povos ou algo parecido.)

Dois tópicos fundamentais:

Os Romulanos de fato não tinham dobra espacial na época de “Balance of Terror”?

Uma das questões mais controversas levantadas neste episódio é se naquela altura os Romulanos tinham ou não velocidade de dobra. Tudo por causa de uma frase dita por Scott ao capitão Kirk durante a reunião para discutir como tratar o problema Romulano. Kirk perguntou: “Podemos confrontá-los com uma razoável possibilidade de vitória?” E obteve do engenheiro-chefe da Enterprise a seguinte resposta: “Com certeza, a força deles é simples impulso”.

A partir daí muitos assumem que os Romulanos não dominavam a tecnologia da dobra espacial naquela época. Particularmente acho difícil de acreditar nessa idéia, e por conta disso andei vasculhando algo entre os episódios da Série Clássica. Embora não tenha encontrado nada tão taxativo como um Romulano ordenando uma dobra espacial, encontrei algo no mínimo interessante em um certo episódio da segunda temporada da série.

Analisando os eventos de “The Deadly Years”

Neste episódio, Kirk, Spock e McCoy adquirem uma doença que acelera o processo de envelhecimento e, por conta disso, com Kirk incapacitado e com Spock indo pelo mesmo caminho, o comodoro Stocker, um burocrata que está a bordo da Enterprise como passageiro com destino a uma base estelar, acredita que deve assumir o comando no lugar de Kirk, e assim o faz, temendo pela vida dos três que estão doentes. Ele acredita que nas instalações de uma base estelar a doença dos três poderá ser mais bem tratada. Ele ordena a Sulu e Chekov um curso através da Zona Neutra, por ser este o caminho mais rápido, apesar dos protestos dos dois oficiais.

Obviamente os Romulanos atacaram a Enterprise. Apesar de Stocker ser apresentado como um oficial inexperiente, acredito que ninguém chega a um posto de comando na Frota Estelar sem saber que uma nave da classe Constitution tem capacidade de dobra espacial, portanto, a partir desta conclusão totalmente óbvia, podemos criar alguns cenários lógicos.

– Se Stocker tinha tanta pressa a ponto de atravessar a Zona Neutra ele tinha também razões para fazer isso em dobra. Primeiro por que obviamente é mais rápido, e segundo, se o fizesse, mesmo que os Romulanos pudessem detectar a Enterprise, eles não poderiam alcançá-la e sequer atingi-la, “uma vez que todos sabemos que as naves Romulanas não têm capacidade de dobra espacial” (não é mesmo?).

– Mesmo que por algum motivo (que definitivamente não parece existir) Stocker tivesse entrado na Zona Neutra em “simples força de impulso”, nada impediria a Enterprise de entrar em dobra assim que as naves Romulanas aparecessem nos sensores e deixar seus perseguidores comendo poeira.

– Alguém que se lembre do episódio pode dizer, “Mas quando voltou ao comando Kirk fez isso, ordenou dobra oito e deixou os Romulanos na estrada”. E é verdade, mas aí eu diria: para poder ter certeza de que a Enterprise teria tempo de se afastar ele utilizou um ardil (uma repetição de “The Corbomite Maneuver”) que fez com que os Romulanos se afastassem da nave em vez de prosseguirem com o ataque e só então ordenou a velocidade de dobra oito. Por que os Romulanos precisavam ser ludibriados se não podiam perseguir uma nave em dobra espacial?

– Se a Enterprise pode entrar em dobra e as naves Romulanas não, bastaria apenas um “fator de dobra um” para tranqüilamente sair do alcance das naves Romulanas caso elas só pudessem se mover em “simples impulso”, tornando desnecessária a dobra oito ordenada por Kirk.

– Eu ainda acrescentaria um último ponto: pode um torpedo de plasma Romulano disparado de uma nave cruzando o espaço em força de impulso atingir uma outra navegando em velocidade de dobra? Esta é uma questão que provavelmente daria um livro sobre física, então vamos fugir dela, pois não creio ser necessária para demonstrar o meu ponto de vista.

Colocados estes fatores, podemos concluir que a única maneira de as naves Romulanas poderem alcançar a USS Enterprise é desenvolver a mesma velocidade que ela. Logo, elas precisam ter capacidade de dobra. Podemos acrescentar que é o único motivo para que Kirk tivesse que criar um subterfúgio, de modo a fazer com as naves Romulanas se afastassem da Enterprise. Isso pode ser entendido da seguinte maneira: se ele simplesmente ordenasse a dobra com as naves Romulanas tão perto, elas ainda seriam capazes de persegui-la por algum tempo, o que indica que estas naves podiam alcançar velocidades próximas da Enterprise, ainda que pudessem sustentá-la por um tempo menor que ela.

A análise das entrelinhas aponta claramente para a conclusão de que os Romulanos já tinham capacidade de dobra na época!

(Propositadamente deixei de lado “The Enterprise Incident”, pois com certeza o design claramente Klingon das naves usadas pelos Romulanos neste episódio poderia suscitar (inevitáveis) declarações do tipo “Os Romulanos só têm a velocidade de dobra por que trocaram com os Klingons pela tecnologia de camuflagem”, mas em “The Deadly Years” as naves que vemos atacando a Enterprise são claramente do mesmo tipo que de ave de rapina que vemos em “Balance of Terror”, que portanto devem ter as mesmas características.)

Além dos eventos mostrados em “The Deadly Years”, temos outros argumentos de ordem ainda mais prática.

Um fator importante que devemos considerar é o porquê do surgimento da velocidade de dobra em Jornada. Sem ela a série simplesmente não poderia existir, uma vez que as distâncias com as quais a USS Enterprise tem que lidar são inimagináveis, tornando impossíveis viagens interestelares sem algum tipo de método para se viajar mais rápido que a velocidade da luz.

Além do que, as leis da relatividade restrita nos dizem que o tempo passaria mais lentamente para um grupo de pessoas viajando a bordo de uma nave espacial em velocidades próximas à da luz do que para aqueles que foram deixados para trás, digamos na Terra. Por exemplo, imaginemos que a Federação não domine a tecnologia da dobra espacial e envie uma nave em uma viagem de cinco anos de exploração científica. Se esta espaçonave percorrer todo o tempo em uma velocidade próxima à velocidade da luz e imaginando que ela leve cinco anos indo e depois outros cinco anos voltando, teriam, de acordo com as leis da relatividade, se passado 25.000 mil anos na Terra.

Acho que não preciso descrever os problemas que isso causaria a criação, manutenção e administração de um vasto império interestelar com naves indo e vindo a todo o momento de todo lugar. Isto se aplica não só à Federação, mas também aos Klingons, Ferengis, Borgs, e pasmem, aos próprios Romulanos.

A velocidade de dobra resolve o problema não só das distâncias, mas também da sincronização do tempo-espaço, e é absolutamente inestimável em Jornada. Fica claro tanto pelas limitações das viagens sub-luz quanto pelas das leis da relatividade que os Romulanos tinham que ter a dobra espacial!

Voltando a “Balance of Terror” — nossa principal fonte de consulta para este artigo — o que diabos então Scott estava querendo dizer? Atentando apenas aos fatos vamos rever o que disseram Kirk e Scotty:

Kirk: “Podemos confrontá-los com uma razoável possibilidade de vitória?”

Scotty: “Com certeza, a força deles é simples impulso”.

Ora, Scott e a tripulação da Enterprise não tinham informações suficientes para afirmar que o Império Romulano não dominava a tecnologia de dobra espacial, assim como não sabiam do escudo de invisibilidade e nem mesmo das armas de plasma Romulanas. Então, com base em que ele concluiu aquilo? Com base na informação de sensores que podiam detectar apenas o movimento da nave inimiga que se dava em impulso?

Tentando entender o raciocínio de Scott: por que uma nave que está sendo perseguida não entra em dobra espacial enquanto pode e se manda? “Logicamente porque eles não têm motores de dobra”, Scott deve ter concluído. Parece brincadeira, mas além desta especulação não há em todo o episódio nada que possa comprovar que os Romulanos desconheciam a tecnologia, e o máximo que se podia dizer com certeza era que eles não podiam usá-la naquele momento ou que aquela nave em particular não possuía dobra espacial.

No episódio Spock diz ao capitão Kirk que “Uma tela de invisibilidade é teoricamente possível usando uma ‘torção seletiva da luz’, mas o custo em energia seria altíssimo. Podem ter solucionado”. Ora, Spock só pôde ver o que acontecia na ponte da nave Romulana por um breve momento, mas nós pudemos acompanhar passo a passo tudo o que acontecia lá e sabemos que a situação da energia na nave Romulana era de fato crítica.

Especulando, a nave Romulana tinha uma missão clara que era de testar sua superioridade contra as defesas da Federação, em particular os postos avançados, mas o tratado assinado há cem anos dizia claramente que atravessar a Zona Neutra seria considerado um ato de guerra. Os Romulanos nunca foram bobos e não iriam iniciar um conflito ser ter certeza de terem alguma superioridade.

Então (provavelmente) os Romulanos enviaram a nave à Zona neutra até um dos postos Romulanos onde ela seria reabastecida e, então, usando seu escudo de invisibilidade, esta nave entraria no espaço da Federação e atacaria os postos de surpresa e depois retornaria ao mesmo posto, onde reabasteceria uma segunda vez e depois seguiria tranqüilamente para casa em velocidade de dobra com seu relatório. Usando uma parada para reabastecimento ainda na borda da fronteira, mas dentro do espaço Romulano, a nave poderia usar os motores de impulso para uma viagem relativamente curta até os postos da Federação o que tornaria desnecessário o uso da dobra espacial, permitindo que toda a travessia fosse efetuada em modo furtivo (onde fica clara a razoável hipótese de que a utilização da dobra espacial e da camuflagem seriam tecnologias mutuamente exclusivas para aquela nave). Tudo saiu como planejado e a nave atacou os postos dois, três e quatro com sucesso e então tomou o curso de volta para espaço Romulano.

Infelizmente para eles, exatamente quando se preparavam para voltar, a USS Enterprise, que patrulhava a Zona Neutra, conseguiu localizá-los e a esta altura a Ave de Rapina havia exaurido suas reservas e tinha apenas o combustível necessário para retornar ao espaço Romulano em força de impulso ou (talvez) precisasse desligar a camuflagem para poder entrar em dobra, o que os deixaria expostos ao maior alcance das armas da Enterprise. O comandante Romulano fez sua escolha, que era tentar se manter fiel ao plano original e chegar à Zona Neutra. O fim da história todo mundo já sabe, mas acho este cenário absolutamente plausível dentro do contexto que o próprio episódio apresenta.

(Uma pequena variação desta teoria envolveria uma nave-mãe com dobra espacial que levaria e traria a nave da missão do citado posto Romulano. Neste caso a nave da missão não possuiria nenhuma capacidade de dobra.)

Resumindo: não existe nenhuma informação explícita em “Balance of Terror” ou em qualquer outro segmento de Jornada que justifique a afirmação de que os Romulanos não possuíam dobra espacial naquela época. Por outro lado, o volume de informação canônica disponível que aponta na direção contrária é enorme e irrefutável.

É possível um Império Estelar e uma guerra com a Terra sem dobra? (Existem outros obstáculos canônicos?)

A partir das conclusões traçadas até aqui, a resposta a isso é simplesmente NÃO. Não há nenhuma possibilidade de haver um Império Estelar Romulano, uma Frota Estelar e o tal conflito Terra-Romulus sem a dobra espacial, uma vez que as distâncias a serem vencidas são impensáveis sem uma maneira de viajar a velocidades muito maiores que a da luz, além das já apresentadas questões da relatividade impostas.

Apesar disso estar claro, vamos tocar ainda nos restantes pontos duvidosos de “Balance of Terror”.

Em “Balance of Terror”, Spock diz entre outras coisas que “o conflito Terra-Romulano foi travado há mais de cem anos, para nossos padrões atuais com armas atômicas primitivas em naves também primitivas”. Para muitos, esta declaração, junto com a crença de que não houve uso de dobra espacial (que a nave de Archer possui) no conflito, sepulta as chances dos Romulanos aparecerem em Enterprise. O que não parece ser de fato verdade.

Uma das questões é quanto ao uso de armas nucleares no conflito Terra-Romulano, fato alegado por Spock no episódio “Balance of Terror”. Mas em Enterprise vemos que a NX-01 já conta com torpedos e canhões de fase, dois tipos de armamento (armas nucleares versus canhões de fase/torpedos) considerados por muitos inconsistentes entre si. Mas Spock não entrou em detalhes sobre as armas usadas no conflito — apenas informou que armas atômicas ainda eram usadas na ocasião, em uma guerra travada em “padrões considerados ultrapassados” no tempo em que Kirk encontra os Romulanos.

Os “canhões de fase” (ou torpedos) da Enterprise de Archer não podem de maneira alguma ser comparados aos bancos “feiser” (ou torpedos fotônicos) da Enterprise de Kirk por uma única questão que não pode ser discutida: mais de cem anos os separam. Isto justifica a fala de Spock sobre “combate em padrões mais primitivos”.

Além disso, voltando às questões das armas atômicas, não creio que seria exagero presumir que elas poderiam sim ter sido usadas em tal conflito. Para examinar tal questão, vamos lembrar dos efeitos hoje conhecidos de uma explosão nuclear que estão descritos abaixo de forma resumida:

– Ondas de choque

A extremamente rápida expansão dos materiais de uma bomba produz um impulso de altas pressões, ou onda de choque, que se move rapidamente em várias direções. No ar este fenômeno é acompanhado por ventos muito fortes e de intensidades superiores às dos furacões. Os estragos são provocados quer pelo centro de altas pressões, quer pelos ventos extremamente fortes que persistem mesmo depois do centro de altas pressões desaparecer.

– Efeitos térmicos

As grandes temperaturas obtidas pela explosão nuclear resultam na formação de uma bola de fogo; uma massa de gás extremamente quente e incandescente. Para uma bomba de 10 kilotons, forma-se uma bola com cerca de 300 m de diâmetro.

– Efeitos climáticos

Conhecida como a teoria do inverno nuclear. De acordo com esta teoria, a detonação de menos da metade do arsenal conjunto dos EUA e da Rússia originaria pó e fumaça na atmosfera suficiente para bloquear a entrada de luz solar durante vários meses, particularmente no hemisfério Norte. Destruiria as plantas e criaria um clima gelado até que a poeira se dispersasse. A camada de ozônio também seria afetada, provocando assim uma maior entrada de radiação ultravioleta proveniente do Sol. Se a poeira persistisse, a vida na Terra iria acabar.

– Radiação penetrante

Além da explosão e do calor libertado, uma explosão nuclear tem um efeito único — liberta radiação nuclear penetrante que é diferente do calor. A natureza das radiações e as vastas áreas contaminadas por uma simples explosão fazem sem dúvida com que o decaimento da radioatividade seja um efeito mortal das armas nucleares. Quando absorvida pelo corpo, a radiação nuclear provoca lesões sérias no organismo.

– Emissão eletromagnética

Uma explosão nuclear produz também uma fonte de emissão eletromagnética que é capaz de sobrecarregar estações elétricas, assim como queimar resistências e capacitores. Uma explosão de capacidade de 10 megatons a pouca altitude pode destruir toda a capacidade de produzir e fornecer energia de uma dada região ou país, bem como colocar em pane sistemas elétricos variados.

Analisando…

Os três primeiros efeitos são claramente descartados em uma possível guerra travada entre naves em espaço aberto, uma vez que a ausência de atmosfera os inviabiliza. A radiação penetrante poderia causar danos físicos sérios às tripulações das naves em disputa, mas a última alternativa é que seria a mais interessante, uma vez que a explosão de um dispositivo nuclear poderia desabilitar, com seu “pulso eletromagnético”, uma boa parte dos sistemas — senão todos — de uma nave que sofresse um ataque desse tipo de artefato (uma possibilidade seria utilizar um ataque inicial com “pulso eletromagnético” para abrir as linhas inimigas e depois fazer um assalto com armas “mais convencionais” — de fato já temos hoje em dia no mundo real dispositivos que produzem exatamente esse efeito eletromagnético de uma bomba nuclear, sem uma explosão de uma bomba nuclear).

O quanto esta arma pode ser efetiva é discutível, mas mesmo em “Balance of Terror” essas armas ainda existem, como vemos quando o comandante Romulano tenta um ardil para atingir a Enterprise de Kirk utilizando uma “antiga ogiva nuclear” — mostrando que a tecnologia, apesar de ultrapassada, era conhecida dos Romulanos e mostrou-se perigosa mesmo para uma nave da classe Constitution (um ponto importante a ser realçado).

Também do lado da Federação e já no século 24, podemos em “Caretaker” (episódio-piloto de Voyager) assistir à capitã Janeway utilizar dispositivos de “Tri-Cobalto” para destruir a estação espacial do próprio “Guardião”. Em teoria, estes seriam dispositivos nucleares. Dispositivos baseados em fissão-fusão-fissão do elemento Cobalto — que se mostraram bem eficientes nesta ocasião. Tudo isto mostra ser possível que algum tipo de torpedo (ou variante) da NX-01 fosse construído para carregar uma ogiva nuclear (ou a bisneta de uma).

Outra questão (dentro da fala “batalha com naves primitivas”) é que a NX-01 não foi construída para uma guerra e sim para uma missão de pesquisa. Então quem disse que a guerra foi travada por naves iguais a ela?

Após anos de desenvolvimento (conforme vemos em “Broken Bow”, episódio-piloto de Enterprise) era de se esperar que esta contasse com o que havia de mais moderno na época, mas uma guerra é um processo um pouco diferente. Quanto mais moderno, mais complicado, e quanto mais complicado, mais passivo de falhas e, principalmente, mais demorado para construir. Portanto, numa situação em que fosse preciso construir naves de combate em grande numero em um curto espaço de tempo, é muito provável que se optasse por um projeto mais simples, privilegiando a quantidade.

Exemplos disso existem na vida real. Na Segunda Guerra Mundial, apesar de serem muito mais modernos e eficientes, os panzers alemães não foram capazes de sustentar a “blitzkrieg”, pois, apesar de muito bons quando em ação, eles eram difíceis de consertar, sendo necessários recolhê-los de volta às fabricas para isso. Por outro lado, os tanques Sherman americanos, apesar de possuírem uma blindagem e alcance inferiores, dependendo do modelo (um panzer tiger V atingia um alvo a 4 km), acabaram vencendo a guerra dos blindados porque eram mais fáceis de consertar e principalmente porque foram construídos mais de 30.000 deles, contra 5.500 panzers alemães. Posso achar outros exemplos, mas acho desnecessário.

Mesmo que não fosse este o caso, embora a Enterprise NX-01 possa ter parecido um pouco avançadinha (em termos de visual especialmente, se comparada à Enterprise da Série Clássica), ela na verdade não está nem aos pés das naves da classe Constitution (em um contexto “interno” ao universo do franchise). Com um interior extremamente apertado, com limitada capacidade de dobra, um teletransporte (fora uma ou outra forçada de barra) ainda meio barro meio tijolo, sem um processador de alimentos sofisticado, sem tradutores universais de fato universais, usando um cabo com um gancho como “raio trator” (ou seja lá que nome que eles dão para aquilo) etc.

Em “Broken Bow”, por exemplo, o capitão Archer tenta dar uns tirinhos nos Sulibans e para surpresa de todos não acerta um. É ou não é um ferro velho? Para mim esta NX-01 sob nenhum ponto de vista derruba a informação de Spock de que os equipamentos usados no conflito eram obsoletos. Pelo contrario, reafirma isso. Tal tecnologia será fatalmente atualizada no curso da série (já tivemos algumas melhoras), mas nunca chegará nem perto de uma Constitution.

O assunto “os Romulanos tinham ou não dobra espacial e quando” já foi tratado à exaustão neste artigo (Spock não disse que eles não tinham e eu também não vou dizer). Apenas reafirmo que considero essa questão fora de discussão, pelos motivos já discutidos anteriormente. Eu ainda ousaria dizer que, se um povo pacifico como o Vulcano dominava a tecnologia, assim como a Terra, é muito improvável que os Romulanos não a dominassem. Por mais que não gostemos disso, a História nos mostra que muitas das principais conquistas tecnológicas do mundo moderno tiveram por trás motivações militares e sendo os Romulanos uma cultura marcial, em tese é muito provável que eles estivessem até mesmo à frente dos outros tecnologicamente (talvez um motivo para uma aliança contrária a eles em primeiro lugar), e nesse contexto de uma guerra com linhas de frente a grandiosas distâncias de seu mundo natal, o uso da dobra espacial é imprescindível.

Spock diz também que “não havia comunicação visual de nave a nave, nenhum humano, Romulano ou aliado jamais viu um ao outro, o tratado negociado por rádio subespacial estabeleceu a Zona Neutra”. Já ouvi algumas pessoas comentarem que a NX-01 tendo comunicação visual, e acho que podemos presumir que os Romulanos talvez a tivessem também. Isso inviabilizaria o encontro dela com os Romulanos, segundo as leis “canônicas”. Mas eu acho importante lembrar que mesmo que ambos os lados tivessem a capacidade de comunicação visual, é necessário que ambos os lados queiram fazê-lo.

O meu ponto aqui é que podemos argumentar que a aparência dos Romulanos (semelhante aos Vulcanos) poderia ser um fato desconhecido para Vulcanos e humanos, mas não para os próprios Romulanos (ver mais sobre isto no Apêndice sobre Romulanos em Jornada) — e eles fariam o máximo para manter essa situação, uma vez que isto lhes traria vantagens táticas claras.

Mesmo após o fim da guerra, isso poderia ser usado em operações de espionagem dentro do território da Federação. Podemos facilmente estabelecer esse fato através de dois episódios, um, o já citado “The Enterprise Incident”, quando os Romulanos identificam Kirk como comandante da Enterprise, e quando a comandante Romulana afirma a Spock que a inteligência Romulana tem interesse especial em certos Vulcanos dentro da Federação, estabelecendo claramente que existia naquele momento uma ação de espionagem Romulana dentro da Frota Estelar.

O outro episódio é “Data’s Day” (TNG), onde a embaixadora Vulcana T’Pel revelou-se ser na verdade a subcomandante Selok, uma espiã a serviço Romulano, mostrando que mesmo nos séculos 23 e 24 os Romulanos vêm se utilizando dessa aparência como vantagem tática, ao passo que a Federação não parece ter conseguido meios totalmente eficientes para evitar essas ações.

A construção da provável história dos Romulanos em Enterprise pode (e deve) partir dessa premissa, se quiser manter a credibilidade da série junto aos fãs.

Para fechar, podemos[1] ter Romulanos em Enterprise?

De volta à questão principal. Após toda essa discussão, todos esses tópicos levantados e explicados à exaustão, a resposta é: não só podemos como devemos.

Podemos porque em momento algum “Balance of Terror” nos coloca barreiras verdadeiramente intransponíveis, pois, como visto, cada argumento pode, com alguma dose de criatividade (e sem exageros de racionalização) ser justificado sem grandes prejuízos às questões canônicas que tanto preocupam aos fãs. Devemos porque se eles não forem utilizados, isso sim será a grande quebra na continuidade, pois uma coisa absolutamente fora de discussão é que o conflito (Terra-Romulano) definitivamente ocorreu e pelo menos uma conseqüência direta dele foi a criação da Zona Neutra Romulana (além da eterna especulação de que tal conflito levou à fundação da própria Federação).

A introdução dos Romulanos em Enterprise não é somente possível ou desejável: ela é imperativa e urgente! Por que a pressa? Por que segundo um misto de informações canônicas e especulações bem ponderadas, esta guerra estaria em vias de começar[1]. E se a Terra (com seus aliados) venceu, ela o fez com mais naves que apenas a NX-01. Logo a Terra terá que implementar um espetacular processo de produção de naves em escala industrial a fim de confrontar a ameaça Romulana (veremos novos modelos de naves de um e de dois cascos e mesmo uma Daedalus?). Sem esquecer que até agora a Terra mostrou-se tecnologicamente inferior à maioria das raças encontradas por Archer e cia. Logo se torna ainda mais importante um esforço para modificar tal situação.

A Terra deve obviamente receber uma ajuda considerável dos Vulcanos nesse esforço de guerra, mas também de outras raças que já devem ter tido seus problemas com os Romulanos (será que das outras raças fundadoras da Federação?). Que motivo melhor para o surgimento do embrião do que viria no futuro a ser conhecido como a Federação Unida de Planetas?

Fora essas questões logísticas, seria necessário algum tempo para implementar e amadurecer uma trama que incluísse o primeiro contato com os Romulanos, o começo das hostilidades, até evoluir a uma situação de guerra declarada. Mas cenários são possíveis como, por exemplo, uma guerra de expansão territorial, uma motivação potencialmente aceitável do ponto de vista Romulano. Sendo esta uma cultura guerreira e expansionista, por que não considerar que estes tivessem interesse em levar sua esfera de poder até o quadrante Alfa? (A maior parte do Império Romulano estaria localizada no quadrante Beta.)

Feitas todas essas considerações, fica claro que não só é plenamente possível como espero[1] ver os Romulanos em Enterprise, e de preferência em meio à Guerra Romulana. Problemas existem, mas podem ser superados, além da necessidade que se impõe pela canonicidade. Além do quê, os Romulanos merecem um espaço mais importante do que o que lhes foi dado até hoje em Jornada. Sem falar em seu óbvio potencial, se bem trabalhado, para alavancar de vez a série Enterprise entre os trekkers que ainda estão com o pé atrás em relação à atual versão da saga de Jornada nas Estrelas.

Apêndice: Romulanos em Jornada, uma cronologia

250: Os Vulcanos travam terríveis guerras entre si. Surak mostra um caminho de paz e lógica que salva a civilização Vulcana da destruição. Surak é reverenciado como pai do povo Vulcano.

360: Dissidentes Vulcanos dos ensinamentos de Surak deixam seu planeta natal. Tais Vulcanos dariam origem ao povo Romulano.

2063: Zephram Cochrane rompe a barreira da dobra espacial e acontece o primeiro contato entre humanos e Vulcanos.

2151: A Enterprise NX-01 é lançada sob o comando de Jonathan Archer.

2152: A NX-01 faz o primeiro contato com os Romulanos.

2160: Termina a guerra Terra-Romulus, com a Batalha de Cheron.

2161: Fundação da Federação Unida de Planetas.

2165: Nasce Sarek.

2168: Já existem naves da classe Daedalus em serviço há algum tempo nesta época. Tal classe só sairia de linha em 2196.

2266: Eventos de “Balance of Terror”.

2267: Eventos de “The Deadly Years”.

2268: Eventos de “The Enterprise Incident”. Início de alguma espécie de aliança entre os Klingons e os Romulanos.

2271: Kor lidera forças Klingons em uma vitória sobre os Romulanos em Klach D’kel Brakt. (Existe uma certa disputa neste ponto, mas é bastante seguro que a aliança entre as duas potências teria terminado na mesma época.)

2311: Milhares de cidadãos da Federação morrem no incidente de Tomed. Após o incidente, o Tratado de Algeron é assinado entre a Federação e os Romulanos. A Federação abre mão de qualquer pesquisa para desenvolver a sua própria versão do dispositivo de camuflagem. Os Romulanos partem para uma atitude isolacionista que só seria reduzida em 2364.

2344: Os Romulanos atacam o posto Klingon de Narendra III. A Enterprise-C é destruída no confronto enquanto heroicamente tentava dar assistência aos Klingons.

2346: Os Romulanos atacam Khitomer. Worf (com seis anos) é o único membro de sua família presente a permanecer vivo.

2358: Um motim ocorre a bordo da nave estelar USS Pegasus durante um teste de um ilegal Dispositivo de Camuflagem (interfásico) da Frota Estelar, conduzido pelo (então) capitão Pressman. A nave é dada como perdida. Na parte da tripulação que sobreviveu ao desastre tínhamos um jovem (e leal a Pressman) tenente Will Riker.

Notas adicionais de republicação:

[1] Artigo originalmente publicado no conteúdo clássico do Trek Brasilis em 2003, contemplando até a 2ª temporada de Enterprise.

[2] The Enemy Below  – A Raposa do Mar (1957).