O ator Leonard Nimoy, que retornou a franquia para reviver o velho Spock, se diz muito animado com todo o trabalho de criação do filme. Nessa primeira parte da entrevista concedida ao site TrekMovie, ele compara o novo filme com a primeira produção do diretor Robert Wise, e comenta seu trabalho com Zachary Quinto.
Como você sabe, muitas declarações quanto ao fim da franquia já foram ouvidas por aí e ainda continuam, embora tenhamos um novo projeto. Por que você acha isso ainda relevante?
Nimoy: “Nós iremos descobrir o quanto relevante ela é. Eu tenho grandes esperanças de que este filme venha a inspirar toda uma nova geração de telespectadores e revigorar os velhos fãs. Eu acho que a relevância sempre tem a haver com personagens interessantes e boas histórias, além de uma positiva visão da humanidade e esperança no futuro. Nós temos o filme Wall-E, que é um filme maravilhoso, o qual nos leva a um excessivo consumismo e uma negligência ao planeta, dando num terrível resultado. Mas mesmo assim, neste filme existe um raio de esperança. Então existe esse ramo de planta é encontrado e que informa as pessoas que algo pode ser feito. Acho que Jornada sempre teve essa mensagem, de que alguma coisa pode ser feita. Ela tem sido sempre um veículo onde resolvemos os problemas. Acredito que a audiência vai gostar disso, e acho que isso sempre foi relevante. A idéia de um grupo de pessoas, muito dedicadas, muito profissionais, e intimamente ligadas, que começam a resolver problemas, será sempre relevante”.
Você mencionou o filme Wall-E que teve uma mensagem ambientalista. O seu filme Jornada nas Estrelas IV: A Volta Para Casa também teve uma mensagem ecologicamente correta. Que mensagem podemos ter nesse novo filme?
Nimoy: “Eu acho que é um filme inteiramente diferente. É mais uma história de aventura do que um comentário social. Eu diria que se existe uma maior direção emocional que determina no filme, tem a haver com o conceito de vingança e o dano que o desejo de vingança pode causar. E eu tenho sido sempre interessado nisso como uma preocupação. Eu acho que nós temos visto em nosso tempo várias facções políticas, vários líderes políticos que querem se vingar pelo que eles sentem ter sido atacados injustamente e o ciclo vai se repetindo, se repetindo e não para. Alguém tem de dizer – Vamos parar com isso, porque estamos destruindo um ao outro – Então, eu acho que, de fato, sigo o filme com este conceito”.
Durante a convenção Creation Star Trek Convention em Las Vegas, quando anunciaram um novo filme com Spock, você disse – Eu tenho de examinar onde Spock está agora, qual o seu processo de pensamento. Ele é mais lógico? Menos lógico? Mais preciso, calmo, maduro, mal-humorado? – Era justa essa preocupação? Você conseguiu responder essas perguntas?
Nimoy: “Eu estava preocupado em entrar num personagem em que estive fora por 18 anos. Eu estava preocupado no que poderia encontrar como identificador. O que poderia achar como ponto de entrada do personagem. Acredito que essas preocupações foram embora, quando entrei no cenário e comecei a trabalhar com J. J. Abrams e meus colegas atores. Esse sempre tem sido o ponto de contato – como trabalhar com o diretor e colegas atores e o script, claro. Se nos forem dadas oportunidades de estabelecer isso de certo modo, com o cenário, diretores, câmeras e assim sucessivamente, com os atores e estabelecer, com êxito seus relacionamentos um com o outro, encontrar seus momentos dramáticos e cômicos na cena, então tudo (problemas) desaparece gradualmente e acho que foi certamente o caso deste filme. Eu tive um maravilhoso divertimento e me senti totalmente seguro nas mãos do diretor e do script, e trabalhei com alguns ótimos atores. Eu realmente fiquei extremamente satisfeito. Creio que a audiência irá descobrir esses atores maravilhosos e irá gostar muito deles”.
Você já trabalhou com quatro diretores, incluindo você mesmo, nas produções de Jornada para o cinema – Robert Wise, Nicholas Meyer, William Shatner e agora JJ Abrams. O que você achou de diferente com Abrams?
Nimoy: “Todos os diretores anteriores trouxeram alguma coisa que foi valiosa para seus projetos, mas nenhum deles teve o tamanho e a dimensão de produção oferecida para lidar com esse filme”.
Até mesmo Robert Wise em Jornada nas Estrelas: O Filme?
Nimoy: “Sim. Mesmo Robert Wise. O primeiro filme, em comparação, foi menos complicado para filmar. Era de tamanho considerável e havia extensas imagens, mas não era tão complexo em suas imagens e em sua história, como esse é. Creio que essa é a maior diferença. A propósito, esse filme de Robert Wise teve muito pouca oportunidade para qualquer significante interação entre os personagens. O script foi feito de tal modo que não era sobre os personagens, era sobre o conceito e a nave. E neste caso, não acho que tivemos muita oportunidade, como atores, para trazer em cena os personagens que a audiência achou tão agradáveis na série de TV. No filme de J. J. Abrams é exatamente o oposto. Todos os relacionamentos entre os personagens estão funcionando. O humor, que ficou terrivelmente desprovido no primeiro filme, está presente constantemente nesse; o senso de diversão e aventura. Além da dimensão e do nível de produção que são gigantescos, em comparação. Acredite em mim, eu já estive envolvido em filmes e televisão por 57 anos, e nunca estive envolvido numa produção desta escala e tamanho. Não sei se Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa ainda mantém o record de bilheteria dos filmes da franquia, mas o novo filme irá obviamente passar esse record”.
No livro “Star Trek Movie Memories”, o autor, William Shatner, disse que no filme Jornada nas Estrelas: Generations tudo era novo e parecia diferente, e que se sentia mais como um convidado especial do que sendo um filme com ele. Nesta produção de Abrams as coisas parecem diferentes ou você sentiu alguma similaridade?
Nimoy: “Diferente não, porque eu me senti muito em casa. Bill estava trabalhando com um elenco de personagens que eram totalmente estranhos a ele. Eu já tive uma experiência muito diferente nesse novo filme. Interpretei frente a frente com os personagens, que embora estivessem sendo conduzidos por novos atores, eu os conhecia. Então me senti muito em casa”.
Você ajudou a guiar as atrizes Kirstie Alley e Robin Curtis nas performances da personagem Saavik. Qual a diferença com Zachary Quinto para interpretar não somente um vulcano, mas seu personagem?
Nimoy: “Bem, eu não dirigi Kirstie Alley, ela foi dirigida por Nicholas Meyer, mas eu dirigi Robin Curtis. O molde para o personagem delas já estava pronto. Nós preparamos um novo terreno com a cena do pon farr e alguns outros elementos, mas esses eram elementos que eu já estava familiarizado. Tudo o que eu posso dizer é que Zachary Quinto assistiu bastante o meu trabalho como Spock, e nós levamos muito tempo conversando sobre os ingredientes essenciais do personagem, de modo que ele foi capaz de voar com ele. Creio que ele terá um maravilhoso sucesso. Ele também é um ator extremamente inteligente e talentoso e você pode ir muito longe com essas qualidades”.
Em breve você terá a segunda parte dessa entrevista.
Fonte: Trek Movie