O carismático ator William Shatner (James Kirk), já com 77 anos de idade, lançou a sua mais recentemente auto-biografia. Intitulada de “Until Now” (Até Agora), o livro conta mais da vida de Shatner, da não amigável relação inicial com Leonard Nimoy e o elenco, do trabalho na TV e no cinema, até tornar-se o popular capitão da série Jornada nas Estrelas. O site The Daily Mail apresentou alguns trechos de seu livro.
Shatner parece não se cansar de contar sua própria história. Essa sexta auto-biografia, recheada de sátiras e bom humor, revela detalhes nunca antes mostrados de sua vida familiar, de fatos curiosos, divertidos e dramáticos ocorridos em sua vitoriosa trajetória artística e pessoal. O TB selecionou alguns pontos mais importantes de seu livro (via The Daily Mail) com relação a Jornada.
Da desconfiança inicial dos críticos com respeito ao seu trabalho na Série Clássica.
“Em 08 de setembro de 1966, quando entrei pela primeira vez no Espaço: A Fronteira Final, as críticas não foram lá muito favoráveis. A revista Variety chegou a dizer que eu parecia desajeitado, bronco”, escreveu o ator, “Como ator profissional, essas coisas não me aborrecem. E esses reviews continuaram a não me chatear por mais de quatro décadas”.
Da relação inicial nada amistosa com Leonard Nimoy (Spock) e da competição entre os dois pela audiência da série.
“Em poucas semanas, o personagem de Leonard recebeu mais atenção da mídia. Fã clubes de Spock foram criados e a emissora enviou um memorando a Gene (Roddenberry) querendo saber porque Spock não estava em todas as histórias”, conta o ator acrescentando, “Eu sempre ouvi dizer que o ato de interpretar não é um esporte competitivo, menos para os atores. A verdade é que todo o ator tem um ego. Eu imaginava ser a estrela, mas Leonard estava conseguindo ganhar mais atenção do que eu e isso me aborrecia”.
Sobre a primeira desavença entre Shatner e Nimoy.
“O processo para colocar as orelhas de Spock era difícil e caro e Leonard sempre foi grato ao maquiador Freddy Phillips. Quando uma revista quis mostrar o trabalho de Freddy e tirar uma foto com Nimoy, isso me chateou” disse Shatner, que numa manhã encontrou com o tal fotógrafo na sala de maquiagem e sob o pretexto de manter os segredos de maquiagem a salvo, mandou o fotógrafo embora.
“Leonard e Freddy esperaram pelo rapaz que não retornou”, continuou Shatner, “Leonard veio ao meu trailer e perguntou se fui eu quem ordenou que ele fosse embora. Eu confirmei dizendo que não o queria por lá. Mas ele replicou dizendo que o fotógrafo foi aprovado por Gene, pelo estúdio, e que era para publicidade. “Mas eu não aprovei”, respondi de volta”, confessou Shatner dizendo ter ficado sem falar com Nimoy por algum tempo e que o ator preferiu manter-se afastado dele durante as filmagens, alegando que o seu personagem precisava de concentração.
A respeito de sua primeira participação numa convenção, após o cancelamento da série.
“A primeira convenção não oficial se deu em New Jersey, no mês de março de 1969. Um pequeno grupo de fãs cantava músicas inspiradas na série, mostrava slides dos cenários da Enterprise e se divertia fazendo leituras sobre a conexão de Jornada com a ciência. Pelos anos oitenta as convenções tornaram-se anuais. Eu não tinha nada a ver com eles. Nada a ver com aquele grupo de obcecados que pagavam para ficarem juntos e conversarem sobre a série. Achava ilógico”, contou o ator. “Eu fui a minha primeira convenção em New York no ano de 1975. Estava em situação financeira difícil. Os organizadores me chamavam de capitão Kirk. Andei pelo palco e fui aplaudido por centenas de fãs. Era um sonho de ator. Depois aceitei ir a outras convenções, com o Leonard, e eventualmente nos tornamos muito amigos. Éramos tratados como celebridades”, descreveu o ator dizendo que havia também um lado ruim, “Tive a oportunidade de estar com várias mulheres, nessas convenções e admito que havia vezes em que elas diziam que estar comigo era como deitar com o capitão Kirk. Era deprimente”.
Sobre a primeira produção no cinema, Jornada nas Estrelas: O Filme e a morte de Kirk.
“Quase metade do orçamento foi gasto em efeitos especiais. O problema do roteiro é que nada aconteceu. Roddenberry queria a Enterprise para ser a estrela do filme, de modo que o filme ficou repleto de tediosas tomadas da Enterprise voando no espaço. Todavia, o filme foi um sucesso comercial e A Ira de Khan foi lançada em 1982 com uma das maiores rendas de fim de semana na história do cinema. Vários filmes depois, a Paramount me perguntou se eu queria fazer a cena da morte de Kirk. Os executivos acreditavam que poderiam ganhar mais dinheiro com o personagem de Patrick Stewart, Jean Luc Picard. Como eu me preparei para a cena, procurei me lembrar que isso era apenas mais uma performance. Matar Kirk. Por que eu concordei com isso? Eu fui para casa a noite com grande sentimento de satisfação. Não sentia que fosse o fim de uma era, mas sim de um personagem. E depois disso, eu me sentei para escrever 40 páginas, para uma história onde Kirk voltaria de sua morte”. O livro a que se refere Shatner é “O Retorno do Capitão Kirk”.
Durante a apresentação de seu livro no programa de televisão Late Night with Conan O’Brien, Shatner falou também a respeito do rancor de alguns membros do elenco por ele e que esse sentimento perdura até hoje, “Seis anos após a série ter sido cancelada, eu quis escrever um livro sobre minhas memórias. O único problema é que eu não poderia me lembrar de tudo que aconteceu na época. Fui atrás de quem pudesse encontrar para dividir essas lembranças no livro”, explicou o ator, “Fui com a Nichelle Nichols (Uhura) e graças a ela é que fiquei sabendo que, alguns colegas, e em especial George Takei (Sulu), não gostavam de mim”.
Continuou Shater falando sobre Takei, “Ele não gosta de mim. Não sei porque. Já se passaram 40 anos. Por que ele não deixou isso de lado? Ele realmente me detesta”, lamentou.